O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, várias vezes fiz alguns comentários aqui sobre o problema do apagão aéreo que se abateu sobre o Brasil nos últimos seis meses. Falei sobre os prejuízos que estava causando ao Brasil não só internamente, dificultando a locomoção de brasileiras e brasileiros, de empresários, de trabalhadores, mas também projetando para fora do Brasil - e tive a oportunidade de sentir isso pessoalmente - uma imagem ruim do nosso País perante o mundo, pois pessoas que conheço e que residem no exterior, cancelaram férias no Brasil, viagens para o Brasil, dadas as notícias que foram publicadas a respeito da insegurança de vôos sobre o território brasileiro.

Da mesma maneira que fiz críticas, quero aqui, agora, dizer que o Presidente Lula, depois de muito tempo, percebeu o desgaste que estava causando não só ao seu Governo, mas ao Brasil, essa série de vaivéns. Diante desses fatos, o Presidente resolveu fazer aquilo que poderia ter feito no primeiro dia: dar autoridade ao Comandante da Aeronáutica. E o Brigadeiro Juniti Saito mostrou que sabe mandar. E, imediatamente, ele aplicou os códigos de disciplina militar, prendeu aqueles que se amotinaram e tomou as providências necessárias para a normalização. Além disso, levou os operadores de vôo militares de segurança nacional para operar também as aeronaves civis.

Esperamos que, dentro dessas normas e dentro dessas regras, sem que se interrompam as negociações - e elas não podem ser interrompidas -, também haja melhoria das condições salariais dos controladores de vôo. Eles têm de fazer um curso de três anos e ter um ano de prática. Trata-se, na verdade, de um curso superior. Inclusive, estou vendo faculdades requerendo o registro no Ministério da Educação da Faculdade de Controle de Vôo. Então, teremos um curso superior de controladores de vôo, como já temos cursos superiores de comandantes e pilotos da Aeronáutica, que além da teoria e da prática, há ainda a prática continuada com a operação de aeronaves de porte maior e de número de motores, mais que um, que é o básico daqueles que tiram o seu brevê.

Portanto, essa operação do Brigadeiro Juniti Saito é muito boa para restabelecer os padrões de disciplina que devem reger as Forças Armadas do Brasil. Um amigo meu, de uma maneira um pouco humorística, disse o seguinte: “Se o Lamarca, que roubou arma e matou, chegou a general, esses sargentos, pelo que já fizeram contra os brasileiros, já mereciam, pelo menos, ter a patente de major. E se derrubarem um avião, podem virar brigadeiro, porque se premia quem se comporta mal e não quem se comporta bem”. É claro que foi um exagero desse meu amigo.

Portanto, temos de cumprimentar o Presidente da República. Fez o que devia ter feito no primeiro dia, e não pela porta da negociação, pois com amotinados não se negocia. Primeiro, se impõe a disciplina militar. Depois, é claro, pode ocorrer a melhoria das condições de trabalho e de salários desses controladores.

Quero também dizer que o Espírito Santo está dando uma grande colaboração para a normalização do tráfego aéreo. A partir de amanhã, todo o controle do tráfego aéreo de Brasília para o Norte e Nordeste e de São Paulo para a Europa e Estados Unidos será feito pela Estação de Aparecidinha, no Município de Santa Teresa, no Estado do Espírito Santo. Há mesas de controle, monitores e operadores militares já se encontram lá.

De modo que o Espírito Santo dá uma enorme contribuição para a normalização do tráfego aéreo no Brasil. Falo em nome do Prefeito Gilson Amaro, de Santa Teresa, onde se localiza a Base Aérea de Aparecidinha, nas montanhas do Espírito Santo, a quase mil metros de altitude, onde os radares quase vigiam o tráfego com o Amazonas, dada a altitude, e também as rotas que vão até o extremo norte do Brasil. O Espírito Santo, então, colabora, nesse capítulo do tráfego aéreo, fazendo com que se normalizem as condições de segurança e trafegabilidade das aeronaves em território brasileiro.

Mas a minha fala não é só para cumprimentar o Presidente da República, que deu autoridade ao Ministro Juniti Saito, mas também para cumprimentar o Ministro pela atitude corajosa, nobre, importante, séria, aquela que se esperava de um comandante da sua estirpe, da sua qualidade.

Parabéns ao Brigadeiro Juniti Saito!

Obrigado, Sr. Presidente.