Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Necessidade, pelas companhias operadoras de boeings, de treinamento dos pilotos na cabine de simulação, para enfrentar intempéries e situações semelhantes ou piores que aquelas que o piloto e o co-piloto vitimados no acidente da TAM. Reflexão sobre a energia e a infra-estrutura no Brasil. Parabeniza a cidade do Rio de Janeiro pela organização dos Jogos Pan-americanos.

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. POLITICA ENERGETICA. ESPORTE.:
  • Necessidade, pelas companhias operadoras de boeings, de treinamento dos pilotos na cabine de simulação, para enfrentar intempéries e situações semelhantes ou piores que aquelas que o piloto e o co-piloto vitimados no acidente da TAM. Reflexão sobre a energia e a infra-estrutura no Brasil. Parabeniza a cidade do Rio de Janeiro pela organização dos Jogos Pan-americanos.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2007 - Página 25796
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. POLITICA ENERGETICA. ESPORTE.
Indexação
  • GRAVIDADE, ACIDENTE AERONAUTICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SOLIDARIEDADE, FAMILIA, VITIMA, EXPECTATIVA, GESTÃO, NELSON JOBIM, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA, SUGESTÃO, APERFEIÇOAMENTO, TREINAMENTO, PILOTO CIVIL.
  • CRITICA, EXPORTAÇÃO, BRASIL, PRODUTO PRIMARIO, MINERIO, FERRO, PETROLEO, PERDA, RECURSOS ENERGETICOS, GASTOS PUBLICOS, RODOVIA, PORTOS.
  • COMENTARIO, PLANO, ENERGIA, GOVERNO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), QUESTIONAMENTO, DEMORA, BRASIL, LIBERAÇÃO, LICENÇA, IMPACTO AMBIENTAL, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, SAUDAÇÃO, DECISÃO, GOVERNO BRASILEIRO, RETOMADA, INVESTIMENTO, ENERGIA NUCLEAR.
  • CONGRATULAÇÕES, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REALIZAÇÃO, JOGOS PANAMERICANOS.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srª Senadora, Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, senhoras e senhores presentes neste plenário, eu deveria subir a esta tribuna para comemorar os dias maravilhosos que o Rio de Janeiro viveu durante os Jogos Pan-Americanos.

No entanto, Sr. Presidente, num fatídico dia, ao ligar a televisão, já não brilhava mais a pira dos Jogos Pan-Americanos acesa no Maracanã, infelizmente, em razão do incêndio do avião, do Vôo 3054 da Tam, tragicamente acidentado naquela noite. A partir dali, Sr. Presidente, os Jogos Pan-Americanos passaram a ter um papel, eu diria, coadjuvante no quadro brasileiro. A dor era imensa. Dor porque assistimos, após as primeiras imagens, ao drama de cada família, ao desespero daqueles que insistiam nas ligações pelo celular, tentando de alguma forma saber se o seu familiar ainda se encontrava vivo. É bem verdade, Sr. Presidente, que setores da oposição, setores da mídia, em busca de aplacar a dor dessa tragédia, de alguma forma, precipitadamente, buscaram encontrar culpados. Até hoje não podemos, com precisão e com justiça, dizer exatamente as causas desse acidente e a quem cabe a maior parcela de sua responsabilidade.

No entanto, Sr. Presidente, permita-me dizer que é preferível olhar para frente a partir de agora.

A profecia é melhor que a lembrança.

Faço deste meu pequeno pronunciamento um conselho. Ao mesmo tempo em que desejo os mais profundos votos de sucesso ao Ministro Jobim, nessa empreitada que assumiu com muito espírito público, gostaria de fazer a ele uma sugestão: que, de imediato, recomendasse às companhias, a todas as operadoras de boeings, principalmente aqueles boeings com mais de setenta passageiros, que recomendasse a seus pilotos um treinamento na cabine de simulação, no simulador, para enfrentar intempéries e situações semelhantes ou piores que aquelas que o piloto e o co-piloto vitimados no acidente tiveram de enfrentar.

A verdade é que há uma frase em inglês, growing pains, que caberia bem para este momento brasileiro. Growing pains é a definição que os ingleses cunharam para a dor de um adolescente que começa a crescer e que, sem razões aparentes, apresenta depressão, angústia, sofrimento, chora - comum -, e passaram a dizer que isso seriam as dores do crescimento. O Brasil tem essas dores.

Aqui apresentei um projeto para minorar esse sofrimento, porque não vejo nenhuma razão de sobrecarregarmos nossas estradas, nossos portos e aeroportos exportando com Lei Kandir commodities. Qual a razão de destruirmos nossas estradas e portos com caminhões pesados e tráfico intenso, quando temos 150 bilhões de superávit e recebemos 1 centavo de dólar de valor agregado por tonelada de minério de ferro? Qual a razão de se exportar petróleo? A Indonésia exportou petróleo a US$3 o barril e hoje importa a US$80.

Não há nenhum sentido em o Brasil exportar salvaguardas como essa, principalmente depois dos estudos feitos no Ministério de Minas e Energia, que mostram que o Brasil, se continuar crescendo no ritmo que se espera, poderá enfrentar, em 2010 ou 2011, um apagão.

Aliás, falando em apagão, Sr. Presidente, gostaria de dizer que o Congresso Americano - e deveríamos fazer o mesmo aqui - aprovou um plano de energia, enviado pelo Presidente Bush, muito interessante. Os americanos precisam de energia para mover sua máquina de guerra e sua economia extraordinária. Esse plano inclui seis pontos. Primeiro, os americanos vão perfurar no Ártico, vão explorar petróleo no Ártico. Segundo, resolveram voltar a queimar carvão em grandes quantidades - eles têm reservas para trezentos anos -, mas com emissão zero, aplicando bilhões em investimentos para filtros. Eles passaram, também, a investir pesado para tornar o hidrogênio líquido economicamente viável como combustível de automóveis.

Os americanos desenvolvem, agora, um amplo e ambicioso projeto para explorar energia da biomassa. Não têm cana-de-açúcar, mas têm o milho e vão se utilizar dele.

Em quinto lugar, os americanos resolveram adotar, em escala nacional, um programa que faça com que a indústria comece a otimizar seus equipamentos - uma espécie de Procel - para conservação de energia.

 (Interrupção do som.)

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco PRB/RJ) - Sr. Presidente, agradeço a V. Exª a generosidade. Eu não vou precisar desse tempo todo para concluir.

Quero dizer a V. Exª que o último dos seis pontos aprovados no Congresso americano como política de energia é financiar o Procel - eu estou chamando de Procel porque parece muito com o Procel brasileiro, que já adotamos aqui há algum tempo - na China e na Índia com recurso do Tesouro americano.

Nós precisamos ter pontos claros como esse na nossa política energética. Não é possível o País resistir ao veto ambiental de mais de 25 usinas hidrelétricas, que só saíram - duas delas importantes - com intervenção pessoal do Presidente da República, mas que só vão beneficiar nosso País daqui a seis anos. Nós não podemos mais retardar o nosso programa de uso de energia nuclear.

Quero, daqui desta tribuna, dizer que o Presidente Lula prometeu retomar a construção de Angra III, cujos investimentos vão gerar mais de dez mil empregos diretos - são US$3 bilhões -, mas que tem a principal função de tornar economicamente viável, dar economia de escala a nossa empresa de beneficiamento de urânio. Uns dizem que somos a terceira reserva, outros, a sexta reserva do mundo. Temos uma excelente centrífuga, mas que não produzia nada, porque não temos escala, não temos encomenda para viabilizá-la economicamente. Teremos com Angra III. Como é que um país como o nosso pode abrir mão de salvaguardas como a energia nuclear, diante de situações como essa que vemos em que aumenta o crescimento e a nossa infra-estrutura começa a apresentar deficiências e tragédias se tornam quase que inevitáveis.

De tal maneira, Sr. Presidente, que, ao mesmo tempo que parabenizo o Estado do Rio de Janeiro, e sobretudo a “Cidade do Maravilhosa”, Capital do nosso Estado, pelos melhores jogos americanos de sua História - XV Jogos Pan-americanos - deixo aqui Sr. Presidente, a minha reflexão e a expressão da minha dor. É claro que, a respeito dos nossos Parlamentares, vamos ter mais tempo em uma sessão solene planejada para a próxima quarta-feira, mas também há algumas reflexões com respeito à energia, à infra-estrutura. A principal delas, Sr. Presidente, se me permite relembrar, é para que o nosso Ministro da Defesa recomende às operadoras que levem seus pilotos, todos eles, aos simuladores, porque esse piloto, que, infelizmente, conforme degravação da caixa preta, se expressou com tanta dor e terminou dizendo “ai, meu Deus”, segundo publicou a Revista Veja e todos os jornais do nosso País, não se apercebeu de que o manete da turbina direita estava na posição acelerada quando devia estar na posição neutra.

Muito obrigado, Sr. Presidente. Eram essas as minhas palavras.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2007 - Página 25796