Pronunciamento de Mão Santa em 28/08/2007
Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Elogios à escolha de frases de valorização da educação na propaganda da Semana da Pátria.
- Autor
- Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SAUDE.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Elogios à escolha de frases de valorização da educação na propaganda da Semana da Pátria.
- Aparteantes
- Mozarildo Cavalcanti.
- Publicação
- Publicação no DSF de 29/08/2007 - Página 28898
- Assunto
- Outros > SAUDE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- REITERAÇÃO, DEBATE, NOTICIARIO, SUSPEIÇÃO, IRREGULARIDADE, SANTA CASA DE MISERICORDIA, PROTESTO, ORADOR, DIFICULDADE, FUNCIONAMENTO, PRECARIEDADE, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE, PROCESSO, REDUÇÃO, DOAÇÃO, MOTIVO, AUMENTO, COBRANÇA, IMPOSTOS.
- COMENTARIO, GREVE, MEDICO, REGIÃO NORDESTE, PROTESTO, INFERIORIDADE, TABELA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), PAGAMENTO, ASSISTENCIA MEDICO-HOSPITALAR, REGISTRO, LIBERAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), RECURSOS, SAUDE, EXPECTATIVA, DESTINAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI).
- ELOGIO, GOVERNO FEDERAL, COMEMORAÇÃO, SEMANA DA PATRIA, VALORIZAÇÃO, EDUCAÇÃO, DIRETRIZ, SOLUÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Antonio Carlos Valadares, que preside esta sessão de 28 de agosto; Srªs e Srs. Senadores aqui presentes; brasileiras e brasileiros que assistem a esta sessão e os que a vêem pelo Sistema de Comunicação do Senado.
Senador Jefferson Péres, o País ouve esta voz! Aqui é o Senado da República. Senador Mozarildo Cavalcanti, foi daqui que, num período tumultuoso, Afonso Arinos bradou: “Será mentira a viúva? Será mentira o órfão? Será mentira o sangue? Será mentira o mar de lama?
E o bondoso Getúlio renunciou à vida.
Daqui sai a verdade, como saiu a verdade de V. Exª. E Luiz Inácio nos ouve, Mozarildo, porque nós somos, e temos de ser, os pais da pátria. Não tem há significado histórico se não for assim. Isso é o que sustenta o Senado, essa cultura.
Ó Mozarildo, ontem eu bradava aqui, diante do Jornal O Globo. Querido Duque, estava em O Globo: “Santa Casa suspeita”. Atentai bem, que vergonha esse Governo! Santa Casa suspeita, Péres. Em Belém há Santa Casa, não há?
O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Em Manaus.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em Belém tem. Em Manaus tem? Tem. No Rio de Janeiro também.
Ó Duque, V. Exª que sabe tudo ou quase tudo - quando fala aqui é uma voz que todos ouvem - da história da República, a idéia de criar a Santa Casa foi da rainha Leonor, de Portugal, idéia. Aqui, ó Peres, um desses navios chegou trazendo uma epidemia, a peste bubônica. Padre Anchieta os acolheu e os colocou em palhoças. Luiz Inácio, já havia Governador. Neste País houve o Tomé de Sousa e o Duarte da Costa, Luiz Inácio.
Foi aí que nasceu a Santa Casa. Ó Duque, Duarte da Costa, Anchieta... E nas páginas dos jornais: “Santa Casa suspeita”. Ó Papaleo, V. Exª adentrou muitas Santas Casas... Santa Casa suspeita, Jefferson!
Desde Duarte da Costa... Eu digo aqui: atire a primeira pedra quem nunca precisou de uma Santa Casa. Elas estão com dificuldades. Santa Casa não é suspeita; é muita misericórdia, é muito benefício, é muita história, é muita ciência. Ó Jefferson Péres, eu sei como funciona a Santa Casa. O meu pai foi tesoureiro de uma. Ó Duque, era naquele tempo em que nós almoçávamos com o chefe da família, ao meio-dia. Batiam palmas lá fora, e a doméstica dizia: “Seu Joaz, querem falar com você”. Iam dar dinheiro para a Santa Casa. Ele era tesoureiro da Santa Casa. E eu pergunto ao Brasil, às brasileiras e aos brasileiros, aos ricos: quem é que dá dinheiro hoje para a Santa Casa? Qual de vocês que já deu dinheiro para a Santa Casa? Antigamente se dava, Mozarildo, porque não tinha essa fome de impostos do Partido dos Trabalhadores; são 76 impostos. Ó Álvaro Dias, quem é que vai dar dinheiro para a Santa Casa? Ó Duque, eu vendi bingo - bingo em quermesse - para a Santa Casa. Era assim que funcionava. A sociedade comprava e, mais ainda, Jefferson Péres, batiam o bingo - V. Exª sabe - e o que ganhava dizia: “Eu devolvo o boi, o garrote, para a Santa Casa”. Era essa... Eu me lembro, Mozarildo, que minha mãe, escritora, tem um livro: A Vida é um Hino de Amor...
O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Mão Santa, V. Exª está me citando muito, eu gostaria de fazer um aparte.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É lógico. Eu estou convocando-o para você entrar, porque esta é a sua praia: a defesa da dignidade, do médico e da saúde, que V. Exª representa tão bem e como líder maçônico.
Eu quero lhe dizer que a minha mãe escreveu para uma miss, Emília Corrêa Lima, para fazer uma festa na nossa cidade, ó Duque - e ela foi -, para angariar dinheiro para a Santa Casa. Todo mundo comprava mesa. Ela era tão feliz... Tinha um noivo e largou o noivo e casou com o Major Wilson da Santa Cruz. Todo mundo dava dinheiro.
Mozarildo, com a palavra.
O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Mão Santa, à parte a mãe, eu quero me ater aqui à questão importantíssima da Santa Casa. V. Exª assim como eu e o Senador Papaléo aprendemos Medicina justamente numa Santa Casa. E aprendemos Medicina tratando os pobres, mas os pobres da linha mais baixa da pobreza. E como é que essas Santas Casas eram mantidas? Como V. Exª disse. Por filantropia e pouco recurso público. No nosso caso, que me formei em Belém, a Santa Casa era um hospital-escola; então havia um pouco de recurso, digamos assim, da Faculdade de Medicina aplicado lá. Mas, de modo geral, em todo o Brasil, as Santas Casas foram hospitais escolas que formaram gerações de médicos. É lamentável ver como estão hoje. Ainda assim prestam um trabalho inestimável àquela camada mais pobre da população. O discurso de V. Exª é um brado de alerta a um Governo que se diz muito preocupado com os pobres, para que realmente apóie as Santas Casas.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Mozarildo Cavalcanti, ontem bradávamos isso. E o Governo, o Ministro Temporão, liberou R$2 bilhões para o Nordeste.
Em Alagoas, os médicos estão em greve. Em Pernambuco, em greve. Os médicos do Ceará, os cirurgiões cardiovasculares - Senador Papaléo Paes, V. Exª é um grande clínico cardiologista - pararam. Ontem deixaram de fazer 70 cirurgias.
Jefferson Péres, você sabe quanto pagam por uma cirurgia de coração? Por uma consulta eu já disse que o SUS paga R$2,50; por uma anestesia, R$9,00. O povo não dá mais dinheiro para as Santas Casas, funcionam com essa tabela. Por uma cirurgia cardíaca pagam R$70. Luiz Inácio, você sabe quanto tempo se leva para fazer uma cirurgia cardiovascular? Eu aprecio o Christian Barnard - é outra história - o Zerbini e o Adib Jatene. Fiz muitas cirurgias com ele, no início da cirurgia cardiovascular. Atentai bem. Sabe quanto tempo leva? Não digo que se chega de manhã, para tirar a safena, pôr, UTI... É a vida toda, Papaléo, porque o doente vai ter complicação. Qualquer coisa que ele sinta foi depois da cirurgia... E lá vai... Uma cirurgia cardiovascular é R$70,00! Se eu fosse um cirurgião cardiovascular não poderia convidar um eleitor para comer no Porcão, porque não dá para pagar. Uma anestesia, R$9,00; uma consulta, R$2,50. Ó Duque, o nosso Sérgio Cabral, gente muito boa, estava nesse lugar, mas saiu - foi como se saísse o Pelé e entrasse o Amarildo, que é V. Exª, que está fazendo gols pela democracia - pediu lá uma participação tríplice: governo municipal, estadual e federal. Encheram de auditoria, condenando a Santa Casa. Mas o Temporão viu isso e conseguiu ontem liberar R$2 bilhões.
Venho aqui pedir que enviem um pouco para o Piauí, para a nossa Santa Casa, para o Getúlio Vargas, para a Maternidade Evangelina Rosa, que está fechando, para o Hospital Universitário, para o Pronto Socorro iniciado por Heráclito Fortes, quando era Prefeito de Teresina, em 1989/1990, e eu era Prefeito da Parnaíba.
Se ouve... Querem ver como esta Casa é ouvida? Senador Alvaro Dias, ontem V. Exª presidia a sessão e eu clamava e chorava pela Saúde. Falava de suas dificuldades. Jefferson, a Saúde só está boa para nós. Todo dia vai uma pessoa ao meu gabinete: quer ir a São Paulo fazer uns exames. Apareceu aqui paciente bonzinho. É bom aqui. Aqui tem assistência... É bom para quem plano de saúde, para quem tem dinheiro, mas para o resto está aí, em Brasília, que é essa ilha do poder. Mas olha o Cristovam. O Cristovam bradava por educação. Ele gritava. E olha como o Governo ouve. Parecia que o Cristovam era o Presidente da República. Jefferson, quase você seria o Vice. Olha aqui, nos Ministérios. [Vai acabar o tempo? Não]. Olha o que está escrito nos Ministérios. Vamos lá ver as faixas do Governo nesses Ministérios grandões. É o Governo de Cristovam Buarque.
Atentai bem para o que está escrito na faixa do Ministério dos Transportes?: crescimento da economia, a educação é o caminho. Para a Semana da Pátria, no Ministério da Fazenda - pode botar -, olha o que está escrito na faixa, inspirado no discurso de Cristovam: saúde e qualidade de vida, a educação é o caminho. Parece que é o Cristovam Buarque agora o Presidente. Está melhorando, ô Lula, Luiz Inácio. Na Secretaria Especial de Política da Defesa das Mulheres: a educação é o caminho do Brasil. Agora, sim. O PT encontrou o seu ícone. No Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, a faixa comemorativa da Semana da Pátria: cultura e conhecimento, a educação é o caminho. Meus parabéns.
Agora, o Governo parece que vai encontrar um rumo, inspirando-se aqui.
Mais faixas comemorativas da Semana da pátria:
Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Esporte, Ministério das Cidades: segurança alimentar e combate à fome. Na parede está escrito: visão de futuro, a educação é o caminho.
Ministério das Minas e Energia: energia para crescer. A educação é o caminho.
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: desenvolvimento sustentável: A educação é o caminho.
Ministério da Agricultura: conservação da biodiversidade: a educação é o caminho.
Ministério da Integração Nacional, Ciência e Tecnologia: igualdade e inclusão. A educação é o caminho.
Ministério da Previdência, Ministério do Trabalho: hábitos saudáveis com educação.
Ministério do Trabalho...
O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Senador Mão Santa, eu vou conceder mais um minuto a V. Exª, porque já concedemos cinco minutos.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Lá no Ministério da Saúde: Alimentação é o começo da educação, é o caminho.
Então, nós esperamos que isso não fique só nas paredes do Ministério. Que o três que o Heráclito denunciou aqui, que seria o terceiro mandato, na propaganda do Banco do Brasil, seja ações deste Governo, Antonio Carlos Valadares, do qual V. Exª faz parte, e melhoria da segurança, pela qual aqui nós clamamos.
Norberto Bobbio disse: o mínimo que se tem de exigir de um governo é a segurança, melhoria da saúde e da educação. Aí este Governo estará agradando ao povo brasileiro e não vai mais ser vaiado.