Discurso durante a 113ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cumprimentos aos atletas brasileiros que conquistaram medalhas para o Brasil em diversos eventos desportivos. Manifestação sobre as vaias ao Presidente Lula, na abertura dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Cumprimentos aos atletas brasileiros que conquistaram medalhas para o Brasil em diversos eventos desportivos. Manifestação sobre as vaias ao Presidente Lula, na abertura dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 17/07/2007 - Página 25071
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, ATLETAS, BRASIL, PARTICIPAÇÃO, JOGOS PANAMERICANOS, COMENTARIO, SOLENIDADE, ABERTURA, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, REJEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANALISE, AUSENCIA, MANIPULAÇÃO, POVO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), NECESSIDADE, CHEFE DE ESTADO, RECONHECIMENTO, FRUSTRAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • VISITA, MUNICIPIO, UNIÃO, CAMPO MAIOR (PI), LUIS CORREIA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), CONGRATULAÇÕES, PREFEITURA, REALIZAÇÃO, OBRA PUBLICA, UTILIZAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, EMENDA, AUTORIA, ORADOR.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é evidente, Senador José Agripino, que, antes de eu falar das vaias do Maracanã, quero falar sobre aplausos: a seleção brasileira que, saindo daqui desacreditada, conquistou mais um título na Copa América; os atletas do vôlei que ganharam mais uma medalha; os brasileiros que participam do Pan e que conquistaram medalhas para o Brasil. Quero me congratular com os atletas brasileiros, que honram nosso povo e, acima de tudo, dão-nos alegria.

            Mas eu não poderia, Sr. Presidente, deixar de falar sobre a vaia do Maracanã, até porque, Senador José Agripino, o homem público deve ser humilde para receber, com naturalidade, as manifestações tanto de aplauso como de vaia.

            Os aplausos não são contabilizados, vão para o lugar comum, como se fosse obrigação de um povo aplaudir permanentemente a quem quer que seja. Na hora em que acontece uma vaia, começa-se a procurar os culpados. E não passa na cabeça de ninguém que haja neste planeta um cidadão com capacidade de manipular uma vaia ampla, geral e irrestrita no estádio do Maracanã. E dizer que foi culpa do atraso? Está bem; pode até ser. Mas seria bom que o Presidente da República tomasse o caso como lição, porque atrasar tem sido uma constante nas suas delegações pelo Brasil afora. No Nordeste, colocam os alunos de escola pública fardados a esperar pelo Presidente da República, que atrasa horas a fio. E nada acontece.

            Mas o Maracanã, pelas suas características e pela própria característica do povo carioca, é uma cidadela livre e ninguém pode, de maneira alguma, querer atribuir a quem quer que seja o que aconteceu ali. Até porque, se formos analisar matematicamente, a prefeitura do Rio de Janeiro distribuiu menos de mil ingressos e convites, enquanto o Governo Federal distribuiu mais de sete mil; a Petrobras e a Caixa Econômica, como sempre ricas e já que são patrocinadores, compraram uma quantidade imensa de ingressos para todo o evento. E a proporção dos convidados entre as três esferas dos governos federal, estadual e municipal é totalmente desfavorável à Prefeitura do Rio de Janeiro, a quem estão querendo atribuir participação.

            Ora, tenho impressão de que, experimentado como é o Prefeito César Maia, se tivesse a capacidade de articular vaias, teria articulado aplausos para ele, para seu trabalho na Prefeitura do Rio de Janeiro. Isso não passa na cabeça de ninguém.

            É lamentável que o Presidente ainda admita, como ouvi hoje na repetição de seu programa no rádio, que, embora para ele pouco importe, aquilo tenha sido alguma coisa programada. Imagine, meu caro Senador Valter Pereira, se na década de 70 os aplausos que o Sr. Médici recebeu no Maracanã fossem também articulados. Quem é que manobra aquela massa que vai ali?

            Outra coisa, a grande maioria dos 90 mil presentes pagou um ingresso caro, enfrentou filas, comprou ingresso no câmbio negro, não foi ali de favor. A quota dos agraciados é minoritária. E o que se viu foram vaias toda vez que era citado o nome do Presidente da República.

            Não quero dizer que isso seja o fim do mundo para Sua Excelência. Acho até que, pelas suas origens e pelo convívio que teve ao longo do tempo com movimentação de massas, deveria de imediato ter minimizado o fato.

            No entanto, foi fraco, porque, em hipótese alguma, poderia permitir que lhe retirassem o microfone da mão e não anunciasse a abertura do Pan. Com vaias ou sem vaias, era o Presidente da República que estava ali para cumprir uma obrigação de Chefe de Estado. Aliás, honrando uma tradição de todos os Jogos Pan-Americanos até então realizados. A fraqueza de Sua Excelência de devolver o microfone e pedir ao Sr. Carlos Nuzman para que fizesse o anúncio mostra que não temos um estadista preparado para as adversidades. O abatimento demonstrado e a sofreguidão da sua equipe em querer minimizar o fato são nocivos ao próprio Presidente.

            Eu dizia ali fora para a imprensa e repito aqui: o ex-Governador de Pernambuco, Agamenon Magalhães, dizia que o homem público deve dormir com o alfinete na cabeceira da cama, no criado-mudo, e todos os dias, pela manhã, dar-lhe uma espetada no corpo para saber que nele doía tanto quanto em qualquer outro cidadão. Talvez seja essa a primeira alfinetada recebida pelo Presidente da República, e que isso sirva para acordar-lhe desse clube de falsa felicidade.

            Aliás, aqui, na quinta ou sexta-feira passada, citei a figura do pau de enchente. Pau de enchente é aquela tora de madeira que desce os rios nas intempéries, levando, às vezes, um gato ou uma cobra que se agarra ali. E vai levando, Senador Valter Pereira, e ao lado a desgraça feita: pedaços de cadeira, colchão, telhado de casa. V. Exª, que é de um Estado que tem rios furiosos, sabe exatamente como acontece isso.

            Está na hora de o Presidente Lula se preocupar um pouco com o contexto em que vive e não somente com sua blindagem e seu teflon. E o grito do Maracanã pode ser até pedagógico, se os puxa-sacos permitirem.

            Essa história de ficar fazendo avaliação - ouvi um Ministro dizer que foi uma orquestração de quase 100 mil pessoas. No Maracanã, só cabem 90 mil pessoas. Aí, começa a faltar seriedade no gesto. Tem de levantar, dar a volta por cima. Hoje, Sua Excelência disse, corretamente, que não vai prejudicar o Governo do Rio de Janeiro administrativamente, e penso até que não pode fazê-lo. O Rio de Janeiro tem problemas que merecem de Sua Excelência atenção, e não é uma vaiazinha no Maracanã que permitirá que o Presidente da República mude de idéia.

            Não digo isso com alegria. O fato de eu ser adversário de Sua Excelência não me faz ficar feliz com o que ocorreu. No entanto, tem de correr esse tipo de risco. Quem enfrenta multidões está passível de ser aplaudido e de ser apupado.

            Temos de ver que geralmente, quando o Presidente viaja - e cito o Nordeste, Senador Valter -, Sua Excelência vai a regiões onde o bolsa-família entra na casa do cidadão e o torna dependente seu. No Rio de Janeiro, é um pouco diferente. São pessoas mais independentes, que acompanham os fatos com mais precisão. Daí por que Sua Excelência tem de entender que ser vaiado no Maracanã não é o fim do mundo! É um fato inerente a quem tem sobre seus ombros a responsabilidade de governar um País como o Brasil.

            Não adianta o desespero dessa cambada de puxa-sacos do Presidente, que está querendo encontrar culpados, está querendo encontrar motivação. Mande fazer um inquérito para saber exatamente o porquê daquela vaia!

            É muito fácil entender. Como vai a segurança no Rio de Janeiro? Como estão os hospitais no Rio de Janeiro? A desatenção com que o povo carioca vem sendo tratado pelo Governo. E aí as conseqüências disso tudo.

            Mas, Sr. Presidente, finalizo registrando com muita alegria que, nesse final de semana, estive no Piauí visitando dois Municípios: União e Campo Maior, onde, por meio de emendas de minha autoria, estão sendo realizadas obras fantásticas, como centros de eventos, centros culturais com quadras esportivas. Em União, o projeto chegará até as margens do rio Parnaíba, urbanizando a região toda, e, em Campo Maior, a primeira obra é nas margens do tradicional açude daquela cidade, como também a recuperação feita pelo prefeito da praça Bona Primo, tradicional naquele Município. Quero me congratular com as duas cidades pelas extraordinárias administrações.

            Observei também outras obras tanto do prefeito de União, Gustavo Medeiros, como do prefeito de Campo Maior, Joãozinho Félix, e vi a dedicação com que estão dirigindo seus Municípios.

            Estive também na cidade de Luis Correia, onde começa a ser construída uma praça de eventos, nos mesmos moldes. Luis Correia é uma das maiores cidades turísticas do Estado do Piauí, do nosso litoral, e, no período da alta temporada, julho e agosto, recebe quantidade imensa de turistas de todo o Brasil que para lá se deslocam.

            Faço esse registro com muita alegria, no momento em que pouca coisa há que se comemorar no Piauí em termos de obras realizadas; o restante são só promessas do Governo Federal e do Governo Estadual, que não se concretizam. Aliás, uns arremedos de obras feitas com cunho eleitoreiro, principalmente no que diz respeito a pavimentação asfáltica. É uma verdadeira vergonha, mas, sobre esse assunto, voltarei a falar aqui em outra oportunidade.

            Quero agradecer a V. Exª e, mais uma vez, dizer: Presidente Lula, vaias e aplausos fazem parte da vida de cada um de nós. É só questão de ocasião. Quem está preparado para um está preparado para o outro.

            Muito obrigado.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/07/2007 - Página 25071