Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamento sobre a contratação de empresa para a realização de logística das ações comemorativas da Semana Cívica e do Desfile de 7 de setembro. Comentários a mensagem do Dr. Paulo Nogueira Neto, que solicitou apoio para a aprovação do projeto do Instituto Chico Mendes.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Questionamento sobre a contratação de empresa para a realização de logística das ações comemorativas da Semana Cívica e do Desfile de 7 de setembro. Comentários a mensagem do Dr. Paulo Nogueira Neto, que solicitou apoio para a aprovação do projeto do Instituto Chico Mendes.
Publicação
Publicação no DSF de 24/08/2007 - Página 28588
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, GOVERNO FEDERAL, INICIATIVA, LEILÃO, CONTRATO, ORGANIZAÇÃO, SOLENIDADE, COMEMORAÇÃO, DATA NACIONAL, AUSENCIA, APROVEITAMENTO, EXPERIENCIA, FORÇAS ARMADAS, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, CRITICA, CONTRATAÇÃO, EMPRESA, ESTADO DE GOIAS (GO), RESPONSABILIDADE, REALIZAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO REPUBLICANO (PRE), SUSPEIÇÃO, FAVORECIMENTO.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, MENSAGEM (MSG), ECOLOGISTA, EX-CHEFE, SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO MINISTERIO DO INTERIOR (SEMA), PROFESSOR UNIVERSITARIO, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), SOLICITAÇÃO, APOIO, APROVAÇÃO, SENADO, PROJETO, INSTITUTO CHICO MENDES, OBJETIVO, GESTÃO, TERRAS, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE.
  • COMENTARIO, POSIÇÃO, ORADOR, DEFESA, REGIÃO AMAZONICA, APREENSÃO, CORRUPÇÃO, IMPUNIDADE, CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, começo com uma pergunta a este Plenário:

            Quem, no Brasil, mais entende de Desfile Militar de Sete de Setembro, o Dia da Pátria?

            Creio que a resposta é unânime: os militares das nossas Forças Armadas, claro!

            Isso, porém, não parece ser unanimidade no Governo do Brasil. A Presidência da República não pensa assim.

            Os fatos dizem mais: na edição de 16 de julho último do Diário Oficial da União, a Presidência da República, por meio do Pregão nº 59/2007, tornou público que o Governo pretendia contratar empresa especializada em organização de eventos, para realização de logística das ações comemorativas da Semana Cívica e do Desfile de 7 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

            Numa velocidade de fazer inveja, no dia 2 de agosto, o mesmo DOU publicou o Resultado de Julgamento do Pregão nº 59/2007. Venceu o certame a empresa João Celestino Eventos Ltda.

            Na mesma velocidade, no dia 7 de agosto era publicado, também no DOU, o extrato de contrato com a firma vencedora, que receberá, pela tal logística, 2 milhões, 202 mil, 975 reais e 60 centavos.

            Procurei saber o perfil da empresa vencedora e encontrei a resposta num artigo do jornalista Rangel Cavalcante, no Diário do Nordeste.

            Ele esclarece que a “gastança patriótica” contemplou uma firma do interior de Goiás muito experiente em rodeios e vaquejadas.

            O jornalista acrescenta que essa mesma empresa, a João Celestino Eventos, é a mesma que teria financiado parte da campanha do PR, o partido do Vice-Presidente da República

            Sr. Presidente, estou incluindo a este pronunciamento cópias dos pregões publicados no Diário Oficial da União e do artigo do jornalista Rangel Cavalcante, publicado no Diário do Nordeste, edição de 12 de agosto último.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de dizer também que no começo do mês recebi atenciosa mensagem de um fervoroso defensor do meio ambiente e, especialmente, da Floresta Amazônica, o Dr. Paulo Nogueira-Neto, pedindo apoio para a aprovação, no Senado, do projeto do Instituto Chico Mendes.

            Fui e continuo contrário a essa proposição, infelizmente acolhida pelo Legislativo. No entanto, ao contrário da visão repetida e equivocada que prevalece no atual Governo, de desapreço quase total às liberdades fundamentais e, particularmente, de expressão, respeito a posição do Dr. Paulo, ele que foi o primeiro Secretário do Meio Ambiente, da antiga Secretaria Especial do Meio Ambiente-SEMA.

            O ilustre Professor Emérito da USP, nessa sua mensagem, manifesta-se preocupado com a administração dos 70 milhões de hectares de “terras federais protegidas”.

            Não há dúvidas, como lembrou o então Presidente Fernando Henrique Cardoso, de que Paulo Nogueira-Neto é “detentor de mensagem de fé e otimismo, que é toda a vida dele. Fé em que alcançaremos o desenvolvimento sustentado, em que crescimento rime com conservação da biodiversidade e proteção da nossa riquíssima natureza”.

            Ultimamente, tem sido difícil essa necessária rima. Os atentados à Amazônia ocorrem com preocupante freqüência.

            Aplauso, no entanto, e com entusiasmo a posição do Professor da USP. Como ele próprio sabe - ao afirmar que acompanha minha principal luta no Congresso, que é a defesa intransigente da Amazônia - tenho muitas dúvidas quanto ao cumprimento correto da administração da nossa Grande Floresta.

            Como amazonense, mas, principalmente, como brasileiro, temo pelo futuro da Amazônia. E não sem razão. Ainda ontem, ao ler uma longa entrevista do jurista Saulo Ramos, vejo que essas apreensões não são apenas minhas. Autor de recente livro, O Código da Vida, em que faz significativas revelações ao País, o Dr. Saulo conclui suas observações afirmando que a frustração maior da sociedade consciente é com a impunidade da corrupção na atividade pública, para ele já transformada em acintosa agressão aos sentimentos éticos do brasileiro. E, com sua autoridade de notável jurista dos tempos contemporâneos, sentencia:

            (...) ...desta imoralidade alastrada e deste exemplo derivam as violências das ruas, as negociatas nas empresas, as especulações aventureiras nos mercados, a degradação dos comportamentos, desde a derrubada da Floresta Amazônica até o tráfico de drogas.”

            Reafirmo, é claro, minha admiração pelo grande brasileiro que é o Dr. Paulo Nogueira-Neto. Ele é um eterno vigilante das questões ambientais, pelo que muito me alegrou a leitura de uma pequena mas significativa mensagem que ele refere-se a minha luta pela Amazônia como vigorosa ação.

            Muito dessa empreitada, de que não abro mão, inspira-se em exemplos como o do emérito mestre da USP e por reconhecer que a Amazônia, área acima de tudo pertencente a todos os brasileiros e não apenas aos amazônidas, é a região estratégica por excelência do Brasil, cujo futuro depende da preservação dessa fantástica biodiversidade.

            Com agradecimentos pelas amáveis palavras do Dr. Paulo, adianto-lhe que, como ele, como o Dr. Saulo Ramos e como todos os brasileiros conscientes, tenho sérias dúvidas quanto aos métodos e à ação do atual Governo de pretensa defesa da Amazônia.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Diário Oficial da União”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/08/2007 - Página 28588