O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, serei breve, pois imagino que estou vivendo um sonho, e sonho tem que ser breve. O pesadelo é que se estende.

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - V. Exª me permite um aparte, Senador Epitácio Cafeteira?

O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA) - Pois não, Senador Valter Pereira.

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Eu gostaria, antes mesmo de V. Exª iniciar o pronunciamento, de falar da alegria de vê-lo na tribuna.

O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA) - Muito obrigado

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Acredito que esse é o sentimento que contamina a todos os componentes da Casa. V. Exª estava convalescendo. Naquele instante em que estava no leito, despertava aqui toda solidariedade, toda inquietação, toda preocupação. De sorte que o retorno de V. Exª às lides parlamentares, ocupando a tribuna neste momento, merece o registro de alegria de todos nós.

O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA) - Muito obrigado, Senador Valter Pereira. Recebi telefonemas solidários de quase a unanimidade dos Senadores do Brasil, assim como do Maranhão. Foram telefonemas e telefonemas para ajudar o velho guerreiro, e todos contaram com a ajuda de Papai do Céu, tanto que estou aqui. As aves agourentas não conseguiram nada.

Vivo um sonho, porque sou do tempo em que esta Casa era uma casa de amor. As pessoas vinham do Estado com o nome feito e aqui trabalhavam pelo Estado e pelo Brasil. Não havia essa questiúncula, essa briga de um querendo derrubar o outro. Por isso, o meu sonho. Sonhei acordado, e estou sonhando acordado, ao ver meus Pares se solidarizarem com o velho Cafeteira.

Oito mandatos. Mandatos conquistados sem dinheiro, mandatos conquistados com amor, porque, na realidade, só o amor constrói. Só o amor constrói, e tenho tido uma vida de construção nesses oito mandatos.

Vejo aqui velhos companheiros do tempo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Isso me faz viver mais, isso me faz sentir que é preciso estarmos juntos na construção de um grande Brasil. Vamos lutar pelos nossos Estados, vamos lutar juntos para que o Brasil atravesse as crises.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador Cafeteira?

O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA) - Com muita satisfação, Senador Sarney.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - V. Exª sabe da minha alegria por vê-lo na tribuna desta Casa, com a saúde recuperada. Acredito que essa alegria seja de todos nós. Ao mesmo tempo, proclamo o quanto V. Exª representa para o Estado do Maranhão, com a sua liderança popular, o seu carisma e a sua vida, feita ao longo de tantas lutas em favor daquele Estado. Portanto, é esse o sentimento de alegria de quem vê o grande líder dando um exemplo ao Brasil da paixão da política, essa paixão que é maior do que a vida, que é a sua paixão e que, mesmo com os anos, torna-se cada vez mais forte, torna-se mais vibrante, torna-se mais heróica em favor dos ideais que constroem a sua vida pública. É um sentimento de grande alegria da Casa vê-lo na tribuna com o mesmo vigor de sempre.

O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA) - Senador Sarney, essa alegria é recíproca. Essa alegria é que me faz continuar vivendo. É preciso que tenhamos paixão pela vida para que possamos ajudar os nossos semelhantes, para que possamos aumentar a luta em favor do fraco. Nós, Senadores da República, temos essa obrigação. Mais do que tudo, a luta pelo povo; mais do que tudo, o desejo, no coração, de ajudar o nosso semelhante.

Quero prestar, mais uma vez, uma homenagem a minha mulher e a minha filha, que saíram daqui comigo para São Paulo. O Senador Sarney se lembra. Ele foi um dos que me incentivaram. Elas trouxeram o bom velhinho no coração, e a elas eu serei grato pelo resto da minha vida.

Mas, como eu disse, o sonho é breve, o sonho é bom, o sonho é gostoso! Não há nada mais importante do que sonhar acordado, sonhar que valeu a pena viver, que vale a pena viver quando se tem um coração sem ódio, absolutamente sem ódio.

Se Deus quiser - estou no começo do meu mandato -, até 2015, estarei aqui, lutando com vocês, dando a mão a cada um e dizendo: “Vamos juntos, vamos solidários, vamos ajudar o Brasil, vamos ajudar este País, que é carente e que precisa de nossa ajuda.” Ódio, jamais. Amor, para sempre.

Meus amigos, minhas amigas, meus colegas, Senadoras e Senadores, sou um homem feliz. Sou feliz porque tenho uma grande família, feliz porque tenho grandes amigos, feliz porque, enfim, não tenho nada mais a pedir a Deus, só tenho a agradecer.

O Sr. Adelmir Santana (PFL - DF) - Senador Cafeteira, permite-me V. Exª um aparte?

O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA) - Pois não, Senador Santana.

O Sr. Adelmir Santana (PFL - DF) - Sinto a emoção das suas palavras, que me trazem uma recordação antiga, de quando eu ainda era menino, lá no Município de Nova Iorque, no Maranhão. Isso foi há mais de 50 anos, mas eu já ouvia falar do seu nome na política maranhense. Então, eu gostaria de me associar às palavras do Presidente Sarney e falar do quanto estamos felizes com o retorno de V. Exª a esta Casa. Certamente, vamos conviver com V. Exª até o ano de 2015 e por muito mais tempo, quem sabe. Eu gostaria de parabenizá-lo pela vocação que tem para a política, que é muito antiga, e para bem servir a população maranhense, além de manifestar a minha alegria por vê-lo com saúde. V. Exª demonstra, na referência que faz, grande estima por seus familiares. Creia que esta Casa o tem, também, como um de seus familiares. Parabéns a V. Exª pelo retorno, e desejo-lhe sucesso na sua vida parlamentar.

O SR. EPITÁCIO CAFETEIRA (Bloco/PTB - MA) - Muito obrigado, Senador Adelmir Santana.

Quero dizer a vocês, meus amigos, que sou um homem feliz por isso.

É claro que, lá no meu quarto de hospital, no Sírio-Libanês, li uma coisa de que não gostei, a respeito dos congressistas processados. No rol dos congressistas processados, estava o nome do Cafeteira, mas não disseram por que fui processado. Fui processado porque não gastei dinheiro na eleição. Acreditaram que eu havia escondido dinheiro. Não é verdade. Ufano-me porque, no meu Governo, o piso salarial do Maranhão era de três salários mínimos. De três salários mínimos era o piso salarial! A professora ganhava cinco salários mínimos, e quem tinha terceiro grau ganhava sete salários mínimos.

É assim que ajudamos o povo, e o povo nos ajuda, porque ele me ajudou a fazer o Governo e, agora, no ano que passou, tomou conta da minha eleição e não precisei gastar dinheiro. Aliás, diziam até que eu tinha uma cobra no bolso, que não metia a mão no bolso porque a cobra podia-me morder. Na realidade, creio que o mandato só é mandato quando vem do coração do povo. O mandato só é mandato quando é o povo que escolhe, quando não é o dinheiro que conquista o mandato.

Essa tem sido a minha vida. Essa será a minha vida.

Sonhem comigo. Eu vivi e, agora, estou vivendo um grande sonho: o sonho de ver os amigos, o sonho de ter o respeito dos meus Pares, o sonho de ter a benção de Deus, o sonho de, quem sabe, poder mudar, no Senado, algumas vocações feitas para a guerra. O Cafeteira não vive em guerra; o Cafeteira vive em paz, porque só o amor constrói.

Agradeço, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o respeito, agradeço o querer bem, agradeço, enfim, tudo o que me deram.

Valeu a pena ser Senador neste mandato tão turbulento, em que até quem não se elegeu fala que o Senado está desmoralizado. Mas, como diz que o Senado está desmoralizado, se não se elegeu?

Muito obrigado.

Que Deus abençoe todos nós.