Discurso durante a 121ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.

Autor
Romeu Tuma (DEM - Democratas/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2007 - Página 26925
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, EX-DEPUTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, VIDA PUBLICA, REGISTRO, APOIO, ORADOR, ATUAÇÃO, POLICIA FEDERAL.

O SR. ROMEU TUMA (DEM - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente Renan Calheiros, obrigado pela deferência.

Dona Arlete Magalhães, querida esposa do nosso grande amigo Antonio Carlos Magalhães; Dona Tereza Helena Magalhães, filha do Senador Antonio Carlos Magalhães; Senador Antonio Carlos Júnior, filho e, diria simplesmente, meu irmão, pois convivemos muito próximos, durante o período da sua gestão tão brilhante neste Senado, em substituição ao nosso querido amigo e seu pai, Antonio Carlos Magalhães; ACM Neto, figura exponencial, um jovem que tem transmitido o seu discurso e inteligência brilhantes, alcançando a juventude do País, dando um exemplo para o futuro. Com certeza, será imitado por grandes homens do futuro - e você é um deles. Quantas vezes eu o vi aqui, Deputado ACM Neto, conversando com o seu avô. Eu me sentia bem quando meu filho me abraçava e ficava conversando ali no meio comigo. Ele tinha, talvez, esse mesmo sentimento, ACM Neto.

Cumprimento também o Sr. Ministro Rider Nogueira de Brito, Presidente do Tribunal Superior do Trabalho.

Sr. Presidente Renan Calheiros, pouco eu poderia falar a não ser cumprimentar V. Exª pela idéia do busto desse ilustre brasileiro nesta Casa. Creio que foi uma das idéias brilhantes nesta hora de sofrimento e tristeza. Endossaria as palavras do Senador César Borges, que com ele conviveu toda vida política, iniciada e apontada por Antonio Carlos, que deu direcionamento a César Borges e a outros Parlamentares que aqui estiveram.

Cito também o Senador José Sarney, esse admirável exemplo de homem público, ex-Presidente da República, grande Líder neste Senado, que nos relatou a juventude, quando do ingresso na carreira política, dele e de Antonio Carlos Magalhães. O que mais este político... Eu não era político, nunca fui; fui, pelas mãos de V. Exª, funcionário, e acabei vindo para cá. E aprendo muito com esta Casa. Então, nada mais eu poderia falar, a não ser endossar as palavras desses três oradores.

Sei que um dia, Antonio Carlos Júnior, bateram na minha porta, em casa, em São Paulo. Eu pedi que o rapaz abrisse a porta. Ele disse: “Tem um senhor aí que diz ser o Antonio Carlos Magalhães”. Eu falei: “Você está brincando. Deixa eu ir lá ver”. Era o Antonio Carlos Magalhães. “Vim tomar um café com você, Tuma”. Ele entrou em casa. Estávamos eu e a Zilda. Aquela figura exponencial de homem público, cheio de amor, de carinho, veio com esse sorriso tão bonito que, desde as três horas, estamos encantados de olhar, e que já penetrou na nossa alma e no nosso coração. Assim que é gostoso ver Antonio Carlos Magalhães, com esse sorriso, com essa bondade permanente. E lá ficamos conversando. A minha mulher se emocionou tanto, D. Arlete, que começou a chorar. Então, eram dois homens e uma mulher a chorar de emoção pela presença dele na minha casa, como uma figura que eu aprendi a admirar.

Quando o Senador Sarney me colocou como Diretor da Polícia Federal, eu fui inaugurar a Superintendência da Bahia e pedi ao Delegado que fizesse o favor de convidá-lo. Eu achava difícil que ele fosse, mas seria importante a presença dele. Antes de eu chegar lá, ele já estava me esperando. Comigo, inauguramos a Superintendência da Polícia Federal na Bahia.

Ele nunca nos faltou. Sempre que precisávamos de qualquer tipo de apoio, Antonio Carlos estava presente, no seu gabinete, na Presidência, como Senador. Eu o procurava e conversava com ele, que nunca deixou de ter tranqüilidade na troca de idéias e na busca de uma solução que fosse correta para esta Casa e para o País.

Senador José Sarney, V. Exª, como outros, descreveu o amor dele pela Bahia. Todos nós captamos um pedaço desse amor pela Bahia. Duvido que algum dos Congressistas presentes não tenha um pouco de amor pela Bahia, que foi transmitido durante esse período por Antonio Carlos Magalhães.

Ele também pensava muito nos brasileiros em geral. Quando surgiu a idéia de, pensando nos pobres, criar o que V. Exª chamou de o embrião do Programa Bolsa-Família, ele nomeou uma comissão. Eu fui membro dessa comissão. Caminhamos pelo Brasil inteiro, porque ele queria saber, em cada setor do País, onde a miséria grassava. Ela não estava somente no Nordeste ou no Norte, mas também no Sul e em São Paulo. Ainda ontem, tivemos a destruição de quase metade de uma favela por um incêndio que não poupou nada. Então, há miséria em todo o País, Senador José Sarney. Quando o relatório foi feito, ele imediatamente trabalhou firme para a sua aprovação e a conseguiu.

Tantas outras coisas... Ele não deixou de amar os Estados. Ele me contava: “ah, quando vou a São Paulo, eu me sinto feliz, porque passo no shopping, dou uma volta, vou jantar em um restaurante e sou aplaudido. Sou aplaudido e recebido, às vezes, de pé”. Então ele tinha orgulho dessa presença, em que todos os brasileiros o admiravam. São Paulo também. Meu amor por São Paulo não deve ser menor que o dele pela Bahia, mas nós dividimos um pouquinho para cada um, porque baianos há muitos em São Paulo. E nós nos damos bem.

Dona Arlete, conversando com ele nas últimas visitas que fiz no hospital, perguntei: “Cadê Dona Arlete, não veio hoje?” Ele falou: “Aquela mulher é uma santa, sempre ela está do meu lado”. E repetiu mais uma vez que a senhora é uma santa, com bastante entusiasmo, carinho e amor, que demonstra, Júnior, o amor que ele tinha pela família, como ele se sentia feliz quando via um neto, um filho. Fez referência à Teresa também. Então, tudo isso calou fundo na nossa alma. Aprendi muito com ele, pela dignidade, pelo respeito, pelo amor que ele tinha pelo País e pela parte pública. Ele não deixava que ninguém desrespeitasse o interesse público. Sempre vigilante, sempre fiscalizando e sempre lutando para que a dignidade imperasse nesse cenário.

Era isso, Sr. Presidente. Não tenho mais condições de continuar. Não quero ir para o pronto-socorro. Prefiro ficar ainda mais um pouco por aqui.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2007 - Página 26925