Discurso durante a 91ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Ameaça à cafeicultura no Espírito Santo.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Ameaça à cafeicultura no Espírito Santo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2007 - Página 19958
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • REGISTRO, DADOS, PRODUÇÃO, EMPREGO, RENDA, CAFE, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), SUPERIORIDADE, PRODUTIVIDADE, QUALIDADE.
  • APREENSÃO, CRISE, MOBILIZAÇÃO, INDUSTRIA, CAFE SOLUVEL, PEDIDO, IMPORTAÇÃO, CAFE, PAIS ESTRANGEIRO, VIETNÃ, INFERIORIDADE, QUALIDADE, SALARIO, TRABALHADOR, CONCORRENCIA DESLEAL, CAFEICULTOR, BRASIL, RISCOS, FALENCIA, DESEMPREGO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), SOLICITAÇÃO, APOIO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES sem apanhamento taquigráfico. ) - Sr Presidente, Srªs e Srs Senadores, presente em cerca de 78 por cento das propriedades rurais, a produção de café é hoje uma das principais atividades econômicas do Espírito Santo. A cafeicultura proporciona ocupação a mais de 450 mil pessoas. Cerca de um terço de toda a renda gerada pela agricultura capixaba vem do café. O Estado responde por cerca de 70 por cento da produção nacional de conilon e tem a mais alta taxa de produtividade do País. São 7 milhões e 500 mil sacas por ano, sendo 6 milhões de conilon e 1 milhão e 500 mil de arábica.

Graças ao empenho, ao trabalho árduo dos agricultores, a maioria proprietários de pequenas extensões de terra, ajudados por pesquisadores, o Espírito Santo tornou-se referência nacional em tecnologia e no cultivo de conilon, além de ter ampliado seu espaço como produtor de café arábica.

Pois agora surge uma ameaça, capaz de causar uma crise sem precedentes no setor, um desastre na agricultura capixaba. As indústrias de café solúvel e de torrado e moído resolveram unir-se para pleitear do governo federal a importação de 1 milhão de sacas de café conilon do Vietnã, em regime de “drawback”, ou seja, importar para reexportar.

O Vietnã, que produz café de qualidade reconhecidamente inferior, e onde o salário de um trabalhador na lavoura mal chega ao equivalente a 2 ou 3 dólares por dia, vende a saca de conilon por 90 reais. No Espírito Santo, ela custa 190 reais.

É uma operação que pode levar à falência milhares de produtores e deixar desempregados outros milhares de trabalhadores que, sem oportunidades na lavoura, só terão duas opções: migrar para a cidade e engrossar o contingente de marginalizados ou ficar no campo e passar fome.

Ninguém acredita que, depois desta primeira operação de importação de 1 milhão de sacas, outras não viriam. Para a indústria, pouco importa que a concorrência seja desleal, que os agricultores quebrem, que o desemprego nas áreas rurais cresça em níveis dramáticos.

O Espírito Santo foi palco, nos últimos anos, de uma verdadeira revolução tecnológica no cultivo de café, com resultados positivos em termos de qualidade, produtividade e redução de custos. O café capixaba é hoje reconhecido internacionalmente por seu alto padrão. São conquistas que podem ser perdidas em prazo relativamente curto, se o governo ceder à demanda das indústrias.

Todos sabemos como pode ser alto, neste país, o preço de uma crise econômica e social gerada pelo desestímulo ao setor produtivo rural. Não precisamos do café do Vietnã. Se o contrariarmos as regras do bom senso e o importarmos, estaremos importando também a semente que poderá levar a cafeicultura capixaba ao colapso.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2007 - Página 19958