Discurso durante a 117ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, revelando os custos da falta de políticas eficazes de contenção da criminalidade.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Considerações sobre estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, revelando os custos da falta de políticas eficazes de contenção da criminalidade.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2007 - Página 25877
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • APREENSÃO, RESULTADO, ESTUDO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), DEMONSTRAÇÃO, SUPERIORIDADE, DESPESA, SETOR PUBLICO, SETOR PRIVADO, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, VIOLENCIA, CRIME, PAIS, COMENTARIO, FALTA, DADOS, COMPROMETIMENTO, EXATIDÃO, PESQUISA, OMISSÃO, AUMENTO, GRAVIDADE, PROBLEMA.
  • APREENSÃO, REDUÇÃO, GOVERNO FEDERAL, INVESTIMENTO, SEGURANÇA PUBLICA, GOVERNO ESTADUAL, AUMENTO, DESPESA, ESTADOS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DA BAHIA (BA).
  • DEFESA, NECESSIDADE, URGENCIA, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO, CONTENÇÃO, CRESCIMENTO, CRIME, CRIAÇÃO, POLITICA, PARCERIA, GOVERNO ESTADUAL, GOVERNO FEDERAL, PREVENÇÃO, COMBATE, VIOLENCIA.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um estudo divulgado na semana passada pelo IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, realizado a pedido do Ministério da Saúde, revela o quanto vem custando ao Brasil a falta de políticas eficazes de contenção da criminalidade. O estudo toma 2004 como base e calcula que, naquele ano, o custo da violência foi de R$92,2 bilhões. Isso representa 5,09% do Produto Interno Bruto do País, ou seja, R$519,40 por habitante. Desse total, R$28,7 bilhões corresponderam a despesas efetuadas pelo setor público e R$63,5 bilhões de custos bancados pelo setor privado.

Para dar uma idéia do quanto representa esse valor, ele é três vezes e meia maior que a quantia a ser aplicada este ano pelo Governo Federal em saneamento básico, recuperação de estradas e construção de escolas e hospitais. E é dez vezes maior que o orçamento do Bolsa Família.

No caso do setor público, os custos abrangem os gastos com segurança pública da União e dos Estados, incluindo penitenciárias e despesas com saúde resultantes da violência. Para o setor privado, os custos incluem a perda de capital humano por mortes prematuras, a contratação de segurança privada e de seguros e as perdas de bens materiais por furtos e roubos.

É importante ressaltar que esse cálculo deve estar distante da realidade, pois os pesquisadores não incluíram nele os custos com o sistema de justiça, as perdas com a redução do número de turistas, com o fechamento de empresas situadas em áreas com altos índices de violência - e, claro, os chamados “custos intangíveis”, que são a dor, o sofrimento, o medo e a perda de produtividade causados por traumas.

            O estudo mostra que, entre 1980 e 2004, o número de homicídios cresceu a uma taxa anual de 5,6% no Brasil, fazendo com que representassem 37,9% do total de 127 mil mortes por causas não naturais ocorridas em 2004. Informa também que, de 24 milhões de ocorrências criminais no Brasil, apenas 28% chegam ao conhecimento da Justiça.

Apesar do panorama preocupante que o estudo evidencia, os gastos com segurança pública só crescem nos orçamentos estaduais. No Rio de Janeiro eles aumentaram em 102,2%, entre 1995 e 2005, enquanto o Governo federal reduziu sua participação nas despesas de 18,9% para 10,7% no mesmo período. Quatro Estados - São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia - gastam R$20 bilhões por ano com segurança pública.

            Dados como os revelados pelo estudo do Ipea confirmam o que já enfatizei em inúmeros pronunciamentos nesta Casa: a necessidade urgente de reformular a legislação para reprimir o crescimento da criminalidade e de criar políticas integradas e sustentáveis de prevenção e de combate à violência, com articulação entre os Estados e o Governo federal. Os números que o Ipea divulgou são assustadores, mas refletem o resultado de muitos anos do descaso. O preço que estamos pagando é altíssimo, e só tende a subir, caso não sejam tomadas providências imediatas.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2007 - Página 25877