Pronunciamento de Romeu Tuma em 20/06/2007
Discurso durante a 93ª Sessão Especial, no Senado Federal
Homenagem a Rádio Bandeirantes, pelo transcurso dos setenta anos do início de suas atividades.
- Autor
- Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
- Nome completo: Romeu Tuma
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem a Rádio Bandeirantes, pelo transcurso dos setenta anos do início de suas atividades.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/06/2007 - Página 20196
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, RADIO, GRUPO ECONOMICO, COMUNICAÇÕES, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, HISTORIA, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, DEFESA, DEMOCRACIA.
O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Efraim, Presidente desta sessão e autor do requerimento, quero saudar, se me permitir, meu amigo Johnny, que talvez tenha conhecido ainda sem todos esses cabelos brancos, o nosso Flávio Lara Rezende, Dr. Paulo Saad e Mário Baccei.
Sr. Presidente, Johnny, todos os senhores da Mesa, fiz um discurso para ser lido, mas a história é importante, porque ela não se distorce, a não ser por sentidos secundários. Portanto, todos que usaram da tribuna não poderiam fugir de repetir a história da TV Bandeirantes, que eu diria ser a própria história da televisão nacional, por todos os fatos que se passaram ao longo dos anos.
A Senadora Serys Slhessarenko fez uma citação importante para mim sobre o incêndio do edifício no bairro do Morumbi, o qual presenciei. O meu querido amigo João Saad disse, com firmeza de caráter, com determinação de trabalhar, que ele não seria vencido pelo fogo, porque reconstruiria tudo. E assim o fez, Senador Efraim Morais, talvez sem lágrimas nos olhos, mas com o coração sangrando, por saber que praticamente toda sua vida e seu patrimônio estavam sendo queimados, mas ele não arrefeceu nem se acovardou um momento e reconstruiu tudo.
Sabemos, pelas histórias lidas aqui - inclusive vou deixar como lido o pronunciamento do Deputado Jorginho Maluly, que também quis deixar uma mensagem, tendo em vista que o Presidente permitiu que o seu discurso se juntasse ao meu - o que representou a Bandeirantes para a história do rádio e da televisão, pelos nomes que se citam das telenovelas, do esporte, dos programas humorísticos.
Todos os que estão em qualquer uma das televisões foram batizados na TV Bandeirantes, por ela passaram, nela formaram seu caráter artístico, seu comportamento artístico. São impressionantes, Johnny, os nomes que se lêem na história da TV Bandeirantes e da Rádio Bandeirantes, durante todos esses 70 anos. Eu nasci antes, nasci um pouquinho antes, mas quem sabe eu poderia ter mamado naquela televisão com cinco anos de idade. É uma história que para mim tem um valor especial.
Até me emociono ao me lembrar do Dr. João. Por quê? Porque era um homem experiente, de visão não comprometida com segmento algum. Nenhum segmento político conseguiu grampear, eu diria, a figura de João Saad para servir a este ou aquele candidato. Nenhuma vez. E sempre abriu claramente, para o povo, a possibilidade do debate para que o cidadão pudesse conhecer, realmente, quem merecia ou não seus votos. Ela foi pioneira.
E hoje ainda tem os meninos que trabalham lá desde aquela época.
E eu, Senador Efraim, quando tinha dificuldade... Eu era da polícia. De repente, falaram que eu tinha de ser político. Fiquei meio desesperado, sem saber que caminho tomar! E fui lá no seu João - ele não me convida para almoçar, mas o seu João sempre me convidava, não tinha acanhamento algum de eu ir lá conversar com ele. Ele era um dia certo para que você pudesse seguir, com dignidade, com respeito, com honestidade o que seria melhor ou não, não para você, mas para o País. E todos os conselhos que ele me deu sempre tiveram um valor inestimável e me servem até hoje, até hoje!
Mas a história da Bandeirantes é muito bonita. Explico: todos tivemos os nossos pais, principalmente os imigrantes ou descendentes de imigrantes, que lutaram para dar um futuro para os filhos. A única forma de o pai demonstrar amor pelo filho era dando a ele formação, e, para isso, o pai às vezes passava fome. Todos somos exemplo disso, Johnny! Agora, o grande orgulho dele lá em cima é que o filho soube dar seguimento à linha que ele traçou.
Saudade é uma coisa louca! Não posso esquecer de que, já com a saúde abalada, ele nunca recusou-se a receber um amigo e a conversar com quem precisasse de um conselho dele.
Foi uma perda muito triste para Nação brasileira. Ainda olhava aqui, no centro da Bandeira brasileira, o triângulo, onde está escrito “Ordem e Progresso” e me lembrava do olho da Bandeirantes, que significa ordem e progresso também! É o olho permanente em tudo o que acontece no mundo.
Fazemos hoje esta homenagem ao Grupo Bandeirantes. Todavia, Senador Efraim, diria que a visão de V. Exª tem um valor muito maior, porque quem está sendo homenageado é o Senado Federal neste momento em que aqui comparecem representantes do Grupo Bandeirantes. Esse grupo não esmoreceu nunca, mesmo diante de todas as adversidades sofridas e está aqui hoje mostrando seu permanente progresso, sem procurar concorrência desleal com ninguém, fazendo o seu programa, mostrando sua visão, seu projeto de investimento para atender à sociedade brasileira e à internacional hoje.
Fico só reclamando do Johnny porque ele tirou do ar o programa sobre a previsão do tempo. Eu vivia assistindo ao programa para saber se saía de paletó ou não. Mas ele tirou do ar, eu fiquei triste e estou reclamando em público - a senhora dá um jeito para ele colocar novamente no ar esse programa.
Mas, Johnny, vou deixar como lido todo o meu pronunciamento e os debates, porque é praticamente uma história que ninguém muda, que é formada por aqueles que com ela viveram.
Sei que o senhor está fazendo um trabalho muito bonito. Estive lá com um amigo do seu pai, quando fui levar fotografias para formar o museu João Saad. Acho muito bonito e muito importante o filho reconhecer que está seguindo o exemplo do pai e prestar-lhe homenagem permanentemente.
Deus abençoe todos vocês. Que o progresso continue sempre com a Bandeirantes. (Palmas.)
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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR ROMEU TUMA.
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O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muitos são os que circulam pela Avenida Paulista - centro financeiro internacional no ponto culminante da cidade de São Paulo - e ficam boquiabertos ante imponente torre de 212 metros de altura, erguida sobre um edifício de oito andares numa rua adjacente, chamada Minas Gerais. Mas, poucos percebem nesse complexo irradiante, de 650 toneladas de ferro e aço, sem paralelo no País, a verdadeira ponta de um iceberg empresarial no oceano das atividades radiofônicas e televisuais. É que, decorridos 70 anos, torna-se difícil lembrar de acontecimentos épicos iniciados nos idos de 1937, quando entrou no ar a Rádio Bandeirantes AM.
Todavia, mesmo sem conhecer essa história, parte da imensa multidão ali presente dia e noite sempre está constituída de telespectadores fieis à programação do Grupo Bandeirantes de Comunicação desde que, em 13 de maio de 1967, sua primeira emissora de TV adotou a logomarca Band, rapidamente assimilada entre as camadas sociais para se transformar em símbolo de excelência jornalística e entretenimento cultural.
Daí porque vejo nesta sessão do Senado da República, além de merecida homenagem à memória do fundador da Band, João Jorge Saad, hoje honrada por herdeiros sob a liderança do filho, João Carlos Saad, uma grata oportunidade de difundir informações sobre esse conglomerado empresarial, capaz de orgulhar a mídia e todos os brasileiros. O cumprimento de sua missão de informar e formar reveste-se de qualidade e independência encontráveis apenas em poucos empreendimentos do gênero ao redor do mundo.
A torre de transmissão da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, a maior da América Latina, surgiu como mais um símbolo da pujança de São Paulo. Produto de avançadas técnicas da engenharia civil e eletrônica, a estrutura metálica abriga os transmissores e equipamentos dos canais 13 (VHF), 21 (UHF), 50 (UHF codificado) e Band FM. Há ainda espaço para “trunking” de telefonia celular, antenas parabólicas e “links” para reportagens externas. Além disso, o sistema de antenas FM comporta até 5 emissoras.
Esse marco metropolitano surgiu em 1996, à altura do sonho de João Jorge Saad, o “Seu” João, como gostava de ser chamado. “Estamos entregando um monumento à cidade”, disse ele na cerimônia de inauguração. E não exagerava. Com dois elevadores panorâmicos, a torre propicia ao visitante uma das mais belas vistas de São Paulo. O “edifício inteligente” que a sustenta possui completo sistema informatizado para monitorar da temperatura ao funcionamento dos elevadores.
O 13 de maio de 1967 foi um dia especial. O Papa Paulo VI chegava a Fátima, em meio a um milhão de peregrinos, para comemorar o qüinquagésimo aniversário das aparições de Nossa Senhora. Em São Paulo, promulgava-se a Constituição do Estado. Com mais um gol, o “Rei Pelé” conquistava o empate num dos memoráveis clássicos Santos X Corinthians. E, na Califórnia, Estados Unidos, Janis Joplin realizava o “show” inicial de sua carreira como a maior cantora branca de blues. Portanto, o noticiário estava apropriado ao ecletismo que iria marcar a trajetória da Band desde o nascimento.
O Grupo Bandeirantes de Comunicação mantém-se presente na cobertura dos principais fatos locais, nacionais e internacionais, com riqueza de informação e tradição de credibilidade. Acompanha o ritmo acelerado da revolução digital e incorpora inovações tecnológicas a cada dia. Seus veículos distribuem-se por duas redes de televisão aberta; três canais de TV por assinatura; seis redes de rádio (o maior grupo radiofônico do País); um jornal de classificados; uma distribuidora de sinal e conteúdo a cabo; um selo musical de grande sucesso; a maior plataforma de interatividade do Brasil; e o jornal gratuito Metro. Esse esforço em investimentos e trabalho - diz seu Presidente, por todos chamado de “Johnny” Saad - destina-se ao atendimento das necessidades da população e dos anunciantes.
A história da Band materializou o que objetivava o fundador ao implementar seu projeto de expansão na área das comunicações. Antes de criar a emissora de TV, ele já possuía experiência em mídia através da Rádio Bandeirantes AM, adquirida em 1948 e transformada numa das principais emissoras do Brasil. Pioneiro, acreditava no poder da informação. O filho “Johnny” destaca: “Em 1955, meu pai lançou o modelo de radiojornalismo ao vivo durante 24 horas. Estava então, convencido de que a informação seria o mais importante vetor do futuro.”.
Desde 1954, quando obteve a concessão do Canal 13, “Seu” João sonhava com uma rede de TV. Dizia que essa mídia, chegada ao Brasil quatro anos antes, seria essencial para a sociedade brasileira. Viajou seguidamente aos Estados Unidos e Europa para pesquisar o que de mais moderno existia no setor. E, em 1961, no bairro do Morumbi, deu início às obras do Edifício Radiantes, erguido especialmente para abrigar a mais avançada televisão da América Latina. Exigira 13 anos de planejamento.
A TV Band, Canal 13, entrou no ar naquele 13 de maio com discurso do fundador, seguido de “show” dos cantores Agostinho dos Santos e Cláudia. Estavam presentes o presidente Costa e Silva, o governador paulista Abreu Sodré, o prefeito paulistano Faria Lima, ministros e secretários de Estado.
Diante da emissora, um parque infantil e um circo gratuito divertiam famílias carentes. Tudo era festa. Durou dois dias, com gincanas e distribuição de brindes comemorativos. Então, em consonância com o que criara no rádio, “Seu” João anunciou a linha de programação em vigor na TV Band até nossos dias, isto é, “a melhor possível, mas não demasiadamente clássica, pois o povo pede algo mais simples, tendo por base jornalismo e entretenimento com filmes, programas de auditório e musicais.” Os intervalos eram marcados só pela rápida aparição do “Coelho Bandeirante”, mascote da nova emissora.
Dois dias depois, outra inovação, no lançamento de Os Miseráveis, novela de Walter Negrão e Chico Assis, baseada no homônimo de Victor Hugo e dirigida por Walter Avancini. Os capítulos diários quebraram os padrões rotineiros de 15 a 30 minutos de duração, em voga noutras emissoras, para se estenderem por 45 minutos.
Em 1969, a vocação jornalística da Band levou-a a estrear os “Titulares da Notícia”, versão televisionada de um programa homônimo, vitorioso na Rádio Bandeirantes. Ancorado por jornalistas de peso - Maurício Loureiro Gama (primeiro apresentador de telejornal da América Latina), Vicente Leporace, Salomão Ésper, Murilo Antunes Alves, Júlio Lerner, Lourdes Rocha e, depois, José Paulo de Andrade -, seu estilo marcou época. Destacaram-se nessa fase também o “Ari Toledo Show”; “Leporace Show”, com Vicente Leporace; “Cláudia Querida”, com a cantora Cláudia; “I Love Lúcio”, espetáculo de música e humor comandado por Lúcio Mauro e Arlete Salles; e “Além, Muito Além do Além”, teatro de terror com Zé do Caixão.
Mas, na manhã de 16 de julho do mesmo ano, a pertinácia de João Jorge Saad e sua equipe passou literalmente por uma prova de fogo. Incêndio de grandes proporções reduziu a cinzas o moderno edifício do Morumbi. Fogaréu instantâneo e imenso, não houve como debelá-lo. Consumiu rapidamente milhões de dólares em equipamentos de última geração. Foram-se também 30% do arquivo de filmes e muitos capítulos inéditos da novela “O Bolha”, regravados depois.
A tragédia inacreditável acontecia exatamente no momento em que o homem chegava à lua e novos tempos sorriam às comunicações no Brasil. No pátio da empresa em chamas, entre muita fumaça e gente chorando, “Seu” João mostrou a garra que sempre o manteve de cabeça erguida. Proclamou em alto e bom som: “Vamos reconstruir tudo. Temos fé inabalável”.
Com apenas um caminhão de coberturas externas, a emissora permaneceu no ar. Registrou até o dramático avanço das chamas que a consumiam. Em seguida, sob o “slogan” “A Bandeirantes não vai parar”, as transmissões prosseguiram, embora de maneira precária.
A Band renasceu das cinzas. Consolidou-se como sinônimo de pioneirismo. Ao retomar fôlego, comprou os mais modernos equipamentos e ficou à frente dos concorrentes até no domínio das emissões em cores.
Em 1972, após dois anos de preparação, as imagens da 12.ª Festa da Uva, em Caxias do Sul, marcaram a história da televisão brasileira. Tratava-se do primeiro teste oficial de irradiação colorida, via Embratel, para todo o País. E a Band, integrante do “pool” de estações, acrescentou à programação o longa-metragem “O Cardeal”, de Otto Preminger.
A TV de “Seu” João foi além, muito além. Conseguiu superar as perdas do incêndio. Comprou equipamentos Bosch na Alemanha para se tornar, naquele mesmo ano, a primeira televisão brasileira a produzir e transmitir integralmente uma programação em cores, sob o “slogan”: “TV Bandeirantes, a imagem colorida de São Paulo”.
Nas vitrinas de lojas, modernos televisores em cores fascinavam os passantes com programas como “A Cozinha Maravilhosa de Ofélia”, “Xênia e Você” e “A Hora do Bolinha”. Por isso, a Band adotou novo símbolo - um pavão multicolorido - para valorizar seu progresso tecnológico. Ao mesmo tempo, na inauguração do Teatro Bandeirantes, em São Paulo, demonstrou apostar em “shows” e musicais com o melhor da MPB.
Três anos depois, o fundador comprou a TV Vila Rica, transformada em TV Bandeirantes de Belo Horizonte para dar início à rede que idealizara. Passados mais dois anos, a Band transmitiu, no Rio de Janeiro, o seu primeiro sinal de teste do Canal 7, no dia 7/7/77, às 7 horas da noite. Seguiram-se dois meses e a versão fluminense da emissora entrou no ar oficialmente, com sede em Botafogo e o nome de TV Guanabara. O especial “Meus Caros Amigos”, de Chico Buarque, e um filme inédito na tevê - “Lawrence da Arábia” - marcaram a estréia.
Nessa época, outras 12 pequenas estações espalhadas pelo Brasil passaram a compor a Rede que crescia. Em 1980, englobava 24 emissoras. Todavia, um obstáculo preocupante opunha-se à expansão da cobertura nacional, eis que a Embratel só possuía dois canais para os Estados com menor densidade populacional e já estavam ocupados pelas redes Tupi e Globo. Com apoio da Embratel, tecnologia e know-how para transmitir via Intelsat durante as 24 horas do dia, a Bandeirantes foi a primeira empresa comercial nas Américas a operar uma rede de TV por satélite, em 1982.
Na programação, entre os anos 70 e 80, sucederam-se transformações por conta de artistas como Carlos Alberto de Nóbrega, que reeditou a “Praça da Alegria” sob o título de “Praça Brasil”. Manteve, porém, o esquema criado pelo pai, o saudoso Manoel da Nóbrega. Outros grandes nomes também brilhavam na constelação da Band: Hebe Camargo, Chacrinha, Edson “Bolinha” Curi, Flávio Cavalcanti, Jota Silvestre e Moacir Franco. Havia ainda os programas infantis “TV Tutti Frutti”, “TV Criança”, “Fofão” e “ZYB-BOM”.
O “Canal Livre” estreava no jornalismo, em 1980, para abrir espaço a artistas, políticos, intelectuais e escritores. Marília Gabriela fazia sucesso com as entrevistas do “Cara a Cara”, em 1989, após o surgimento de “A Praça é Nossa” e “Bronco” (com Ronald Golias); “Perdidos na Noite” e “Safenados e Safadinhos” (ambos apresentados por Fausto Silva); e do colunismo eletrônico de Amaury Jr. com seu “Flash”. Sílvia Poppovic debatia ao vivo temas variados e polêmicos, com participação do auditório.
A partir de 1983, a Band incrementou sua atenção no segmento esportivo para, pouco depois da estréia do “Show do Esporte”, consagrar-se como “O Canal do Esporte”. Abrigou os mais variados gêneros, da sinuca ao automobilismo. Foi a primeira a transmitir a Fórmula Indy, assim como pioneira na exibição do basquete americano da NBA e também dos campeonatos de futebol italiano e espanhol. Incentivou a prática do basquete na fase de ouro de Paula e Hortência e contribuiu decisivamente para a popularização do vôlei. O “Show do Esporte” permaneceu no ar durante 20 anos com uma equipe integrada por Luciano do Valle, Sílvio Luiz e Álvaro José, entre outros destacados profissionais.
Na verdade, a tradição esportiva da Band nascera em 1970, no “pool” transmissor da Copa do México, a primeira vista ao vivo por todo o Brasil. Foi a Band, igualmente, a primeira a colocar atletas como comentaristas nesse tipo de cobertura. Na Copa de 1986, no México, contou com Pelé, Rivelino e Clodoaldo. Em 1990, na Itália, estavam Rivelino, Zico e Mário Sérgio. Em 1994, nos Estados Unidos, integraram a equipe Gerson e Tostão. Na França, em 1998, Bobô participou. As reportagens, ao vivo, das Olimpíadas de 1984, 1988, 1992, 1996 e 2000 comprovavam sua permanente disposição de incentivar todas as modalidades esportivas.
Em época recente, a Band procurou conquistar nova parcela de telespectadores, principalmente entre o público feminino. Deixou de ser “O Canal do Esporte”, apesar de continuar atenta aos grandes eventos esportivos. Em 2004, enviou 50 profissionais a Atenas para excelente cobertura dos Jogos Olímpicos, com mais de 150 horas de transmissão em 19 dias.
Em 2005, a criação do Terraviva (canal de agronegócios), a inauguração da Rede Bandnews FM e a volta à dramaturgia posicionaram o grupo definitivamente entre os provedores de plataforma multimídia. Realizou, então, vultosos investimentos nos segmentos de rádio, tevê por assinatura e TV aberta. Bandnews e Bandsports iniciaram o fornecimento de conteúdo exclusivo para operadoras de telefonia. O grupo também capitaneou uma inovação em Pernambuco, ou seja, os primeiros canais por assinatura com edições locais. Atualmente, um acordo com o UOL garante acesso de qualquer parte do mundo, “on line”, ao noticiário da Bandnews.
Por sua vez, a Bandnews FM, primeira rede de rádio em freqüência modulada só para notícias, está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte e Curitiba. Conta com colunistas do porte de Dora Kramer, Ricardo Boechat, José Simão e Paulo Autran.
Nas décadas de 70 e 80, as novelas de maior sucesso na Band foram Cara a Cara, Cavalo Amarelo, Meu Pé de Laranja Lima, A Deusa Vencida, Os Adolescentes, Braço de Ferro e Ninho da Serpente, protagonizada por Cleide Yáconis, Beatriz Segall e Juca de Oliveira. Não há dúvida, porém, de que Os Imigrantes tenha sido o folhetim campeão de audiência. Escrito por Benedito Ruy Barbosa e exibido a partir de 1981, tinha no elenco Rubens de Falco, Herson Capri, Othon Bastos, Paulo Castelli, Yoná Magalhães, Lúcia Veríssimo, Norma Bengell, Rolando Boldrin, Fúlvio Stefanini, Paulo Betti e Luiz Armando Queirós. Contava a história comum a muitos imigrantes que ajudaram a construir o Brasil. Três “Antônios” - um italiano, um português e um espanhol - davam o tom da trama. O sucesso repetiu-se com Os Imigrantes - 3ª Geração.
Em 1996, o núcleo de teledramaturgia do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) passou para a Rede Bandeirantes e possibilitou-lhe retomar a produção de novelas como A Idade da Loba e Perdidos de Amor. Produziu também a regional Serras Azuis, em 1998, e fez o “remake” de Meu Pé de Laranja Lima.
Todavia, o fato mais notável na trajetória da Band está em sua credibilidade e independência jornalística. O fundador costumava repetir: “Sempre gostei de desafios e ninguém me bota cabresto. Por isso, tive momentos complicados na Bandeirantes, mas fiz o que quis.” Essa afirmação ilustra o posicionamento da emissora, assentado solidamente naqueles dois pilares.
Na década de 80, por exemplo, a Band colocou no ar o “Canal Livre”, um dos programas mais representativos da imprensa televisada brasileira. As entrevistas que levou ao ar coincidiram com o processo de abertura política no País. Suas câmeras focalizaram, durante anos, expressivas figuras dos cenários nacional e internacional, entre as quais Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Jorge Amado, Caetano Veloso, Darcy Ribeiro, Tom Jobim, Chico Buarque, Alceu Amoroso Lima, Vargas Llosa, Shimon Perez e Daniel Ortega. O programa continua ativo, sempre esmiuçando assuntos de interesse nacional.
Outra tradição bandeirante está nos debates pré-eleitorais. Repetem-se periodicamente há mais de duas décadas, desde que a Band foi a primeira emissora a realizá-los para mostrar ao eleitor os candidatos sem “maquiagem”. “Seu” João exultava dessa prestação de serviço à população. Orgulhava-se de a Band manter “consciência da própria responsabilidade social como veículo de comunicação” por abrir espaço a todas as correntes políticas, sem jamais se tornar caudatária do poder, “nem nos momentos mais difíceis da vida brasileira.”
Fernando Mitre, Diretor Nacional de Jornalismo da Band, produziu 31 debates na emissora. Foi um dos mentores de encontros históricos durante as disputas por prefeituras, governos estaduais e Presidência da República. Durante anos, tem sido responsável pelo aperfeiçoamento das regras e pela organização dos embates. Eu mesmo sou testemunha desse trabalho estafante e meritório, pois tive a satisfação de participar, como candidato, de vários debates da Band para defender ou criticar idéias e programas de ação.
É de Fernando Mitre a menção de vários debates que definiram os resultados das urnas. Por exemplo, lembra ele que, em 1989, o cotejo de propostas deu ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva condições vantajosas para disputar o segundo turno das eleições presidenciais com Fernando Collor de Mello. Noutro exemplar confronto, este com o inesquecível Mário Covas, candidato em segundo turno a governador, “Paulo Maluf entrou com 7 pontos de vantagem na pesquisa e saiu com menos 7”.
A “holding” quer destacar-se agora no jornalismo impresso. Dia 7 do corrente, lançou a edição paulistana do Metro, importante título na mídia internacional, com formato tablóide e distribuição gratuita. Está associado ao grupo sueco Metro International para acrescentar uma tiragem diária de 150 mil exemplares ao universo de 22 milhões de leitores dessa publicação, em 21 países.
Pois bem, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, creio ter conseguido resumir a história do Grupo Bandeirantes de Comunicação sem desprezar algum aspecto relevante. Uma história que justifica plenamente esta solene homenagem do Senado da República a 70 anos de pioneirismo e prestação de excelentes serviços à população brasileira.
Parabéns a todos os dirigentes e funcionários que lhe garantem tal grandiosidade.
Muito obrigado.
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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ROMEU TUMA EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
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Matéria referida:
“Pronunciamento do Deputado Jorginho Maluly”