Discurso durante a 129ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem a Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom.

Autor
Efraim Morais (DEM - Democratas/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2007 - Página 27990
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, MEMBROS, MAÇONARIA, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, SENADO, HOMENAGEM.
  • IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, MAÇONARIA, HISTORIA, BRASIL, DEFESA, INDEPENDENCIA, DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS, EMPENHO, GARANTIA, BEM ESTAR SOCIAL, APERFEIÇOAMENTO, MORAL, CIDADÃO, BUSCA, VERDADE, TOLERANCIA, LIBERDADE, IGUALDADE, JUSTIÇA SOCIAL.
  • REGISTRO, PRESENÇA, CUMPRIMENTO, MEMBROS, MAÇONARIA, ESTADO DA PARAIBA (PB), SIMULTANEIDADE, ENTREGA, DOCUMENTO, CONGRESSISTA, DEFESA, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, MANIFESTAÇÃO, APOIO, ORADOR.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, e autor principal do requerimento desta bonita sessão, em que juntos comemoramos o Dia do Maçom, quero cumprimentar o nosso Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, nosso Irmão Laelso Rodrigues; cumprimentar esse irmão paraibano que aqui representa a Câmara dos Deputados, ex-Presidente da Assembléia Legislativa da Paraíba, o nosso querido Deputado Federal Rômulo Gouveia; cumprimentar o Dr. Nathaniel Carneiro Neto, que é o Secretário-Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil; cumprimentar o Sr. Luiz Eduardo de Almeida, Grande Mestre do Supremo Conselho DeMolay para o Brasil; cumprimentar todos os Irmãos das Potências da Maçonaria brasileira; cumprimentar as senhoras aqui presentes; cumprimentar as Srªs e os Srs. Senadores; e abraçar todos os Membros da Maçonaria brasileira aqui presentes.

            Senhoras e senhores, a sessão especial em comemoração ao Dia do Maçom, que realizamos anualmente, quando possível no dia 20 de agosto, aqui no Senado Federal, já se tornou um de nossos eventos mais tradicionais.

            Isso não se deve, em absoluto, à presença, entre Senadores e Deputados Federais, de Membros da Maçonaria - como eu, o Senador Mozarildo Cavalcanti, o Deputado Rômulo e tantos outros -, ou à simpatia que vários colegas não-maçons, por exemplo, nutrem por essa histórica associação.

            Quero acreditar, senhoras e senhores, que as já tradicionais sessões especiais de homenagem aos maçons devam-se, primordialmente, ao papel central que a Maçonaria desempenhou nos principais episódios da história do Brasil e das principais democracias ocidentais, bem como ao empenho com que os maçons se dedicam, até hoje, ao bem-estar social, ao auto-aperfeiçoamento do individuo, à filantropia e aos ideais da busca da verdade, da liberdade, do amor ao próximo, da igualdade entre as pessoas.

            Embora seja uma sociedade à qual normalmente se atribui uma aura nebulosa de secretismo, a participação de maçons nos principais episódios da história moderna, no Brasil e nos demais países do Ocidente, está bem documentada. Nunca é demais rememorar os principais momentos dessa participação.

            Sr. Presidente, desde o surgimento da Maçonaria em sua forma moderna, na Londres do século XVIII, os maçons protagonizaram os grandes movimentos libertários dos últimos trezentos anos. Os exemplos mais citados, com razão, são as revoluções norte-americana e francesa, no Hemisfério Norte, e os movimentos da emancipação na América Latina, no Hemisfério Sul.

            Entre os maçons que tomaram parte nesses movimentos, destacam-se Bolívar, San Martin, George Washington, Thomas Jefferson, além dos inúmeros maçons que, anonimamente, lutaram pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que até hoje norteiam o pensamento e a ação dos Membros da Maçonaria.

            Nos Estados Unidos, sem dúvida o país em que a Maçonaria mais floresceu, existem nada menos que 15 mil lojas maçônicas, quase a metade das 34 mil espalhadas pelo mundo. Quatorze presidentes norte-americanos eram maçons, entre eles Washington, Jackson, Taft, Franklin Delano Roosevelt, Truman e Ford. As notas de dólar, repletas de símbolos e referências à Maçonaria, estão entre as evidências mais notáveis da influência maçônica na cultura norte-americana.

            No Brasil, onde a Maçonaria surgiu no alvorecer do século XIX, não houve movimento de luta pelas liberdades civis que não contasse com a participação dos Membros da Maçonaria.

            O papel dos maçons foi preponderante, por exemplo, no episódio do Fico, em 9 de janeiro de 1822, momento precursor do Grito do Ipiranga, oito meses depois.

            Aliás, foi poucos dias antes da Independência, em 20 de agosto daquele ano, que, na Assembléia-Geral Maçônica do Rio de Janeiro, por unanimidade, os presentes votaram a favor da necessidade urgente da emancipação da então colônia da metrópole portuguesa.

            Nos exatos 185 anos que se passaram desde aquele dia - e mesmo antes de 1822, já que a Loja Comércio e Artes, que daria origem à Grande Oriente do Brasil, foi fundada em 1815 -, nesses quase dois séculos, eu dizia, não foi desprezível o envolvimento da Maçonaria nos principais capítulos da história brasileira.

            A Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador foram movimentos libertários com forte participação maçônica.

            A Independência, como já tivemos oportunidade de mencionar, foi praticamente toda articulada pela Maçonaria, à frente da qual se destacavam José Bonifácio de Andrada e Silva, então ocupante do posto de Grão-Mestre, e Joaquim Gonçalves Ledo.

            Joaquim Nabuco, principal pensador da abolição da escravatura no Brasil, era maçom. Também o eram os principais articuladores da Proclamação da República: os primeiros presidentes brasileiros, os Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. O primeiro ministério de Deodoro, aliás, era composto exclusivamente de maçons. Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz e Washington Luiz são alguns membros da Maçonaria que ocuparam a cadeira de Presidente da República.

            Minhas senhoras e meus senhores, eu ousaria dizer, aliás, que a participação dos maçons,em todos esses eventos, não foi nada mais, nada menos que natural. Espera-se que os maçons tomem parte em movimentos populares que busquem a liberdade das nações, a autodeterminação dos povos, o fim das tiranias e das ditaduras.

            É exatamente aí, inclusive, que está a razão para o caráter secreto de algumas práticas e ritos maçônicos. Defensores da liberdade, da verdade e da justiça, os maçons foram implacavelmente perseguidos pelos regimes autoritários, em todo o mundo. Milhares foram mortos pelos nazistas, postos na ilegalidade pela Rússia e outros países comunistas no pós-guerra, considerados criminosos no Iraque de Saddam Hussein. A razão é uma só: a Maçonaria é, sempre foi e sempre será um símbolo de luta pela liberdade, em todas as suas formas. Sendo assim, ela sempre será perseguida pelos mesmos regimes absolutistas que os maçons juraram combater até o fim.

            Nessa luta, meus irmãos, os maçons se apóiam nos princípios pétreos que definem a missão da Maçonaria: a igualdade, a liberdade e a fraternidade; a tolerância, a justiça e a busca da verdade; a filantropia e o amor ao próximo; e a fé na igualdade entre as pessoas e na existência de um Ser Superior, ao qual nos referimos como Supremo Arquiteto do Universo.

            Da busca do auto-aperfeiçoamento moral, por meio da filosofia e do estudo, o maçom parte para a busca do aperfeiçoamento do mundo, por meio da caridade, da filantropia, da defesa das causas corretas, de uma inserção positiva na sociedade e no mundo.

            Sr. Presidente, minhas senhoras e meus senhores, tudo isso é feito de forma discreta, eu diria até anônima, longe dos holofotes, pois a recompensa, para o maçom, não é reconhecimento público, mas a própria satisfação, gerada em sua própria consciência, que se segue à realização de um ato de bondade.

            Esse aspecto - a busca constante por uma sociedade mais justa - é especialmente importante em um país repleto de desigualdades como o Brasil. Infelizmente, o que não falta, para os mais de cem mil maçons brasileiros, espalhados pelas seiscentas lojas do País, são causas sociais pelas quais lutar.

            Nesse particular, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, minhas senhoras e meus senhores, peço licença a V. Exª, aos meus irmãos maçons, às senhoras e aos senhores que aqui se encontram e aos que nos escutam e nos vêem pela televisão para abrir um parêntese em meu pronunciamento.

            Em primeiro lugar, eu gostaria de registrar a presença, neste plenário, de cerca de trinta membros da Maçonaria do nosso Estado, a quem cumprimento na pessoa do nosso Grão-Mestre do meu Estado na Paraíba, o Irmão Aderaldo Pereira de Oliveira.

            Além de participar da presente cerimônia, outro motivo de nobreza similar os traz à capital federal: entregar a nós, parlamentares membros da Maçonaria e também não-membros da Maçonaria, em nome dos cinco mil maçons paraibanos, um documento em defesa da transposição do rio São Francisco.

            Senhoras e senhores, a transposição do Velho Chico foi definitivamente abraçada por mim, por Rômulo, por outros irmãos maçons e por todos os membros, na sua unanimidade, da Maçonaria paraibana. E não poderia ser de outra forma: o impacto social das obras da transposição será gigantesco para os milhares de famílias beneficiadas com o desvio das águas do São Francisco. São doze milhões de nordestinos que estão com sede e querem água. Quem tem sede é a favor da transposição do São Francisco.

            Ora, senhoras e senhores, uma transposição como a que se vai realizar no São Francisco não representa nenhuma novidade na história humana. Canais são obras milenares, e basta citar o exemplo dos canais de Suez e do Panamá para termos uma boa noção da importância socioeconômica de uma obra desse porte. Em todo o mundo, existem cem obras similares, todas elas absolutamente integradas à economia e à vida das populações dos países em que se encontram.

            No Brasil, permitam-me, aqueles que se opõem à transposição do São Francisco o fazem com base em argumentos que não se sustentam, como já tivemos a oportunidade de discutir inúmeras vezes aqui neste plenário e em qualquer outro plenário, no meu Estado e em outros Estados. Aliás, estou convicto de que a Maçonaria jamais ofereceria seu apoio a uma causa que fosse prejudicial às pessoas ou à natureza, e não é diferente na questão da transposição do rio São Francisco.

            Assim sendo, quero declarar aos irmãos maçons de todo o Brasil, quero declarar aos meus conterrâneos, ao querido povo paraibano, especialmente aos maçons do meu Estado, meu apoio inconteste à transposição. Sua luta, meus irmãos maçons, é a minha luta. Tenham em mim sempre um defensor dessa nobre causa que a Maçonaria paraibana abraçou.

            Parabéns, meu Irmão Aderaldo. Parabenizando-o, cumprimento todos os maçons do nosso querido Estado da Paraíba. Espero transpor não as águas do São Francisco, mas receber o apoio, meu irmão, meu comandante, posso assim dizer, meu Grão-Mestre Laelso Rodrigues, da Maçonaria brasileira para o projeto de transposição das águas do São Francisco, que vai matar a sede, não mais do que isso, matar a sede de mais de 12 milhões de nordestinos que são brasileiros como nós, brasileiros como os irmãos do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste e do Norte.

            Se o petróleo do Nordeste, juntamente com petróleo do Rio de Janeiro, resolve a questão da grande São Paulo, e se nós temos água que corre, como diz o próprio nome, no rio da integração, por que não oferecer água para esses nossos irmãos que também precisam dela?

            Então, a água é sagrada, é vida, é um dos maiores problemas deste século, por isso ela está indo para o mar. O que nós queremos é água para matar a sede, nada mais do que isso.

            Daí, como maçom, não como Senador da República representando a Paraíba, peço a apoio da Maçonaria brasileira para a transposição das águas do São Francisco.

            Minhas senhoras e meus senhores, despeço-me de todos com a mensagem de esperança em relação ao futuro da Maçonaria. O mundo está-se tornando um lugar cada vez mais inóspito aos homens de boa-vontade. Os fundamentalismos religiosos se multiplicam. As sociedades modernas estão cada vez mais hedonistas e autocentradas. O desrespeito aos direitos humanos ainda é observado, em diferentes graus, em várias nações ao redor do mundo.

            Estamos cada vez mais desencantados com a distância entre ricos e pobres, entre o povo e as elites. Estamos cada vez mais embasbacados com o avanço das grandes epidemias como a Aids, com o declínio do meio ambiente, com a superpopulação, com o esgotamento dos recursos do Planeta.

            Meus irmãos maçons, o que me conforta é que, por mais grave que seja o quadro, é justamente nas dificuldades que a Maçonaria encontra o combustível para a sua ação. Por sua história, por seus princípios e pela força de sua organização, o papel da Maçonaria no enfrentamento dos problemas atuais - e dos que nos esperam no futuro próximo - será tão fundamental quanto vem sendo nos últimos três séculos.

            Parabéns, portanto, a todos os maçons brasileiros! Que a Maçonaria continue a ser um manancial constante de esperança e de conforto aos mais necessitados.

            Muito obrigado! (Palmas.)

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2007 - Página 27990