Discurso durante a 119ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao Sr. Antonio Ernesto Werna de Salvo, presidente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária no Brasil - CNA.

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA AGRICOLA.:
  • Homenagem ao Sr. Antonio Ernesto Werna de Salvo, presidente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária no Brasil - CNA.
Aparteantes
Adelmir Santana.
Publicação
Publicação no DSF de 08/08/2007 - Página 25976
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PRESIDENTE, CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUARIA DO BRASIL (CNA), ELOGIO, EMPENHO, DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA, AGROPECUARIA, BRASIL, INCENTIVO, CRESCIMENTO, MODERNIZAÇÃO, PRODUÇÃO AGRICOLA, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, SETOR, VALORIZAÇÃO, PRODUTOR RURAL.
  • CRITICA, TENTATIVA, SEPARAÇÃO, CLASSE PRODUTORA, DEFESA, RESPEITO, DIREITOS, PRODUTOR RURAL, NECESSIDADE, RECONHECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO.
  • ELOGIO, RENOVAÇÃO, CONCEITO, PRODUÇÃO AGRICOLA, CONTRIBUIÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, ESPECIFICAÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, REGISTRO, EMPENHO, CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUARIA DO BRASIL (CNA), INCENTIVO, MODERNIZAÇÃO, AGRICULTURA, FAVORECIMENTO, ECONOMIA, AUMENTO, EMPREGO, RENDA.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Pela Liderança do PDT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Componentes da Mesa, Governador Blairo Maggi, autoridades e familiares presentes, Senadores e Deputados, gostaria de fazer esta manifestação de homenagem ao grande líder rural Antônio Ernesto também em nome do meu amigo Deputado Abelardo Lupion, que me pediu para transmitir que representa, nesta solenidade, a ABCZ - Associação Brasileira de Criadores de Zebu.

Recordo-me de uma homenagem que já prestamos aqui, por requerimento da Senadora Kátia Abreu, mas quero agradecer ao Senador Marconi Perillo, que preside esta sessão, por voltarmos a tratar desse assunto e homenagearmos esse grande líder rural, que escreveu uma história muito importante na agricultura brasileira.

É só lembrar que há 17 anos, quando ele assumiu a presidência da CNA, tínhamos uma realidade na agricultura brasileira completamente diferente. O Governador Blairo Maggi, um agricultor de sucesso, sabe que, há 17 anos, portanto em 1990, o Brasil ainda estava na casa dos 60 milhões de toneladas de grãos produzidos. A partir de 1990, novas fronteiras foram abertas, graças ao esforço de muitas lideranças rurais, à competência da Embrapa, mas, sobretudo, graças à persistência de líderes rurais como Antônio Ernesto. Ele lutou muito, e mais do que dobramos a produção. Na verdade, aumentamos em 120% a produção no período de mandatos sucessivos de Antônio Ernesto diante da CNA, graças à cobrança feita pelas lideranças de classe.

Os líderes de classe deste País têm um papel fundamental na evolução, crescimento e modernização da agricultura e na conquista do respeito - talvez a maior conquista dos agricultores brasileiros - da sociedade. Se bem que, de alguns anos para cá, precisamos retomar essa luta. Estamos precisando retomar a luta iniciada por líderes como Antônio Ernesto, que viram que não era possível a sociedade olhar para os produtores rurais, para os agricultores, de uma forma discriminatória e, em muitos casos, entendendo que a agricultura era um peso para o País, quando, na verdade, era a alavanca.

Antônio Ernesto simplificava, no seu discurso sempre eficiente e bonito, os conceitos do que representa o setor agropecuário para o Brasil, o agronegócio; um termo novo criado também nesse período, que, na verdade, começa a ser desvirtuado novamente, quando algumas pessoas tentam separar agronegócio, grande produtor, de agricultura familiar, pequeno produtor, como uma classe diferenciada. Não, todos pertencem ao agronegócio. O agricultor familiar, o microprodutor, o pequeno produtor, o médio, o grande produtor, todos pertencem à mesma categoria, e essa separação só enfraquece o setor. Ela só interessa a quem quer ver o setor enfraquecido.

Uma das lutas de Antônio Ernesto foi exatamente essa. E tive o privilégio de conviver com ele durante todos esses anos, antes como Secretário da Agricultura do Paraná, quando tivemos uma convivência estreita, e doze anos e meio depois como Senador no meu segundo mandato, praticamente falando com ele todas as semanas, por telefone ou pessoalmente, almoçando com Antônio Ernesto, aprendendo seus conceitos, suas teses.

Pude, nesse período, firmar meu conceito de que não é possível mais, neste Pais, descuidarmo-nos da luta permanente - e para isso quero dizer que a maior homenagem que podemos prestar a Antônio Ernesto é continuarmos essa luta - de não permitirmos que haja desrespeito com o produtor rural brasileiro.

Em todos os países, nos mais desenvolvidos, principalmente, os produtores rurais são tratados com uma verdadeira devoção: são respeitados, são homenageados, são importantes para o governo, são importantes para a sociedade. Aqui, tenta-se colocar em prática um discurso que muitas vezes distorce a realidade, promovendo a separação de classes, que não leva a lugar algum. Essa separação de classes, como eu já disse, interessa a quem quer ver o campo dividido, enfraquecido, para não ganhar suas reivindicações e ter os seus direitos respeitados, principalmente no que se refere à legislação brasileira e às políticas públicas para o setor.

Um dos mais modernos conceitos que tive a oportunidade de discutir com Antônio Ernesto foi o de que há pouquíssimo tempo havia um outro preconceito, principalmente por parte de algumas ONGs - porque não podemos generalizar, há ONGs sérias e aquelas que estão prestando serviços exatamente para enfraquecer o poder de competição do nosso País no mercado internacional -, de que produzir significava destruir. E começamos a pensar juntos: porque queriam incutir na sociedade o conceito de que produzir significava destruir?

E agora naturalmente surge um grande movimento. Vejo o Presidente Lula fazendo sua peregrinação - ontem esteve no México - para pregar a nova era do biocombustível, da bioenergia, em que o conceito é exatamente o contrário: é preciso produzir para preservar. É esse o conceito que trago comigo desde o tempo em que eu era Secretário e, discutindo com o Antônio Ernesto, todos nós, líderes rurais, ficávamos indignados quando ouvíamos dizer que a agricultura tinha de ser detida porque poderia destruir o meio ambiente, quando sabemos que é o contrário. A agricultura moderna, produtiva concorre e contribui para preservar os recursos naturais. É só ver o que aconteceu nos últimos dezessete anos, quando houve um aumento de produção de 120% e a área só cresceu 20%. Cem por cento foi em função da produtividade que cresceu, em cima de novas técnicas e novas tecnologias.

A CNA tem muito a ver com isso, tem muito a ver com toda essa luta do setor agropecuário para, primeiramente, implantar novas tecnologias e cobrar dos órgãos públicos políticas públicas e tecnologias à disposição para que pudéssemos ter, efetivamente, mais eficiência no setor produtivo. A CNA e o Antônio Ernesto têm muito a ver com a verdadeira revolução de conceitos que houve na nossa agricultura, que hoje é considerada moderna, competitiva e assusta o mundo todo. E, talvez por assustar o mundo todo, muitos ainda pretendem e ousam apresentar publicamente, até na imprensa, esses conceitos que acabam quase sempre prejudicando a imagem daqueles que contribuem tanto, como disse aqui o Senador Marconi Perillo, para a balança comercial, para os empregos, para a geração de renda do brasileiro.

Acho que consegui sintetizar aquilo que eu pensava em apenas uma frase, quando disse que a melhor homenagem, Senador Marconi Perillo e Governador Blairo Maggi, que nós podemos prestar ao nosso amigo Antônio Ernesto é continuarmos a sua luta, para fazer com que o conceito da sociedade brasileira e dos governos - especialmente dos governos - seja de respeito à classe de produtores, que são a alavanca deste País. Precisamos conseguir esse respeito novamente.

De uns tempos para cá - vou repetir -, há pessoas que tratam o agronegócio como algo nocivo ao País, quando é exatamente o caminho para o crescimento do País. Precisamos mudar o conceito na cabeça de muitas pessoas. De algumas, nós não vamos conseguir. De algumas, tenho certeza de que não vamos conseguir. Vamos desistir de algumas. Mas não vamos desistir da maioria da sociedade brasileira, que precisa entender que Antônio Ernesto trabalhou durante dezessete anos na CNA, mas trabalhou sua vida inteira para construir, na sua propriedade rural e no seu ambiente de trabalho e de amizade, para construir conceitos hoje muito modernos. Ele começou lá atrás, pregando esses conceitos, os quais sigo, como seu discípulo e, sobretudo, como seu admirador.

Agradeço à Senadora Kátia Abreu por ter produzido este material, em que, inclusive, descreve uma viagem do Antônio Ernesto a Belo Horizonte, o vôo em que ele começou a escrever algumas memórias a respeito de um assunto de que ele tanto tratou: a agricultura. Em um de seus primeiros manuscritos, ele dizia que gostaria de ser lembrado exatamente pela sua luta em defesa da agricultura.

Sei que falo também em nome do Deputado Luiz Carlos Hauly, do Paraná, que sempre compareceu às reuniões da CNA, convocado pelo Antônio Ernesto, e, repito, meu amigo Lupion, aqui presente, e todos nós.

É claro que estamos muito tristes com a falta do Antônio Ernesto, mas temos de homenageá-lo e registrar aqui que sua história é uma história de luta, uma vida muito bonita dedicada à agricultura brasileira e ao País.

Agradecemos muito ao nosso Líder Antônio Ernesto pelos ensinamentos que nos deixou.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/08/2007 - Página 25976