Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para pesquisa mostrando que o índice de extrema pobreza caiu pela metade no Brasil, dez anos antes da meta da ONU. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Destaque para pesquisa mostrando que o índice de extrema pobreza caiu pela metade no Brasil, dez anos antes da meta da ONU. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 31/08/2007 - Página 29713
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, VALOR ECONOMICO, FOLHA DE S.PAULO, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), EMPENHO, GOVERNO FEDERAL, CUMPRIMENTO, COMPROMISSO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), COMBATE, POBREZA.
  • COMPARAÇÃO, DEFASAGEM, ESTUDO, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), LEVANTAMENTO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), MELHORIA, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, REDUÇÃO, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, MERCADO DE TRABALHO.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), COMPROVAÇÃO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, REDUÇÃO, MISERIA, RECUPERAÇÃO, PODER AQUISITIVO, VALORIZAÇÃO, SALARIO MINIMO, BRASIL.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. Vou pedir, Senador Magno Malta, que eu tenha um pouco mais de tempo porque o assunto que me traz à tribuna é algo que reputo como importantíssimo, porque diz respeito a aproximadamente cinco milhões de pessoas. E mais, diz respeito a se atingir uma meta dez anos antes do prazo previsto, ou seja, conseguiu-se antecipar um compromisso assinado pelo Brasil, que seria cumprido apenas daqui a 10 anos, para executá-lo dez anos antes. Portanto, não se trata de qualquer assunto; é algo extremamente importante.

            Trouxe aqui os jornais de hoje, porque um assunto extremamente importante recebeu tratamento absolutamente diferenciado pelos nossos principais jornais.

            Por exemplo, o Valor Econômico não trata do assunto nem sequer numa pequena nota na capa, apesar de, no interior do jornal, haver matérias relevantes, importantes, informando que o curso superior aumenta a renda familiar e que o índice de extrema pobreza cai pela metade no Brasil. Ou seja, trata do assunto no interior do jornal, mas, na capa, não faz chamada.

            O Correio Braziliense apresenta uma capa bastante significativa, com a questão do mensalão e do Renan, mas, no final da página, o jornal publica uma nota intitulada “Retrato do Abismo Social”, e fala do estudo do IBGE. No interior do jornal, a reportagem já é mais substancial: “indicadores avançam”. Então, trata de “objetivos do milênio” e de que nós conseguimos, dez anos antes, atingir as metas assinadas pelo Governo brasileiro.

            O Estado de S.Paulo também trata do assunto com uma nota muito pequena, no rodapé: “Rico gasta 10 vezes mais do que o pobre”. As matérias internas são mais substanciais. Perdi a marcação e não quero perder o tempo com a localização. Mas, no meio, aborda a questão do IBGE com muito mais destaque do que a da ONU.

            A Folha de S.Paulo já trata o assunto diferentemente, colocando-o na capa, com destaque. Mas afirma que o gasto dos ricos supera dez vezes o dos pobres e não trata da questão da meta do milênio, mas apenas do IBGE. E, na matéria do “Cotidiano”, há várias páginas em que se fala que os ricos gastam mais do que os pobres e que os brasileiros gastam mais com carro do que com educação. Então, no “Cotidiano”, há bastante matéria sobre o estudo do IBGE.

            O Globo expõe na capa “IBGE: educação eleva rendimentos”, e fala das metas do milênio sem muito destaque na capa, mas nas matérias: “Diploma é passaporte para o social”, “Ricos gastam 10 vezes mais do que os pobres” e “10 anos antes, Brasil reduz pobreza à metade”.

            Eu trouxe todos os jornais para mostrar exatamente que um assunto importantíssimo como este, que trata da questão que envolve cinco milhões de pessoas que tiveram condições de sair da extrema pobreza, e o Brasil conseguiu fazer isso dez anos antes do compromisso firmado - que me desculpem, Senador João Tenório -, não era para estar em rodapé ou em matérias apenas no interior dos jornais. E, muito mais ainda, não era para que houvesse a mistura de dois estudos importantíssimos, um feito pelo IBGE, com base na pesquisa de orçamento familiar. Os estudos são de épocas diferentes. O estudo do IBGE é de 2002 e 2003; o levantamento da ONU, de que tivemos capacidade de cumprir 10 anos antes a diminuição, conforme compromisso de reduzir a extrema pobreza à metade é até 2005, mostrando de forma inequívoca que, nos últimos anos - a matéria que está na parte interna do Correio Braziliense dá esse destaque, que faço questão de ler, porque essa questão de pegar um estudo do IBGE, de 2002/2003, em que ainda fica muito clara a concentração de renda, a diferença entre pobres e ricos, a influência da educação na melhoria da renda das pessoas e ainda os cortes...

            (Interrupção no som.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Muito obrigada, Senador Magno Malta.

            E ainda o corte na questão de gênero, na diferença de renda entre homens e mulheres, a questão étnica, brancos, negros, tudo isso aparece de forma muito clara no estudo do IBGE relativo aos dados de 2002 e 2003. Mas é o dado da ONU, que vai até 2005, que demonstra que estão certas as políticas adotadas e a influência que essas políticas tiveram para que pudéssemos conquistar - e deveríamos estar comemorando de forma efetiva - a redução da extrema miséria à metade, um compromisso que era para assumirmos daqui a 10 anos. Esse é um compromisso que nós, com dez anos de antecedência, estamos realizando. Inclusive a confusão das matérias entre os dados do IBGE e os dados do levantamento da ONU dá a impressão de que nada vem sendo feito e que a distância entre pobres e ricos não melhorou e não se efetivou de forma tão concreta.

            E a própria matéria, volto a dizer, do Correio Brasiliense, que faço questão de ler na íntegra, exatamente registra isso em “Números defasados”.

            Feita com base em dados dos anos 2002 e 2003, a pesquisa do IBGE é um retrato de como a desigualdade continua sendo marca do Brasil. Apesar de válidos, os dados não capturaram a profunda mudança no perfil do consumo do País nos últimos anos.

             Houve melhoria do padrão de renda dos brasileiros em geral. Analistas marcam o ano de 2004 como um ponto onde começou a mudar o padrão de consumo das famílias - não é à toa o ano recente de mais forte crescimento da economia nacional.

            (Interrupção do som.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Continuo, Sr. Presidente:

            É essa recuperação no consumo das famílias, por sinal, quem vem puxando a economia, graças a uma combinação de fatores como a queda da inflação e dos juros, os benefícios dos programas sociais [Bolsa-Família e tantos outros], a elevação do salário mínimo e melhoria dos indicadores de emprego.

            Um estudo recente sugere que apenas no ano passado oito milhões de brasileiros deixaram a baixa renda e ascenderam para níveis da população com maior poder de consumo. Só no primeiro semestre deste ano, o consumo das famílias cresceu 11% em relação ao mesmo período do ano passado.

            Ainda mais relevante é a informação de que quem puxou essa alta no consumo foi a classe C, ou seja, famílias com renda mensal entre quatro e dez salários mínimos, que aumentou em 35% o volume de compras.

            A própria matéria de O Globo...

            (Interrupção do som.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - ...destaca que, “Dez anos antes, o Brasil reduz pobreza à metade”. Na matéria, ressalta que a melhoria na distribuição de renda, quebrando um padrão brasileiro de décadas, aconteceu exatamente nesses últimos anos, nos anos mais recentes, e nos permitiu alcançar essa vitória, Senador João Pedro. E, ainda, o próprio artigo destaca que “(...) Tão importante quanto a redução da pobreza é a queda da desigualdade, principalmente nos últimos três anos. Esse é um dado novo relevante no relatório da ONU”.

            Então, para os que não conseguem perceber, ou não querem perceber que as políticas adotadas de distribuição de renda, de melhoria de emprego, de melhoria das condições de acessos a diversas políticas públicas têm impacto importantíssimo nos compromissos assumidos pelo nosso País e que são exatamente essas políticas adotadas no primeiro mandato do Presidente Lula, e agora aprofundadas ainda mais no segundo, vão permitir que tenhamos realmente, de forma efetiva, a redução da desigualdade social, esta chaga que durante décadas se manteve estagnada e que, agora, nós estamos conseguindo enfrentar com resultados positivos. E digo mais: permitindo que o Governo, que o País, que o Brasil possa estar comemorando dez anos antes o compromisso assumido com quase 190 países junto à ONU de reduzir à metade a extrema pobreza.

            Era esse registro que queria fazer, pedindo desculpas por ter me alongado. Mas termino conforme comecei o meu pronunciamento.

            (Interrupção do som.)

            A SRª IDELI SAVATTI (Bloco/PT - SC) - Ou seja, uma matéria, uma conquista desta importância merece registro com destaque. E até, digamos assim, a apresentação dos dois estudos do IBGE, de 2002 e 2003 e, agora, o da ONU, que vai até 2005, é uma prova inequívoca de que nós aceleramos de forma efetiva a justiça social e a distribuição de renda no nosso País.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/08/2007 - Página 29713