O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Pedro Simon; companheiro, Presidente da União Nacional dos Estudantes, Gustavo Petta; demais convidados para esta sessão comemorativa dos 70 anos da União Nacional dos Estudantes.

Quero, inicialmente, assinalar a iniciativa do Senador Inácio Arruda, que propôs a realização desta sessão em homenagem especial à União Nacional dos Estudantes.

Srªs e Srs. Senadores, quero saudar, especialmente, a presença das diversas delegações dos Estados brasileiros, das diversas universidades que se encontram em Brasília para participar do 50º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes. 

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em todos os momentos importantes da história do Brasil, nossos estudantes estiveram presentes e, à frente deles, a gloriosa União Nacional dos Estudantes, que aqui homenageamos pelos seus 70 anos de luta.

Perpassam pela história da UNE momentos como a luta em defesa da nacionalização do petróleo, a luta pelas reformas de base durante o Governo João Goulart e a resistência contra a ditadura militar. Esteve presente na luta pela anistia geral e irrestrita e na memorável campanha pelas Diretas Já. Quando foi necessário lutar pelo impeachment de um Presidente, nossos jovens se pintaram com as cores nacionais e ocuparam avenidas e praças em todo o País.

A UNE deve ser sempre um instrumento de luta dos estudantes em prol de transformações na universidade e no Brasil. Transformações que façam avançar as condições materiais e culturais de vida da juventude e do nosso povo e que acumulem rumo a uma sociedade onde não haja a opressão do ser humano pelo ser humano - uma sociedade socialista.

A educação é estratégica para a construção de um projeto popular para o Brasil pautado pelo combate às desigualdades e às injustiças, pelo avanço nas condições materiais e culturais de vida do nosso povo e acúmulo de forças rumo ao socialismo. É nessa perspectiva que se insere a luta em defesa da educação como um direito de todos e todas e dever do Estado, protagonizada pelo movimento estudantil em conjunto com os demais segmentos do movimento social de educação, em particular o movimento docente e de servidores de todos os níveis de ensino. E a educação superior é parte disso.

Ao longo dos últimos 20 anos, os estudantes, ao lado dos professores e servidores, vêm resistindo ao avanço do privado sobre o público na educação superior e depositando as suas energias em prol da defesa e universalização da universidade pública gratuita, democrática, laica, de boa qualidade e popular.

É preciso lutar por uma verdadeira inversão de prioridades no campo da educação superior: valorizar, investir e ampliar as universidades públicas, viabilizando o acesso dos jovens de baixa renda em seu interior e garantindo rigoroso controle estatal sobre as universidades privadas, protegendo quem nela estuda e trabalha contra a lógica perversa do lucro fácil.

É necessário também que a UNE esteja junto com os trabalhadores na luta por mudanças radicais na política econômica, condição sine qua non para o aumento dos investimentos públicos numa educação de qualidade em nosso País. Enquanto a prioridade do Governo foi honrar compromissos com os banqueiros internacionais em vez do pagamento da enorme dívida social, não teremos recursos suficientes para uma revolução educacional e lutaremos apenas pelas migalhas de um banquete para o qual o povo não é convidado.

Entidades livres e autônomas em relação aos governos e partidos, profundamente inseridas no cotidiano da categoria que representam e essencialmente democráticas são fundamentais para que aconteçam reais transformações em nosso País.

A luta dos estudantes brasileiros nos diversos recantos do País - na Amazônia, no Nordeste, no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste - tem que estar conjugada com as lutas dos setores populares, dos movimentos sindicais dos sem-terra, das populações tradicionais, dos excluídos em geral, dos que estão nas periferias das cidades, porque é da junção dessas lutas que a nossa juventude, os nossos estudantes, os que crêem na perspectiva real de transformação do País, é dessa construção coletiva que asseguraremos um futuro diferente para o nosso povo.

É com essa perspectiva que nos solidarizamos com a luta dos estudantes, que nos regozijamos pela realização do 50º Congresso Nacional da UNE, com a certeza de que sua pauta de discussões fará avançar a luta pela conquista de uma educação pública de qualidade, de uma universidade realmente para todos e, especialmente, as grandes conquistas democráticas estratégicas.

Encerro, Sr. Presidente, convocando a UNE, que tem sido uma das entidades mais firmes na defesa do patrimônio nacional, a apoiar, em seu Congresso, uma decisão conjunta para anular o leilão de privatização da Companhia Vale do Rio Doce e a realização de um plebiscito nacional na primeira semana de setembro. A luta democrática, popular e nacionalista do povo brasileiro precisa ter a energia e a força da juventude. E a UNE, como sua expressão maior, precisa estar à frente desse combate.

Um grande abraço e meus parabéns a todos.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)