Discurso durante a 96ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Saudação à aprovação da Timemania. Congratulações ao povo acreano pelos 45 anos de elevação do Acre à categoria de Estado. Relatos da audiência pública realizada ontem, que discutiu a redução da maioridade penal. Lançamento, na próxima semana no Estado do Acre, da coleção intitulada Biblioteca Popular.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. DIVISÃO TERRITORIAL. LEGISLAÇÃO PENAL. POLITICA CULTURAL.:
  • Saudação à aprovação da Timemania. Congratulações ao povo acreano pelos 45 anos de elevação do Acre à categoria de Estado. Relatos da audiência pública realizada ontem, que discutiu a redução da maioridade penal. Lançamento, na próxima semana no Estado do Acre, da coleção intitulada Biblioteca Popular.
Aparteantes
Adelmir Santana, Cristovam Buarque, Mozarildo Cavalcanti, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2007 - Página 20561
Assunto
Outros > ESPORTE. DIVISÃO TERRITORIAL. LEGISLAÇÃO PENAL. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), CRIAÇÃO, LOTERIA ESPORTIVA, IMPORTANCIA, INSTRUMENTO, ASSISTENCIA FINANCEIRA, TIME, FUTEBOL.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, ELEVAÇÃO DE CATEGORIA, TERRITORIO FEDERAL DO ACRE, ELOGIO, HISTORIA, ESTADO DO ACRE (AC), EMPENHO, INTEGRAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, DEBATE, REDUÇÃO, LIMITE DE IDADE, IMPUTABILIDADE PENAL, DEFESA, PENA DE DETENÇÃO, PROPORCIONALIDADE, CRIME, IMPORTANCIA, MELHORIA, POLITICA SOCIAL, ASSISTENCIA, JUVENTUDE, EDUCAÇÃO, SAUDE, CULTURA, FORMAÇÃO PROFISSIONAL.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DIVULGAÇÃO, LEVANTAMENTO DE DADOS, SECRETARIA ESPECIAL, DIREITOS HUMANOS, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, MENOR, PRESO.
  • ANUNCIO, LANÇAMENTO, COLEÇÃO, LIVRO, MUNICIPIO, RIO BRANCO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, OBJETIVO, PROJETO, ACESSO, POPULAÇÃO, LITERATURA, SUGESTÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), CRIAÇÃO, PROGRAMA, INCENTIVO, LEITURA, COMERCIALIZAÇÃO, OBRA LITERARIA, REDUÇÃO, PREÇO.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sei que o seu coração é bem maior que isso, Sr. Presidente!

            Senador Gilvam Borges, que ora preside esta sessão, caro amigo Senador Paulo Paim, alguns assuntos me trazem a esta tribuna hoje.

            Começo com um assunto muito prazeroso. Esta semana, Senador Gilvam Borges - V. Exª também participou dessa ação -, aprovamos uma medida provisória nesta Casa, relatada pelo Senador Sérgio Zambiasi, querido amigo do Rio Grande do Sul, que trata da Timemania.

            Trata-se de um importante instrumento que pode ser colocado a serviço do esporte nacional, dos clubes que estão empenhados em sua reestruturação e reorganização, pode ser um instrumento importantíssimo para promover o saneamento financeiro da maioria dos clubes brasileiros.

            Aqui faço um registro especial, até para ilustrar o que eu falo, mencionando o meu próprio time, o meu próprio clube, Senador Paulo Paim. O Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio, pelo qual torço desde criancinha - eu, meu pai, meu filho e meu neto somos botafoguenses de coração. Justiça seja feita: já há alguns anos, o clube é presidido por Bebeto de Freitas e uma competente diretoria. O clube hoje passa por um processo de reestruturação, de instalação de uma infra-estrutura que permita a prática de esportes, não só do próprio futebol, que é a âncora de todos os clubes brasileiros. Faço referência especial ao técnico Cuca e a todo o elenco de futebol do Botafogo, que tem dado um exemplo de renovação e de recuperação, inclusive de sua própria imagem.

            O Botafogo não chegava, Paim. Hoje, é um time que dá alegria quando entra em campo, perdendo ou ganhando, é um time que se empenha. Percebe-se que está no caminho correto, que vem sendo bem dirigido, com profissionais sérios e compenetrados prestando um bom trabalho. Isso é uma coisa interessante, Paim, e as coisas só devem melhorar: há a perspectiva de se somar a um clube como esse, bem dirigido, o Timemania, que poderá ser um instrumento auxiliar importante no processo de saneamento financeiro.

            Vejo isso até na própria torcida. Hoje, aqui em Brasília, Senador Paim, na Quadra 404 da Asa Norte, temos um bar, o Só Drink’s, que, nos jogos do Botafogo, reúne dezenas de torcedores empolgadíssimos para acompanhar as partidas do Botafogo - ultimamente as vitórias do Botafogo. A torcida chega quando o esporte nacional é vibrante, quando dá grandes resultados. Isso é uma coisa importante para o País. Não se pode negar que o futebol é o esporte nacional de fato, de grande relevância e, quando no âmbito do futebol, no âmbito do esporte, as coisas são tratadas com seriedade, o povo brasileiro aplaude, o povo brasileiro acompanha, o povo brasileiro participa, lotando estádios, lotando bares para assistir os eventos. Quem está fora das arenas de futebol lota locais para assistir a espetáculos.

            Portanto, eu queria saudar a aprovação da Timemania, esse importante instrumento, repito, que poderá permitir o saneamento...

            (Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mesquita, V. Exª necessita de quanto tempo para concluir o pronunciamento?

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AP) - O tempo regulamentar.

            Muito obrigado, Senador Gilvam Borges.

            Portanto, aplaudo, Senador Gilvam Borges, a aprovação da norma que trata da Timemania, pois creio que é mais um instrumento importante para o saneamento financeiro e administrativo dos clubes brasileiros.

            Quero me referir também - não tive oportunidade de fazer isso durante toda a semana - ao fato de que, no último dia 15 de junho, nós, acreanos, festejamos 45 anos da passagem do nosso antigo Território à condição de Estado. Uma data importante, aliás, isso era devido ao povo acreano desde que o Acre foi conquistado numa revolução, Senador Gilvam. O Acre foi conquistado. O Acre fez a opção de ser brasileiro pela luta do povo acreano, dos nordestinos que para lá se dirigiram em grande número para o corte da seringa e lá se envolveram numa grande revolução.

            Repito: o Acre fez a opção de ser brasileiro. Desde aquela época o Acre deveria ser uma Unidade autônoma da Federação, um Estado brasileiro. Porém, por questões políticas, administrativas, amargamos a condição de não ser Estado desde a conquista daquela área do território brasileiro. O Acre tornou-se Estado 45 anos atrás pela iniciativa de um Parlamentar, Senador José Guiomar, com a chancela do Poder Legislativo brasileiro.

            O Poder Legislativo brasileiro, afinal, enxergou a injustiça feita como povo acreano e aprovou a lei pela qual o Acre passou da condição de Território Federal para a de Estado.

            Eu queria, nesta oportunidade, Senador Paulo Paim, parabenizar o povo acreano na pessoa daqueles com quem estive recentemente. Há poucos dias, estive em Feijó, em Tarauacá e privei da companhia e da conversa agradável com pessoas como o Sr. Antônio Abreu, Presidente Municipal do meu Partido, no Município de Tarauacá; com Robério Saraiva. Quero abraçar o povo acreano nas pessoas desses queridos amigos com quem estive recentemente, o ex-Prefeito Jazoni, o Cabo Orlando, o Vereador Maranguape, Chico Batista e Roberto Freire.

            Também estive em Feijó na mesma ocasião. Quero abraçar o povo acreano na pessoa do Sapecado, grande amigo que nós temos lá em Feijó; do Valmir Campos, comerciante sério, da maior dignidade; do filho dele, Pelé Campos, que é um vereador atuante; do Careca, um companheiro do nosso Partido; de Maria Dalva, que dirige o Partido atualmente. Enfim, eu quero aproveitar esta oportunidade - não poderia perdê-la - para abraçar fraternalmente o povo acreano na pessoa dessas amigas e desses amigos.

        Eu quero referir-me também, Senador Paim, à audiência que tivemos ontem para discutir uma questão que é objeto de análise no Congresso Nacional há tanto tempo. Falo da redução da maioridade penal. Na sua presença - louvo a sua iniciativa pela promoção da audiência, que teve a participação de pessoas que sempre acrescentam algo ao debate que nós travamos nesta Casa -, eu tive a oportunidade de confessar que não tenho... Eu procuro, Senador Paim, ver a matéria fora dessa estreita visão de que devemos reduzir a idade penal ou mantê-la. Eu acho que o foco está equivocado. Digo isso com todo o respeito. O problema não é a idade. Penso que devemos voltar a nossa atenção para aquilo que é relevante, importante, que é o fato delituoso, o ato praticado. A sociedade elegeu o Poder Judiciário como instância competente para a apreciação e julgamento dos atos delituosos neste País. Isso deve continuar sendo assim.

        Senador Paulo Paim, penso que a idade deve influir no cumprimento da pena, caso haja pena, caso haja condenação. Aí, sim. A diferenciação deve ocorrer nesse momento. Até usei uma expressão interpretada equivocadamente por um companheiro nosso. Eu disse ontem que não se pode colocar todo o mundo num Carandiru. As pessoas têm de cumprir uma penalidade, uma punição de forma diferenciada, dependendo de sua condição pessoal.

            Senador Paulo Paim, ouço o aparte de V. Exª.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, em primeiro lugar, quero cumprimentá-lo pela declaração de carinho, de amor, de paixão por seu Estado. Diria que o mesmo eu faria da tribuna em relação ao meu querido Rio Grande do Sul, e já o fiz, declamando poesias, em certos momentos, na mesma linha adotada por V. Exª. Quero cumprimentá-lo, primeiramente, pelo trabalho que tem feito neste plenário e nas comissões. Dou-me o direito, como Presidente da Comissão de Direitos Humanos, de elogiar o trabalho de V. Exª lá, sempre equilibrado, tranqüilo. Quero dizer que a forma de V. Exª enfrentar o debate da idade penal, se são 18 anos, se são 16 anos, no meu entendimento, tem a simpatia da maioria do povo brasileiro. Por quê? V. Exª disse - eu tenho dito algo semelhante, embora de outra forma - que é um falso debate ficarmos entre 18 e 16 anos, quando o debate deveria ser outro. O importante é verificar a situação do nosso povo, da nossa gente, da nossa juventude, dos nossos adolescentes, o que fazer, qual a responsabilidade. E aí V. Exª está dizendo que há o Judiciário nesse debate. O que podemos construir? Senão, fica naquilo, se são 18 ou 16. E um é do bem, e o outro é do mal. Para mim, o debate não é esse. Quero cumprimentar V. Exª pelo início do seu pronunciamento, quando falou do esporte. No fundo, V. Exª, de novo, fortalece essa idéia. Como seria bom se tivéssemos centros olímpicos em parceria - Município, Estado e União - em todos os Municípios deste País! Ali seria um centro de educação, de formação: hora de lazer, hora de lazer; hora de estudar, hora de estudar. V. Exª, na verdade, faz um vínculo, pela vossa paixão bonita pelo Acre, pelo quanto V. Exª acredita na importância do esporte. Vamos sair desse falso debate aí, de 18 ou16. Vamos efetivamente construir políticas públicas para a nossa juventude, sem deixar - claro - que o Judiciário cumpra a sua parte no momento em que for chamado. Quero cumprimentar V. Exª pela clareza do pronunciamento. Sei que o Presidente Gilvam Borges está sendo tolerante, como V. Exª foi tolerante comigo. Parabéns.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Paulo Paim. Seu aparte é sempre honroso não só para mim, como para qualquer Parlamentar que usa desta tribuna.

            Senador Mozarildo Cavalcanti, concedo a V. Exª um aparte.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Geraldo Mesquita, na mesma linha do aparte do Senador Paulo Paim, quero inicialmente, como amazônida, como colega de V. Exª no que tange a ser de Estado periférico da Amazônia, cumprimentar o povo acreano pelo fato de ter lutado, brigado para ser brasileiro. Depois ter sido colocado numa situação - diríamos - menos importante de território federal, felizmente veio o Estado e provou, realmente, que o povo acreano é valoroso e merecia ser, desde o início, um Estado da Federação. Espero que nós - o Acre, uma vez Estado antes de nós, Roraima, e o Amapá do Presidente Gilvam Borges - possamo-nos unir numa luta, porque, se a Amazônia já é desatendida e pouco olhada pelo Governo Federal, os nossos Estados, que são pequenininhos, são pessimamente olhados. Até gostaria que fizéssemos um pacto aqui de trabalharmos juntos os três ex-territórios, para realmente sermos um pouco mais respeitados e olhados. Quanto ao outro ponto, Senador Geraldo, a discussão da maioridade, temos que ouvir a voz das ruas. Todas as pesquisas indicam que 80% da população quer a redução da maioridade penal. Por que a sociedade está querendo isso? “Ah, porque há impunidade.” “Não, é porque, cada dia mais, há menor delinqüindo.” É certo que esses menores estão delinqüindo, porque, infelizmente... Não é apenas porque são pobres. Há muitos filhos de pais de classe média e até de classe alta delinqüindo também. O que temos que fazer é ver que estamos vivendo uma nova realidade. O jovem de hoje de 14 anos tem muito mais informações do que as que tinha um adulto de 20 anos em 1946, quando se estabeleceu esse limite. Então, é preciso atualizar. Mas penso que a melhor coisa seria fazer um plebiscito, para ver o que o povo quer, e atender o povo que nós aqui representamos. E, num segundo ponto, apenar, de maneira dura, o bandido maior de idade que se utiliza do menor de idade para praticar os crimes, colocando-se por trás do menor. Creio que esses pontos - que, como V. Exª sabe, estão em debate na CCJ, onde estão sendo concluídos e depois virão a plenário - merecem muita reflexão, mas sobretudo é preciso ouvir mais a sociedade.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Mozarildo. Recebo seu aparte com imensa alegria, porque acrescenta muitíssimo ao debate, à discussão do assunto que estamos tratando.

            Senador Gilvam, respeitosamente, V. Exª havia me dado cinco minutos, depois mais dez minutos. Lembro a V. Exª que, nas sextas-feiras, o nosso tempo regulamentar é de vinte minutos. Portanto, gostaria de mais um tempo.

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - V. Exª será atendido, com a benevolência das sextas-feiras. De quantos minutos V. Exª necessita? Diga para mim, não se encabule, pode falar.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Em oito, dez minutos, concluo o meu pronunciamento.

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Então, vou lhe dar vinte minutos.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Não, em dez minutos, concluo o meu pronunciamento, com o maior prazer, Senador Gilvam.

            Mas eu falava da questão do jovem infrator, Senador Paim, porque, esta semana, o Correio Braziliense publicou uma matéria muito interessante. É um levantamento da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, da Presidência da República, que mostra a situação de internação de adolescentes no País. O foco da matéria era o Distrito Federal, mas o meu Estado entrou aqui por tabela, digamos assim. E, para meu espanto, essa pesquisa é feita de dois em dois anos, e trata da verificação da internação do menor infrator.

            A pesquisa diz respeito à quantidade de menores infratores por 10 mil jovens. Em 2002, para V. Exª ter idéia, o Acre estava atrás do Distrito Federal, do Amapá e de São Paulo: o Distrito federal, com 15,1; abaixo vinha São Paulo; e depois o Acre, com 9,02. Em 2004, o Acre já se situava em 2º lugar, com 14,43. E, em 2006, a última pesquisa realizada, o Acre assume a cabeça dessa lista perversa, com quase 21 jovens por 10 mil jovens infratores em regime disciplinar.

            Então, é isso, Senador Paim. É acertarmos o foco dessa discussão, sem esquecermos o fundamental: a instituição de uma política séria, uma política pública séria, que não permita que possamos nos deparar com uma estatística tão cruel como essa. Uma estatística perversa, Senador Gilvam, que mostra que jovens nessa faixa etária estão, certamente, desassistidos, sem uma política pública séria de educação, saúde, cultura e envolvimento numa atividade profissional.

            E eu aqui me coloco à disposição do Governo do meu Estado. Se pudermos ajudar nesse ponto a fazer com que seja instituída uma programação séria e competente, para que possamos reverter esse quadro tão dramático e perverso que pune a juventude, especialmente do meu querido Estado do Acre, assim o faremos.

            Sem abusar da boa vontade do Senador Gilvam, concluo.

            Saúdo a presença do querido amigo Senador Renan Calheiros, que assume a Presidência da Mesa neste momento.

            Concluo anunciando que, na próxima quinta-feira, no meu Estado, vamos lançar uma coleção, Senador Renan, intitulada Biblioteca Popular. O que é essa coleção? Senador Renan, desde o início do meu mandato, eu tenho me dedicado, em parceria com a gráfica do Senado, a publicar e levar para meus conterrâneos publicações de boa qualidade. Inauguramos essa linha - digamos - editorial, oferecendo à população do nosso Estado um curso chamado “Política ao alcance de todos”. Foram dez meses, Senador Renan, e dez fascículos, um fascículo por mês. Iniciamos o curso com 600 inscrições e o acabamos com mais de 6.000 inscrições. Realizamos seminários nas principais cidades do Estado - casas lotadas, Senador Renan, discussão acalorada.

            E, naquele momento, naquele especial momento, Senador Paim, se ainda havia algum resquício em mim daqueles preconceitos inadmissíveis, de que o povo não gosta de ler, como por vezes se propala por aí, eu o quebrei, Senador Paim. Eu digo, sem medo de errar: é uma grande balela dizer que as pessoas não gostam de ler. A população brasileira, em sua grande maioria, não tem é acesso à literatura porque não pode nem chegar à porta de uma livraria, porque livro, em nosso País, ainda é inacessível à maioria da população. E essa experiência que desenvolvo em meu gabinete tem-me mostrado isso cabalmente.

            Ofereci um segundo curso, “Política e cidadania”, e, da mesma forma, foi um sucesso absoluto. Cursos sem qualquer conotação partidária, diga-se de passagem. Discutimos os aspectos da política. No primeiro curso, demos um passeio pela História da Filosofia Política, da Ciência Política, da Grécia até os dias de hoje. E a população participando. Estudantes, trabalhadores, donas-de-casa, todos participaram da discussão em torno do curso. Instituímos uma coleção, como chamamos, Senador Paim, intitulada Documentos para a História do Acre. Tivemos oportunidade de publicar obras importantes para a história do meu Estado. Consolidamos a Constituição em nosso Estado com todas as suas emendas, que nós não tínhamos até então, dessa forma. Editamos o Tratado de Petrópolis e o Congresso Nacional, obra que resgatou toda a tramitação do acordo feito com a Bolívia em torno da conquista do Acre. A Conquista do Deserto Ocidental, reeditamos essa obra tão importante para o Estado, com a introdução do alagoano, conterrâneo do Senador Renan Calheiros, Abguar Bastos; O Estudo Geográfico do Território do Acre. Oferecemos uma pequena publicação sobre a passagem de Euclides da Cunha pelo Estado.

            Uma outra coleçãozinha, muito grata para mim, é a Enciclopédia dos Municípios Acreanos. O título é meio pretensioso, Senador Renan. Mas, na verdade, o objetivo é editarmos, na medida do possível, fascículos de cada um dos Municípios, contando a sua história política, econômica e social e contando a origem do Município. Isso tem sido de muito agrado, principalmente para a juventude, para a estudantada, que tem uma fonte a mais de pesquisa e de estudo acerca dos aspectos do seu Município, do seu Estado.

            Por fim, resolvemos - Senador Cristovam, concedo em breve um aparte a V. Exª - instituir a coleção Biblioteca Popular, Senador Paim. Qual é o objetivo? Reeditar obras clássicas da literatura brasileira, de autores como Machado de Assis, Euclides da Cunha, Bernardo Guimarães e tantos outros que já estão sob domínio público, para os quais já não há mais o que se falar em termos de direitos autorais. Nós estamos reeditando essas obras. A primeira delas está aqui. Graças à eficiência da Gráfica do Senado, reeditamos A Escrava Isaura. Achei muito apropriada essa obra. O objetivo, Senador Paulo Paim, é mesclar obras da literatura clássica brasileira com obras de autores regionais. Na Amazônia, especialmente no Acre, há muitos escritores de romances, de obras técnicas, de obras científicas. Nós vamos fazer isso.

            Na próxima quinta-feira...

            O SR. EDUARDO SUPLICY(Bloco/PT - SP) - Qual é o horário?

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - A partir das 19 horas, no Auditório da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), cedido generosamente pelo Presidente Salomão, a quem faço aqui um agradecimento público e especial pela cessão do espaço.

            Vamos lançar essa coleção, que traz como primeiro volume uma obra, como eu disse, de um jornalista paulista que se radicou no Acre há muitos anos, o Archibaldo Antunes. Ele escreveu um romance fantástico: Amazônia dos Brabos. A obra, Senador Renan Calheiros, é calcada na saga dos nordestinos que foram para o Acre no final do século retrasado e início do outro, para o corte da seringueira, para a produção da borracha, com todo o drama que cerca a vida dessas pessoas. Ele escreveu um romance fantástico, delicioso, que recomendo aos acreanos e a todos. Vamos fazer o lançamento, e o autor vai estar presente na noite de autógrafos. Isso é algo que me deixa muito gratificado.

            Sou um militante político, como todos nós aqui. Creio que o dever precípuo do militante político, Senador Paulo Paim, é contribuir, na medida das suas possibilidades, do seu esforço, para que o povo brasileiro consiga elevar a sua consciência política, o seu conhecimento acerca dos fatos que o cercam. Eu acho que esse é um dever nosso, Senador Renan, de todo militante político, tendo mandato ou não.

            Eu aqui estou anunciando e me dirigindo ao povo da minha terra, especialmente de Rio Branco, onde nós faremos o lançamento na próxima quinta-feira à noite, dia 28. Já convidei alguns amigos. Todos Parlamentares se sintam convidados. Eu sei que as agendas são complicadas, mas alguns já confirmaram presença.

            Senador Cristovam, desculpe-me, V. Exª pediu um aparte e eu aqui me estendendo.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Geraldo, eu conheço seu projeto. V. Exª teve a delicadeza de me informar sobre ele e me convidar para estar presente. Não vou poder agora, mas estarei presente em outro momento. V. Exª está fazendo escola. Eu acabo de alugar uma casa pequena em Taguatinga e vou fazer o mesmo que V. Exª faz lá. Já temos os móveis, agora estamos juntando os livros, vamos conseguir os computadores, e V. Exª pode considerar-me como um discípulo dessa sua luta. Eu disse há poucos dias que, quando acordamos, devemos perguntar: “Como vou ajudar meu Brasil hoje?” A melhor maneira é trabalhando no Senado, porque é aqui que ganhamos o salário. Mas há outras maneiras, complementando esse trabalho legislativo, com ações sociais. Eu o parabenizo, porque sua ação social foi escolhida junto a jovens e junto à cultura: a disseminação da leitura por livros e a disseminação de leitura pela via do computador, a leitura de textos virtuais. Parabéns! Conte com seu seguidor aqui no Planalto Central.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Quem sou eu para ter o Senador Cristovam Buarque como seguidor? Na verdade, a grande inspiração é a atuação de pessoas como V. Exª, Senador Cristovam, um defensor radical da educação neste País e da concepção de que a educação nos salvará. Sem ela, estamos fadados a coisas muito ruins neste País. A inspiração é sua, de pessoas como V. Exª.

            O Senador Cristovam Buarque estava falando de algo que, inclusive, omiti pela escassez do tempo. Senador Renan Calheiros, além das publicações que temos oferecido ao povo acreano, instituímos, num local onde tenho um pequeno escritório em Rio Branco, uma biblioteca que já conta com mais de seis mil livros, aberta, inclusive, à população, aos estudantes, aos professores, a quem nos visita, com terminais de computadores interligados à Internet. As pessoas vão lá fazer pesquisas. É algo que tem agregado ao gabinete e ao nosso trabalho.

            Finalizando, ouço o aparte do Senador Adelmir Santana.

            O Sr. Adelmir Santana (PFL - DF) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, parabenizo V. Exª pelo projeto e também o Senador Cristovam Buarque, que, quando Governador do Distrito Federal, instituiu a Mala do Livro, que ia às quadras e às cidades-satélites. Também me engajo nessa luta porque, nas unidades do Senac e Sesc, que dirigimos no Distrito Federal, fazemos um trabalho parecido. Aproveito o discurso de V. Exª para fazer uma referência a uma pessoa de Brasília, o Luiz T-Bone, um moço que é dono de um açougue e que fez aqui um trabalho mais ou menos parecido com esse, transformando a sua casa de carne em uma biblioteca extensiva a todo o público que ia lá comprar suas picanhas. E o Luiz T-Bone ontem fez uma coisa maior ainda: lançou uma biblioteca num ponto de ônibus, aberta 24 horas, para atender à população. Então, são projetos como o de V. Exª, o do Senador Cristovam e o do Luiz T-Bone que realmente engrandecem o nosso País e chamam a atenção de pessoas que têm essa visão que V. Exª está mostrando nesta manhã. Parabéns a V. Exª, parabéns ao Senador Cristovam, parabéns ao Luiz T-Bone, que têm a visão de fazer chegar ao público, de modo geral, a literatura brasileira.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Mesquita, permita-me só uma frase, porque já o aparteei. Quero, primeiro, Senador Renan Calheiros, cumprimentar V. Exª e o Senador Mesquita, neste momento na tribuna, pelo trabalho da Gráfica do Senado. Efetivamente, é um trabalho que merece todos os nossos elogios. Estamos tentando lá, agora, reescrever, aproveitando alfarrábios, a história da grande revolução Farroupilha, da revolução Farroupilha no contexto brasileiro. E a Gráfica do Senado e o Conselho Editorial estão fazendo todo o estudo. Então, era só para isso, para cumprimentar V. Exª e cumprimentar a Gráfica do Senado. Trabalho brilhante.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Eu sou suspeito, inclusive, para falar da Gráfica do Senado, Senador Paim, porque eu vivo aqui elogiando a Gráfica. E não é gratuitamente não. Não é elogiando não, é reconhecendo o relevante serviço que presta a Gráfica do Senado ao Senado Federal e ao País, inclusive.

            Mas, Senador Adelmir, pelo seu entusiasmo, percebo e sinto que V. Exª é mais um dos guerreiros que estão nesse front, juntamente com o Senador Buarque e com outros colegas, de fazer com que a educação vá para um açougue, vá para uma farmácia, vá para todos os lugares deste País, todos os lugares onde pudermos ter uma portinha.

            Sugeri, Senador Renan, ao Ministro da Educação, que esteve recentemente aqui, que instituísse, no plano do Governo Federal, um programa. Assim como temos a Farmácia Popular, que tivéssemos também a Livraria Popular, Senador Renan, para que a grande maioria da população brasileira, que não tem acesso a livros, possa ter acesso a livros, de boa literatura, a preços acessíveis, Senador Paim; entrar numa livrar e comprar um bom livro por R$2,00, R$3,00, R$5,00, Senador Renan. Penso que isso consagraria o Governo do Presidente Lula, dando-lhe a grandeza que o seu governo poderá ter até o final da sua gestão.

            Fico por aqui, Senador Renan, agradecendo, inclusive, a condescendência pela extensão do tempo.

            Muito obrigado e um bom fim de semana a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2007 - Página 20561