Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denuncia a invasão do movimento dos sem-terra à Companhia Vale do Rio Doce em Belo Horizonte - MG

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Denuncia a invasão do movimento dos sem-terra à Companhia Vale do Rio Doce em Belo Horizonte - MG
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/2007 - Página 28301
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • DENUNCIA, VIOLENCIA, INVASÃO, SEDE, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), PROTESTO, CONDUTA, SEM-TERRA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, AMEAÇA, PROPRIETARIO, TERRAS, SOLICITAÇÃO, INTERVENÇÃO, AUTORIDADE, GOVERNO, SENADO, INTERRUPÇÃO, MOVIMENTAÇÃO, GARANTIA, RETORNO, ORDEM CONSTITUCIONAL.
  • ANUNCIO, REALIZAÇÃO, PASSEATA, PROXIMIDADE, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), AUSENCIA, VIOLENCIA, EXERCICIO, DIREITOS, PARTICIPANTE, MANIFESTAÇÃO.
  • QUESTIONAMENTO, INCOERENCIA, CONDUTA, PARTICIPANTE, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, DESRESPEITO, NORMAS, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DEMOCRACIA, PAIS.

     O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a sede da Vale do Rio Doce em Belo Horizonte foi invadida pelo MST, segundo informações que chegam às minhas mãos.

     A diretoria técnica foi depredada, dois reféns foram feitos, o que se configura um crime de enorme gravidade, pois, trocando em miúdos, isso é seqüestro. No fundo é isto: impedir que uma pessoa vá aonde pretende.

     E o argumento chega a ser cretino, já que crime é crime. Mas há um argumento que não é crime. Alguém usar um argumento cretino não é crime, até porque a cretinice não é crime; é uma doença. O argumento é que querem reestatizar a Vale do Rio Doce, que hoje é mais valiosa no mercado que a Petrobras.

     Não estou aqui tentando criminalizar a cretinice; estou simplesmente dizendo que o crime se resume à violência de entrarem na sede de uma empresa privada protegida por leis muito claras, seqüestrarem duas pessoas, fazerem dois reféns, num flagrante quadro de anarquia, que tem que ser, a meu ver, coibido com energia pelas autoridades todas, federais e estaduais, sobretudo.

     No Rio de Janeiro, estão fazendo, em frente à Vale do Rio Doce, uma manifestação pacífica. Eu fui avisado por dois diretores da Vale do Rio Doce sobre isso. Eu disse a eles: no primeiro caso, eu não tenho como não fazer uma denúncia muito firme. No segundo caso, não. É um direito de quem quer que seja fazer a sua passeata, em frente de onde quiser, pacificamente. Podem fazer em frente ao Congresso, podem fazer em frente à Vale do Rio Doce, podem fazer em frente ao Palácio do Planalto se quiserem. É um direito dos manifestantes. No Rio de Janeiro, pelo que eu sei, transcorre pacificamente a manifestação.

     E é um direito dos manifestantes, por mais equivocados historicamente que sejam, fazer o que estão fazendo.

     Em Belo Horizonte, não.

     Já vimos aquele absurdo em Tucuruí, que poderia ter ceifado milhares e milhares de vidas - bastava um brincalhão daqueles ter apertado o botão errado. Eles brincaram de apertar “botãozinho”, conforme exibiu o Jornal Nacional.

     Então, peço a V. Exª, Sr. Presidente, que interceda junto às autoridades deste País, no sentido de que coíbam a truculência de uma entidade que não tem nada a ver com movimento social, que não pretende ver solução alguma para o campo; ao contrário, que terminou revelando-se gigolô de uma suposta crise do campo, que recruta desempregados urbanos sem nenhuma tradição de agricultura para fazer o que estão fazendo, que não respeita as leis brasileiras, que não respeita a Constituição brasileira, que pratica uma certa forma canhestra de espírito revolucionário zapatista, que não deu certo no México, lá no tempo de não sei quem, que não daria certo no século XXI. 

     De forma que lavro esse protesto de maneira muito enérgica e peço a V. Exª que tome as providências em nome do Senado, mostrando que esta Casa não está ausente de algo que é preocupante e que revela, a meu ver, a tentativa de testarem os limites da nossa democracia.

     Democracia não é tolerar tudo. Democracia não é casa de tolerância. Para se defender, às vezes tem de usar o cassetete democrático. Para se defender, que ela use o cassetete democrático, sim! Democracia, repito, não é casa de tolerância. Democracia não é o vai-da-valsa; não é esse laissez-faire, laissez-passer de modo a se desrespeitar a autoridade constituída, a se desrespeitar a iniciativa privada e a se desrespeitar o direito à iniciativa privada. Não é. Democracia é ordem, inclusive, ordem e toda liberdade dentro das leis que nós constituímos, nós que lutamos tanto para que reinasse esse regime de liberdade no Brasil, Sr. Presidente.

     Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/2007 - Página 28301