Pronunciamento de Mão Santa em 20/08/2007
Discurso durante a 129ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Homenagem a Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom.
- Autor
- Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem a Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/08/2007 - Página 27992
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MAÇONARIA, OPORTUNIDADE, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, HISTORIA, BRASIL, DEFESA, PROCLAMAÇÃO, INDEPENDENCIA, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA.
- LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, DIVULGAÇÃO, INICIATIVA, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, HOMENAGEM, MAÇONARIA, ESTADO DO PIAUI (PI), OPORTUNIDADE, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL.
- REPUDIO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE, EMPRESA MULTINACIONAL, DESRESPEITO, ESTADO DO PIAUI (PI).
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, ser Maçom é mais do que ser Senador.
Pedi permissão para saudar todas as lideranças, na pessoa do nosso soberano Grão-Mestre, Laeso Rodrigues.
Brasileiras e brasileiros, Deus escreve certo por linhas tortas. Sou cristão. Acabou de chegar uma Senadora, cunhada - permitam-me dizê-lo -: Rosalba Ciarlini, símbolo da grandeza. Vendo-a, acreditamos na moral, na mulher, na decência. Médica, foi Prefeita por várias vezes.
Quando me levantava, não sabia o que ia dizer. Um Senador chamado Cícero disse: “Nunca fale depois de um grande orador”. Falarei depois de dois grandes oradores e maçons. Mas ela disse: “Sou fã da Maçonaria”. Foi a voz da médica, da mulher brasileira, da dignidade, da vergonha e de quem nos orgulhamos.
Não sou maçom, e Deus escreve certo por linhas tortas. Primeiro, meu nome é Francisco, nome cristão. Acho que Francisco foi o que mais se aproximou de Cristo. Minha mãe era Terceira Franciscana. Sempre tenho dito que não sou Mão Santa, mas digo que sou filho de mãe santa - Terceira Franciscana. (Palmas.)
O Senador Mozarildo conseguiu vencer aquele trauma que existia na nossa geração. Entendo que não sou maçom, se Deus escreve certo por linhas tortas, porque aqui estou representando a Igreja de Cristo - Francisco, filho de santa, Terceira Franciscana, eu represento. Acho que Deus escreve certo por linhas tortas, porque estava na hora de um cristão católico vir pedir perdão. (Palmas.) Eu venho pedir esse perdão pelos ataques que a Maçonaria sofria, no século XIX. Eu vi isso na minha infância, o que talvez tenha me amedrontado e eu não tenha tido a coragem, como o Senador Mozarildo Cavalcanti.
O Senador Mozarildo Cavalcanti é melhor que eu mesmo. Vou dar um testemunho. No meu computador, têm uns quinhentos e-mails. Eu recebo muitos, porque representamos o povo brasileiro, e eu trouxe um interessante - Senador Mozarildo Cavalcanti, eu somente vou lhe fazer um pedido: não transfira seu título para o Piauí, porque, assim, eu não ganho mais eleições e V. Exª ganha todas! O e-mail é de Roberto Fernandes da Silva para o Senador Mão Santa. O assunto: ”Sou seu fã”. Ele escreve boa-tarde, comenta sobre o PMDB do Piauí e depois escreve: “Escrevo a V. Exª para dizer que sou seu fá. Hoje, V. Exª é o meu número dois, porque meu número um é S. Exª, o Senador Mozarildo Cavalcanti, de PTB de Roraima”. (Palmas.)
Acabaram os Jogos Parapan-Americanos, mas V. Exª sai com a medalha de ouro e, de qualquer jeito, eu fico com a medalha de prata.
Continua o e-mail: “Em 2003, por motivos que só Deus sabe, tive de ir a Roraima. Hoje, sou de coração fã número 1 de S. Exª, o Senador Mozarildo Cavalcanti”. Aí vem um bocado de elogios, que vou passar às suas mãos, neste Dia da Maçonaria.
Entendo que era tempo. Se eu estivesse, talvez não fosse justo. Então, esse perdão...
Nós nos envergonhamos, nós cristãos, nós católicos, quando essa Igreja de Cristo vendia lugar no céu; os chefes se multiplicavam; as traições tomavam conta de quase todas as terras do mundo. Mas veio Lutero e provocou mudanças com a Reforma Protestante. Então, temos vergonha daquele tempo da Inquisição, como nos envergonhamos também das mentiras e dos insultos à Maçonaria.
Eu, Francisco, como aquele Francisco que se ajoelhou diante do Papa da época para levar a Igreja de Cristo aos pobres, venho aqui pedir perdão em nome dessa Igreja que represento pela história, pela tradição e pelo sentimento da verdade. Em nome do próprio S. Francisco, que disse: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa Paz; onde houver erro, que eu leve a verdade...” E a verdade é que, na minha vida e na vida do mundo que procuro buscar, estudar, conhecer por meio da História, esse foi um dos grandes erros da humanidade: os insultos que esta instituição milenar recebeu.
Não sei se ela veio de Salomão, mas sabemos o que já foi dito sobre os benefícios para o Brasil: foi a nossa República, estava lá Gonçalves Ledo, convencendo...; foi a abolição da escravatura.
Então, como dizia S. Francisco: “(...) onde houver erro, que eu leve a verdade”. E, em nome do Francisco, meu patrono, peço perdão à Maçonaria do mundo pelos insultos que a minha Igreja fez a essa instituição secreta, sagrada, secular, que não sabemos se veio desde os tempos de Salomão.
Mas é o dia-a-dia. Eu represento o Piauí, e, há poucos dias, o Estado também foi destroçado. Assim como a Maçonaria no passado, sofremos e fomos insultados por um pobre, Zottolo, que pensa que tem dinheiro e representa uma multinacional. Ele disse que, se o Piauí não existisse, não faria falta alguma.
Mozarildo, o meu professor de cirurgia, Mariano de Andrade, dizia - e agora eu entendo - que a ignorância é audaciosa. Essas são as palavras.
Mas o Piauí existe, porque é forte a sua Maçonaria. Quero dizer que estou muito à vontade aqui. Outro Francisco, Francisco Correia, irmão do meu avô, meu tio foi advogado, foi Deputado Estadual e é patrono de uma loja maçônica na minha cidade de Parnaíba: Loja Maçônica Francisco Correia.
Então, naquele tempo em que sofriam vocês insultos - e sofriam mesmo -, eu me acovardei. Por isso, não entrei. Mas eu tenho coragem de dizer hoje. Não tive a altivez e a decisão do número 1: Mozarildo. Mas, para dar este testemunho, eu tenho observado. Este é que vale, porque, se eu fosse vocês elogiando vocês mesmos, seria até um vitupério. Eu tenho observado desde os tempos do meu tio, na minha cidade. É só gente de bem, são instituições de bem.
Depois, Deus me permitiu ser Prefeito dessa cidade, Deputado, Governador e Senador. Então, tenho acompanhado. E não é só isso, não. Era uma gratidão. De repente, Efraim - V. Exª tem de ter coragem para ganhar a eleição da Paraíba -, eles me convidaram para ser candidato a Governador, mas o nosso Alberto Silva é muito sabido. Ele é do PMDB e estava sem chance mesmo e sem candidato. O outro tinha 74%, e o nosso Partido tinha um aliado. Eles viram que não era possível, o Bloco era muito forte. Quem tinha mais era eu: 4%. Os outros tinham 2% e 1%. Eu aceitei para combater o bom combate. Eu tinha sido Prefeito da minha cidade.
Ouvi a história do boi, contada pelo Mozarildo: o médico é um boi que não sabe suas forças. Eu acreditava, sim. Não tinha visto essa definição ainda. Aí, eu raciocinei isso: esse partido de médicos é mais forte do que os que estão aí. Fui a um jovem maçom, Valdir Edson. Essa aventura seria uma loucura, um suicídio. Eram as forças políticas fortes da história do Piauí. Efraim, fui à casa do maçom Valdir Edson - ele já morreu, era mais novo do que eu. Ele era maçom, daí o conceito e a confiança.
Então: Valdir Edson, eu acabei a prefeitura, gosto da disputa, mas eu queria contar com você. Pois não, Mão Santa, o que é? Você vai me fazer só um favor, que eu acho que é o mais importante e é a única luz. Eu também tinha que ter esperança. Como diz aquele livro O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway, é uma estupidez não ter esperança. Então, temos que ter. Eu era da classe médica. Eu disse: Faça-me uma carta - vejam a confiança, ele era maçom, andava de preto, como vocês. Era mais novo do que eu, médico. Faça uma carta para tudo que é médico. E está aqui a minha assinatura. Você tira a cópia e manda para todos.
Faça, você é mais inteligente do que eu. Faça. E fui embora. Eu só quero isso de você, Valdir, e deixe que eu vou sair lutando Piauí afora.
Eu chegava no sul, Efraim, sabe o que é que diziam? Esse Mão Santa não conhece nada do sul. O Piauí é comprido. Querem até dividi-lo. Eu sou lá da praia, do mar. O que eu queria com aquele negócio de sul. Morei em Fortaleza e Rio, me formei lá. Aí eu chegava e dizia: não, não conheço mesmo, não, eu não era hipe, eu não era vagabundo para estar andando aqui. Eu tinha é de estar lá na minha Santa Casa, operando. Eu não conhecia mesmo, não.
Eu sei que o Valdir Edson fez a carta, e onde eu chegava o doutorzinho me dizia: olha aqui, recebi. Uma cartinha bonita, porque ele escrevia muito melhor do que eu, ele sabia mais do que eu, era mais inteligente do que eu, era professor, terminou como Reitor da UESP. Eu sei que acabei ganhando o negócio. O Valdir Edson não me acompanhou, Deus o levou ao céu - se existir céu - e eu fiquei com essa missão.
São essas coisas que vamos vendo da gente da Maçonaria. Não posso me esquecer do enterro dele, todos de preto, aquele negócio... Se eu estou contando isso, o que diriam aqueles que conviveram com Valdir Edson, uma figura extraordinária.
Todos nós temos grandeza, essa é da minha cidade. Falando do Piauí, tem aqui uma crônica de um fórum, num jornal do Piauí. Teresina, segunda-feira. Diário do Povo. Aí tem o Ted Ribeiro, uma figura, um jurista extraordinário, foi secretário de Estado. Mas bem aqui tem o seguinte: Maçonaria. O jornal é de hoje. Então, só o Zottolo mesmo disse... Mas nós estamos nessa festa. O Piauí é isso. Nós, piauienses, é que fomos para primeira batalha sangrenta para expulsar os portugueses e garantir a unidade deste Brasil grande; só o Zotollo não sabe a nossa história. E ele é tão marcado pelo destino que o seu nome é Zotollo; é destinação.
Maçonaria. Atendendo a requerimento do Deputado Xavier Neto, a Assembléia Legislativa prestará homenagem à Maçonaria do Piauí, durante o grande expediente da sessão de hoje, pela passagem do Dia do Maçom. Segundo o escritor Aílton Elisiário, a data se prende ao fato de ter sido realizada no dia 20 de agosto de 1822, no Rio de Janeiro, a histórica Assembléia Geral do Povo Maçônico em que foi aprovada a moção apresentada por Gonçalves Ledo em defesa da proclamação da independência do Brasil.
No mesmo jornal ainda tem o retrato de Bernardo de Sampaio Pereira, Grão Mestre Ad-Vitam, Grande Procurador da Ordem há 20 anos e presidente da Academia Maçônica de Letras do Piauí. Devo muito a ele. É o destino. São as coisas que acontecem. Ele nem sabe, mas está aqui: Bernardo de Sampaio Pereira.
Efraim - e o Mozarildo vai me entender melhor e também alguns que forem médicos -, pude fazer muitos cursos de Medicina e fui para a minha cidade porque quis mesmo, não por necessidade. E nunca soube o que era desemprego. Havia filas de convites de emprego para eu escolher. Só soube o que era desemprego quando fui prefeito e governador. Comigo sempre aconteceu o contrário: havia fila de empregos para eu escolher. E não fui diretor do Ipase porque não quis. Apaixonado pela minha cidade e pela Adalgisa, fui porque quis e não me arrependi; estou em boas mãos. Fui para a Santa Casa de minha cidade e me arrumaram um concurso do INPS. E não vou descrever o que é uma Santa Casa porque os senhores sabem o que é: os pobres, a medicina gratuita. E naquela tabela havia aquela história de espírito da lei: como eu era cirurgião, só ganhava a operação em si. Para operar, no entanto, tinha que fazer consultas, o pós-operatório, mas não ganhava nada por isso. E como eu tive uma boa formação e fiquei famoso, eu atendia todo mundo no consultório, às vezes até às 2 horas da madrugada, e não ganhava um tostão. Interpretação do espírito da lei: eu era cirurgião, então só podia receber pelas cirurgias. Eu, então, juntei um mês de trabalho até às 2 horas - deu um maço de papéis de consulta... Eu era do MDB, Governo de revolução, era difícil; em 1972 já enfrentávamos a má-vontade, pois vocês sabem como é a política do Estado. Mas Deus me ajudou e quando eu cheguei o chefão tinha saído, só estava essa pessoa como superintendente. Eu joguei mais de mil consultas e disse que não era justo. Como é que pode? Pagava-se pelas consultas umas tais de “US”, mas era melhor do que hoje, que só pagam R$2,50. Naquele tempo dava pelo menos para sustentar a família. Mas ele ouviu e disse: você vai...
Então, agradeço a esse líder maçônico ter podido exercer a profissão com dignidade, ganhando para sustentar minha família; minha última filha está fazendo hoje Dermatologia com o Dr. Azulay*. Estou, portanto, tranqüilo. E quero dizer que pude ganhar o suficiente para atender muitos pobres na Santa Casa. Então, temos que agradecer à Maçonaria.
Mas não vamos ficar falando do que ela fez, pois o Brasil está precisando da Maçonaria agora. Estamos vivendo muito pior do que naquele tempo. Os portugueses eram bonzinhos. Atentai bem! Aquela novela “O Quinto dos Infernos” teve este nome porque a derrama era um quinto. Se você tivesse cinco quilos de ouro, um quilo era para Portugal; se você tivesse cinco bois, um era para Portugal. Agora é a metade. Este Governo que está aí tem 76 impostos e ainda está enganando o povo. Criou-se uma contribuição provisória e ele quer colocar na cangalha do povo trabalhador. Agora é a metade. A derrama era um quinto...
Se Tiradentes era maçom, não sei, mas foi enforcado. Pensem nele. Pensem vocês.
O Brasil precisa da Maçonaria agora. A indignidade, a escravidão é agora... Era um quinto, passou para a metade. São 76 impostos que estão aí. Onde tiver o desespero que eu seja a esperança (São Francisco de Assis). Estamos com esperança em vocês.
Carta à Nação, no Diário do Povo, jornal do Piauí. Maçonaria, é isso o que as brasileiras e os brasileiros estão esperando de vocês. Vocês que fizeram a Independência, que libertaram os escravos e proclamaram a República, livrem-nos disso agora. Está aqui, Carta à Nação. E não essa campanha do Zotollo que já começa cansado. Não estamos cansados, não!
Não chores, meu filho
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.”
Forte e bravo é a Maçonaria brasileira. Mas está aqui, continue... Eu não vou ler a carta porque vocês já devem ter lido. Mas com certeza ela fala sobre tudo, só que não está escrito ética e moral.
Comecem com V. Exªs, vocês dois que estão aqui: esta Casa tem que seguir Rui Barbosa, com a decência, a ética e maçom. Então, esta Casa precisa de um banho de ética e moral. E eu acredito sabe por quê? Este Senado não vai faltar à Pátria - e nós formamos um dos melhores Senados dos últimos 183 anos.Querem que eu dê um exemplo? O Senado da República nunca teve reuniões às segundas-feiras. Foi esse maçom que, liderando a Minoria, tornou isso possível - S. Exª me liderou. E não sou maçom - bem como outros como Antero Paes de Barros, Arthur Virgílio e, depois, Mozarildo Cavalcanti. (Palmas.)
Este Senado nunca funcionou às segundas-feiras. Foi um maçom. Mas ele não conseguiria sozinho. Vejam a carta. Vamos publicá-la, vamos divulgá-la. O Brasil precisa muito mais da Maçonaria de hoje.
Oh, meu Deus; oh, meu Cristo; oh, meu Francisco santo, faça com que os maçons do Brasil sejam fortes, bravos e felizes! (Palmas.)