Discurso durante a 94ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios ao artigo do jornalista Élio Gaspari intitulado "Vavá está sendo linchado".

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Elogios ao artigo do jornalista Élio Gaspari intitulado "Vavá está sendo linchado".
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2007 - Página 20220
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, ANALISE, SITUAÇÃO, PARENTE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, JORNALISTA, AUTOR, CRITICA, IMPRENSA, DIFAMAÇÃO, INTIMIDAÇÃO, IRMÃO, CHEFE DE ESTADO, AUSENCIA, COMPROVAÇÃO, ACUSAÇÃO, TRAFICO DE INFLUENCIA.
  • ELOGIO, FAMILIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao longo da vida, vamos adquirindo costumes, hábitos, vontades, caprichos. E eu tenho uma admiração muito especial por um grande jornalista brasileiro - eu o leio semanalmente, li todos os seus livros -, que é o Elio Gaspari. Ele é talvez um dos mais respeitáveis jornalistas brasileiros, e é também um homem corajoso nos assuntos que aborda, às vezes um pouco difíceis. Por vezes ele é incisivo demais. Mas quase sempre eu concordo com o que ele diz. No domingo, ele escreveu um artigo - eu não vou ter tempo de lê-lo todo, mas vou pedir que seja colocado na Ata da sessão de hoje - sobre o irmão do Presidente Lula, o Vavá. Eu não tenho uma simpatia muito grande pelo PT, mas eu admiro a simplicidade da família do Lula. Ele tem vários irmãos, e nunca nós tivemos um Presidente com tão poucos parentes no Governo. Elio Gáspari diz isso:

Lula tem 15 irmãos e algo como 100 parentes. Desde que Tomé de Sousa chegou a Salvador, nenhuma família de governante teve tão poucas relações com o Estado como os Silvas. Mas nenhuma veio de origem tão modesta e continuou a viver padrões tão modestos.

O título do artigo é “Vavá está sendo linchado”.

Genival Inácio da Silva, o Vavá, está sendo covardemente linchado porque é irmão do Presidente da República. Ele é acusado de tráfico de influência sem que até hoje tenha aparecido um só nome de servidor público junto ao qual tenha traficado qualquer pleito que envolvesse dinheiro do erário.

Um fazendeiro paulista metido numa querela de terras queria reverter uma decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça. Vavá recomendou-lhe um advogado. Isso não é tráfico de coisa alguma. Um empreiteiro queria obras e encontrou-se com ele num restaurante. Ninguém responde se Vavá conseguiu favorecer esse ou qualquer outro empreiteiro.

A divulgação cavilosa e homeopática de trechos de gravações telefônicas envolvendo parentes de Nosso Guia tornou-se um processo intimidatório e difamador capaz de fazer corar os generais do Serviço Nacional de Informações, o SNI da ditadura. No caso de Vavá, as suspeitas jogadas até agora no ventilador não guardam nexo com os fatos. Não há proporção entre as acusações que lhe fazem e o grau de exposição a que foi deliberadamente submetido.

E ele prossegue no texto, dizendo o seguinte:

(...)Antes da conclusão do inquérito policial, Vavá foi irremediavelmente satanizado a partir de indícios, suspeitas e manipulações. Seu linchamento não busca o cidadão metido com vigaristas. Busca a jugular do irmão.

Durante a última campanha eleitoral, quando o comissariado petista chafurdou na compra de um dossiê contra os tucanos, demonizou-se a figura de Freud Godoy, um assessor de Lula, conviva de sua panelinha. Durante três dias, ele pareceu encarnar toda a corrupção nacional.

Freud foi arrolado em dois processos, um criminal e um eleitoral. Dizer que foi inocentado é pouco. Ele nem sequer foi indiciado.

E aí ele cita um caso muito parecido, que a imprensa também citou nesses dias, que foi o caso do Jimmy Carter. Diz ele:

O pessoal do século XXI sabe que Jimmy Carter é um ex-presidente dos Estados Unidos (1977-1981), Prêmio Nobel da Paz de 2002. Passará para a História como um exemplo de retidão. Isso agora. Quando estava na Casa Branca, Carter foi atazanado pela exposição de seu irmão Billy, um caipira alcoólatra que se tornou lobista (registrado) do governo líbio. Criou-se o neologismo Billygate. Morreu em 1988, aos 51 anos, falido. Virou poeira da História.

Ninguém quer a jugular de Vavá, como não se queria a de Billy Carter. O negócio é outro.

Trata-se de um homem simples, de classe média. É claro que, sendo irmão do Presidente, é abordado por todo mundo. Talvez por educação, por timidez, mas nunca com má intenção, o que se pode ver na simplicidade desse homem. Acho que até o próprio Presidente Lula foi duro com ele, chamando-o de lambari. Na verdade, é um homem simples. O Presidente devia orgulhar-se da simplicidade da sua família, dos seus irmãos, que permanecem modestos, vivendo a própria origem do Presidente da República.

Cumprimento o jornalista Elio Gaspari pela coragem de dizer isso perante o País. Aprendi a admirar o jornalista e, com esse artigo, passei a admirá-lo ainda mais.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2007 - Página 20220