Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Encaminha à Mesa, requerimento solicitando ao Ministério dos Transportes que informe a este Poder os gastos e os trechos que foram recuperados durante a operação "Tapa Buraco" no ano de 2006. Questionamento sobre a indicação do Sr. Luiz Antônio Pagot para o DNIT.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Encaminha à Mesa, requerimento solicitando ao Ministério dos Transportes que informe a este Poder os gastos e os trechos que foram recuperados durante a operação "Tapa Buraco" no ano de 2006. Questionamento sobre a indicação do Sr. Luiz Antônio Pagot para o DNIT.
Aparteantes
Mão Santa, Paulo Paim, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 20/06/2007 - Página 20102
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • APOIO, IMPLANTAÇÃO, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), INCENTIVO, CRESCIMENTO ECONOMICO, CRIAÇÃO, EMPREGO, PREVISÃO, DESENVOLVIMENTO, MUNICIPIO, BARCARENA (PA), ESTADO DO PARA (PA).
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), REFERENCIA, VALOR, GASTOS PUBLICOS, DETALHAMENTO, TRECHO, EMPRESA, OPERAÇÃO, EMERGENCIA, RECUPERAÇÃO, RODOVIA, APREENSÃO, ORADOR, CONTINUAÇÃO, PRECARIEDADE, TRANSPORTE RODOVIARIO, DENUNCIA, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), INSUCESSO, MOTIVO, SUPERFATURAMENTO, OBRA PUBLICA.
  • ANUNCIO, PEDIDO, CRIAÇÃO, COMISSÃO, SENADOR, FISCALIZAÇÃO, TRABALHO, RECUPERAÇÃO, RODOVIA, EXERCICIO FINDO.
  • DENUNCIA, IRREGULARIDADE, EX SERVIDOR, SENADO, SIMULTANEIDADE, TRABALHO, EMPRESA, OCULTAÇÃO, INFORMAÇÃO, PROTESTO, INDICAÇÃO, CARGO PUBLICO, DIRETOR, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), SOLICITAÇÃO, ANALISE, COMISSÃO DE SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA, POSSIBILIDADE, REJEIÇÃO, NOMEAÇÃO.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Paim, quero aqui, antes de começar meu pronunciamento, parabenizar V. Exª quando fala das ZPEs.

Acho que as ZPEs vão ser um fator que vai impulsionar o crescimento do Brasil e gerar aquilo que V. Exª mais acentuou: emprego neste País. O meu Estado, o Pará, terá Barcarena como Zona. E tenho certeza de que lá estarão localizadas várias indústrias que vão gerar empregos ao povo do Pará e ao povo do Brasil. Parabéns! Vamos estar juntos nessa luta, para que se possa concretizar esse sonho, um sonho de muitos e muitos anos. Estou com V. Exª bem unido, unido mesmo, porque tenho certeza de que nós teremos a geração de muitos empregos neste País para jovens que necessitam trabalhar.

Eu o escuto rapidamente.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador, só por uma questão de justiça, aproveito a fala de V. Exª, pois eu me esqueci de cumprimentar o Senador Tasso Jereissati, que foi o grande arquiteto dessa proposta. É só isso, porque esqueci-me e, agora, aproveitei o gancho que V. Exª me deu.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Agradeço-lhe em nome do Senador.

Presidente, estou encaminhando à Mesa um requerimento de minha autoria, baseado no § 2º do art. 50 da Constituição Federal, c/c os arts. 215 e 216 do Regimento Interno do Senado Federal. Estamos apresentando requerimento de informação, solicitando ao Ministério dos Transportes que informe a este Poder quanto foi gasto, quais os trechos recuperados e quais as empresas envolvidas na recuperação das estradas brasileiras durante a operação denominada “Tapa-Buraco” do ano de 2006.

Por várias vezes, Presidente, estive nesta tribuna, preocupado com as estradas brasileiras, e citei dados impressionantes. Eu disse aqui que quase 70% das estradas federais brasileiras estão em situação ruim. Sessenta e nove por cento é o percentual exato.

Presidente, para recuperar as estradas brasileiras precisaríamos hoje de R$33 bilhões. E para superarmos todos os gargalhos, multiplique-se isso por dois, Presidente. Precisaríamos de R$66 bilhões.

Agora, pasmem, Srªs e Srs.Senadores. Na operação Tapa-Buraco, em 2006, foram gastos R$2 bilhões. Por isso, estou requerendo informações à Mesa. Dois bilhões de reais, e todas as estradas continuam ruins! E o pior é quando se observa o relatório do Tribunal de Contas da União. Pior! Isso é que é ruim para a nossa sociedade, para nós, políticos. O Tribunal de Contas da União relata que o insucesso de tudo isso é devido ao superfaturamento das obras.

Srªs e Srs. Senadores, isso me preocupa muito. Por isso, quero, inicialmente, solicitar à Mesa que busque informações no Ministério. E depois vou solicitar que a Mesa crie uma comissão de Senadores e Senadoras para ir observar in loco se foi ou não realizado o trabalho de recuperação das estradas em 2006.

Senador Tuma, eu o ouço com muita honra.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Desculpe, Senador, por incomodá-lo na tribuna.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - É um prazer, como sempre.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - À época do desencadeamento da operação Tapa-Buraco, eu me assustei. Requeri à Mesa que pedisse ao Tribunal de Contas que acompanhasse de perto, porque era estranho o sistema de divisão de várias empreiteiras para diversas obras. Depois, a televisão teve o cuidado de mostrar um caminhão passando e jogando o piche dentro do buraco.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Dois bilhões foram gastos ali; R$2 bilhões.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Aquilo foi assustador, porque cada um de nós que anda pelas estradas sabia que uma chuvinha acabaria com tudo, que não havia uma recuperação; era um tapa-buraco feito de um dia para o outro. Aquilo desandou completamente e não se falou mais. V. Exª traz um assunto de responsabilidade daqueles que têm a obrigação de informar esta Casa. Foi pedido à época; não veio resposta. O Tribunal de Contas, parece-me, acompanhou e verificou. Há laudos realmente sobre o trabalho com valores superfaturados e outros problemas que foram criados com essa operação. V. Exª tem o nosso apoio, a nossa crença de que será respeitado o seu requerimento. A Mesa o encaminhará e nós vamos vigiar se eles cumprem o prazo de resposta, Senador.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Isso.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - São 30 dias, no máximo.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Posteriormente, vamos lá. De acordo com as informações, Sr. Presidente, vamos até lá ver o que ocorreu. Por que o TCU diz que essas obras foram superfaturadas? Sr. Presidente, temos a obrigação de fazer isso.

E por falar em estradas, Senador Romeu Tuma, preocupa-me muito essa situação. O País precisa de transporte, o País precisa de estradas para o seu desenvolvimento, Presidente.

Eu estava analisando a indicação para a Diretoria do Dnit, que é um órgão fundamental nessa questão. O Dnit precisa de alguém com capacidade, alguém que tenha honra e que seja capaz de tirar o País desta situação em que se encontra, no que tange às estradas federais.

O Presidente da República indicou o Sr. Luis Antônio Pagot. Nada contra o Sr. Luiz Antônio Pagot. Não o conheço nem sei quem ele é. Aliás, quero ressaltar aqui, Senador Mão Santa, que, por várias vezes, mesmo sendo Oposição - o que não é o caso - votei em vários nomes indicados pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para autarquias e empresas. Porém, em relação ao Sr. Pagot, é preciso observar algumas questões, Senador Heráclito Fortes. Vejam bem. O Sr. Luiz Antônio Pagot foi funcionário desta Casa, no período de 1995 a 2002. Está aqui a declaração solicitada pelo meu Partido e confirmada por esta Casa. Pasmem senhores e senhoras! Olhem o fato: no período de 1995 a 2002, o Sr. Luiz Antônio Pagot trabalhou nesta Casa. Olhem o fato: no mesmo período, ele trabalhou numa empresa, em Itacoatiara, de nome Hermasa. Fato grave, porque a Lei nº 8.112, de 1990, não permite isso. Pior, no seu currículo encaminhado a esta Casa, Sr. Presidente, ele oculta essa informação.

Nada, Mozarildo, absolutamente nada tenho contra Luiz Antônio Pagot. Nem o conheço. Repito: nem o conheço; nem sei quem é. Agora, pelo amor da Santa Filomena, aprovar o nome desse homem aqui vai ser uma agressão a esta Casa. Um homem que mentiu, que ocultou do Senado, no seu currículo, que trabalhou nesta Casa. E o Senado confirma. O Senado confirma que esse homem aqui trabalhou. Ele tem de devolver R$428 mil a esta Casa. Foi quanto ele faturou nesse período. Tem que devolver.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Mário Couto.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Vou já dar o aparte a V. Exª.

Presidente Lula, Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo amor de Deus, retire o nome desse homem. Retire o nome desse homem, Presidente! Nós não podemos votar num homem que ocultou do Senado informações. Nós não podemos votar num homem que recebeu R$428 mil deste Senado e não trabalhou.

Itacoatiara, Senador Tuma, fica a 3.400 Km de Brasília. Como ele ia trabalhar lá e aqui? Itacoatiara fica a 3.400 Km de Brasília! Como o Sr. Luiz Antônio Pagot poderia trabalhar lá e aqui? Nada contra ele. Não sei nem quem é, Mão Santa. Não sei nem quem é! Pelo amor de Deus, vamos retirar esse nome daqui, Sr. Presidente.

Peço à Comissão de Infra-estrutura que analise com prudência esse questionamento que estou fazendo aqui, sob pena de, mais tarde, pagar-se essa responsabilidade dura e cruel. Dura, cruel!

Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Mário Couto, não sei se foi da mesma forma com o Senador Romeu Tuma, mas eu apanhei, e muito, do meu pai, naquela época, e era com cinturão naquele tempo. E eu o agradeço. Quando era mentira de criança, ele dava uma surra e dizia assim: “Quem mente rouba”. Então, vou ficar com o ensinamento do meu pai. Já há muito ladrão neste Governo.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Permita-me interrompê-lo, Senador Mário Couto. Mas eu gostaria, Sr, Presidente, que a Mesa fornecesse à Corregedoria as notas taquigráficas da denúncia do Senador Mário Couto, pois acho que temos a obrigação de investigar o que realmente ocorreu durante esse período que V. Exª citou.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Eu já desço da tribuna, colocando na mão de V. Exª a confirmação do Senado de que o Sr. Luiz Antônio Pagot trabalhou aqui nesta Casa, no período de 1995 a 2002, e trabalhou também, no mesmo período, na empresa Hermasa, em Itacoatiara. De 1995 a 2002. Logo, logo, descendo desta tribuna, entregarei a V. Exª.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Agradeço a V. Exª.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Sr. Presidente, eu não poderia deixar de fazer este questionamento nesta tarde. Eu estava muito incomodado em não poder falar hoje. Por isso, desço desta tribuna, agradecendo a gentileza de V. Exª por ter-me permitido falar nesta tarde, para dizer da minha responsabilidade de citar este fato aqui, não como Oposição, mas até mesmo para colaborar com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que ele possa retirar esse nome indicado. Votei em muitos outros; nesse, não votarei.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/06/2007 - Página 20102