Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com a "campanha de imposturas" de que S.Exa. tem sido vítima por alguns veículos da imprensa, em especial a revista Veja.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Indignação com a "campanha de imposturas" de que S.Exa. tem sido vítima por alguns veículos da imprensa, em especial a revista Veja.
Publicação
Publicação no DSF de 15/08/2007 - Página 27477
Assunto
Outros > SENADO. TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INEXATIDÃO, INFORMAÇÕES, TENTATIVA, INTIMIDAÇÃO, ACUSAÇÃO, ORADOR, REGISTRO, EMPENHO, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, ENCAMINHAMENTO, DOCUMENTAÇÃO, CONSELHO, ETICA, CONTRIBUIÇÃO, APURAÇÃO, INOCENCIA.
  • REITERAÇÃO, DENUNCIA, TENTATIVA, FRAUDE, LEGISLAÇÃO, TRANSFERENCIA, CONTROLE SOCIETARIO, TELEVISÃO POR ASSINATURA (TVA), EMPRESA, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, PARTICIPAÇÃO, GRUPO ECONOMICO, EDITORA, PUBLICAÇÃO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a cada dia, sinceramente, eu me convenço mais de que a paciência requer prática, requer prudência, requer muita ponderação. Sirvo-me, portanto, mais uma vez, desta tribuna, nosso espaço insubstituível, para reiterar a mais profunda indignação com a incessante campanha de imposturas da qual sou vítima. Mais do que isso, Sr. Presidente, utilizo este espaço sagrado para evitar que os fuxicos irresponsáveis contaminem relações pessoais e relações políticas que tanto prezo nesta Casa do Congresso Nacional.

            Sou, Sr. Presidente, como todos sabem, um homem comum. Cometo erros, tenho defeitos e virtudes, mas, quando estou diante deles, assumo minhas responsabilidades.

            Agora que a fragilidade das acusações começa a ficar evidente, buscam, Sr. Presidente, fomentar a cizânia, criar mexericos, indispor-me com outros Senadores. Também, sinceramente, não vão conseguir. Trata-se de prática antidemocrática e repulsiva. Tenho a satisfação de poder dizer que só fiz amigos aqui, no Senado Federal. Mesmo aqueles cujas opiniões não convergem, em determinados momentos, com minhas opiniões são e continuarão sendo meus amigos.

            Desprezo, portanto, qualquer forma de rancor e tenho, todos sabem, profundo respeito por todos os meus Pares, sem exceção. Não cometeria a imprudência e a indignidade - hoje mesmo, tive oportunidade de telefonar para a querida Senadora Marisa Serrano - de constranger absolutamente ninguém. Fiquem certos de que não tenho alma ou pendor para inquisidor.

            Não vão conseguir, Sr. Presidente, como já disse, intrigar-me ou me indispor com ninguém. Declaro, de público, para desfazer, de uma vez por todas, notas jornalísticas maldosas, que tenho muito apreço e total respeito pelo Senador Jefferson Péres, caráter sem jaça, referência moral, figura ímpar a quem reconheço como paradigma a ser seguido no Senado Federal. Nunca deixarei de reconhecer isso. Já o fiz algumas vezes e volto a fazê-lo.

            Igualmente, gostaria de repetir, de renovar, agora publicamente, meu apreço pelo Senador José Agripino. Todos sabem que os tensionamentos políticos, eventualmente, produzem discussões mais acaloradas do que nossa serenidade gostaria. Por isso, Sr. Presidente, novamente, venho, de público, abraçar o nobre Senador e reiterar a grande convivência que tenho com S. Exª.

            Quem conviveu comigo sabe muito bem que defendo as soluções negociadas. Sou homem do diálogo, da concórdia, da convergência. Exacerbar as divergências é um grave erro, seja na vida partícula, seja nas disputas políticas. Tentar intimidar colegas é uma indignidade sem tamanho. Para isso, Sr. Presidente, ninguém, absolutamente ninguém, vai contar comigo.

            Essa paparrotada que se renova a cada final de semana é promovida pela revista Veja, com a cumplicidade nefanda de meus poucos adversários na política regional, na política alagoana. Agora, finalmente, já conhecemos seus nomes, sobrenomes e faces. Um deles, Sr. Presidente, é acusado de vários homicídios, é processado por vários crimes de mando, responde a vários processos por sonegação fiscal, sendo, nessa questão específica, réu confesso. São interesses políticos mesquinhos, paroquiais, embalados pelo ressentimento e pelo rancor sem limites, levados para o lado pessoal, que giram essa manivela repulsiva da acusação fácil e da acusação irresponsável.

            Sr. Presidente, Senador Efraim Morais, é a disputa regional que essa gente atabalhoada quer trazer para o Senado Federal, com falsos ares de escândalo nacional, na tentativa de comprometer minha imagem e de alimentar a desestabilização da Presidência do Senado Federal.

            Fui acusado - e o Brasil sabe -, sempre sem provas, das coisas mais absurdas, como a de me socorrer de recursos de terceiros para pagar a pensão de uma filha nascida de uma relação extraconjugal, como a de favorecer uma empresa e a de usar, Sr. Presidente, laranjas, para montar uma rede de rádios em Alagoas. Essas acusações - órfãs de seriedade e de elementos válidos de convicção - originaram três representações ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, todas elas, Sr. Presidente, absolutamente todas, sem exceção, insubsistentes, inconsistentes e inverídicas. Essas questões serão tratadas na hora certa, com toda serenidade, no fórum adequado.

            É no Conselho de Ética que me tenho defendido das primeiras infâmias, produto de um esquema de chantagem, e me defendi das outras com a força da verdade que trago comigo.

            Pela forma tortuosa das imputações, tenho sido obrigado, Sr. Presidente, diariamente, a produzir até mesmo a complexa prova negativa, à qual não estou obrigado, para desfazer as maledicências. Mas faço isso em respeito à instituição, que não pode ser maculada por uma campanha infamante como essa.

            A todas as acusações, mesmo às mais absurdas, respondi com documentos autênticos e verazes. Nessa luta, a verdade, Sr. Presidente - o Brasil tem certeza -, é minha aliada total. Não me defendi com retórica, sempre com documentos.

            Contribuo como posso para o bom andamento dos trabalhos de apuração, sempre - sempre mesmo - atendendo prontamente às solicitações do Conselho de Ética. Já encaminhei todos os documentos, absolutamente todos. Em nenhum instante, procrastinei, até porque, Sr. Presidente - muitos já o disseram aqui, e quero repetir -, o maior interessado no julgamento, em que ficará cristalina minha inocência, sou eu.

            Nunca misturei o público com o privado, nem tenho negócios e patrimônios subterrâneos. Rádios, nunca possuí, formal ou informalmente. Nem muito menos, Sr. Presidente, mantive sociedade secreta com qualquer pessoa. Meu mais recente detrator, depois da fácil acusação, agora, egresso do anonimato, mostra sinais de fraqueza e de recuo.

            E foi com essa conduta, da correção dos meus atos, que também pedi ao Ministério Público Federal para me investigar, o que originou a ação no Supremo Tribunal Federal. O que fiz com o Senado Federal farei com o Ministério Público e com o Supremo Tribunal Federal. Pegarei todos os meus documentos, vou atravessar uma petição e entregarei, antes mesmo que me peçam, todos os meus sigilos, para que não haja absolutamente dúvida alguma sobre minha correção.

            Tenho consciência das altas responsabilidades do mandato que me foi outorgado pelo povo de Alagoas. Não há atitude minha, repito, que desonre o Senado Federal ou que implique quebra de decoro parlamentar.

            Matérias jornalísticas profundamente indignas, servindo a interesses subalternos e turvando fatos, objetivaram manter incógnita uma bilionária transação, de quase R$1 bilhão, contrária ao interesse nacional, envolvendo o Grupo Abril, que publica a revista Veja, e a Telefônica que é a controladora da operadora Telesp, do Estado de São Paulo.

            Ontem, eu dizia ao Senador Cristovam Buarque que tivemos conhecimento dessa criminosa operação pela publicação do voto do Conselheiro Plínio de Aguiar Júnior na Internet, se não me engano no dia 18, e, posteriormente, pelo voto do Conselheiro Sardenberg, que desempatou em favor da prévia anuência, para que essa trágica operação, essa operação danosa ao interesse nacional pudesse realizar-se. Como V. Exªs sabem, a lei brasileira proíbe que operadoras de telefonia tenham televisão e também que o capital internacional tenha mais de 20% das empresas de televisão no Brasil. É um crime flagrante. É uma coisa que não pode ser contornada. É uma operação de quase R$1 bilhão. É isso que precisa ser denunciado.

            Outro dia, vi, na minha cidade, Murici, uma rádio comunitária sendo apresentada numa rede de televisão como uma rádio FM. Seria importante que essa rede de televisão adquirisse essa rádio FM, para que pudéssemos comparar o valor das operações e o que isso significa do ponto de vista do interesse do nosso País.

            Confio, Sr. Presidente - já vou encerrar -, na isenção dos Senadores e das Senadoras.

            Não reviverei - todos tenham certeza - o processo de Sócrates, condenado a beber cicuta na prisão de Atenas por um tribunal político que julgou em nome de ressentimentos e por motivos distanciados da verdade.

            Agradeço, mais uma vez, a V. Exªs a atenção e reafirmo que, com a força da verdade, deitarei por terra essa campanha orientada e posta em prática por meus adversários regionais, cúmplices de uma revista que desonra o jornalismo brasileiro.

            Era isso o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/08/2007 - Página 27477