Discurso durante a 121ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem a memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a memória do Senador Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2007 - Página 26945
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, EX-DEPUTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, VIDA PUBLICA, PARTICIPAÇÃO, POLITICA NACIONAL, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, Srª Arlete Magalhães, viúva do Senador Antonio Carlos Magalhães; Srª Teresa Helena Magalhães; Deputado Federal Antonio Carlos Magalhães Neto; Senador Antonio Carlos Júnior; Srªs e Srs. Senadores, minhas senhoras e meus senhores, vou dizer algumas breves palavras sobre a figura do Senador Antonio Carlos.

É impossível dizer agora o que já não foi dito antes ao longo de sua vida e neste dia de hoje. Apenas uma manifestação pessoal que me senti na obrigação de fazer, porque fui amigo de Luís Eduardo e tive a simpatia, a cordialidade e, diria até, a amizade do Senador Antonio Carlos. Gosto muito do neto dele, um dos melhores políticos brasileiros de sua geração.

Eu gostava de alguns aspectos da personalidade do Senador Antonio Carlos Magalhães que, usualmente, não são consideradas como virtudes ou até mesmo elogiadas. Gostava muito de quando ele ficava bravo, de quando ele se irritava e de quando ele dizia o que tinha na cabeça.

Penso que há uma imensa necessidade, neste Brasil de hoje, especialmente para nós da área política, de falarmos a verdade e falarmos verdadeiramente o que pensamos. Não o que pensa o vento fácil da opinião pública, mas o que pensa a consciência de cada um de nós.

O Senador Antonio Carlos não tinha medo de dizer o que pensava. E dizia mesmo. Muitas vezes, injusto; muitas vezes, precipitado, mas sempre honesto, honesto com ele mesmo. E essa honestidade a que me refiro, essa capacidade de dizer o pensamento verdadeiro que se tem, falta ao Brasil de hoje de maneira total.

A convicção que a população tem é a de que poucos falam a verdade. Palavras de políticos vão com o vento. São afirmações fáceis, feitas a qualquer propósito e a qualquer pretexto. O elogio pelo elogio, a crítica pela crítica, nada que tenha coração. E a crítica do Senador Antonio Carlos tinha coração, e o seu elogio também. Esse é um ponto.

O segundo ponto são comentários sobre ter sido o Senador Antonio Carlos, em sua vida pública, contraditório. Eu gosto disso. Prefiro muito mais a contradição dos que pensam, dos que são livres, à coerência elementar dos que são oportunistas, que se dobram ao primeiro governante da esquina, à primeira moda, à primeira tentação do aplauso. Isso não ajuda o Brasil a melhorar. Ajuda o Brasil a melhorar quem diz o que pensa, nem que, para isso, tenha de ser necessariamente contraditório. Natural que seja contraditório. Somos um País complexo, cheio de contradições. Impossível ser aqui linear, impossível ser aqui absolutamente reto, porque não dá para sê-lo. O Brasil não foi formado assim. Somos um País contraditório que se criou por um processo histórico que nos permite avaliar vários países em um só e várias realidades em uma só. A síntese disso tudo é o brasileiro legítimo, aquele que pensa livremente e que é capaz de ser contraditório, mas essencialmente brasileiro.

O Senador Antonio Carlos Magalhães foi um grande brasileiro. Mais ainda: acho que ele morreu no pior momento para o Brasil. Nunca estivemos tão complicados, nunca valemos tão pouco como valemos agora, nunca se prestou tão pouca atenção à palavra nossa. Agora, na palavra do Senador Antonio Carlos Magalhães, todos prestavam atenção, contraditória ou não, agressiva ou não, conciliadora ou combativa. Era a palavra sincera de um homem público que tinha um enorme espírito público e que se preocupava com o seu País e, mais do que isso, preocupava-se com sua terra e com seu chão.

Disse-me o Senador Tasso Jereissati que, ao visitá-lo nos últimos dias, ele pediu que, tantas vezes quanto fosse possível dizer, falassem do seu amor à Bahia.

Poucos políticos brasileiros fizeram pelo seu Estado o que o Senador Antonio Carlos fez pelo dele. E fez muito bem. De uma maneira especial, no Nordeste, nas áreas mais pobres do Brasil, líderes políticos têm que dar prioridade aos problemas do seu Estado; questões gerais e questões particulares que resolvem as condições objetivas da população. O Senador Antonio Carlos fez isso, com determinação, coragem, de forma incisiva.

Não gosto desse deserto de homens. Não é porque eu tenha na minha família uma formação udenista, como o Senador Antonio Carlos foi da UDN, mas por acreditar nisso, que o Brasil precisa mudar, que não dá para continuar desse jeito, nessa mesmice. E faz uma enorme falta neste Senado a palavra insubordinada, afirmativa, justa ou injusta do Senador Antonio Carlos Magalhães.

Somos muito mais pobres hoje do que fomos ontem, com a presença dele entre nós. Vamos honrar o que ele fez pelo Brasil e pelo Senado. Ao neto eu diria: seja como foi o seu avô, um grande brasileiro. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2007 - Página 26945