Pronunciamento de Flexa Ribeiro em 08/08/2007
Discurso durante a 121ª Sessão Especial, no Senado Federal
Homenagem à memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.
- Autor
- Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
- Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Homenagem à memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/08/2007 - Página 26924
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, EX-DEPUTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, POLITICA NACIONAL, DETALHAMENTO, LIDERANÇA, HISTORIA, BRASIL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros; Srª Arlete Magalhães; Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Dr. Rider Nogueira de Brito; Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior; Deputado Federal ACM Neto; Srª Teresa Helena Magalhães; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados; Parlamentares da Bahia; familiares do Senador Antonio Carlos Magalhães; minhas senhoras e meus senhores, apesar do pouco tempo de convivência que mantive com a figura do homem público cuja memória aqui homenageamos, pude constatar que ele foi um esmerado cultor das artes da política. De tais artes, ele conheceu a intimidade, os segredos que só podem ser alcançados por uma bem dosada mistura de intuição e vivência.
E, se as conheceu, é porque passou por toda a amplitude de experiências que a vida política propicia: vitórias, derrotas, a exigente rotina de administrador público e de Parlamentar, momentos gloriosos e também momentos difíceis.
Depois de 36 dias internado no Instituto do Coração, em São Paulo, o Senador dos baianos sucumbiu à falência de múltiplos órgãos às vésperas dos 80 anos.
A lacuna é inegável. Alguns, Sr. Presidente, nobres Senadores e Senadoras, podem discordar de algumas das opções políticas tomadas por ACM em sua longa trajetória, mas não podem, no entanto, deixar de reconhecer o brilho pessoal, a aguda e sensível inteligência política, as idéias modernas e desenvolvimentistas que marcaram essa trajetória.
Endossando as palavras do ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, ACM marcou a história da Bahia e do Brasil. Para além de sua relevância política, encarnava o personagem forte, rápido, respeitoso, polêmico e encantador, sempre preocupado com a eficiência e com a competência.
Sr. Presidente, analistas de vertentes mais distintas sentenciam que a morte do Senador Antonio Carlos Magalhães encerra o ciclo da história política brasileira da segunda metade do século XX. Fundador do PFL há exatos 27 anos, ocupou, invariavelmente, lugar de destaque em todos os episódios marcantes da política nacional desde, no mínimo, a Era JK.
Nessa linha, ACM teve a mais extensa carreira de êxito dentre os políticos que conheceram a notoriedade no limiar dos anos 50. Sem dúvida, a duração incomum da carreira exitosa de Antonio Carlos Magalhães deveu-se a um faro político excepcional, capaz de traçar milimetricamente o rumo dos objetivos programados. Em suma, o aspecto central do projeto político de ACM foi misturar formas tradicionais de ação com novos arranjos modernizadores. Ele é, sem sombra de dúvida, o maior responsável pela modernização e o grande desenvolvimento econômico da Bahia nas últimas décadas.
Não há quem conteste, minhas senhoras e meus senhores, o extraordinário desenvolvimento obtido pelo Estado da Bahia sob os Governos de Antonio Carlos Magalhães e seu grupo político. Não lhe faltou visão administrativa; sua determinação como empreendedor nunca fraquejou, e ele sempre soube revelar para a política baiana e nacional executivos competentes e criativos.
Como Prefeito de Salvador, ele mudou, nos anos 60, o projeto urbanístico e revitalizou a capital. No Governo Estadual, atraiu investimentos de grande porte, como o Centro Industrial de Aratu.
Logo depois, articulou a construção do Pólo Petroquímico de Camaçari. De volta ao Governo Estadual nos anos 90, dessa vez pelas urnas, investiu fortemente em turismo, transformando principalmente o sul da Bahia em um paraíso de resorts e condomínios de luxo. Também exerceu papel determinante para que a Ford instalasse um pólo automobilístico no Estado, de vital relevância para a economia local e nacional.
Os números econômicos de sua administração revelam-se excepcionais. De 1971, seu primeiro mandato como Governador, a 2006, Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior, quando o seu grupo político deixou o poder, o PIB da Bahia pulou de US$10 bilhões para nada menos que US$52 bilhões. Um crescimento de 420%, maior que o do País e o do Nordeste, no mesmo período.
Filho de família de classe média, ACM, a legenda, começou a trabalhar ainda na adolescência como jornalista. Depois seguiu o exemplo do pai, Francisco Magalhães, um médico e professor universitário, que chegou a ser Deputado Federal.
Em 1984, rompeu com o regime militar, recusando-se a apoiar o então candidato dos militares à Presidência e apoiando o oposicionista Tancredo Neves. Figura em ascensão durante os governos militares, ACM consagrou-se, assim, como peça-chave na transição política, quando apoiou a dissidência do regime.
Na seqüência, teve participação decisiva, como articulador e amigo fraterno e leal do Presidente Sarney.
Na democracia, ACM foi Governador e Senador pela Bahia, além de Ministro das Comunicações. A sua especial habilidade para articular, em grande estilo, foi essencial para a concretização da coligação PFL-PSDB, um fator determinante que levou Fernando Henrique à Presidência da República.
Concluo, D. Arlete, fazendo minhas as palavras de um poeta que diz que algumas pessoas não morrem; algumas pessoas se tornam encantadas. Antonio Carlos Magalhães, sem sombra de dúvida, é uma dessas pessoas. Tornou-se encantado e estará presente, permanentemente, conosco no plenário do Senado Federal, orientando-nos, encaminhando-nos, dando-nos força para trabalhar em benefício da nossa população e do Brasil.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. (Palmas.)