Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o trabalho realizado pelo Movimento Cristão dos Focolares.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Considerações sobre o trabalho realizado pelo Movimento Cristão dos Focolares.
Publicação
Publicação no DSF de 24/08/2007 - Página 28499
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • REGISTRO, HISTORIA, CRIAÇÃO, EXPANSÃO, MOVIMENTAÇÃO, GRUPO, AMBITO, IGREJA CATOLICA, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, BUSCA, SOLIDARIEDADE, ECONOMIA, CRESCIMENTO, EMPRESA, AUXILIO, POPULAÇÃO CARENTE, OBJETIVO, JUSTIÇA SOCIAL.
  • SAUDAÇÃO, GRUPO, RELIGIÃO, INAUGURAÇÃO, MUNICIPIO, IGARASSU (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), POLO DE DESENVOLVIMENTO, EMPRESA, BUSCA, SOLIDARIEDADE, DIVISÃO, LUCRO, RESPEITO, MEIO AMBIENTE, REGISTRO, ENCICLICA, PENSAMENTO, IGREJA CATOLICA, ANEXAÇÃO, DISCURSO, EMPRESARIO.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Alvaro Dias, representante do Paraná nesta Casa do Congresso, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje à tribuna para falar sobre o Movimento Cristão dos Focolares, que, traduzindo, significaria “fogo do lar”.

            O Movimento nasceu na Itália ao término da Segunda Grande Guerra Mundial. Um grupo de rapazes e moças reuniu-se em torno de uma jovem chamada Chiara Lubich.

            Em 1959, esse movimento chegou ao Brasil, desembarcando no Recife, sob a liderança de uma delas, Ginetta Calliari. Era o início de um longo e fecundo itinerário. Foi nessa ocasião, já no começo da década de 60, à época estudante universitário, que tomei conhecimento desse movimento. Os focolares e seus colaboradores estão hoje em 183 países e têm mais de 4 milhões de participantes, dos quais 250 mil no Brasil. Entre as diversas iniciativas do Movimento dos Focolares, estão as Mariápolis, pequenas cidades cujos habitantes buscam viver conforme o espírito cristão. Foram criadas Mariápolis em São Paulo, Pernambuco e Pará. Ao seu lado se instalaram pólos empresariais de pequenas e médias empresas, animadas pelo espírito de Economia de Comunhão (EDC), com três finalidades básicas - criar uma cultura de solidariedade para a empresa crescer e ajudar os necessitados, visando a prática da justiça social.

            A Economia em Comunhão destina lucro aos empresários, aos trabalhadores e aos pobres dentro e fora da Mariápolis. O primeiro Pólo Empresarial dos Focolares surgiu em São Paulo, depois na Argentina e outro na Itália.

            Agora, a Mariápolis de Pernambuco, a primeira das Américas, situada em Igarassu, vê inaugurar seu Pólo Empresarial de Economia de Comunhão no Nordeste, com o nome de Pólo Gineta, em homenagem a Ginetta Calliari a pioneira italiana que trouxe o movimento, como disse há pouco, ao Brasil.

            O Pólo de Igarassu tem uma aérea de 80 mil quilômetros quadrados e a empresa Licitar Farmacêutica é a primeira a nele se instalar. Cada Pólo é uma estrutura organizada com diretorias financeira, técnica, administrativa e de comunicação e marketing, e um conselho de administração.

            Nas palavras de um dos empresários estabelecidos em Pólo de Economia de Comunhão, a divisão do lucro é parte do programa de tratamento diferenciado aos trabalhadores e funcionários, melhor relacionamento com os concorrentes e maior respeito ao meio ambiente. Daí a Associação por uma Economia de Comunhão reunindo os empresários com esse espírito: o de que não basta gerar o lucro, mas que é preciso antes compartilhá-lo. Isto é, num momento em que se vive no mundo um capitalismo selvagem, essa experiência demonstra que podemos criar uma economia mais solidária e, portanto, menos injusta, mais homogênea, mais compatível com as aspirações da sociedade.

            Nas Mariápolis, os adolescentes de fora pode vir passar férias ou participar das atividades locais, ensinando artesanato nas escolas, entre outras ocupações.

            As ações da empresa da Economia de Comunhão podem ser vendidas ao público em geral, numa grande experiência de capital popular junto com o empresarial. Trata-se de movimento cristão anterior aos próprios Focolares, como sabemos, vindos da doutrina social da Igreja.

            A propósito, gostaria de lembrar as encíclicas de Leão XIII, sobretudo a Rerum Novarum que teve o caráter de ser a primeira encíclica da Igreja com caráter eminentemente social e que hoje se estende por uma série de outras que continuam desenvolvendo o ensinamento de Leão XIII.

            Eu poderia citar outros movimentos que surgiram inspirados pela doutrina de Leão XIII, por exemplo, o movimento feito pelo padre francês Joseph Lebret, que, esteve no Brasil e, de modo especial, em Pernambuco e preparou, no Nordeste, o primeiro levantamento das realidades econômicas e sociais e possibilidades de desenvolvimento do Estado num plano diretor que marcou época, entre 1950 e 1955.

            Aliás, o Padre Lebret, um grande pensador social e que deixou obras notáveis, inclusive um pequeno livro que contendo uma série de preceitos para a vida de qualquer pessoa, criou o movimento chamado de Economie et Humanisme, expressão francesa, Economia e Humanismo, voltado para construir uma economia sinônimo de justiça social.

            Sr. Presidente, Pernambuco só pode se regozijar por ter sido o primeiro lugar da presença dos Focolares nas Américas e de acolher em Igarassu uma das Mariápolis, agora também com Pólo de Economia de Comunhão, outra importante contribuição modelar para o combate ao desemprego e à falta de habitação popular, num contexto de participação social e defesa do meio ambiente. É desse tipo de desenvolvimento qualitativo que o Brasil e o mundo tanto precisam.

                   Surge assim outra importante contribuição para formar a mentalidade de pequenos e médios empresários, bem como do operariado que, por esse caminho, tem condições também de melhor se qualificar. Tudo isso num clima de fraternidade capaz de superar lutas de classe e distribuir renda. É no Nordeste onde também esse movimento começa a tornar-se realidade, juntamente com experiências semelhantes ou idênticas desde o Sul, em São Paulo, ao Norte, no Pará, articulados com a América Latina, na Argentina, e a Europa, na Itália.

            O idealismo dessas iniciativas, Sr. Presidente, vem encontrando repercussão internacional pelos prêmios concedidos na Europa e nos Estados Unidos, inclusive o prêmio recentemente concedido pela Unesco à pioneira desse Movimento, Chiara Lubich, a quem já tive ocasião de fazer referência.

            A cerimônia a que estou me referindo ocorreu no sábado passado, às 16 horas, contando com a presença de muitas pessoas da sociedade pernambucana, valendo destacar o Prefeito da cidade de Igarassu, Severino de Souza, conhecido pelos amigos como Ninho, a presença de vereadores, parlamentares, do Reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Professor Amaro Lins, do Presidente da Instituição, Francisco de Assis Braga, de coordenadores de programas, como Marcos Gurgel. E, Sr. Presidente, não podemos mencionar a presença de empresários, que estão aderindo ao movimento.

            Ao encerrar as minhas palavras, Sr. Presidente, gostaria de solicitar à Mesa que fossem apensados a este meu pronunciamento dois textos muito adequados ao tema que acabo de referir. O discurso proferido pela Srª Socorro Sobral*, uma das diretoras do Movimento, por ocasião da inauguração do Pólo, e outro, já devidamente traduzido, do Dr. Alberto Ferrucci, empresário italiano, que veio da Itália para participar da referida cerimônia.

            Quero também registrar que à inauguração do Pólo compareceram dois bispos italianos que estão servem em Dioceses brasileiras. Refiro-me a Dom Bernardino Marquió, Bispo de Caruaru, e a Dom Francesco Biasin, Bispo de Pesqueira, que abençoaram as instalações do empreendimento e se encontram no Brasil fazendo um trabalho notável em suas respectivas dioceses.

            Portanto, concluo as minhas palavras, Sr. Presidente, expressando a minha convicção, mais do que isso, talvez a minha certeza, de que experiências deste tipo, como a Economia de Comunhão, sejam um dos caminhos pelos quais possamos passar da sociedade do ter para a sociedade do ser. Isto é, procurar ser mais do que ter mais.

            Era o que eu tinha dizer.

            Muito obrigado pelo tempo a que V. Exª me destinou.

            O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador Marco Maciel.

            V. Exª será atendido, conforme o Regimento, em relação ao seu discurso e aos seus anexos.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. Bloco/PT - RR) - Em Roraima, existe o Movimento Focolare também.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Que ótimo! É bom saber disso. Quero dizer, nobre Senador Augusto Botelho, que V. Exª compartilha dessas idéias. Sei que V. Exª também é católico e tem, inclusive, participado dos movimentos do grupo parlamentar católico, o que não deixa de ser um fato muito positivo na busca de soluções que humanizem o processo de desenvolvimento do nosso País.

            Enfim, essas são nossas expectativas.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCO MACIEL EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Discurso proferido pela Srª Socorro Sobral;”

“Discurso proferido pelo Sr. Alberto Ferrucci”.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/08/2007 - Página 28499