Discurso durante a 86ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Os efeitos do aquecimento global na Baixada Fluminense.

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Os efeitos do aquecimento global na Baixada Fluminense.
Publicação
Publicação no DSF de 06/06/2007 - Página 18410
Assunto
Outros > SENADO. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, PASTOR, IGREJA EVANGELICA, RESPONSAVEL, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PRAÇA DOS TRES PODERES, REPUDIO, VIOLENCIA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ANALISE, EFEITO, AUMENTO, TEMPERATURA, MUNDO, DESEQUILIBRIO, BAIXADA FLUMINENSE, VITIMA, INUNDAÇÃO.
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, COMISSÃO, MEIO AMBIENTE, CONVITE, ESPECIALISTA, INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE), CENTRO DE PESQUISA, CLIMA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DEBATE, DESEQUILIBRIO, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GRAVIDADE, INUNDAÇÃO, EFEITO, EPIDEMIA, DOENÇA TRANSMISSIVEL, DESABAMENTO, DESTRUIÇÃO, HABITAÇÃO.

     O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, muito agradecido.

     Srªs e Srs. telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero saudar a presença do Pastor Antônio Carlos, da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, responsável por aquela manifestação sobre a violência no Brasil, estendendo 15 mil lenços brancos nos jardins da Esplanada.

     Sr. Presidente, venho à tribuna, no Dia do Meio Ambiente, para falar sobre uma reportagem extraordinária que li hoje no jornal O Globo sobre os impactos do aquecimento global no Estado do Rio de Janeiro.

     A Baixada Fluminense é uma área habitada por milhões de pessoas e, como o nome já diz, é uma terra baixa. Hoje, sem o aquecimento global, quando temos maré alta, o mar entra 14 quilômetros no rio Sarapuí, uma bacia de 162 quilômetros quadrados, com mais de um milhão de pessoas morando à beira de rios, canais e lagoas.

     Segundo a ONU, se continuar o aquecimento global e, nas próximas décadas, tivermos um aumento de 2 a 3 graus na temperatura da terra, o mar subirá de vinte a quarenta centímetros. Se considerarmos o degelo da calota polar do Ártico e da Groelândia, chegamos a um metro e meio.

     Sr. Presidente, hoje a Baixada já está alagada. Com dez centímetros, certamente as bacias do rio Iguaçu e do rio Pavuna serão alagadas.

     E não é só isso, Sr. Presidente: aumenta o número de raios. Em 2007, tivemos um janeiro de muita chuva, fevereiro seco e as águas de março, que eram famosas - aliás fazia parte de canções no Rio de Janeiro, “as águas de março fechando o verão”-, não caíram.

     No Rio de Janeiro, as médias mais baixas estão crescendo e as temperaturas mais altas estão caindo, de tal maneira que, por exemplo, o noroeste fluminense está vivendo um clima quase de deserto, com grandes erosões.

     A praia de Atafona, essa é curiosíssima, foi criada em cima de sedimentos da barra do rio Paraíba do Sul. O rio trazia muita terra e ali, sobre aquele aterro, foi feito Atafona.

      Hoje, o rio já não tem mais esse volume de águas, foi muito assoreado, há muita atividade do homem. E pior, as marés estão subindo, de tal maneira que já temos quatorze quarteirões do Distrito de Atafona, em São João da Barra, destruídos, abandonados - um posto de gasolina, comércio e casas foram deixados, como uma cidade desértica, como uma cidade fantasma.

     Isso tudo está hoje representado numa das melhores reportagens, senão a melhor reportagem, que já li no jornal O Globo sobre meio ambiente e que me fez apresentar um requerimento.

     Sr. Presidente, apresento um requerimento de audiência pública para trazermos à Comissão do Meio Ambiente o pessoal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe, o pessoal do Centro de Previsão de Tempo e de Estudos Climáticos - CPTEC, o pessoal da UFRJ, da USP, o pessoal do Instituto Pereira Passos, do Rio de Janeiro, que tem o mapeamento cartográfico da nossa cidade, e outros estudiosos do assunto, para discutirmos os impactos do aquecimento global no Estado do Rio de Janeiro, em todas as suas regiões, sobretudo a Baixada Fluminense, que é a grande preocupação.

     É claro que nas áreas alagadas aumenta a proliferação de mosquitos; há o perigo de vetores e a própria dengue. Além disso, no Rio de Janeiro, há milhares e milhares de famílias vivendo em encostas, e estas ficam muito mais vulneráveis com essas torrenciais tempestades e a ocorrência de ventos com mais de 120 quilômetros provocados pelas massas de ar quente que sobem, causando grandes tempestades.

     Sr. Presidente, neste Dia do Meio Ambiente, venho aqui, como Senador do Estado do Rio de Janeiro - do que tenho muita honra -, manifestar a minha preocupação com um tema tão relevante.

     Quero, também, apresentar congratulações a esses brilhantes repórteres. Infelizmente, não tenho aqui os seus nomes, mas, certamente, farei menção a eles nos próximos pronunciamentos, incentivando-os. Acho que a mídia cumpre um papel extraordinário quando olha para o futuro, quando deixa de ter os olhos, por exemplo, na insistência ou até nesse vilipêndio constante da política e dos políticos. Creio que não se constrói uma democracia com o vilipendiar diário da política e dos políticos. A imprensa, porém, merece todas as congratulações quando faz reportagens sobre temas tão importantes que dizem respeito, sobretudo, ao futuro do nosso Estado, da economia do nosso Estado.

     Quando li essa reportagem - são oito folhas -, fiquei preocupado com as pessoas que hoje compram tijolo, cimento, pedra, telhado, caixa d’água e móveis para construírem as suas casas em áreas que nós sabemos que, talvez, em curto ou médio prazos, ficarão deterioradas e alagadas e onde os seus filhos poderão adquirir doenças como a leptospirose e outras. Com o aumento da temperatura, nós poderemos ter até malária e outras doenças tipicamente equatoriais, que poderão descer para o Sul e Sudeste.

     Sr. Presidente, era essa a minha preocupação. Agradeço, de público, pelo espírito democrático de V. Exª em me ceder este espaço antes da Ordem do Dia.

     Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/06/2007 - Página 18410