O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Renan Calheiros; Sr. Senador Antonio Carlos Júnior; Dona Arlete Magalhães; Dona Tereza Magalhães; Srªs Senadoras, Srs. Senadores; meus senhores e minhas senhoras, procurarei fazer da mesma forma como fez em vida o Senador Antonio Carlos Magalhães: serei breve e ágil na ação.

O exemplo que ele deixou para os pósteros foi um exemplo de força, coragem e destemor para decidir nas horas mais graves e difíceis. Nenhuma nação pode se desenvolver, alcançar resultados, alcançar sua própria grandeza, sem a atuação marcante dos seus líderes. A presença, na política brasileira, do Senador Antonio Carlos Magalhães certamente contribuiu, de forma positiva, para a formação de novas gerações no Brasil.

A sua coragem em fazer a chamada CPI do Judiciário... Quem poderia afrontar a Justiça, até então inatacável, impenetrável na sua ação? Antonio Carlos Magalhães moveu ações, articulou o Senado e conseguiu fazer a CPI do Judiciário, que, sem dúvida alguma, desembocou recentemente em uma reforma profunda do Judiciário, inclusive com a criação do Conselho Nacional de Justiça, inspirando-se também na atuação sempre valorosa do Ministro Nelson Jobim, com quem o Senador Antonio Carlos Magalhães mantinha as melhores relações.

Foi por meio da ação positiva de Antonio Carlos Magalhães que o Senado Federal - fato a que já se referiram vários oradores - conseguiu aprovar, também com o apoio da Câmara dos Deputados, o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Além disso, foi por meio da ação do Senador Antonio Carlos Magalhães que muito da nossa legislação foi alterada no que se refere à segurança pública. Conter a violência nas grandes cidades era a obsessão dele, bem como dar velocidade à aprovação, à tramitação de matérias importantes. De algumas delas eu tive a honra de ser o Relator por ele designado. Cito, como exemplo, o combate à lavagem de dinheiro, objeto de um projeto de autoria do Senador Pedro Simon, que foi aprovado no Senado Federal.

Finalmente, Sr. Presidente, para não me alongar mais, como sergipano, eu gostaria de agradecer, de forma emocionada, a obra magistral, com repercussões econômicas para a economia de Sergipe, da Bahia e, como de resto, para o Nordeste do nosso País, que foi a construção da Linha Verde, que teve, sem dúvida, a participação expressiva e efetiva do Governo de Antonio Carlos Magalhães, aproximando os dois Estados - Sergipe era um pedaço da Bahia - e contribuindo decisivamente para o incremento do turismo, gerando emprego e renda. Por essa razão, o Senador Antonio Carlos Magalhães tornou-se, com todo merecimento, cidadão honorário do Estado de Sergipe.

Sr. Presidente, parecendo até um ato de despedida, um gesto de despedida, estive, nas últimas semanas antes do seu desaparecimento, no Incor. Lá encontrei familiares e fui recebido pelo Senador Antonio Carlos Magalhães, ao lado do Deputado Federal ACM Neto.

Seu corpo, naturalmente, agredido pela doença que o corroía, não estava respondendo à sua mente, que estava lúcida, inteiramente voltada para as preocupações com a realidade do Brasil e manifestando seu interesse em sua participação, em que pudesse reintegrar novamente o Senado, continuar trabalhando na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e dar seu contributo para o desenvolvimento do nosso País.

Sua fisionomia era a de um homem que expressava ternura, que expressava alegria, que expressava tolerância e harmonia com o desenvolvimento do nosso País. Pena que seu desejo de voltar ao Senado não foi realizado, mas espero que seu exemplo de trabalho, seu padrão de eficiência e de coragem sejam seguidos por aqueles que aqui ficaram. Não tenho a menor dúvida de que seu sucessor, Antonio Carlos Magalhães Júnior, pela sua personalidade, pela forma discreta como age, haverá de, a seu modo, procurar preencher o vazio que aqui deixou Antonio Carlos Magalhães, que recebe as homenagens de um Senador de Sergipe, que muito lhe é agradecido pelo que fez pelo Brasil, pela Bahia e pelo meu Estado, pequenino, mas grato, o Estado de Sergipe. (Palmas.)