Discurso durante a 97ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise do quadro econômico e comemoração do bom momento da economia vivido pelo país.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ECONOMIA NACIONAL.:
  • Análise do quadro econômico e comemoração do bom momento da economia vivido pelo país.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2007 - Página 20690
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ANALISE, MELHORIA, SITUAÇÃO, PAIS, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), ECONOMIA NACIONAL, OBTENÇÃO, ESTABILIDADE, REDUÇÃO, INFLAÇÃO, GARANTIA, PODER AQUISITIVO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, OBRAS, ESPECIFICAÇÃO, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
  • ELOGIO, ADMINISTRAÇÃO, CAPACIDADE, EMPENHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLUÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há homens que choram, há homens que sorriem, há homens que sentem a emoção forte da simples condição do caminhar, do produzir, do fazer riquezas não somente na riqueza material, mas, principalmente, na riqueza do intelecto, na riqueza do conhecimento. Então, o empobrecimento fica na caverna de Platão sob a eterna escuridão.

Sr. Presidente, se o homem é o resultado do que come, também o homem é o resultado do que pensa. Descartes garantia que se penso, logo existo. Drª Cláudia Godinho sempre afirmava que não bastam as palavras, mas o gesto de pensar e transmitir o que mais cobre o homem com a manta sagrada do reconhecimento é justamente a condição do afeto. Sem afeto, sem amor, a condição humana se perde. Caminhamos tristes, desmotivados e completamente impossibilitados de sentir o que de mais prazeroso existe no mundo e que faz a diferença entre os homens que integram o reino animal e aqueles que não têm a capacidade de fazer cultura.

Há homens, Sr. Presidente, que pensam além das montanhas, que pensam além das perspectivas existentes. Há homens como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e tantos outros que por aqui montaram planos e ações que fizeram o País se desenvolver. São aqueles que se envolveram no grande projeto para criar a infra-estrutura industrial do País, aqueles que quiseram fazer uma administração que pudesse valer cinqüenta anos em cinco.

Acredito, Sr. Presidente, que o País vive um momento de muita alegria e desenvolvimento. Lamentavelmente, algumas situações que estão pautadas, que estão no dia-a-dia da vida nacional, principalmente nos veículos de comunicação, fazem com que a população sinta uma certa decepção. Portanto, Sr. Presidente, este meu pronunciamento é singelo.

Quero lhes mostrar este copo com água pela metade. Não é muito original, mas é providencial para demonstrar que há mais de uma maneira de ver e analisar as coisas.

Lembro de meu pai, à mesa, hora do almoço, a nos perguntar: “O que vocês vêem aqui?” “Um copo com água”, disse meu irmão mais velho. O ar insatisfeito do meu pai foi a senha para que Nilson, o humorista da família, arriscasse: “É cachaça?” Meu pai franziu o cenho. Estava evidente que ele não brincava. Eu, calado e muito atento, me preparei para ouvir a lição: “Para alguns, este é um copo quase vazio. São os pessimistas. Para outros, é um copo quase cheio. São os otimistas. Na verdade, é um copo pela metade. Quem assim o vê é realista”.

Depois, ao longo da vida, percebi que algumas pessoas têm uma espécie de prazer transcendental em anunciar o caos. São os mensageiros do apocalipse, os blasfemadores. Aqueles que devem julgar, vida afora, que todo copo pela metade é um copo quase que vazio.

Não sou assim, Sr. Presidente. Adoro ser portador de boas notícias. O mundo, o Brasil, as comunidades, as pessoas precisam de boas notícias. Elas existem, mas nunca dão tanto ibope quanto as pequenas tragédias do dia-a-dia. Parece que algumas pessoas sentem vergonha da felicidade.

Hoje, pela manhã, ouvi, pela televisão, que a taxa de inadimplência do comércio brasileiro caiu. Pode parecer um dado sem maior importância. Pode ser até que volte a subir no mês que vem, mas o fato é que inadimplência caiu, e eu considero a notícia alvissareira.

Ora, se a inadimplência caiu, é sinal de que menos pessoas estão atrasando seus pagamentos. E como ninguém atrasa pagamentos porque gosta, mas, sim, porque faltou o dinheiro para quitar a dívida, é sinal de que o dinheiro está chegando...

Tenho uma assessora que precisava trocar de carro. Sozinha, separada, ganha mais ou menos, o carro que possui já tem 150 mil quilômetros rodados. No sábado, fechou negócio com uma concessionária: vai comprar seu carrinho pagando em sessenta suaves prestações mensais.

Daqui a quatro anos e meio, o filho dela estará na faculdade. Vai querer um carro. Mas lembrei-me de que, na minha época, no furor inflacionário deste País, ou se tinha dinheiro para comprar o bem à vista, ou simplesmente não se comprava, porque a instabilidade financeira e a corrida inflacionária não permitiam o crediário no Brasil.

Há pouco, abri o site da Agência Brasil e li que analistas de mercado e de instituições financeiras projetam, para 2007, o crescimento de 4,30% para o Produto Interno Bruto, que é a soma das riquezas produzidas no País no ano.

A estimativa de aumento da economia para o ano que vem passou de 4,0% para 4,10%. A informação consta do Boletim Focus, divulgado hoje, segunda-feira, pelo Banco Central e faz parte da pesquisa que o banco realiza todas as sextas-feiras com uma centena de analistas para sentir as tendências do mercado sobre os principais indicadores da economia.

A pesquisa do Banco Central mostra, por exemplo, que foi a segunda semana seguida de elevação da expectativa de melhora da economia nacional, embora a estimativa ainda esteja diante dos 5% apregoados pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, semana passada, em Minas Gerais.

Os especialistas elevaram de 4,26% para 4,30% a projeção de crescimento industrial no ano e aumentaram de 4,33% para 4,45% a expectativa em relação a 2008. Aumentaram, também, a projeção para a relação entre dívida líquida do setor público e PIB. A estimativa anterior, de 43,90% no final deste ano passou para 44%, e foi mantida a projeção de 42% para o final do ano que vem.

Notícias alvissareiras. Saúde perfeita que busca realmente um crescimento acelerado e seguro.

Esses cálculos, Sr. Presidente, consideram um cenário de mercado no qual o dólar norte-americano termine 2007 cotado a R$1,91, contra R$ 1,93 na semana anterior, e chegue ao final de 2008 a R$2,00. 

Essas informações podem não fazer muita diferença no atacado das emoções coletivas, mas são notícias que alegram os corações daqueles que acreditam no Brasil, nos brasileiros e no Governo que aí está.

Plagiando o nosso Presidente Lula, eu diria que: “nunca na História deste País, eu tive tantas boas notícias na área econômica como agora”.

E, como não sou porta-voz do apocalipse, Senador Mão Santa e Senador Paulo Paim, e gosto de transmitir boas notícias, entendo que esta tribuna merecia ouvir essas verdades.

Sr. Presidente, o que é o desenvolvimento? O que é a geração de empregos? O que é uma economia forte, pujante, segura, onde você pode fazer um planejamento e saber que daqui a seis ou sete anos terá condições de adquirir qualquer bem, dentro de um crediário seguro.

O País, Sr. Presidente, avançou muito. Dilma Rousseff, na Casa Civil, dá segurança e equilíbrio; gerencia a grande estratégia do reaquecimento da economia nos investimentos de obras estratégicas no País, o PAC.

Mas, Sr. Presidente, para a Oposição, isso não vale. Para a Oposição, nada vale além das próprias idéias e das convicções que defendem. E isso é compreensível no processo democrático.

Sábio é o Governo que abaliza as suas ações pelo programa que pregou e que o conduziu ao poder, seja Presidente, sejam Governadores e Prefeitos, e que devem estar atentos às idéias que a Oposição prega. É muito sábio.

O Presidente Lula tem dado demonstrações de grandeza. Quero aproveitar, Sr. Presidente, para aguardar o retorno do Senador Antonio Carlos Magalhães, que sempre representou, neste Parlamento, uma voz muito ativa, muito firme, muito combativa, e que está um tanto combalido, com um pouco da saúde comprometida. Mas, se Deus quiser, estará de volta a este Parlamento para continuar dando sua contribuição.

Refiro-me, assim, não só para me solidarizar com o Líder da Oposição pelo pronto restabelecimento de sua saúde, mas para dizer também, Sr. Presidente, que vi uma grande lição neste País, uma lição de sabedoria política, de solidariedade humana, quando, no hospital em que o Senador esteve internado da última vez, recebeu a visita do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Exemplos de que os contrários é que fazem a diferença, mas a sabedoria da convivência dos opostos é que dá vitalidade à democracia.

O Presidente Lula, sem dúvida, tem conduzido com maestria e com muita segurança os destinos do País. Acredito que os próximos três anos serão de muita prosperidade. Eu me lembro da época dos governos militares, Sr. Presidente, em que a Transamazônica recebia obras estratégicas de estradas rodoviárias. Nós sabemos que precisamos para o desenvolvimento de aeroportos, estradas, portos, obras de saneamento, para que possamos garantir a economia. E vem aí uma das tacadas políticas mais importantes dos últimos seis meses de Governo deste novo mandato do Presidente Lula. E quero me congratular e me associar à visão política do Presidente José Sarney, que tem lutado, diuturnamente, pelos interesses da Nação e do Amapá. S. Exª tem incentivado, estimulado, feito propostas sobre as ZPEs, que serão instaladas em todas as regiões para servirem de pólo de desenvolvimento. Aí, sim, vamos caminhar mais fortes e mais firmes do que a própria China.

Portanto, Sr. Presidente, com grandes idéias e disposição no controle da economia, teremos uma saúde muito boa. Por isso, vejo o País crescendo gradativamente e com celeridade a partir de 2008.

Este é um ano de obras grandiosas em todo o País. Precisamos de hidrovias, rodovias, portos, aeroportos; precisamos preparar a infra-estrutura das nossas cidades. São mais de 5.500 Municípios neste País de dimensões continentais.

Alegra-me muito, Sr. Presidente, saber das boas perspectivas que temos pela frente. Temos um excelente Ministro da Saúde. A saúde está um pouco baqueada no País todo, mas há um plano em curso. Temos um bom Ministro da Educação e nas outras áreas do Governo. Acredito que o acerto está sendo conduzido por uma mulher que sempre faço questão de citar, a Ministro Dilma, que realmente está fazendo um trabalho com muita propriedade.

Até aceito, Sr. Presidente, que os negativistas, os cavaleiros do apocalipse, os que não têm sonhos nem perspectivas possam dar a sua contribuição, porque só existe luz porque existe escuridão e vice-versa. Esses contrários são extremamente positivos diante das idéias que são propagadas aqui desta tribuna. O espírito democrático do Presidente Lula realmente tem surpreendido os analistas de plantão nos últimos seis anos. Quando assumiu a Presidência da República, muitos apostavam que ele não chegaria ao final de seu primeiro mandato. Essa foi uma analise conjuntural. Achavam que o Presidente Lula não teria condições de relacionamento com o Congresso Nacional, com o Poder Judiciário, com as outras instituições e não teria as condições e a habilidade de também colocar o País na trilha das relações internacionais para atrair o capital externo, para que a geração de emprego e a injeção de recursos internacionais pudessem realmente motivar a chegada do capital.

Hoje somos um País, dentro do continente sul-americano, de maior credibilidade. Vivemos um momento delicado comandado pelo Hugo Chávez, na Venezuela; aqui na Bolívia, retrocessos ocorrendo, e o Presidente Lula sempre passando a mão, organizando, ajeitando, dando demonstração de capacidade política e administrativa.

Com isso, Sr. Presidente, ele se torna o líder do continente sul-americano e é, hoje, um porta-voz reconhecido em todos os setores das economias mais sólidas do mundo. Isso é extremamente positivo.

Encerro o meu pronunciamento agradecendo a colaboração da Oposição e dizendo que entendemos perfeitamente o que pode chegar, que captamos o que é de melhor, porque a fiscalização também pode dar uma contribuição muito importante. Sr. Presidente, para um homem como o Presidente Lula, que todos apostavam que seria um caos, colocar hoje o País entra nos trilhos, ser referencial de desenvolvimento na América do Sul, ser referencial de segurança para investimentos, pois já temos uma economia estabilizada, é muito importante.

Encerro meu pronunciamento dizendo que acredito no meu País, acredito na política. Conclamo o povo brasileiro ao entusiasmo que sempre teve, à alegria que sempre teve. Essa deve ser a tônica de um Brasil próspero.

Não é pelos escândalos sucessivos que devemos, nesta tribuna, nos ater a uma pauta voltada somente para essas coisas que estão ocorrendo ultimamente. Isso também contribui, mas nós vamos corrigindo e trabalhando.

Esta semana será extremamente produtiva, Sr. Presidente. Eu acho que os focos têm que ficar para lá, e precisam ser apurados. Mas, aqui, nós deveremos trabalhar diuturnamente para sairmos desse atoleiro moral e dessa pauta nefasta que o País vive atualmente.

Viva o Brasil! Viva a nossa posição estratégica na América do Sul e a nossa relação de segurança e confiança com o resto do mundo!

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2007 - Página 20690