Pronunciamento de Marconi Perillo em 07/08/2007
Discurso durante a 119ª Sessão Especial, no Senado Federal
Homenagem ao Sr. Antonio Ernesto Werna de Salvo, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária no Brasil - CNA.
- Autor
- Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.
POLITICA AGRICOLA.:
- Homenagem ao Sr. Antonio Ernesto Werna de Salvo, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária no Brasil - CNA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/08/2007 - Página 25973
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM. POLITICA AGRICOLA.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, AGRONOMO, PRESIDENTE, CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUARIA DO BRASIL (CNA), ELOGIO, EMPENHO, DESENVOLVIMENTO, ATIVIDADE AGRICOLA, ATIVIDADE AGROPECUARIA, FAVORECIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, OPORTUNIDADE, CRIAÇÃO, EMPREGO, MELHORIA, RENDA, INCLUSÃO, NATUREZA SOCIAL.
- IMPORTANCIA, INCENTIVO, PRODUTOR RURAL, SUPERIORIDADE, INFLUENCIA, ECONOMIA NACIONAL, DEFESA, INVESTIMENTO, PESQUISA TECNOLOGICA, ASSISTENCIA TECNICA, PRODUÇÃO AGRICOLA, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, RECONHECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), FAVORECIMENTO, DESCOBERTA, PLANTIO, REGIÃO CENTRO OESTE, ADVERTENCIA, NECESSIDADE, POLITICA, AGRICULTURA, OBJETIVO, PLANEJAMENTO AGRICOLA, LONGO PRAZO, ESPECIFICAÇÃO, SEGURO AGRARIO.
- ANALISE, SISTEMA FUNDIARIO, BRASIL, PROPRIEDADE IMPRODUTIVA, RESULTADO, INFERIORIDADE, DESENVOLVIMENTO, POSSIBILIDADE, SOLUÇÃO, ASSISTENCIA TECNICA, CREDITO RURAL, REFORMA AGRARIA.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias; Exmº Sr. Deputado Federal Dr. Leonardo Vilela, que, neste ato, representa a Câmara Federal; Exmº Sr. Governador do Estado do Mato Grosso, Blairo Maggi, que nos honra com sua presença; Ilmº Sr. Pio Guerra Júnior, Vice-Presidente Executivo da Confederação Nacional da Agricultura (CNA); Ilmº Sr. Geraldo Melo Filho, Superintendente-Geral da CNA; IImº Sr. Renato Simplício Lopes, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal; Ilmº Sr. Assuero Doca Veronez, Presidente da Federação da Agricultura do Estado do Acre; Ilmºs Diretores da CNA; Exmºs Srªs e Srs. Senadores e Deputados Federais; familiares e amigos do homenageado, Dr. Antônio Ernesto Werna de Salvo; senhoras e senhores, há uma reflexão de Leonardo da Vinci, um dos maiores gênios da humanidade, que talvez nos servisse para sintetizar a vida e a personalidade de Antônio Ernesto Werna de Salvo, a quem nos reunimos hoje para homenagear nesta sessão especial do Senado Federal.
Ensina-nos o pensador italiano que “um homem merece elogio ou censura unicamente em função do exercício do poder de fazer ou de não fazer”. Por outras palavras, os homens que se intimidam e que se apequenam serão censurados e pouco hão de ser lembrados; já os homens que ousam e que são audazes na luta por uma causa certamente receberão elogios e permanecerão na memória de todos nós.
A morte pode encerrar a vida no sentido mais restrito do termo, mas jamais encerrará a obra ou apagará as idéias, legado para as gerações de hoje e de sempre. Os dezessete anos de vigoroso trabalho empreendedor de nosso saudoso e querido Antônio Ernesto de Salvo à frente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA) permanecerão como marco referencial, porque, sob a batuta desse bravo líder, muitas das reivindicações do setor do agronegócio brasileiro materializaram-se.
Com tratoraço ou com caminhonaço, Antônio Ernesto parou Brasília, acordou o Brasil e o Governo, para ouvirem a voz em coro dos agricultores, dos pecuaristas, da brava gente brasileira, que tem aberto e construído a fronteira da agricultura, da agropecuária e do agronegócio, alavanca de um dos setores mais produtivos e significativos da economia brasileira, responsável por 50% das exportações brasileiras, por cerca de 37% dos empregos no Brasil e por cerca de 33% do nosso Produto Interno Bruto (PIB).
Quem conheceu de perto o querido Antônio Ernesto sabe como ele foi importante na abertura das portas do poder e da sociedade para compreenderem o papel significativo da agropecuária como mecanismo de geração de emprego e de renda, como mecanismo de geração de riqueza e de inclusão.
Quem conheceu no dia-a-dia nosso homenageado pode testemunhar como ele foi crucial para reivindicar tratamento justo para quem lavra a terra, cria o gado, alimenta o Brasil e gera os excedentes para as exportações nos pampas gaúchos, nos sertões nordestinos, nos cerrados do Centro-Oeste ou em outras partes do Brasil.
Nas palavras de Antônio Ernesto, “gaúchos valentes, nordestinos tenazes, sertanejos engenhosos, pioneiros destemidos lavram os campos, tangem boiadas, integram as selvas. A Nação não pode continuar a subestimá-los”.
E, nesse ponto, cremos que todos nós aqui, na sessão, temos um compromisso de honra com Antônio Ernesto: acabar com a visão paradoxal do Governo e de parte da sociedade em relação ao homem do campo.
A toda hora, reconhece-se o papel do Brasil como fronteira agrícola mundial e como país potencialmente produtor de alimentos para o mundo, mas parece haver o esquecimento, sobretudo por parte do atual Governo, de que a terra e o campo só frutificam pela mão calejada e experiente do produtor, do agricultor. Parece haver o esquecimento de que a agricultura e a agropecuária de hoje, para continuar a campear, precisam de assistência técnica, de pesquisa, de incentivos fiscais, de créditos e de tecnologia.
Contamos com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - é verdade -, que, como sempre reconheceu Antônio Ernesto de Salvo, tem sido celeiro de infindáveis descobertas na pesquisa, na tecnologia, desde o desenvolvimento de novas espécies ao plantio direto, como ocorre no Centro-Oeste. Entretanto, ainda não se fixaram no Brasil as bases de uma política para o setor agrícola, capaz de oferecer condições de planejamento a longo prazo. Muitas são as reivindicações ainda não atendidas, entre elas o seguro rural.
Ainda não se compreendeu no Brasil que, no contexto da economia globalizada, as atividades agropastoris precisam de marcos regulatórios, porque, assim como em qualquer outro ramo de negócios, hoje, o sucesso e o lucro dependem da administração rigorosa, sensata e voltada para a absorção de tecnologia de ponta.
Engenheiro agrônomo, formado pela Escola Nacional de Agronomia da Universidade Rural do Brasil, Antônio Ernesto percebeu, como poucos, a importância de se acompanhar a marcha dos ventos, de manter-se em permanente desenvolvimento.
Desse modo, nosso homenageado conseguiu manter a produtividade da Fazenda Canoas, no Município de Curvelo, onde aprimorou o rebanho Guzerá dia após dia, ano após ano. A dedicação transformou-o num dos maiores especialistas da área, a ponto de ter o mérito reconhecido não só pela Embrapa, mas também pelas Associações de Criadores de Guzerá e de Zebu.
Para Antônio Ernesto de Salvo, quando se traçava um objetivo, não havia curvas nem desvios, mas tão-somente uma reta a ser seguida. Foi assim que se tornou uma liderança inconteste, legítima, capaz de defender o setor agropecuário, em qualquer instância, com bravura e com tenacidade; foi assim que se entregou à luta em favor do agronegócio no Brasil.
Os debates em torno da questão fundiária no Brasil têm um denominador comum: a propriedade improdutiva é uma das razões para o subdesenvolvimento. Entretanto, desde a década de 60, uma corrente vê como solução para o problema o desenvolvimento científico e tecnológico, a assistência técnica e o crédito rural, no tempo e no volume necessário. A outra corrente propugna uma reforma agrária capaz de mudar o perfil fundiário brasileiro.
Antônio Ernesto não era homem de meias-palavras: defendeu, com vigor, a propriedade produtiva na Constituição de 1988, mas nunca escondeu o descrédito na reforma agrária como mecanismo de justiça social ou de distribuição de renda.
Nesta sessão em que homenageamos um dos maiores ícones do setor agropastoril no Brasil, não poderíamos deixar de lembrar-lhe uma característica própria, específica: a de aliar extremo conhecimento técnico, com fluência em línguas estrangeiras, a hábitos muito simples. Seu Antônio era, na essência, o típico homem do campo, que, acima de qualquer coisa, cultivava a boa prosa, a conversa franca e sincera na porteira da fazenda, em roda de amigos.
Seu Antônio Ernesto era, no coração, o menino nascido em Curvelo que desbravou o campo e que conquistou o mundo, mas que jamais apagou no peito a chama da simplicidade e da ternura, que sempre dedicou à esposa, D. Jane, aos filhos Antônio, Gustavo e Patrícia e aos netos Antônio, Pedro e Daniel.
Como nos ensina Theodore Roosevelt, em sábias palavras: “É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo se expondo à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece nem vitória nem derrota”.
Antônio Ernesto alinha-se a homens que não passaram pela vida sem marcar suas posições com matizes ideológicas diferentes. Nosso homenageado alinha-se a muitos outros brasileiros e aos grandes homens públicos que tinham posições e as defendiam com honestidade intelectual. Fazia jus ao dizer de Milton Campos, que aqui nos permitimos traduzir com nossas palavras: “O estadista tem a posição de suas idéias e não as idéias de sua posição”.
Antônio Ernesto de Salvo deixou-nos a imagem de um guerreiro de batalhas não vencidas pela agricultura e pela pecuária, mas sobre isso pode testemunhar a seu favor a frase do também notável brasileiro Darcy Ribeiro: “Lutei muitas batalhas; umas ganhei, outras perdi. Tenho pena dos que me venceram”.
Assim também poderia pensar nosso homenageado. O que os venceram trabalharam em favor do juro alto para a atividade primária, sucatearam o setor público agrícola nacional, contingenciaram dinheiro da infra-estrutura, baixaram os preços dos produtos agrícolas, patrocinando uma brutal transferência de renda do setor agropecuário para o sistema financeiro e para as agroindústrias de insumos e de tecnologia. Na verdade, não venceram Antônio Ernesto; empobreceram o Brasil.
As bandeiras de lutas das batalhas não vencidas por esse importante líder classista decerto permanecerão entre nós como motivos de nossas lutas e de exemplos a serem seguidos, porque só se ouvem elogios e louvor ao seu poder único de fazer acontecer, ao seu poder inestimável de realizar e de construir!
Que todos nós possamos envidar esforços para edificar o Brasil, movidos pelos pensamentos de homens como Antonio Ernesto, que nos ensina: “O ideal maior que nos une aqui é o de termos um País digno para nós e para nossos filhos, onde o desenvolvimento retorne, onde se distribua a riqueza, onde o Estado forte zele pela harmonia do crescimento e contribua para a saúde do conjunto da sociedade”.
Era o que tinha a dizer, nesta homenagem que considero extremamente justa que o Senado realize em favor de Antônio Ernesto de Salvo.
Muito obrigado. (Palmas.)