Pronunciamento de Mão Santa em 29/08/2007
Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem ao Presidente Getúlio Vargas pelo transcurso do qüinquagésimo terceiro aniversário de seu falecimento.
- Autor
- Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem ao Presidente Getúlio Vargas pelo transcurso do qüinquagésimo terceiro aniversário de seu falecimento.
- Aparteantes
- Tasso Jereissati.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/08/2007 - Página 29052
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, ETICA, DIGNIDADE, VIDA PUBLICA, EMPENHO, TRANSFORMAÇÃO, CRESCIMENTO, BRASIL.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Senador João Vicente Claudino, que preside esta sessão solene em homenagem a Getúlio Vargas e que preside o partido de Vargas no Piauí; Srs. Senadores, Srªs Senadoras, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado Federal.
A Revolução de 1930 no Piauí, Francisco Alcides do Nascimento. Mas, serei breve. Senador Pedro Simon, ouvi muitos oradores e o Senador Cícero disse: “nunca fale depois de um grande orador”. No caso, o orador foi V. Exª - e tinha que ser do Rio Grande do Sul -, mas vou falar - e vou porque vi uma passagem sobre nós, médicos, em um Congresso de Psicanálise. Uma jovem médica contestou até determinados aspectos do pensamento de Freud, e o Presidente da mesa perguntou: “Como ousas contestar Freud?” Ela disse: “Eu vejo mais porque estou montado na cacunda dele”. Como V. Exª não tem cacunda, não vou ver mais do que V. Exª nem poderia montar. V. Exª tem a elegância do homem gaúcho e pode dizer como Aquele que disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a luz”. Pedro Simon é a luz. Falaram muito, mas Pedro Simon, do Rio Grande do Sul, é a nossa luz, é a luz do meu PMDB e de Jarbas Vasconcelos, que está sentado atrás de V. Exª neste instante.
Eu tenho uma história. O Presidente desta sessão, Senador João Vicente, não tinha nascido nem o Senador Expedito Júnior. Em 1950, conheci Getúlio Vargas. Eu o conheci pessoalmente. Era Prefeito de Parnaíba meu tio, médico, Dr. João Orlando de Morais Correia. Nasci na Avenida Presidente Vargas - naquele tempo, nascia-se em casa mesmo -, onde hoje é o Bradesco. Meu tio morava ao lado. Por muito tempo, esteve lá. Nesta casa, hospedou-se Getúlio Vargas em agosto de 1950. Eu nasci em 1942; tinha oito anos, era sobrinho do Prefeito e vi Getúlio Vargas. Praça Nossa Senhora das Graças, que não devia ser demolida. O comício no coreto. Eu já tinha essa atração. Vi Vargas; vi Juarez Távora, mandando apertar o cinto; vi Eduardo Gomes; vi Jânio Quadros; mas Getúlio Vargas empolgou e depois saiu. Eram 10 horas da manhã.
Sr. Presidente, eu ouvi Vargas dizer: “Se eleito for, farei o Porto de Amarração”. Amarração era o nome da atual cidade de Luís Correia. Epitácio Pessoa deu início à obra; Getúlio assim disse; e Luiz Inácio foi lá, tomou banho, prometeu e nada. Só conversa. Ganhou os votos de lá. Levou Alberto Silva e disse que ia colocar os trens para funcionar. Senador Jarbas Vasconcelos, nem um dormente trocou. De mentira em mentira, vamos passando o tempo.
Vou dizer o que me prende a Getúlio Vargas. Sou médico, Senador Pedro Simon. Sou Francisco. V. Exª é franciscano. Não sou mão santa, mas sou filho de mãe santa. Minha mãe era terceira franciscana. Há um livro com o qual presenteei V. Exª: A Vida, um Hino de Amor, publicado pela Editora Vozes.
Quero dizer o que me prende aqui. É a ciência médica. Para onde vai você leva a sua formação profissional. Então, fui médico, professor de cirurgia, estudei Psicologia. Hoje, temos uma filha da Psicologia, a Neurolingüística. Jarbas, ela diz que há uma modelagem. Todo mundo busca um modelo. Os que querem ser jogadores de futebol buscam o rei Pelé; outros que querem cantar e têm como modelo o rei Roberto Carlos. Quem quer ser artista de novela tem como modelo Tony Ramos. Para quem quer ser político do PMDB, está ali o modelo: Pedro Simon. Por aí vai. Eu era médico, cirurgião. Quando entrei na política Juscelino Kubitschek me encantou. Ô, Jonas, era, como eu, de Santa Casa, passou no Exército, foi Prefeitinho, foi Governador, foi cassado bem ali, humilhado. Juscelino era meu modelo.
Ô, Pedro Simon, interessante: V. Exª conhece Reginaldo Furtado, Conselheiro da OAB do Piauí. Aliás, o pai dele, Afrísio Furtado, tinha sido derrotado pelo meu tio, João Orlando. Mas sou devedor.
Eu era encantado por Juscelino. Foi ele que disse: “É melhor ser otimista. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errado”. Eu era encantado com Juscelino, e o Reginaldo Furtado disse: “Getúlio é melhor”. Aquilo foi um choque para mim. A minha modelagem e o meu encantamento caíram por terra, Senador Jonas Pinheiro. E ele insistia. Daí comecei a ler muitos livros de Getúlio. Eu tinha conhecimento, porque ele almoçou na casa do meu tio, tirou soneca numa rede, com seu charuto e os Gregórios todos de branco, como Gregório Fortunato. Eu, aos oito anos, era sobrinho do Prefeito. V. Exªs sabem como é. Conheci o Getúlio, que não me havia encantado. Encantava-me Juscelino. Mas Reginaldo Furtado tem razão.
Luiz Inácio, Vossa Excelência é um homem feliz, porque não precisa mesmo nem ler, como Vossa Excelência diz. Vossa Excelência diz que ler uma página lhe dá canseira e que é melhor fazer uma hora de esteira. Basta ouvir o que foi dito aqui: o discurso de Pedro Simon. Ouvir, Luiz Inácio! Não precisa buscar exemplos em outras histórias, em outros mundos! O exemplo está aqui: Getúlio Vargas, Juscelino... Basta pedir. V. Exª, que é do PTB, que está no núcleo do Governo - não é mais aquele núcleo burro e duro, como eu dizia -, leve a fita do discurso do Senador Pedro Simon, contando o estadista que foi Getúlio, para não dizer mais uma besteira, Luiz Inácio! Foi o melhor Presidente.
Pedro II governou esta Pátria por 49 anos, Senador Jarbas Vasconcelos. Ele morreu em Paris. As grandes Lideranças da França disseram que, se eles tivessem tido um rei como Pedro II, eles não teriam feito a República. Então, que figura foi Pedro II!
Que figura foi Getúlio Vargas! O homem é o homem e suas circunstâncias. O Senador Arthur Virgílio não soube retratar isso! Ó, Senador Paulo Duque, não sou eu não; isso é de Ortega y Gasset. Então, Getúlio governou e foram três guerras: uma para entrar; depois, os paulistas quiseram derrubá-lo; depois, houve a Segunda Guerra Mundial. Então, é complicado.
Ditadura não é boa, Arthur Virgílio, mas o ditador era um homem bom, humano e correto. Essa é a diferença que o Senador Arthur Virgílio tinha de entender. Ditadura não é bom.
Leia Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Mas o ditador era um homem bom. Pedro Simon, Luiz Inácio tem de se limitar a ouvir o discurso de V. Exª. Peça aqui no Senado. O Renan não é aliado dele? Peça, e lhe mandarão de presente o discurso de hoje de Pedro Simon.
Há um livro de Getúlio, O Diário de Getúlio Vargas, Senador João Vicente. São dois volumes grandes, Senador Jarbas Vasconcelos. V. Exª já o leu? Já li o primeiro volume e estou terminando o segundo. Quando chego, está na minha mesa de cabeceira no apartamento em Teresina.
Ô homem trabalhador! E sabe o que me prende no Diário, Pedro Simon? Era domingo, era Natal, era dia de ano, carnaval - eu me prendo nisso, Jarbas -, quando estava todo mundo brincando, farreando, ele ia estudar, Luiz Inácio, debruçando-se sobre os problemas. O trabalho - ô homem trabalhador! O exemplo arrasta. O PTB, Partido Trabalhista Brasileiro. Ele era um trabalhador e falava pouco. Só falava em 1º de maio: “Trabalhadores do Brasil...” E, aí, trazia essas obras. E ele não andava viajando pelo mundo. Viajava pouquíssimo.
Ô, Luiz Inácio, era diferente. Os outros é que vinham. O Tasso sabe porque o pai dele era do PTB. Eu votei em Carlos Jereissati. Os outros é que vinham. Franklin Delano Roosevelt veio duas vezes; Perón vinha conversar com ele. Esse era o Getúlio estadista.
Vou fazer uma proposta ao Luiz Inácio de hoje: pegue a sua encantadora Primeira-Dama, Marisa, e saia de mãos dadas pela Rua do Ouvidor e na Cinelândia. Expedito Júnior, aquele era um Presidente de moral. Ele saia do Palácio e ia assistir um filme num cinema da Cinelândia, com um ajudante de ordem.
Este era o Brasil; não era a barbárie de hoje, não.
Ô, Tasso, para eu andar de mãos dadas com a Adalgisa na rua, eu vou lá para Buenos Aires. Aqui é bala perdida. Em Teresina, eles sabem, nem sentinela tem mais de noite, porque assaltam até o defunto.
Outro dia, Senador João Vicente, fui de noite a uma sentinela. A pessoa tinha morrido às quatro horas da tarde e, quando cheguei lá, já a tinham enterrado. Disseram que, de noite, assaltam a casa.
É essa epidemia que no tempo do Getúlio não tinha. E por quê?
Dona Marisa, com todo respeito - Tasso, presta atenção, porque sou testemunha, faço parte da história, fiz residência no Hospital do Servidor do Estado, do Ipase, sou garoto da praça Mauá -, do lado do Hospital do Servidor do Estado, tinha a Casa do Pequeno Jornaleiro, e D. Darcy recrutava todos os meninos de rua e internava. É um prédio do tamanho do Hospital Getúlio Vargas, do Hospital do Servidor do Estado. Está ali o Duque. Nós, os médicos residentes, alugávamos para jogar futebol com eles, os meninos de rua. D. Darcy Vargas os recrutava. E se faz isso. A minha Adalgisa fez em Parnaíba e em Teresina. Está aí, ele é meu adversário; ele é do PTB. Tiramos todos os meninos da rua. Ô D. Marisa, onde estão os meninos de rua do nosso Brasil? Não é conversa, não, está aí. Ele é meu adversário e pode dizer. Tiramos, em Teresina, todos e, muito antes, em Parnaíba. É por isso que estou aqui. Nunca fiz título de eleitor, nunca comprei um voto, não tenho dinheiro.
Esse era o Rio de Janeiro. Tasso, eles entravam no hospital, nós éramos colegas, iam vender jornal para os operados, para os doentes. Abandonou-se, e está aí o Rio de Janeiro.
Eu sou recente: estudei lá em 1967, 1968 e 1970, não sou pré-histórico, Pedro Simon. Governo é para isso. E eu fiz no Piauí, e, hoje, não se tem nenhuma segurança.
Mas o que Getúlio tem para ensinar? Eu só ia deter um quadro e é muito oportuno. Ó Tasso, só um quadro. Eu sei que o Tasso Jereissati tem um patrimônio muito grande. Eu votei no pai dele. Disseram que ele era dono de um dos edifícios lá na Praia do Ferreira. Votei. Estudei lá. Meu avô também tinha, Tasso; eu não tenho, mas meu avô tinha dois navios. Vou citar isso só para que entendam.
Olha, PT, aprenda! Ó, Jarbas, Getúlio Vargas saiu depois de quinze anos. Ó, Senador João Vicente, V. Exª conhece os aloprados do Piauí, aqueles que nunca trabalharam nem têm emprego. Eu sou neto do homem que tinha dois navios-indústria. Vá ao meu apartamento e vá ao desses aloprados. Quarenta anos de médico-cirurgião, Secretário de Saúde de duas cidades, Prefeito, Governador... Os aloprados fizeram fortuna e nunca trabalharam. A gente sabe, porque isso salta aos olhos.
Getúlio, de 1930 a 1945, saiu, e não foi como disseram. Se nós fomos, por decisão deles, lutar pela democracia, ele não foi traído. O homem é o homem e suas circunstâncias. Ele entregou. Nós passamos a ser comandados por Winston Churchill, o homem que uniu Franklin Delano Roosevelt, Stalin e atraiu a liderança de Getúlio.
Ele, voluntariamente, entregou o governo e se recolheu aceitando o mundo democrático. Mas ele saiu, Jarbas. E por que aquela história do pai do Tasso e do meu avô? Tasso, atentai bem! Ele saiu e foi para São Borja. Não tinha energia na fazenda dele. O que é que o aloprado de hoje faz? A primeira coisa é botar energia lá na sua terra, é botar asfalto, água e não pagar e roubar as coisas.
Jarbas, Tasso, os que têm a minha idade sabem. João, você não tinha nascido. A geladeira era uma branca Eletrolux com pé comprido. A gente botava querosene, tinha um espelho metálico, e meu avô gritava: “Menino, olha aí!”. Ô, Tasso, eu não sei se você viveu esse tempo, mas tinha uma chama e, quando fazia fumaça, não gelava. Eu não sei explicar a química, mas o meu avô gritava.
E por que eu estou trazendo o meu avô e o pai do Tasso? Olha, na mesma época, Tasso, que eu vivi, meu avô tinha três geladeiras: uma na casa da praia, em Amarração, que é em frente hoje da Ipecea; tinha uma na fábrica e uma no sobrado, a residência dele, que hoje é a Escola Simplício Dias. Três! Eu vivia ouvindo meu avô gritando: “Menino, olha a chama!” Cabeça baixa.
Getúlio Vargas. Atentai bem, Brasil. Depois de quinze anos, ele não tinha uma geladeira. Basta aprender isso e os aloprados não estariam condenados, como ontem. Getúlio, quinze anos, não tinha, Tasso.
Aí ele passou em São Paulo, Pedro Simon, e um amigo empresário - como você pode me oferecer - ofereceu uma geladeira a Getúlio. E ele, com aquele pudor, ética, decência e dignidade, que ninguém vê hoje no Governo do Brasil... E um amigo chegou e disse: “Rapaz, aceite, ele não quer te dar?” E ele levou a geladeira. Meu avô tinha três na mesma época. Getúlio, depois de quinze anos, nem uma geladeira a querosene, Electrolux. Ganhou e, depois, sabe o que ele disse, Tasso? “É bom, de noite eu tomo sorvete de chocolate”.
Esse é o grande e oportuno patrimônio de Getúlio a ensinar essa gente. Aí já foi falado tudo. E faço minhas as palavras, que é uma só, para nunca mais: Luiz Inácio, achar que inventou a roda!
Ontem eu disse nesta Casa, com Duque, que quando esse Governo critica as Santas Casas, que foram criadas por Padre Anchieta, no Rio, com Duarte da Costa, o segundo Governador.
Mas o que eu acho interessante para o Luiz Inácio? O Dasp. O que é o Dasp? Foi o Getúlio que criou. É o Departamento Administrativo do Serviço Público.
Ô João Vicente, não é brincadeira esse negócio!
Tasso, eu estava encantado e, mesmo como médico - acho que o cão me atentou -, de repente, eu era prefeito da minha cidade. E tive medo! Olha, Juscelino disse que tinha medo de ter medo. Pois eu tive. Eu dizia: “Você vai assumir à prefeitura?” Eu era um cirurgião bom, da Santa Casa, mas sabia estudar. Comecei a estudar e encontrei o livro do Dasp, de Wagner Estelita, sobre chefia, liderança e critérios de promoção.
Essa era a preocupação de Getúlio Vargas. Todo funcionário tinha essa formação. Este País foi bem estruturado e educado. Milhares de funcionários públicos educados pelo Dasp; estimulados, fizeram crescer este País. E lá há um capítulo a respeito de critérios de promoção, aquilo que Luiz Inácio está eliminando, pois colocou aloprados nas chefias e acabou com o Brasil.
Concedo um aparte ao Senador Tasso Jereissati.
Eu gostaria que ele desse notas para a segurança, para a educação e para a saúde.
O caminho para Luiz Inácio é rever nossos pronunciamentos, para que aprenda o que Getúlio fez por nós.
Ouço o Senador Tasso Jereissati, filho de Carlos Jereissati, Senador do PTB, com o meu voto.
O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Mão Santa, eu gostaria, primeiramente, de parabenizá-lo pela avaliação que faz da figura do grande estadista Getúlio Vargas. Ressalto a importância de um aspecto que V. Exª lembra: é fundamental - e, hoje, parece esquecido pelas grandes autoridades - o aspecto ético. Getúlio Vargas teve um criticável poder quase que ilimitado. No entanto, com todo esse poder e com toda a sua popularidade, primou por um comportamento ético em que a sua própria figura e o seu próprio comportamento serviam como exemplo - não apenas a sua palavra, mas o seu comportamento no dia-a-dia do exercício do poder, como V. Exª tão bem exemplificou com a passagem da geladeira. Eu, infelizmente, não sou contemporâneo de V. Exª; não havia nascido, ainda, no tempo da geladeira Eletrolux. Eu queria dizer a V. Exª que tenho a grande honra, também, de ser filho de um trabalhista histórico, que fundou o PTB no Estado do Ceará. Ele foi amigo, admirador e correligionário de Getúlio Vargas, e contribuiu com ele para um trabalho que promoveu a maior transformação socioeconômica e política da História do Brasil. Foi ele que deu o passo para a transformação do Brasil rural em Brasil industrial. Foi ele que deu o passo para a transformação do Brasil de população eminentemente do campo para o de população urbana. Foi ele que permitiu que o proletário, o trabalhador urbano, o trabalhador das indústrias e do comércio tivessem voz e vez na política e no poder de decisão do nosso País. Ao contrário do que se faz hoje, cultivou uma popularidade gigantesca nessa população, não a desunindo, mas, ao contrário, unindo-a, conclamando sempre e fazendo da base da sua política a união da população proletária urbana com a burguesia industrial, que começava a nascer. Unindo esses dois setores da vida social e econômica brasileira, ele deu base para o Brasil de hoje, esse Brasil urbano, industrial e internacionalmente independente, com política externa própria, também fruto da sua liderança e dessa política. Por isso, eu queria juntar-me a V. Exª no seu pronunciamento, parabenizando-o, mais uma vez, e a todos aqueles que vêm homenagear Getúlio Vargas no 53º aniversário de seu falecimento.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - As palavras do Senador Tasso Jereissati enriquecem essa festa, porque rememoram o seu pai.
Ô Kátia, V. Exª encanta muito. Deixe o Pedro Simon me ouvir agora.
Pedro Simon, agora, vamos para a volta. Academia de Letras; Getúlio esteve neste Senado e voltou nos braços do povo.
Atentai bem, Senador Pedro Simon! Ele teve um aloprado, que eu vi na minha cidade, o Gregório Fortunato. Gregório Fortunato, de preto, fora trazido menino pequeno ainda, nos anos 30.
Então, ele ouviu os puxa-sacos aloprados, porque Getúlio também os tinha: “Vamos acabar com aquele jornalista”. E fez.
Getúlio, quis Deus, fez a última visita a Minas, a Juscelino.
Desta tribuna, as oposições bradavam, com o mineiro que perguntava: “Será mentira o sangue? Será mentira a viúva? Será mentira o órfão? Será mentira o mar de lama?” Getúlio não podia contestar, porque havia trazido aquele moreno, que não era neto dos lanceiros negros gaúchos. E ouviu, envergonhado. Houve um aloprado só! E um governo que tem quarenta aloprados?
Atentai bem, Tasso! Um aloprado!
Fez o Getúlio o seu sacrifício para uma reflexão.
Ó, Deus! Com a ajuda de Deus, o sacrifício de Getúlio vai fazer com que todos nós, juntos, levemos esta Pátria aos caminhos da ética, da decência e da honestidade que Getúlio viveu.
Essas são as homenagens do Piauí que, na ditadura Vargas, foi o único Estado em que não ficou um tenente. O interventor foi um médico, Leônidas de Mello, que encravou lá o Hospital Getúlio Vargas, que faz de Teresina um dos ícones no serviço de saúde.
Então, essas são as palavras de respeito e gratidão pelo exemplo que Vargas deu ao Piauí e ao Brasil.