Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Justificação pela apresentação de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Estadual Gervásio Maia, ocorrido na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Registro do aniversário de 144 anos da emancipação política da cidade de Cajazeiras - PB.

Autor
Efraim Morais (DEM - Democratas/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Justificação pela apresentação de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Estadual Gervásio Maia, ocorrido na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Registro do aniversário de 144 anos da emancipação política da cidade de Cajazeiras - PB.
Aparteantes
José Maranhão.
Publicação
Publicação no DSF de 22/08/2007 - Página 28132
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX-DEPUTADO, ESTADO DA PARAIBA (PB), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), SECRETARIO, FINANÇAS, PREFEITURA, CAPITAL DE ESTADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO POLITICA, MUNICIPIO, CAJAZEIRAS (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), REGISTRO, HISTORIA, DESENVOLVIMENTO.

O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente agradeço ao Senador Raimundo Colombo e ao Senador Paulo Paim pela permuta, pois haverá uma reunião da Mesa Diretora da Casa logo a seguir.

Dois assuntos me trazem à tribuna nesta tarde.

O primeiro é um requerimento que apresento à Casa em virtude de um momento triste que a Paraíba passou. Refiro-me ao falecimento do ex-Deputado Estadual Gervásio Bonavides Mariz Maia, do PMDB da Paraíba, ocorrido em 18 de agosto de 2007, na cidade de João Pessoa (PB). Assim, requeiro, nos termos do art. 218 do Regimento Interno, a inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Estadual do PMDB da Paraíba Gervásio Bonavides Mariz Maia.

Natural de Catolé do Rocha, no alto sertão da Paraíba, Gervásio Maia era economista formado pela UnB e pós-graduado em Planejamento e Análise de Projetos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio de Janeiro. Cumpriu três mandatos consecutivos de Deputado Estadual pela Paraíba, de 1991 a 2003. Exerceu a Liderança do Governo na Assembléia Legislativa e assumiu a Presidência daquela Casa de Leis no biênio 2001/2003. Foi Diretor Presidente da Companhia Telefônica do Estado da Paraíba (Telpa). Em São Paulo, destacou-se como consultor econômico de diversas empresas, dentre elas a Brastec (Empresa Brasileira de Estudos Econômicos), Novo Mundo Operações Internacionais e Hidroservice - Engenharia e Projetos.

Gervásio Maia faleceu no exercício do cargo de Secretário de Finanças da cidade de João Pessoa, função que desempenhou com eficiência e seriedade.

Franco na atitude, dedicava-se de corpo e alma ao que fazia. Deixa um legado de honradez, competência e orgulho para seus familiares, para os paraibanos e, principalmente, para os seus correligionários.

Eu e o Deputado Gervásio Maia estivemos sempre de lados opostos. Éramos adversários políticos no Estado da Paraíba, mas gozávamos de uma grande amizade e respeito.

Nesta tarde, presto meu tributo a Gervásio Maia e manifesto a toda sua família, nas pessoas de sua esposa, D. Ana Berenice Mariz Maia, e de seu filho, Deputado Estadual Gervásio Agripino Maia, o meu fraterno abraço de profundo pesar.

Portanto, é com muita tristeza que faço o registro do falecimento de um grande paraibano, o ex-Deputado Gervásio Maia.

O outro assunto que também me traz à tribuna na tarde de hoje, Sr. Presidente, é que, amanhã, dia 22 de agosto, é um dia marcante para o nosso Estado da Paraíba, pois celebramos os 144 anos de emancipação política da nossa querida cidade de Cajazeiras, no alto sertão da Paraíba, um dos mais prósperos Municípios de nosso Estado. Por sua importância histórica, pelo papel de pólo regional que exerce, pelo que representa em termos educacionais e culturais, sem falar no dinamismo de sua economia, Cajazeiras é reconhecida pelos paraibanos como uma das principais referências do Estado. Justamente por isso, a passagem de mais um aniversário da cidade é acontecimento que, para além do justo júbilo de seus habitantes, transcende os limites municipais e envolve todo o querido Estado da Paraíba.

Cajazeiras, Sr. Presidente, cujo nome deriva de singular planta muito freqüente em várzeas e matas de terra firme argilosa do Amazonas, da qual se extrai fruto largamente utilizado em refrescos e sorvetes, tem uma história própria e, em larga medida, razoavelmente distinta da que foi protagonizada pela maioria dos Municípios brasileiros. A singularidade a que me refiro remonta às suas mais distantes origens.

Com efeito, enquanto quase todas as vilas existentes no período colonial brasileiro tiveram sua origem ligada à construção de uma capela, fato absolutamente natural em face da forte presença do catolicismo português no processo da colonização, o surgimento de Cajazeiras vincula-se à construção, quase simultânea, de uma casa, um açude e - detalhe que faz toda a diferença - de uma escola. Por isso, Sr. Presidente, é conhecida como a cidade que ensinou a Paraíba a ler.

Por detrás dessas construções estava a presença de uma família que se constituiu no núcleo inicial da comunidade. Trata-se da família Rolim, de onde provém o personagem central dos primórdios da história do Município, o grande Padre Inácio de Sousa Rolim. A presença desse religioso é tão marcante na história de Cajazeiras que, em 1948, a Câmara Municipal, por iniciativa do então Vereador Geminiano de Sousa, aprovou lei determinando que o dia do nascimento do extraordinário sacerdote, 22 de agosto, passasse a ser data comemorativa do aniversário da cidade.

Cajazeiras nasceu, pois, sob o signo da fé, da busca do saber e da compreensão acerca da imperiosa necessidade de vencer os desafios impostos pela próprio natureza. Assim é que, por volta de 1804, a família Rolim construiu a denominada Casa Grande da Fazenda, às margens do rio que atravessava a propriedade. Próxima a ela, cuidou de garantir o abastecimento das pessoas e a criação de animais, formando o indispensável reservatório de água, cuja denominação Açude Grande resistiu ao tempo e mantém-se inalterada.

Sr. Presidente, poucos anos mais tarde, na reafirmação do espírito da fé que embalava aquela gente, a matriarca da família, Ana de Albuquerque, carinhosamente conhecida como Mãe Aninha, mandou erigir a Capela de Nossa Senhora da Piedade. Essa pequena capela transformou-se na catedral do bispado e, nos dias de hoje, é a Matriz de Nossa Senhora de Fátima. 

O açude pioneiro, surgido nos primeiros anos do século XIX, desempenhou papel de enorme relevância quando da tragédia de 1915, ano em que boa parte da região nordestina foi assolada por uma das mais terríveis secas de que se tem notícia, fenômeno imortalizado no romance de estréia da grande escritora cearense Rachel de Queiroz. Para fazer frente à dimensão do problema, o açude teve de ser ampliado, cumprindo a missão para a qual fora construído.

Enfatizo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o trabalho realizado pelo Padre Inácio de Sousa Rolim no processo de formação de Cajazeiras. Tendo iniciado sua formação religiosa no Crato, Ceará, ordenou-se sacerdote em Olinda, no ano de 1825. Graças ao seu espírito visionário, por volta de 1829 Cajazeiras viu nascer a Escolinha de Serraria. Da humilde casa de madeira dos primeiros tempos, a escola foi transferida para prédio de alvenaria alguns anos depois, não mais parando de crescer. A fama do colégio correu mundo e não foram poucos os alunos que recebeu, vindos dos mais diversos Estados nordestinos, entre os quais o mais tarde célebre padre Cícero Romão Batista. Essa pioneira instituição deu origem, já em 1843, ao primeiro colégio de instrução secundária da cidade.

Assim nasceu Cajazeiras. Assim evoluiu Cajazeiras. Ousadia no pensar e coragem no fazer. Seu pioneirismo também se expressou na atividade política. Assim é que, bem antes de conquistar a autonomia política, Cajazeiras se projetava no cenário político provincial. Ainda subordinada política administrativamente a Sousa, conseguiu eleger Deputado o bacharel Manoel de Sousa Rolim.

Foi o neto do fundador Padre Rolim, Vital Rolim, quem teve a honra de instalar, a 20 de junho de 1864, a Vila de Cajazeiras, criada por lei provincial de novembro do ano anterior, sancionada pelo grande Araújo Lima. Doze anos depois, a vila transformou-se em cidade. Destaco que, em termos políticos, Cajazeiras jamais se alheou ao que acontecia no Império, sobretudo quanto aos embates que, a partir da sede da Corte, opunham liberais e conservadores.

O século XX veio encontrar Cajazeiras de esforçando pela contínua modernização. Em 1922, como símbolo do progresso, o transporte ferroviário chegava ao Município. No ano seguinte, era a energia elétrica que se incorporava ao dia-a-dia da população. Em 1938, inaugurava-se a primeira agência do Banco do Brasil, sinal inequívoco de seu dinamismo econômico.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aos 144 anos de existência, Cajazeiras se rejuvenesce. Fiel a um passado de glórias, sua gente não teme a passagem do tempo. Preserva a identidade, mas prepara o terreno no qual o futuro se instalará. A presença de uma instituição do porte da Universidade Federal da Paraíba em seu território não apenas reitera a vocação para o saber que, no passado mais remoto, Padre Inácio Rolim estimulara, mas confirma seu compromisso com a construção do amanhã em bases mais sólidas e prósperas.

Antes de concluir, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouço o Senador José Maranhão, representante do nosso Estado, aqui ao nosso lado.

O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) - Senador Efraim Morais, quero me incorporar ao discurso de V. Exª, que faz justiça a Cajazeiras e aos seus filhos mais ilustres, e dizer que V. Exª expressa não somente seu pensamento de paraibano, mas deste outro paraibano que está aqui e de toda a Casa do Senado da República. Parabéns pelo brilhante discurso que V. Exª está proferindo na comemoração do aniversário da cidade de Cajazeiras.

O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Eu que agradeço a V. Exª, Senador Maranhão. Tenho a certeza de que V. Exª, o Senador Cícero Lucena e toda nossa bancada federal na Câmara dos Deputados também se sentem felizes em poder comemorar mais um aniversário dessa querida cidade, que se encontra na divisa da Paraíba com o Ceará, nossa Cajazeiras, a 500 quilômetros da nossa capital.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Cajazeiras expressa o que temos de melhor: disposição para a luta, lealdade, firmeza e algo tão próprio aos paraibanos em geral, a hospitalidade em sua mais elevada dimensão.

Ao fazer o registro dos seus 144 anos, deixo meu abraço a todos os que nela vivem, na certeza de que são co-responsáveis por essa história da qual tanto nos orgulhamos.

Que saibamos dar continuidade a essa experiência grandiosa! A Paraíba e o Brasil agradecerão.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EFRAIM MORAIS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Requerimento de voto de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Estadual Gervásio Bonavides Mariz Maia”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/08/2007 - Página 28132