Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicita transcrição, nos Anais do Senado, do editorial do jornal Folha de S.Paulo, edição desta terça-feira, que retrata a dimensão paralela na qual parecem viver o PT e seu presidente de Honra, Luiz Inácio Lula da Silva.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Solicita transcrição, nos Anais do Senado, do editorial do jornal Folha de S.Paulo, edição desta terça-feira, que retrata a dimensão paralela na qual parecem viver o PT e seu presidente de Honra, Luiz Inácio Lula da Silva.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2007 - Página 30032
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, EDITORIAL, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, CONGRESSO, DIRETORIO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DEFINIÇÃO, PLANEJAMENTO, CONTRADIÇÃO, IDEOLOGIA, SOCIALISMO, DESAPROVAÇÃO, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, encaminho à Mesa, como lido, um pronunciamento em que peço a transcrição, nos Anais da Casa, da íntegra do editorial da Folha de S.Paulo. Nesse editorial, a Folha retrata a dimensão paralela na qual parecem viver o Partido dos Trabalhadores e seu Presidente de Honra, Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa dimensão, entidades oníricas têm o dom de intervir sobre a realidade. “Na Terra do Nunca presidencial”, afirma o editorial, “a boa e velha lógica aristotélica foi substituída pelas evasivas e tergiversações delubianas”.

            Pela importância desse editorial, Sr. Presidente, é que peço a V. Exª a transcrição nos Anais da Casa.

            Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR ALVARO DIAS.

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            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a imprensa desempenhou um papel relevante na consolidação do processo democrático em nosso País. No atual contexto histórico, por exemplo, ao longo da crise do Mensalão, a imprensa assegurou o direito à informação permitindo que a sociedade brasileira se inteirasse dos fatos gravíssimos que ocorriam nas próprias dependências do Palácio do Planalto.

            O Editorial da Folha de S.Paulo, edição desta terça-feira, retrata a “dimensão paralela” na qual parecem viver o partido dos Trabalhadores e seu presidente de honra, Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa dimensão entidades oníricas têm o dom de intervir sobre a realidade. Na Terra do Nunca presidencial, afirma o editorial: a boa e velha lógica aristotélica foi substituída pelas evasivas e tergiversações delubianas.

            Sr. Presidente, solicito a V. Exª a transcrição nos Anais da Casa da íntegra do referido editorial.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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            Matéria referida:

            “Íntegra do editorial do jornal Folha de S.Paulo”.

            “O Partido dos Trabalhadores e seu presidente de honra, Luiz Inácio Lula da Silva, parecem viver numa dimensão paralela, onde entidades oníricas têm o dom de intervir sobre a realidade e não vigora o princípio da não-contradição. Pelo menos é isso o que se depreende das teses apresentadas no 3º Congresso do PT, que teve lugar neste fim de semana em São Paulo.

            No fantástico mundo de Lula, petistas não devem ter vergonha de defender "companheiros" que se tornaram réus no processo do mensalão, e o eterno presidente de honra pode candidamente proclamar: "Ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que nosso partido".

            Na Terra do Nunca presidencial, em que a boa e velha lógica aristotélica foi substituída pelas evasivas e tergiversações delubianas, tais afirmações podem coexistir pacificamente com as 11,2 mil páginas do inquérito (descontados anexos e tabelas) em que se descreve com alguma minúcia o esquema de banditismo urdido por baluartes petistas para desviar dinheiro público e corromper parlamentares. Pouco importa que o próprio Lula já se tenha dito "traído" pelos companheiros que agora absolve.

            No mundo quântico petista, é possível que algo esteja vivo e morto simultaneamente. O partido, extravasando ecos de um passado que não existe mais, se compromete a lutar pelo "socialismo democrático e sustentável" -o que quer que isso signifique. Mais do que isso, propõe um plebiscito pedindo que se anule a privatização da mineradora Vale do Rio Doce, realizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Nem parece tratar-se da mesma legenda que dá sustentação ao governo que paga a segunda maior taxa de juros do planeta e cujo líder máximo afirmou há pouco que os ricos já ganharam muito em sua administração e não têm motivos para queixas.

            Na Utopia petista, o partido aprova resolução em que defende o direito ao aborto, convencionais vaiam uma ex-parlamentar que discursa contra o procedimento, e o governo indica um católico ultraconservador para compor o Supremo, que acabará julgando a matéria.

            Na mesma linha, a legenda aprova uma moção com críticas aos militares e em que exige a abertura dos arquivos da ditadura. Nem parece tratar-se do mesmo PT que, no governo, cedendo aos apelos do Exército e do Itamaraty, manteve a absurda figura jurídica dos documentos oficiais sob sigilo eterno.

            Diga-se em favor do PT e do presidente Lula que eles ao menos conseguiram reinventar a dialética marxista, ao engendrar um governo que já traz em si mesmo sua própria negação. É lamentável que tal inovação só subsista com o sacrifício da realidade. É nisso que Lula e o PT estão se especializando.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2007 - Página 30032