Discurso durante a 114ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Contestação a artigos publicados na imprensa a respeito de S.Exa., afirmando que jamais havia comparecido às reuniões do Conselho de Ética.

Autor
Almeida Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. IMPRENSA.:
  • Contestação a artigos publicados na imprensa a respeito de S.Exa., afirmando que jamais havia comparecido às reuniões do Conselho de Ética.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/2007 - Página 25207
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. IMPRENSA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, RETORNO, EPITACIO CAFETEIRA, SENADOR, CRITICA, INJUSTIÇA, ACUSAÇÃO, IMPRENSA.
  • ESCLARECIMENTOS, INEXATIDÃO, NOTICIARIO, IMPRENSA, FALTA, ETICA, JORNALISTA, QUESTIONAMENTO, POSIÇÃO, ORADOR, CRISE, JULGAMENTO, RENAN CALHEIROS, PRESIDENTE, SENADO, ACUSAÇÃO, AUSENCIA, REUNIÃO, COMISSÃO DE ETICA, QUALIDADE, RELATOR.
  • DECLARAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, TOTAL, REUNIÃO, CONSELHO, ETICA, POSSIBILIDADE, VOTAÇÃO, CASSAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, SITUAÇÃO, COMPROVAÇÃO, IRREGULARIDADE, SOLICITAÇÃO, ORADOR, DIGNIDADE, IMPRENSA.
  • CONTESTAÇÃO, NOTICIARIO, AUSENCIA, LOBBY, ESTADO DE SERGIPE (SE), ALTERAÇÃO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nobre Senador Epitácio Cafeteira, não o aparteei anteriormente porque estava inscrito como orador, portanto, viria à tribuna e, daqui, prestaria a minha homenagem a V. Exª, que tanto merece o meu respeito, a minha admiração e o desejo de que esteja retornando a esta Casa, ao nosso convívio, para continuar prestando a colaboração inestimável que fazia quando daqui se ausentou para um tratamento de saúde.

Aproveito a oportunidade, já que também é tema do meu pronunciamento, para dizer que, na ausência de V. Exª, setores da imprensa, que deviam se reciclar e aprender uma forma mais ética, mais educada e mais civilizada para se dirigir às pessoas, sobretudo a autoridades como V. Exª, cuja autoridade foi outorgada pelo povo do Maranhão por diversas vezes em diversas legislaturas, e também para o Governo daquele Estado, que não façam ilações, que não cometam indignidades, que não cometam injustiças, como as cometidas contra V. Exª, ao alegarem que o afastamento de V. Exª foi apenas uma desculpa para se ausentar do processo que tramitava e ainda tramita no Conselho de Ética desta Casa. Deveriam, pelo menos, respeitar a idade de V. Exª, os seus cabelos brancos, a sua postura inteligente e sóbria, de quem deseja a prática da justiça, até pela experiência que tem no embate político. Portanto, este meu desejo, esta homenagem que presto a V. Exª serve também como reprimenda àqueles setores da imprensa que desconsideraram V. Exª e, em assim fazendo, estavam também desconsiderando esta Casa, o Senado Federal.

Neste instante, quero fazer menção a algumas matérias jornalísticas, uma delas publicada pelo Jornal do Brasil, de autoria do jornalista Fausto Wolff, no dia 15 próximo passado, sob o título “O craque que virou craca.”

É lamentável esse procedimento.

Nesta oportunidade, mais uma vez, dirijo-me à população brasileira, evidentemente não em sua totalidade, mas a um segmento bem expressivo, que tem aplaudido tudo o quanto a imprensa deste País publica sem o devido exercício de consciência, de raciocínio, entendendo que, muitas vezes, por trás de matérias como essas existem embutidos outros objetivos e que, muitas das vezes, não são objetivos confessáveis, são objetivos inconfessáveis e que não levam a uma boa prática de decoro e nem a uma boa relação ética com a própria sociedade.

Pois bem, esse nobre jornalista, numa alusão ao trabalho que exerço, faz aqui uma observação que considero despropositada, sem nexo, impertinente, inconseqüente, descabida, o que mostra, inclusive, a dimensão minúscula do seu artigo, da sua matéria, quando ele está a se preocupar com as próximas eleições, o que é comum da classe política, e não é comum a mim, como político. Mas ele, jornalista, está preocupado com as próximas eleições, quando a minha preocupação - e a tenho esboçado aqui por diversas vezes - é com as próximas gerações. Procuro emitir conceitos que venham contribuir para a construção, no Brasil, de uma sociedade que seja baseada em princípios éticos e morais elevados, e não esta prática mesquinha, pequena, caolha de muitos que procuram soluções imediatistas. Na verdade, temos que nos preocupar com soluções permanentes, duradouras, que tragam estabilidade à vida nacional e que fortaleçam as nossas instituições.

Pois bem, ele diz que o mar, no caso de Calheiros, são os ex-aliados e todos aqueles que não querem perder votos em seus Estados. Essa não é a minha preocupação, até porque se fosse a minha preocupação eu estaria do lado daqueles que estão aplaudindo, porque estão tendo o beneplácito da imprensa nos seus interesses inconfessáveis, que são interesses de estabelecer uma crise que de fato não deveria estar aí a permear a nossa atividade parlamentar.

E prossegue, dizendo: “Há, é claro, os que não calculam bem as coisas, como o Senador Almeida Lima, do PMDB de Sergipe”.

Não estou preocupado em calcular se na próxima eleição eu serei candidato ou não serei. Não estou tratando da próxima eleição. Se eu estivesse aqui a tratar da próxima eleição, eu estaria assumindo uma postura demagógica. E sei o quanto é difícil a posição que assumo. Eu sei.

Não me preocupam esses louros repentinos, imediatistas. Tenho costume desses embates. Tenho costume de receber as críticas e, no final, ser aplaudido.

E não foi diferente o meu comportamento quando Executivo, na Prefeitura de Aracaju, a partir, inclusive, do funcionário público, que, em dado momento - evidente que não o próprio funcionário, mas o sindicato; e eu vi aquilo com legitimidade, não critiquei na ocasião, não contestei, não assumi postura arrogante nem autoritária - queimou um Judas na porta, e aquele Judas representava a figura do Prefeito, a minha figura; para, ao final de 2 anos e 9 meses, eu sair da Prefeitura aplaudido pelo servidor público, quando ele veio a perceber que aquilo que fazia era a decência que exigia para o serviço público.

Tenho o costume das críticas, do embate. Graças a Deus, pela idade que tenho, pela formação que tenho, Ele já me deu estrutura psicológica suficiente para esses enfrentamentos. Nada disso me abala. Nada disso me impressiona. Portanto, eu aconselharia a esses senhores da imprensa não tentarem fazer minha cabeça, porque não conseguirão. É uma questão de posição, até porque o que estamos vendo na sociedade brasileira hoje é que é uma sociedade sem opinião. Uma parcela expressiva da sociedade prefere caminhar para aquilo que ela chama de unanimidade, vala comum. E vejo inclusive muitos da imprensa, neste instante, fazerem alusões aos grandes homens da História.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Mais cinco minutos, formando o número 15, do PMDB, e da Bíblia. V. Exª já leu os Provérbios? “A palavra branda afasta a ira; a dura suscita o furor”.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Obrigado, nobre Senador.

Vejo muitos inclusive dizerem: “Ah, mas no Senado Federal, no Congresso Nacional, já houve grandes homens; e fazem citações”. Aqui nenhuma palavra de desacordo. Mas é preciso também dizer que o Congresso que temos hoje, as instituições políticas que temos hoje no nosso País são frutos do trabalho daqueles que hoje são homenageados e que nos legaram todas essas estruturas, instituições que, a meu ver, não correspondem às necessidades do nosso País.

Portanto, acho que esse é um elogio aos antepassados que têm por objetivo criticar os do presente, como se eles nos tivessem legado instituições sólidas. Não! Os problemas graves que enfrentamos hoje decorrem das instituições frágeis que eles nos legaram e que não tiveram toda essa sabedoria que tentam apregoar para nos dar hoje, como herança, como legado, instituições que, por si só, servissem de instrumentos para superar as próprias crises.

Então, alto lá! Não é bem assim! Não são essas palavras e esses artigos que vão nos impressionar.

E ele diz: “Apontado como um dos três relatores do caso Renan, jamais compareceu às reuniões da Comissão de Ética”. Senhores, o cidadão, o nobre jornalista do Jornal do Brasil, Fausto Wolff, está aqui a dizer que eu, um dos três relatores, jamais compareci às reuniões do Conselho de Ética. O que as senhoras brasileiras e os senhores brasileiros dirão de uma declaração dessa? Isso foi publicado na imprensa.

Senhores, mesmo antes e não sendo integrante do Conselho de Ética, não faltei a uma única reunião! Mesmo não sendo seu integrante! Quando passei a integrar o Conselho, lá estive presente a todas elas, à exceção de uma que se caracterizava como abusiva e ilegal, tanto que a Presidência, em questão de ordem levantada por mim, mandou encerrar a reunião.

Pois bem. Isso é o que diz a imprensa.

Abrindo o Jornal do Comércio, também em matéria da Agência Estado, sob manchete, lê-se: “Almeida Lima insinua que não vai condenar Senador”. O texto diz: “O Senador Almeida Lima inova no Senado. Desde já, Lima insinua que, em nenhuma hipótese, votará pela condenação de Renan”. Que coisa mais absurda! Eu jamais declarei isso a jornalista algum. Nunca insinuei. Ao contrário, disse expressamente que, apuradas as provas e constatado que o Senador tenha recebido dinheiro da Mendes Júnior - o que até o presente momento ninguém provou -, eu votaria pela cassação do Senador. Disse isso expressamente. Então, isso aqui é algo vergonhoso.

Peço à impressa do meu País que não se comporte dessa maneira. Isso aqui é, sim, falta de decoro, de ética, de respeito à sociedade. Afinal de contas, os senhores trabalham e compõem a comunicação social do País. São os instrumentos de elo, instrumentos de ligação entre as lideranças deste País, a classe política, e a sociedade. São os senhores que, em última instância, levam à sociedade as informações, e, quando são deturpadas, trata-se de uma degeneração social.

A própria matéria é contraditória, o que mostra o espírito inconfessável quanto aos seus objetivos. “Lima afirma que ainda é cedo para dizer como procederá.” Ora, se declarei que ainda é cedo para dizer como vou proceder, não estou insinuando que vou ou não vou condenar quem quer que seja. Então, esse é um comportamento indigno.

E mais: nos últimos dias, a imprensa tem-se esmerado e falado pela opinião pública. Diz que, quando Senadores retornam dos seus Estados, cada vez mais, o Presidente Renan perde apoio. Pois bem, retornei do meu Estado de Sergipe e continuo, até o presente momento, cada vez mais convencido, consciente daquilo que fiz e daquilo que pretendo continuar a fazer, que é a defesa da instituição Senado Federal, a defesa do Estado de direito, a defesa do respeito e do cumprimento à Constituição Federal.

Pois bem, um jornalista também do Jornal do Brasil, Sérgio Pardellas, diz aqui expressamente numa notinha: “Pressão sergipana. Aliados do Senador Almeida Lima (PMDB-SE) em Aracaju querem que ele seja menos veemente na defesa do Presidente do Senado...”. Ora, os meus companheiros me conhecem muito bem. A população de Aracaju e de Sergipe me conhece plenamente, tanto quando fui Parlamentar como quando fui Executivo. Sabem da minha honestidade, da minha hombridade, da minha dignidade, e jamais recebi pressão para agir dessa ou daquela forma, porque eles já sabem de antemão que a minha maneira de proceder é digna. Tanto é verdade que tenho certeza absoluta pelas informações que recebo.

A imprensa não está gostando do meu papel e, por isso, tem procurado fazer levantamentos sobre a minha vida. Agradeço, exatamente porque, durante todo esse tempo, não conseguiram frase alguma que pudesse denegrir o meu passado e a minha história. Portanto, é a autoridade moral que tenho para continuar com o trabalho que venho exercendo.

Agora, gostaria de pedir à imprensa querida do meu País que se comporte de forma mais digna e de forma mais justa, de acordo com a ética, respeitando os princípios morais e estabelecendo uma comunicação verdadeira para com o nosso povo. Não sejam instrumento de maledicência; não sejam instrumento de mentiras; não sejam instrumento de agressões gratuitas e desnecessárias, como a feita com o nosso companheiro Senador, que teve de ausentar-se desta Casa para um tratamento de saúde; como, aliás, eu tive de me ausentar por dois dias em função de problema de saúde. Fizeram questionamentos e insinuações, e eu tive de vir à tribuna citar até nomes de médicos e de hospitais onde fui atendido. Isso é feio e não condiz com a profissão de que tanto precisamos e com os instrumentos que nós tanto valorizamos, as comunicações.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/2007 - Página 25207