Discurso durante a 121ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2007 - Página 26933
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, EX-DEPUTADO, EX PREFEITO, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), EX PRESIDENTE, SENADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, MODERNIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, QUALIDADE, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, TRABALHO, LEGISLATIVO.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros; Sr. Antonio Carlos Magalhães Junior, Senador da República; Srª Arlete Magalhães; Srª Teresa Magalhães; Sr. Antonio Carlos Magalhães Neto; Sr. Presidente do Tribunal Superior do Trabalho; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados; senhoras e senhores, eu não tive como chegar ao velório do Senador Antônio Carlos Magalhães; estava no meu Estado, Rondônia, no norte do País. Consultei as empresas aéreas e teria que pegar quatro aviões para chegar a Salvador: Rondônia/Cuiabá; Cuiabá/Brasília; Brasília/Rio de Janeiro e Rio de Janeiro/Salvador. Fizemos todos os cálculos e não teria como chegar a tempo. Lamentei muito.

O Senado Federal, a Bahia e o Brasil perderam, no último dia 20 de julho, uma de suas figuras mais importantes: o Senador Antônio Carlos Magalhães. Sempre fiel aos seus amigos, o Senador Antônio Carlos nunca se desviou um milímetro sequer da defesa dos mais legítimos interesses da Bahia e do Brasil. Aqui nesta Casa, mesmo vivendo seus últimos dias, seus últimos momentos, não se furtou a ocupar esta Tribuna para externar suas convicções.

Cumprindo o papel de grande homem público que foi, não se cansou de apontar os acertos e os erros de nossos governantes. Seja neste Plenário, seja na Presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) - tarefa que desempenhou com inatacável maestria -, nunca se acovardou, muito menos se curvou a qualquer interesse que não fosse o interesse do povo brasileiro.

Não é possível falar da política brasileira dos últimos 50 anos sem mencionar a figura de Antônio Carlos Magalhães. Médico e jornalista, ocuparia o primeiro cargo público em 1954 - antes mesmo de eu ter nascido; eu nasci em 1955 -, quando se elegeu

Deputado Estadual pela Bahia. Logo em seguida, elegeu-se Deputado Federal, cargo que ocuparia por dois mandatos. Um exemplo dado ao filho Luís Eduardo Magalhães e ao neto Antonio Carlos Magalhães Neto, que ocupa hoje o mandato de Deputado Federal.

Seu brilhante desempenho político e seu inegável carisma foram reconhecidos pelo Governador Luís Viana Filho, que o nomeou Prefeito de Salvador. Nascia ali o administrador público Antonio Carlos Magalhães, cujo desempenho frente à Prefeitura da capital baiana lhe renderia o título de Prefeito do Século.

Governou a Bahia por três vezes. Foi o maior responsável pela extraordinária modernização do Estado, capitaneada pelo notável crescimento econômico e pela consolidação como pólo turístico nacional, feitos que transformaram a Bahia em um dos mais importantes Estados da Federação brasileira, o mais destacado do Nordeste brasileiro.

Mas talvez o maior legado do Senador Antonio Carlos tenha sido sua decisiva participação na redemocratização deste País, fato do qual é testemunha o Senador José Sarney, que foi peça fundamental na transição democrática deste País, juntamente com Antonio Carlos Magalhães. Não fosse o seu rompimento com o candidato governista, não teria sido possível a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral e o fim do regime militar.

Depois da volta à democracia, enfrentou, de forma vitoriosa, o teste das urnas. Elegeu-se Governador da Bahia e ocupou por duas vezes a cadeira de Senador da República, abrilhantando esta Casa com sua reconhecida competência e com sua incansável dedicação às causas de seu Estado e do Brasil.

Presidiu o Senado por dois biênicos consecutivos. Sem sombra de dúvida - e com todo o respeito, Sr. Presidente, pois V. Exª faz uma excelente gestão -, Antonio Carlos realizou uma das melhores gestões que esta Casa já conheceu, feito reconhecido por todos os espectros partidários e ideológicos aqui representados à época.

À frente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, imprimiu sua marca de trabalho e seriedade. Nunca na existência do Senado o desempenho da CCJ alcançou tamanho reconhecimento, seja pela importância dos assuntos tratados, seja pelo número de matérias apreciadas. Lembrava-me, hoje de manhã, na CCJ, a luta do Senador Antonio Carlos. Todas as semanas, S. Exª chegava no horário certo e pedia aos Senadores que chegassem no horário marcado para votar o pacote de medidas contra a violência e em favor da segurança pública de nosso País. Este legado S. Exª deixou na CCJ, dentre outras tarefas desempenhadas.

A perda de um homem público da estatura de Antonio Carlos Magalhães é irreparável. O Senado e o Brasil perdem uma de suas principais referências, uma verdadeira lenda da política nacional dos últimos 50 anos. Nós, Senadores, perdemos um amigo e um conselheiro. Eu tinha nesta Casa duas pessoas com quem me aconselhava. Continuo aconselhando-me - e espero que por muito tempo - com o Senador José Sarney. A outra pessoa era o Senador Antonio Carlos Magalhães.

Mas quem mais perde é a Bahia.

O povo baiano está órfão do seu maior líder, um homem que nunca se cansou de defender os interesses de sua terra e de seu povo, custasse o que custasse, doesse a quem doesse. Podem criticá-lo por tudo, menos por não ter amado a Bahia e o seu povo.

Antonio Carlos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fará muita falta a este Congresso e a este País.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2007 - Página 26933