Discurso durante a 118ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação de solidariedade aos familiares das vítimas do acidente com o avião da TAM. Homenagem ao Deputado Júlio Redecker e ao Senador Antonio Carlos Magalhães, falecidos recentemente.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Manifestação de solidariedade aos familiares das vítimas do acidente com o avião da TAM. Homenagem ao Deputado Júlio Redecker e ao Senador Antonio Carlos Magalhães, falecidos recentemente.
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho, Heráclito Fortes, Marco Maciel, Mário Couto, Mão Santa, Raimundo Colombo.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/2007 - Página 25884
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, AFASTAMENTO, CONGRESSO NACIONAL, GRAVIDADE, PROBLEMA, SAUDE, FILHO, ORADOR, AGRADECIMENTO, RECEBIMENTO, PRECE.
  • HOMENAGEM POSTUMA, VITIMA, ACIDENTE AERONAUTICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), LINHA AEREA, ORIGEM, MUNICIPIO, PORTO ALEGRE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESPECIFICAÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, ELOGIO, VIDA PUBLICA, APRESENTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, FAMILIA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, APOIO, APROVAÇÃO, ESTATUTO, IDOSO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, IGUALDADE, RAÇA, MELHORIA, SALARIO MINIMO.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, provavelmente, não usarei os vinte minutos.

Nesta tarde, faço o meu primeiro pronunciamento após o recesso. Para mim, este é um pronunciamento triste em todos os sentidos. O meu recesso foi de quinze dias dentro de uma UTI. Um dos meus filhos, Jean, fez uma operação de redução de estômago, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Os médicos informaram que, infelizmente, devido a uma infecção generalizada, ele não teria muitas possibilidades de continuar vivo. Sua possibilidade de continuar a viver estaria entre 2% e 5%. Depois que ele ficou aproximadamente quatro dias na UTI, eu tomei a decisão de levá-lo para Porto Alegre. Em Porto Alegre, ele ficou 25 dias na UTI e sofreu mais sete operações - ele já tinha feito duas operações no Espírito Santo. Felizmente, neste fim de semana, ele saiu da UTI. Os coordenadores da recuperação do menino foram o Dr. Crespo, cirurgião, e o Dr. Josué, Coordenador da UTI do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. No momento, ele ainda está em recuperação, mas seu estado não deixa de ser grave.

Faço este comunicado, Sr. Presidente, para justificar meu afastamento do Congresso Nacional por praticamente 30 dias: 15 dias foram de recesso, e os 10 dias restantes foram por esse motivo.

Confesso que a frase que mais usei durante esse período, Senador Mão Santa, Senador Papaléo Paes e tantos outros Senadores, foi a seguinte: “Senhor meu Deus, meu filho está em suas mãos. Peço ao Senhor um milagre”. Hoje, acredito muito que, com a força da Medicina, evidentemente, e a de Deus, vamos vencer essa batalha. Meu filho vai voltar a caminhar nas ruas do nosso Rio Grande e, quem sabe, contar essa sua história de muita dor. Para se ter uma idéia, hoje ele não pode tomar água, em nenhuma hipótese, até fazer mais duas operações.

Sr. Presidente, eu também não poderia, neste momento de tanta dor para mim e, naturalmente, para a mãe dele e para os irmãos, deixar de falar sobre o acidente da TAM.

Eu estava na UTI do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, quando soube do acidente, que envolvia cerca de 200 pessoas, entre elas dezenas de gaúchos, líderes sindicais, empresários, políticos, executivos, advogados, donas-de-casa, estudantes, crianças, professoras, enfim, cidadãos de várias regiões do Brasil e do Rio Grande.

Como forma de externar meus sentimentos, listei aqui o nome de cada um que faleceu nesse gravíssimo acidente. Eu gostaria, Sr. Presidente, de homenagear cada um, mas não o farei, porque não quero fazer aqui nenhuma homenagem maior ou menor. Tenho certeza de que, como falamos muito no Rio Grande, todos os que faleceram nesse acidente não estão mais aqui, mas foram pelear nas plagas infinitas das estâncias do céu, ao lado de Deus.

Eu poderia falar aqui da Nadja; do Luis Fernando; da Julia; da Sonia; da Catilene; da Nelly; do Paulo; da Kátia; da Mery; do Júlio Redecker - que foi Deputado Federal na mesma época em que fui - um brilhante Deputado, que aprendi a respeitar. Nem sempre tínhamos as mesmas posições, mas ele era um lutador, um guerreiro, um homem que pensava efetivamente no bem do Rio Grande e do Brasil. Eu poderia falar do Carlos, do Ivalino, do Atílio, do Rune, do Paulo, do Marco, da Andréa, do Andrei, do Luis, do Antonio, da Valdemarina, da Raquel, do Carlos Alberto, podia falar do Sandro, da Soraya, da Jaqueline, do Bernardo, da Rebeca, da Fabíola, podia falar da Sueli, do Anderson, do Valdir, do Fernando, do Carlos, do Silvan, da Michele, do Fabiano, podia falar do Vitacin, da Carla, do Carlos, da Carmem, poderia falar do Eduardo, da Eliane, poderia falar de todos, Sr. Presidente. Mas creio que, com essas pequenas citações, lembro aqui, na verdade, o nome de cada um daqueles que faleceram nesse trágico acidente. A todos os familiares, deixo aqui minha solidariedade. Sei que, neste momento, nem minhas palavras, nem as de ninguém farão diminuir a dor que estão sentindo.

Lembro-me aqui, Sr. Presidente, das “tricoteiras” - as aposentadas e pensionistas -, como eram conhecidas as diretoras e sócias do Sinapers. Participei de inúmeros eventos com elas, em audiência pública, aqui, no Senado, sobre os precatórios; e em audiência pública, lá, na Assembléia Legislativa. Eram lutadoras, de cabelos brancos. Infelizmente, grande parte delas, lutadoras, de cabelos brancos, morreu nesse acidente. Mas digo, Sr. Presidente, que a luta delas não foi em vão; a luta delas e a luta de todos os aposentados e pensionistas que ainda sonham com dias melhores para os brasileiros e, principalmente, neste caso, para todos os aposentados e pensionistas.

Lembro, mais uma vez, o Júlio Redecker, Deputado Federal. Senador Mão Santa, estive com ele, certa vez, em grande evento interamericano, que reuniu mais de 100 Parlamentares no Rio Grande, na cidade de Gramado. Recebi a incumbência de falar pelo Governo brasileiro sobre um tema tão importante, do qual Júlio Redecker era especialista, exportação. E, aí, Senador Couto, no momento do pronunciamento, eu lhe disse: Júlio, conheço o tema não tanto quanto vocês. O que me disse Júlio Redecker? “Não te preocupes, Paim. Faça o discurso político de acordo com teu entendimento sobre o tema; e a questão técnica eu resolvo”. Com isso, ele fez com que aquele auditório aplaudisse ambos, quando o especialista na matéria era ele. Essa é a postura de um grande homem; e, aqui, rendo-lhe, então, minhas homenagens.

Com certeza, o Brasil perdeu uma grande Liderança. Sua sensibilidade, seu espírito de luta nos aproximava em muitos momentos, ao longo da nossa caminhada no Congresso. Nem sempre concordávamos, mas sempre nos respeitávamos, até no momento da divergência. Nunca esquecerei, inclusive, o conforto, a solidariedade que recebi dele, dentro do avião, no momento mais difícil da minha campanha ao Senado da República.

É com pesar que vejo a perda de Júlio. Fico com sua imagem de guerreiro, de lutador, de extrema competência. Levo no peito imenso carinho e respeito a ele como homem e como Parlamentar.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Pois não, Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Paim, ouvi aqui, em silêncio, seu discurso. Divido com V. Exª - evidentemente, guardadas as devidas proporções - a dor que sentiu com a doença do seu filho. Nós, seus amigos Senadores, acompanhamos os fatos daqui. V. Exª é bravo e é guerreiro; e é guerreiro para tudo, até para enfrentar a hora difícil que enfrentou. Daí por que me sinto reconfortado em vê-lo aqui, retomando suas atividades de Senador da República, ainda com o filho convalescendo, com a mente dividida entre os deveres de homem público e de pai. Por isso, eu não poderia deixar de prestar-lhe esta homenagem, talvez também produto de amizade e de admiração, que varam anos. Eu também gostaria de me associar a V. Exª pela homenagem que presta à extraordinária figura de Deputado e de homem público que foi Júlio Redecker. Tivemos oportunidade de conviver na Câmara dos Deputados. V. Exª, mais próximo dele, por ser seu conterrâneo; mas, do meu distante Piauí, pude admirar a luta, a bravura do Júlio. Ele foi acidentado de maneira grave, escapou da morte há algum tempo. Acompanhamos o episódio. Ficou imóvel, lutou com toda a garra e toda a força e retornou a esta Casa. Era um Parlamentar altamente atuante; atuante, solidário, um grande companheiro. Associo-me a V. Exª e ao povo do Rio Grande do Sul por esta perda inestimável. Portanto, Senador Paulo Paim, vai aqui a palavra do amigo, do admirador, que tem por V. Exª respeito e, acima de tudo, carinho.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Heráclito Fortes.

Senador Marco Maciel.

O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, quero expressar minha satisfação ao ver que seu filho se recupera - e se recupera bem - da cirurgia a que foi submetido. Espero que , por ser ainda uma pessoa bastante jovem, possa se restabelecer totalmente, trazendo conforto a toda a família. Devo aproveitar, à semelhança do nobre Senador Heráclito Fortes, para também manifestar a V. Exª e, por seu intermédio, a todo o povo do Rio Grande do Sul, meu pesar pelo falecimento no acidente da Tam do Deputado Júlio Redecker. Tive a oportunidade de conhecê-lo quando ele militava na JDS - Juventude do Partido Democrata Social, partido a que tive a honra de pertencer e que depois desapareceu em função do movimento chamado Aliança Democrática, que tornou possível a eleição da chapa Tancredo Neves-José Sarney. Sempre vi em Júlio Redecker um jovem líder muito dedicado, com grande vocação política, com grande sentimento partidário. Desfrutava de muito conceito em seu Estado. Dias antes do falecimento dele, encontrei-me com o ex-Ministro Pratini de Moraes, que falava do papel que Redecker cumpria na defesa do agro-negócio. Com Redecker, convivi no Congresso Nacional e fora dele, ao tempo em que estava na Vice-Presidência da República. No ano passado, compareci ao casamento de uma de suas filhas e, uma semana ou dez dias antes do acidente, ao cumprimentá-lo, por telefone, pelo aniversário, ele me falou estar investido das funções de Líder da Minoria na Câmara e gostaria de conversar comigo para discutir programas e projetos que desejava executar ou já executava. Senti uma dor muito grande quando tomei conhecimento de que entre os falecidos se encontrava o Deputado Júlio Redecker. E, se já estava muito penalizado e traumatizado com tantas mortes, quase duzentas, a morte dele me deixou muito triste. Sei que a vida não se mede por quanto se vive, mas como se vive. Ele viveu pouco, mas de forma intensa e, mais do que isso, doando seu espírito público às causas do seu Estado e do País. E, por isso, V. Exª faz bem em lembrar sua memória neste instante e homenageá-lo pela contribuição que ele deu às instituições brasileiras. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Obrigado, Senador Marco Maciel.

Em seguida concederei o aparte ao Senador Mão Santa. Mas, antes, eu gostaria de dizer que este é um momento de muita dor por aquelas famílias que perderam seus entes queridos no acidente.

Para mim, é um momento de muita dor também, pois, calculem V. Exªs que, em trinta dias, o menino já sofreu nove operações e passará por mais duas ainda. E claro que estou com muita fé em Deus, e também na Medicina, de que ele se salvará.

Mas, antes, Senador Mão Santa, acho que este momento não é só da minha dor. Procuro ver a dor de todos aqueles que perderam seus familiares.

E não poderia neste pronunciamento, já que é o primeiro que faço depois do recesso, deixar de falar também do Senador Antonio Carlos Magalhães. Então, Senador Mão Santa, em seguida passarei a palavra a V. Exª, pois não poderia deixar de falar aqui, independentemente da matriz ideológica ou partidária, da morte do Senador Antonio Carlos Magalhães. Sempre tive uma relação respeitosa com o Senador Antonio Carlos Magalhães. Com ele, com certeza, consegui aprovar inúmeros projetos, na Câmara e no Senado. Essa relação é antiga. E não nego nunca as minhas relações com os homens, enfim, com os seres humanos, independentemente da questão partidária. Iniciou-se nos tempos ainda de Eduardo Magalhães. Lembro-me de vários momentos em que defendemos o mesmo ponto de vista, como, por exemplo, o aumento do valor do salário mínimo.

Sou testemunha - até porque defendo essa bandeira há mais de vinte anos aqui no Congresso - de que o Senador Antonio Carlos Magalhães defendia, como eu defendia, o aumento do valor do salário mínimo.

A imagem mais agradável e mais carinhosa que tenho dele, com certeza, foi a aprovação aqui no Senado de três estatutos de minha autoria: do idoso, da pessoa com deficiência e da igualdade racial. Ele que era polêmico e regimentalista disse nos três casos: “Se depender de mim, Senador Paulo Paim, vamos acelerar os prazos do próprio Regimento, porque os três estatutos merecem aprovação”. A atuação do Senador Antonio Carlos Magalhães foi fundamental, principalmente na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Por isso, quero também aqui registrar minha solidariedade. Sei que era um homem polêmico, mas a democracia é feita por homens e mulheres também polêmicos. E a discordância e a polêmica é que fazem com que você aponte para o futuro com respostas que atendam ao interesse da sociedade. E o Senador Antonio Carlos Magalhães cumpria com muita competência esse papel, cada vez que, com aquela convicção enraizada e com muita firmeza, ele aqui defendia os seus pontos de vista.

Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Paim, eu lamentava a ausência de V. Exª e não sabia o motivo. Mas só a sua ausência nesses dias já era motivo de tristeza aqui. Mas, quanto a seu filho, V. Exª, mesmo nessa dificuldade, nessa adversidade, dá um ensinamento a nós e ao País quando diz que entrega a Deus, demonstrando a sua fé em Deus. Eu me lembro de um cirurgião, com quem aprendi, Ambroise Paré, que dizia: “Eu os trato, Deus os cura”. Ambroise Paré, um grande cirurgião francês. Então, realmente, está nas mãos de Deus, como disse V. Exª. E, também, querendo me solidarizar com o voto de pesar pelo falecimento do Deputado com todos os gaúchos. Eu acho que os gaúchos escreveram, como no passado, na Revolução Farroupilha, com tanto sofrimento, até o sacrifício dos Lanceiros Negros, sem dúvida nenhuma, depois disso veio a República, veio a Libertação dos Escravos. E, com esse sofrimento da família gaúcha, que V. Exª representa, e que perderam tantos entes queridos, como o nosso Deputado Júlio e tantos outros. Que o sacrifício da família gaúcha nos sensibilize para que haja melhores dias para o desenvolvimento aéreo do nosso País. Quero associar-me à fé de V. Exª. Também sou Francisco. São Francisco disse-nos: "Onde houver desespero, que eu leve a esperança". Faço um convite a V. Exª, com a mesma fé. Lá em nossa região, no Nordeste, temos a cidade de Canindé. Poderemos ir agradecer a São Francisco. No Piauí, há outra cidade: Santa Cruz dos Milagres. Essas são as cidades onde o povo nordestino deposita sua fé para conseguir os seus milagres. Convido V. Exª para, quando sairmos vitoriosos da recuperação de seu filho, visitarmos aqueles templos de fé da tradição cristã do Nordeste.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Sr. Presidente, quero encerrar o meu pronunciamento. Ouvirei o Senador Mário Couto, o Senador Garibaldi e depois encerrarei.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Senador Paulo Paim, primeiramente quero externar minha admiração por V. Exª. Eu, nesses seis meses de Casa, tive a grata oportunidade de conhecê-lo. Sinceramente, Senador, tenho um carinho e uma admiração muito grande por V. Exª, pela sua maneira de ser, humilde, um homem que escuta todos, sério, dedicado, um homem trabalhador, um homem que vi uma vez na tribuna prestar conta do seu trabalho ao seu povo. V. Exª ganhou a minha admiração, saiba disso. Vou fazer igual ao Mão Santa, acho que o pior já passou, Senador, o pior já passou. Deus lhe atendeu. Deus atende às pessoas boas, V. Exª é uma pessoa boa, tenho certeza disso. O seu caráter já demonstra muito bem a bondade de V. Exª, e Deus escuta essas pessoas. É muito difícil o momento que V. Exª atravessa. Todos sabemos o carinho que um pai tem por um filho. E é muito difícil pensar, neste momento em que V. Exª está na tribuna, que o seu filho está hospitalizado em estado grave. Não sei como V. Exª agüenta, é muito difícil, a dor é profunda. Mas tenha certeza de que o pior já passou. E vou fazer igual ao Mão Santa, vou orar, vou rezar, pedir a Nossa Senhora de Nazaré que possa trazer a saúde do seu filho e convidar V. Exª para, no próximo Círio, ir a Belém assistir ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré, à qual vou fazer uma promessa em louvor ao seu filho. Muito obrigado, Senador.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Mário Couto, pode ter certeza de que se Deus permitir estarei lá, atendendo, não a um pedido, mas quase que à prece que V. Exª e o Senador Mão Santa fizeram para a recuperação do menino.

Estou mesmo com muita esperança. As suas palavras são as que tenho dito para ele: Jean, resista. O amor de pai e de muita gente está com você. Deus está dentro de você. Você vai sair desta. Você é um peleador, você é um lutador. Você vai vencer, com a ajuda e a solidariedade de todos.

Há muita gente rezando, orando. É bonito, em uma hora dessas, ver as pessoas dizendo “não posso fazer nada, mas saiba que estou fazendo orações pela salvação do menino”. Só isso já dá a ele muita força.

Nestes momentos em que falava com ele, ele dizia “pai, me cortaram a água”. Eu dizia: Jean, você não pode tomar água, mas a água não te fará falta neste momento porque o soro é que realmente te mantém. Ele fez uma operação no pescoço, cujo nome específico não me lembro.

Por isso, estou com muita esperança. Uso novamente a sua frase: o pior já passou. Tenho certeza de que, com a ajuda de Deus e da Medicina, ele vai passar por essa.

Senador Garibaldi Alves Filho e, em seguida, Senador Raimundo Colombo.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Paulo Paim, também quero trazer a minha solidariedade a V. Exª, a exemplo dos meus colegas, e dizer que estamos confiantes de que o seu filho vai recuperar a saúde e de que a sua família vai enfrentar todas essas provações. Deus vai realmente salvá-lo, porque já se diz há muito tempo, e com muita sabedoria, que um pai não pode enterrar um filho. Quero dizer a V. Exª, então, que as preces que eu também puder fazer, farei pela saúde do seu filho. Quero lamentar estes últimos dias, que foram de muita tristeza para todos nós. A tristeza do acidente do avião da TAM...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Foram 200 vidas que se foram. A tristeza da perda do Deputado Júlio Redecker e a tristeza também, para nosso Estado principalmente, da perda do Deputado Nélio Dias, que era o Presidente Nacional do Partido Progressista.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito bem lembrado, Senador.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Então, quero dizer a V. Exª que todas essas perdas nos deixaram muita tristeza, mas também nos deixaram um legado. Cada um daqueles que se foram deixou conosco uma responsabilidade maior. Mas volto a dizer: seu filho vai viver porque um jovem como ele certamente tem muito ainda a dar. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Garibaldi Alves Filho.

Concluo com o aparte do Senador Raimundo Colombo, considerando-me, desde já, agradecido a todos os Senadores que fizeram aparte e a todos os Senadores que, de uma forma ou de outra, fizeram contato conosco, dando sua solidariedade.

O Sr. Raimundo Colombo (DEM - SC) - Senador Paulo Paim, quero cumprimentar V. Exª e reconhecer essa força interior que faz com que V. Exª supere esse momento difícil. O senhor, que é um homem vitorioso, fez e faz uma carreira política bonita e enfrenta essa adversidade. Mas essa fé, essa força, essa sua energia, certamente influenciou seu filho e toda a sua família a superar esse momento difícil. O Jean - tenho certeza, sou um homem de fé - vai vencer, vai superar e vai ser um exemplo para todos nós. Portanto, o senhor cumpre muito bem a sua missão de pai nessa hora difícil, nessa hora de superação. Mas o senhor é esse homem vitorioso que se mostra forte e à altura desse desafio. Tenho certeza que o Jean também vai estar junto conosco lutando e sendo um exemplo para todos nós como o senhor é. V. Exª lembra também a memória de Júlio Redecker com quem convivi na Câmara, essa pessoa tão especial e, dito nas suas palavras, conterrâneo do Rio Grande do Sul, o que nos deixa assim tão saudosos e reconhecidos pelo Júlio. Força, Senador Paim. Vai dar tudo certo e conte com as minhas orações também.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Raimundo Colombo.

Eu concluo, Sr. Presidente, dizendo que muitos dos que estão nos ouvindo podem ficar com uma impressão errada: “Ah, não é só o seu filho que está sofrendo!” Eu respondo, neste momento, de forma não muito alegre, mas satisfeito com a solidariedade que recebi do Senado da República. Mas, neste momento, porque às vezes a disputa político-partidária entra em campo, foi muito especial, Senador Papaléo Paes, o apoio que recebi dos Senadores Zambiasi e Simon. Eles não estão aqui neste momento. Mas faço questão de registrar que estiveram lá, durante um longo período, no meu Estado, em nome do Senado da República, me dando todo o apoio.

E faço este registro, também, prestando contas, porque eu não sou de me afastar da Casa. Mas foram trinta dias em que não estive aqui. Eu estava lá, na UTI. Acampei dentro do hospital e só saí de lá no dia em que ele foi para o quarto. Por isso faço essa justificativa agradecendo a todos que rezaram e que estão rezando. Vou participar ainda nesta sexta-feira de um culto ecumênico não somente ao meu filho, mas a todos que estão nos hospitais, sofrendo. Essa é também uma forma de solidariedade à família de todos que faleceram.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/2007 - Página 25884