O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Papaléo Paes, muito obrigado. Colega Mozarildo, muito obrigado pela gentileza. É apenas um registro sobre um tema que o próprio Presidente Papaléo está abordando, com projetos tramitando na Casa, que é a questão da obesidade.

Na semana passada, estivemos em audiência com o Ministro da Saúde, e registro aqui, acima de tudo, o agradecimento público ao Ministro José Temporão pela forma como recebeu em seu gabinete, na quinta-feira passada, portadores de obesidade mórbida, de todo o Brasil.

Na ocasião, esteve presente também o gaúcho Cristiano Pinto dos Santos, que caminhou 2.700km, de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, até Brasília, durante 176 dias, para chamar a atenção do Brasil para o problema da obesidade mórbida.

Na audiência, foram colocados quatro assuntos prioritários de interesse para os obesos brasileiros:

1 - implantação plena da Portaria nº 390, de 2005;

2 - Conferência Nacional sobre Obesidade, em 2008, para celebrar os dez anos da implantação da cirurgia da obesidade pelo SUS;

3 - elaborar o Plano Nacional de Combate à Obesidade;

4 - implantação de um comitê permanente para tratar de assuntos da obesidade.

Foi realmente uma emoção para todos, Sr. Presidente Papaléo Paes, quando o Ministro José Gomes Temporão não apenas revalidou a portaria que instituiu diretrizes para atenção ao portador de obesidade, a serem implantadas em todas as unidades da Federação, como também liberou mais R$5 milhões para o Orçamento deste ano destinados a cirurgias bariátricas, além de comprometer-se em dar andamento aos demais itens da pauta.

E esta Casa, Sr. Presidente Papaléo Paes, também está presente neste debate. A Comissão de Assuntos Sociais do Senado, presidida pela Senadora Patrícia Saboya, reuniu hoje especialistas sobre o assunto para falar das causas e conseqüências da obesidade no Brasil. Nessa reunião, pela manhã, quando foi debatida a questão, foi defendida especialmente a mudança de estilo de vida. Maior ingestão de frutas e verduras, diminuição do consumo de açúcar, sal e gorduras, bem como o aumento da atividade física são importantes para evitar a obesidade entre crianças e adolescentes. Essa foi a opinião da maioria dos participantes da audiência pública, promovida pela Subcomissão Permanente de Promoção, Acompanhamento e Defesa da Saúde, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais e que discutiu as causas e as conseqüências do avanço da obesidade no Brasil, especialmente entre as crianças.

A sociedade brasileira, Senador Papaléo, começa então, finalmente, a despertar para o fato de que a obesidade realmente é um problema de saúde, e não um problema qualquer. Mas, como vêm alertando os especialistas, é hoje uma verdadeira epidemia, que já se mostra como uma das mais sérias questões de saúde pública.

A obesidade e o excesso de peso não param de crescer em nosso País. Aliás, esse é um problema mundial, que atinge em cheio os países industrializados, como os da Europa e os Estados Unidos.

No Brasil, o sobrepeso e a obesidade afetam a todos, sem distinção de sexo, de idade ou de classe social, e alcançam inclusive as classes sociais menos favorecidas, que costumam recorrer - por economia, pela força do hábito ou por falta de informação - a alimentos pouco nutritivos e com excesso calórico.

Nesse sentido, a própria escola deve assumir o encargo de ensinar as noções básicas da boa nutrição e estimular a sua prática. Há diversos programas de educação alimentar sendo conduzidos atualmente por escolas em diferentes locais do País. Destaco uma experiência no Rio, que ficou muito bem conhecida e aplaudida, que é o caso da proibição de venda, nas lanchonetes dos colégios, de alimentos considerados prejudiciais à saúde.

Sr. Presidente, um importante aspecto da questão da obesidade são as dificuldades que os portadores enfrentam no cotidiano, complicando a execução de ações práticas muito simples para a maioria das pessoas, como a de tomar um ônibus ou entrar em um banco. Acresce-se a isso o preconceito, muitas vezes manifestado por pessoas incautas ou insensíveis, que se mostra especialmente danoso para os mais jovens.

Por todas essas razões, quero, mais uma vez, saudar a valentia do jovem gaúcho Cristiano, que iniciou em Cachoeirinhas, Rio Grande do Sul, dia 2 de janeiro deste ano, aquela marcha rumo a Brasília, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a questão da obesidade mórbida. Ele motivou inúmeras reportagens, que continuam até hoje e que estão servindo para uma ampla discussão sobre esse tema. Nosso conterrâneo, mesmo obeso, não se amedrontou diante da perspectiva da caminhada de milhares de quilômetros. O fim dessa caminhada, com sua chegada a Brasília, ocorreu exatamente na semana passada, um dia antes da audiência com o Ministro Temporão.

Era essa a minha observação, Sr. Presidente, como sempre, buscando um pensamento sério e adequado sobre a instituição de um plano nacional para enfrentar a obesidade, abrangendo todos os seus aspectos, que vão desde campanhas educativas ao atendimento específico no Sistema Único de Saúde. E foi exatamente essa garantia que nos deu o Ministro Temporão na audiência realizada na semana passada, com representações de todo o Brasil.

Faço este registro público de agradecimento, com a certeza de que um novo conceito sobre essa doença começa a se formar em nível nacional.

Muito obrigado.