Discurso durante a 120ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o Plano Agrícola e Pecuário e o Plano Safra da Agricultura Familiar de 2007-2008.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre o Plano Agrícola e Pecuário e o Plano Safra da Agricultura Familiar de 2007-2008.
Publicação
Publicação no DSF de 08/08/2007 - Página 26005
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, PLANO, AGRICULTURA, PECUARIA, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, JUROS, AUMENTO, CREDITOS, INVESTIMENTO, ANUNCIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENCAMINHAMENTO, PROJETO, CONGRESSO NACIONAL, CRIAÇÃO, FUNDO DE ASSISTENCIA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO, FUNDO DE ESTABILIZAÇÃO, SEGURO AGRARIO, NECESSIDADE, ACESSO, PLANO DE ASSISTENCIA, DISPONIBILIDADE, RECURSOS.
  • COMENTARIO, PLANEJAMENTO AGRICOLA, AUSENCIA, REFERENCIA, DIVIDA AGRARIA, REGISTRO, INICIATIVA, GOVERNO FEDERAL, PRORROGAÇÃO, VENCIMENTO, CONTRATO, CRIAÇÃO, GRUPO INTERMINISTERIAL, OBJETIVO, SOLUÇÃO, DIVIDA, PRODUTOR RURAL.
  • EXPECTATIVA, SENADO, DEBATE, MEDIDA PROVISORIA (MPV), LIQUIDAÇÃO, DIVIDA AGRARIA, ELOGIO, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, MELHORIA, SITUAÇÃO, GARANTIA, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, ZONA RURAL.
  • REGISTRO, AUMENTO, RECURSOS, DESTINAÇÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, ATIVIDADE AGROPECUARIA, REDUÇÃO, QUANTIDADE, PROGRAMA, RECEBIMENTO, INVESTIMENTO, OBJETIVO, MELHORIA, PLANEJAMENTO, RESULTADO, AMPLIAÇÃO, PROGRAMA DE GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA (PROGER), ATIVIDADE AGRICOLA, BENEFICIO, SUPERIORIDADE, AGRICULTOR.
  • COMENTARIO, PREVISÃO, GOVERNO FEDERAL, RECURSOS, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), ALTERAÇÃO, SISTEMA, FINANCIAMENTO AGRICOLA, FAVORECIMENTO, AGRICULTOR, INCENTIVO, PRODUÇÃO, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, POSSIBILIDADE, FINANCIAMENTO, TECNOLOGIA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, DEMONSTRAÇÃO, COMPROMISSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LIQUIDAÇÃO, DIVIDA AGRARIA.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo Federal lançou, no final de junho deste ano, o Plano Agrícola e Pecuário e o Plano Safra da Agricultura Familiar de 2007 - 2008. E as duas principais medidas adotadas foram a redução de juros e o aumento do volume do crédito para investimento, para custeio e para comercialização.

Apesar de pouco alarde, novamente o Governo Federal aumentou a subvenções ao prêmio do seguro rural e promete o encaminhamento ao Congresso Nacional do projeto que cria o chamado “fundo catástrofe”, em substituição ao atual Fundo de Estabilidade do Seguro Rural.

Ora, já faz tempo que se fala do “fundo catástrofe” como meio de superar as restrições à expansão do seguro rural. Segundo dados da Agronline, hoje em dia o seguro rural protege somente 2,4% da área plantada. Esse fundo teria suporte financeiro assegurado por meio de subvenção econômica anual do Ministério da Agricultura e garantia da União, em títulos do Tesouro Nacional, depositados em instituição financeira federal.

Entretanto, Sr. Presidente, enquanto o fundo não é criado, o Governo aumenta as subvenções ao prêmio do seguro-rural de R$31,1 milhões em 2006 para R$100 milhões em 2007. Ocorre que, no ano passado, um dos primeiros recursos contingenciados foram exatamente os recursos da subvenção econômica ao prêmio do seguro-rural. Esperamos que o próximo decreto de contingenciamento não mencione a subvenção ao prêmio do seguro-rural.

Sr. Presidente, o Governo alega que “falta tradição ao produtor rural em contratar seguro”. Isso é verdade, mas, para eliminar essa “falta de tradição”, o seguro deve ser mais popularizado, por meio de atrativos, com a disponibilização de recursos e com a efetivação de todas as medidas previstas no Plano.

O Plano Agrícola do Governo Federal para a agricultura, pecuária e safra de 2007 - 2008 não toca no ponto nevrálgico da agricultura brasileira: seu endividamento. É bem verdade que o Governo sinalizou para esse grave problema ao aprovar a adoção de efeito suspensivo, até 31 de agosto deste ano, das parcelas das dívidas de investimentos vencidas e não pagas ou vincendas até agosto de 2007 para adimplentes até 31 de dezembro de 2006. As parcelas de custeio das safras de 2004 a 2005 e de 2005 a 2006, já prorrogadas e com vencimento neste ano, também foram beneficiadas com a prorrogação para 12 meses após o vencimento do contrato. Ademais, o Governo também criou um “grupo interministerial”, com o objetivo de propor medidas que contribuam para equacionar o endividamento agrícola.

Como espero que, nos próximos dias, estejamos debatendo aqui, no Senado Federal, a Medida Provisória nº 372, que busca liquidar a dívida de produtores rurais e de suas cooperativas junto a fornecedores de insumos, relativa às safras de 2004 a 2006, deixarei para analisar o endividamento da agricultura brasileira nessa oportunidade em que vamos discutir a Medida Provisória nº 372. No momento, posso dizer que o plano da agricultura, pecuária e safra 2007 - 2008 do Governo Federal já sinaliza em busca de uma solução.

Por ora, digo que a solução passa por um plano agrícola que saia dos discursos e que se efetive como política pública por meio de medidas estruturantes, como, por exemplo, o seguro rural, a desoneração tributária e a redução das alíquotas de importação de insumos agrícolas, além da implantação de projetos de infra-estrutura e de logística para expandir e fortalecer a produção e a comercialização, relacionando a agricultura com o Programa de Aceleração Econômica (PAC).

Ao lado dessas nossas críticas construtivas, o compromisso do Governo Federal com a agricultura brasileira pode ser verificado diante daquelas duas principais medidas previstas no Plano Agrícola: redução da taxa de juros e o aumento do volume de crédito.

De fato, o Plano Agrícola lançado pelo Governo Federal estabelece que a taxa anual de juros controlada foi reduzida de 8,75% para 6,75%. Isso representa uma diminuição de 22,9% nos custos desses financiamentos para o produtor rural. O total de recursos com taxas de juros será de R$36,45 bilhões, um acréscimo de 21% em relação ao que foi programado para a safra anterior. Então, o Governo, com esse Plano, ao tempo em que reduz em 22% os custos dos financiamentos, acrescenta recursos da ordem de 21% em benefício dos agricultores.

O valor do crédito rural destinado ao agronegócio é de R$58 bilhões, um aumento de 16% em relação à safra anterior, o que significa dizer, Sr. Presidente, que esse aporte de recursos vai garantir o aumento das exportações do nosso País, o aumento da arrecadação e, conseqüentemente, a geração de emprego e de renda no campo, no interior, na zona rural.

Desses R$58 bilhões destinados ao agronegócio, R$49 bilhões são para custeio e para comercialização e R$8,9 bilhões para os programas de investimentos. Esses 8,9 bilhões para investimentos são recursos do BNDES e dos Fundos Constitucionais, destinados aos programas geridos pelo Ministério da Agricultura.

Entretanto, Sr. Presidente, se houve um aumento nos recursos destinados ao investimento, o número de programas que são financiados por esses investimentos diminuiu de 9 para 6, sendo que os programas Moderagro, Proderagro e Prodefruta foram consolidados em um único programa, denominado Moderagro II, sob o argumento de aprimorar sua operacionalização. Vamos esperar a execução desse novo programa, que, ao que tudo indica, parece mais bem planejado.

Para fortalecer a média agricultura brasileira, o Governo também baixou a taxa de juros do Proger de 8% para 6,25%. O volume de recursos foi ampliado de R$700 milhões na safra anterior para R$2,2 bilhões. E um maior número de agricultores poderá ser enquadrado no Proger do plano agrícola de 2007 - 2008, pois o produtor deve ter uma renda bruta anual de até R$220 mil contra R$100 mil, definida na safra do ano passado e deste ano. O limite de crédito também foi ampliado de R$48 mil para R$100 mil por beneficiário, tanto para o custeio quanto para o investimento.

Por fim, alguns aspectos pontuais favorecem a agricultura familiar. O Governo prevê a disponibilização de até R$12 bilhões para o Pronaf, o que significa um avanço de 20% em relação ao disponibilizado no ano de 2006. Em relação ao Pronaf, as alterações no sistema de financiamento são várias. Entre elas, está a redução da taxa de juros; o aumento dos limites de financiamento; a criação da linha Pronaf Eco, o que vai permitir às famílias de agricultores de vários grupos financiarem projetos de investimentos destinados à implantação ou à recuperação de tecnologias de energia renovável (energia solar, eólica, biomassa, miniusinas de biocombustíveis) e a substituição de tecnologia de combustível fóssil para renovável nos equipamentos e nas máquinas agrícolas - os agricultores que adotarem essa sistemática terão, portanto, o estímulo do Governo Federal para continuarem nessa atividade. Também se podem financiar tecnologias ambientais, como estação de tratamento de águas e de dejetos, compostagem e reciclagem, cisternas, barragens, instalação e ligação de água ou pequenos aproveitamentos hidroenergéticos. A linha, que permite ainda o financiamento de atividades florestais para aproveitamento madeireiro e não-madeireiro, apresenta juros de 2% ao ano. Também se prevê a criação de um sobreteto para os produtores que financiarem mais de uma cultura: toda família que conseguir, ao abrigo do Pronaf, custeio, créditos para duas ou mais atividades, poderá receber um sobreteto de 20% para o financiamento de mais uma terceira ou quarta culturas. Essa linha permitirá o financiamento de atividades que não recebem até o momento aval do Pronaf, como artesanato, criação de pequenos animais, cultivo de plantas aromáticas e medicinais, entre outras.

Há outras medidas previstas a favor do Pronaf no Plano Agrícola, tais como o Pronaf-Jovem e o Pronaf-Mulher, sendo que o importante é assinalar, por um lado, a necessidade de essas medidas serem efetivamente implantadas e, pelo outro lado, o claro compromisso do Governo Federal com a agricultura brasileira.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse é um resumo do trabalho a ser efetivado no decorrer deste ano e no ano de 2008 pelo Governo Federal, por intermédio do Plano Agrícola e Pecuário e do Plano Safra da Agricultura Familiar.

Há, sem dúvida alguma, um claro a ser preenchido, um vazio a ser obscurecido neste Governo, qual seja a necessidade imperiosa de resolvermos essa verdadeira bomba-relógio que é o endividamento rural, o endividamento no campo, que vem, sem dúvida alguma, contribuindo para a redução das atividades agropecuárias.

O Governo Federal, de uma vez por todas, deveria resolver esse problema, a exemplo do que fez no passado o Governo de Fernando Henrique Cardoso, quando resolveu um problema gravíssimo, mas a um custo tremendo, de mais de R$30 bilhões, que foi a questão dos bancos falidos, que tiveram o aporte de bilhões de recursos, que tiveram o privilégio de verem atendidos seus pleitos governamentais.

Esperamos que os agricultores, que trabalham de sol a sol no campo, longe das cidades, sofrendo toda espécie de privação nas áreas da saúde e da educação, venham a ter a devida consideração e que essa questão do endividamento rural seja resolvida de uma vez por todas.

Sr. Presidente, era esse o discurso que gostaria de fazer, para enfatizar o plano governamental relativo à agricultura brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/08/2007 - Página 26005