O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta Sessão, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação da Casa, as coisas do Brasil são assim, acabam... São difíceis as coisas boas.

Essa ZPE foi um sonho do Presidente Sarney - eu era Prefeito - e cheguei até a adquirir um terreno, Senador Mozarildo, em Catanduva. Isso foi em 1989, há 18 anos. Teve um final feliz o sonho do Presidente Sarney e, com a competência de Tasso Jereissati, a matéria foi aprovada.

No entanto, Senador Papaléo, as coisas do Brasil são difíceis, acabam. A LBA. Como era bom ser Prefeito! Se havia criança na rua, Romeu Tuma, a LBA mandava abrir uma creche. Papaléo, com a Ceme (Central de Medicamentos), os pobres, se não tinham medicamento, recebiam medicamento. Acabam as coisas. O próprio programa do Presidente Sarney, o programa do leite, de alimentação. Mas não podemos acabar a democracia.

Senador Pedro Simon, ninguém vai negar o óbvio ululante. O Presidente foi eleito, tem maioria e, segundo uma pesquisa que os Tucanos fizeram, se fosse hoje, ele ganharia. Ele ganhou outro dia. Mas sabe o que é, Pedro Simon? V. Exª é a esperança, mas essa mesma pesquisa é que garante que ganhava. Ninguém vai contestar, eu não vou. Mas, Papaléo, ela acusa que nunca dantes, na história do mundo, nos 507 anos, houve tanta corrupção neste País. É... Se tem ou não tem, os ladrões estão aí, continuam aí, estão aumentando. Agorinha, estão mandando um para cá, como o Senador Mário Couto já mostrou.

Eu aprendi que a corrupção - Ulysses disse - é o cupim que destrói a democracia. Então, Presidente Lula, V. Exª está ganhando, mas já disse o Senador que política é como as nuvens, muda. A corrupção... Segurança nós nunca tivemos tão ruim. Noberto Bobbio, Senador da Itália, disse que o mínimo que se tem de exigir de um governo é a segurança. E pergunto: segurança à vida; estamos seguros? Temos segurança à liberdade e à propriedade, como disse Noberto Bobbio? Aí o Presidente tem de enfrentar esse problema. Hoje ele tem essa maioria. E teve.

A corrupção... Esse PT é danado! Está aqui no jornal. O Piauí só entra agora aqui: “Grampo tem elogio de preso na Navalha a dirigente do Dnit”, que - conforme a reportagem - já acertou o esquema da obra. Não vou ler a matéria, Senador Papeléo Paes, porque o tempo está curto. Mas está aqui no jornal Folha de S.Paulo, de domingo. Que vergonha o Governo do PT! Um mar de corrupção. Está aqui: o Dnit, o esquema da obra, o Diretor-Geral... Foi flagrado. Este é o Brasil.

E o Presidente, para manter a popularidade, Senador Mário Couto, disse que a imprensa mente muito, que a imprensa fala que é morte no Ceará, é morte em Pernambuco...

Papaléo, é verdade da imprensa. A imprensa é verdadeira. Ela não é hoje o quarto Poder, não; ela é o melhor Poder dos três que estão apodrecidos: o Legislativo, o Judiciário e o Executivo. Se não houvesse imprensa, quem iria frear essa corrupção?

Papaléo, nunca vi isto aqui, não: “Milhares de mototaxistas fazem manifestação de protesto em Parnaíba”. Foi na minha cidade de Nossa Senhora da Graça, cristã. Nunca vi isso. Eu fui Prefeito. Mataram lá o João Batista Sales, agora o João Evangelista, o Zequinha. Aqui está o nome, mas o tempo. Quatro mil motoqueiros... Nunca houve isso! Cidade pacata, cristã, de Nossa Senhora da Graça. Lá, eles falseiam, o PT falseia. Houve uma denúncia do próprio vereador do PT. Há quatro vezes mais assassinatos do que eles registram.

É mentira, Presidente Lula? O Rio de Janeiro é hoje como Bagdá. Vejam o Morro do Alemão. Vá com a sua encantadora Mariza andar, como eu andei, na Rua do Ouvidor, vá à Confeitaria Colombo. Aliás, não pode mais ir, porque ela fecha às 17 horas. Um tradicional ponto de encontro.

Papaléo, eu namorei embolado no Aterro do Flamengo nos anos 60. É, no Rio de Janeiro. O som era a zoada dos carros. Hoje, vá ao Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa. Ele diz que se fala mal. Não! Ô, Papaléo, olhe as músicas do Rio: “Cidade Maravilhosa”, “Garota de Ipanema”. Disse Bilac: “Criança, não verás nenhum país como este! Olha que céu! Que mar! Que rios!”

O Piauí teve um poeta, Da Costa e Silva, que disse que, “se tem céu na terra, é Amarante, a minha cidade”.

Todo mundo fala bem do Brasil. Mas como falar bem? Será mentira a falta de segurança? Será mentira a corrupção? E a saúde, Papaléo? Papaléo, V. Exª está envergonhado. V. Exª não deveria estar aí, não; deveria ter sido nomeado Ministro da Saúde para não chegarmos a isso.

Em 1950, acabou-se a dengue. Sou médico há 40 anos, Mário Couto. Pois ela voltou agora. No Piauí é morte e tal. Então, é isso. Está aí a dengue. Num fim de semana morreram cinco em Teresina, pela dengue. Não sou simpatizante do Fidel, não, mas ele acabou com a dengue lá. Não sei, Geraldo Mesquita, na Colômbia, mas eles construíram... Agora é o mesmo mosquitinho, ô Efraim, que Oswaldo Cruz conseguiu vencer e matar. Esse mesmo mosquitinho está atazanando o Governo do Presidente Lula. Estamos para ganhar do Mato Grosso do Sul, onde há uma epidemia de dengue. Esta é a realidade. É o mosquito que, em 1950, tinha desaparecido. É o mesmo, o mesmo mosquito que Oswaldo Cruz venceu, acabando com a febre amarela.

Diz a pesquisa que a corrupção, a segurança e a saúde vão muito mal. Mas quero dizer que nem tudo está perdido neste País. A Câmara de Vereadores da minha cidade - atentai bem, Papaléo - é melhor do que este Congresso. Ô Cristovam Buarque, ela garantiu a independência do Piauí independentemente de grito de D. Pedro I. Eu fui prefeitinho, Papaléo. V. Exª o foi em que ano, Papaléo? Em 1992? Eu fui de 1989 a 1992. Atentai bem, Geraldo Mesquita: eu fazia uma lei, eles vetavam; eu vetava, eles derrubavam meu veto. Eu governei o Estado do Piauí, e a Assembléia Legislativa do Estado do Piauí é muito melhor do que o Congresso Nacional. Ô Cícero - V. Exª foi governador -, eu vetava, eles derrubavam o meu veto. Criaram 78 cidades conosco, mas isso é do jogo democrático. Este Congresso, Pedro Simon - que vergonha! -, tem quase quinhentos vetos. Fazemos a lei, entramos pela madrugada, para beneficiar o povo e o Presidente veta. Este Congresso é pior do que a Câmara Municipal da Parnaíba e do que a Assembléia porque não derruba os vetos. Está aí o imbróglio da Sudene: ele vetou e nós não temos coragem de derrubar o veto. Esta é a verdade, Efraim.

Está no Ações Legislativas :

“Iweltman denuncia favorecimento e possível duplicidade de pagamento em asfaltamento”. Denúncia de um vereador, do Professor Iweltman, um senador municipal, melhor do que nós, que tem mais coragem do que nós. Lá o Prefeito e o Governador pagam a mesma conta. É um jornal cheio de denúncias.

Um rapaz compra um carro lá, a prestação é R$5 mil. Prestação... Não é compra, não, mas aluguel. Estão alugando carro a R$5 mil. Está aqui a foto do vereador. É um rolo! Eu vou deixar aí nos arquivos para se ver que a corrupção não é só a dengue; a corrupção saiu aqui de Brasília e invadiu todo o Brasil, o meu Piauí e a minha Parnaíba. Está aqui a vergonha, só de denúncia...

E mais: “Audiência Pública e Manifesto revelam situação crítica da Uespi”. Professor Critovam Buarque, aqui, além do que detectou Mário Couto - o seu PT -, que a corrupção... Segurança não tem! Saúde, uma bela porcaria... Ninguém está operando pelo SUS. É mentira! É uma farsa! Consulta a R$2,50; anestesia a R$9,00... Isso é uma palhaçada! É uma mentira. Ninguém mais é operado pelo SUS neste País. E está aqui a situação crítica da universidade. A educação está ruim também, Professor, mas não é tida como das mais graves.

Então, estas são as nossas palavras.

A corrupção é muito grande! E essa Alagoas está dando azar. Olha aí: FDL! É uma firma que entrou lá em Alagoas e entrou no Piauí. Vá ao Detran, Mário Couto. Ela fica com 90% das multas.

Um Deputado, Marden Meneses, pede uma CPI e não consegue. Que vergonha essa Câmara... A CPI da Navalha... Aqui, num dia conseguiram-se as assinaturas. Trinta bravos Senadores olharam para o Rui e disseram: Só há uma salvação, um caminho: a Lei e a Justiça.

Ô Pedro Simon, funde um partido, o PD, Partido da Decência. Temos que lutar pela decência. Se não conquistarmos a decência, nada feito. Jamais poderemos dizer como Bilac: “Criança, não verás nenhum país como este!”