Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referência especial ao Senador Delcídio Amaral. Destaque para a importância do trabalho voluntário realizado pela Liga Norte-Rio-Grandense de Câncer e pela Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer.

Autor
Rosalba Ciarlini (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: Rosalba Ciarlini Rosado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE. POLITICA SOCIAL.:
  • Referência especial ao Senador Delcídio Amaral. Destaque para a importância do trabalho voluntário realizado pela Liga Norte-Rio-Grandense de Câncer e pela Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 07/09/2007 - Página 30335
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ELOGIO, EFICACIA, TRABALHO, DELCIDIO DO AMARAL, SENADOR, PRESIDENCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, COMBATE, IMPUNIDADE, PAIS.
  • IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, VOLUNTARIO, DESENVOLVIMENTO, AÇÃO COMUNITARIA, SAUDE, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), ESPECIFICAÇÃO, TRABALHO, ENTIDADE, COMBATE, CANCER, GRUPO, APOIO, CRIANÇA, PORTADOR, DOENÇA, MELHORIA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PACIENTE, EMPENHO, BUSCA, RECUPERAÇÃO, DOENTE.
  • SAUDAÇÃO, MEDICO, RECONHECIMENTO, DIGNIDADE, EMPENHO, CONTRIBUIÇÃO, ASSISTENCIA, PORTADOR, CANCER.
  • NECESSIDADE, GOVERNO, AUMENTO, RECURSOS, SAUDE PUBLICA, MELHORIA, TABELA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), COMPATIBILIDADE, SERVIÇO.

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria, inicialmente, de fazer uma referência especial ao Senador Delcídio, quando ele terminava o seu discurso e dizia: “... o dever cumprido”. Senador, a expressão que V. Exª passou para todo este Brasil realmente nos deu orgulho. O cidadão, escolhido por seu povo, com a responsabilidade aqui de representar o seu Estado e o Brasil, poder olhar de cabeça erguida, olho no olho, o cidadão brasileiro e dizer: “graças a Deus, cumpri com o meu dever”. Parabéns, Senador.

            Eu era uma cidadã comum, aliás, sou uma cidadã, mas, durante o período da CPI, eu estava assistindo pela televisão diariamente - como o senhor mesmo falou, parecia mais uma novela, cada dia um capítulo - todo o desenrolar de seus trabalhos. Realmente, o senhor superou obstáculos, venceu, de certa forma, a descrença da população quanto ao resultado da CPI - muitos acreditavam que daria em pizza. Parabéns, Senador. O seu exemplo é o exemplo que todos nós aqui queremos valorizar. Que ela sirva de norte, sempre, aos homens públicos do nosso Brasil.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, venho a esta tribuna para fazer um registro sobre a grande importância do Trabalho Voluntário no mundo atual.

            Ontem aqui vim trazer notícias e comentar sobre o caos, a dificuldade existente no setor da saúde em nosso País. Hoje quero aqui apresentar um voto de louvor a homens e mulheres de boa vontade que, no dia-a-dia, movidos apenas pelo sentimento de solidariedade, servem nas mais diversas atividades, seja na saúde, na educação, na geração de renda. Estão dando a sua contribuição voluntária, sem nada receber, a não ser o sentimento, a certeza de que estão fazendo a sua parte e contribuindo para um mundo melhor.

            Srªs e Srs. Senadores, esses milhões de voluntários são pessoas que, por espírito de cidadania, dedicam parte do seu tempo, sem remuneração alguma, ao desenvolvimento de atividades de cunho comunitário, recebendo, em troca, apenas a satisfação de ser útil à sociedade, de estar contribuindo para um mundo melhor.

            Eu quero aqui, fazendo este preâmbulo, dirigir-me, nesse contexto, às entidades do meu Estado que desenvolvem um trabalho voluntário da maior importância na área da saúde comunitária. Estou me referindo à Liga Norte-Rio-Grandense contra o Câncer e aos grupos de apoio às crianças com câncer, entre os quais a Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer.

            Srs. Senadores, recentemente o Senador Mão Santa aqui fazia referência às Santas Casas. Lembro, Senador Mão Santa, de quando o senhor dizia do trabalho da sua mãe, do seu pai, em contribuir, de forma solidária, à manutenção da Santa Casa no seu Piauí, na sua Parnaíba. É esse sentimento de solidariedade que moveu, e move, milhares de cidadãos norte-rio-grandenses, cidadãos brasileiros, mais especificamente na questão do câncer.

            Nós sabemos que esse é um momento difícil, um momento de dor, é um momento em que as pessoas se sentem desamparadas. Para fazer frente a isso, surgiram, através do movimento voluntário, as ligas e os grupos de apoio para trazer um suporte maior, para trazer o aconchego, para diminuir as dificuldades enfrentadas por tantos que foram acometidos por essa doença.

            Faço inicialmente um registro especial à Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer, que completou, no mês passado, 58 anos. Essa instituição surgiu em 1949, numa iniciativa de um grupo de profissionais da área da saúde que criou a “Casa de Recolhimento” para acolher e tratar os pacientes, num trabalho humanitário de dedicação para minimizar o sofrimento dos pacientes com câncer.

            Desde então, gerações de pessoas de elevado espírito público têm se sucedido na realização desse trabalho humanitário incomparável, oferecendo tratamento e apoio social a milhares de pessoas carentes de todo o Rio Grande do Norte e até de Estados vizinhos.

            Em 1967, há 40 anos portanto, surgiu a Rede Feminina, formada por um grupo de mulheres cidadãs, que se agregou ao trabalho da Liga, realizando campanhas beneficentes para angariar recursos da sociedade para a aquisição de equipamentos e o desenvolvimento das ações de tratamento dos pacientes com câncer.

            Hoje, a Rede Feminina mantém a Casa de Apoio ao Paciente com Câncer Irmã Gabriela, que acolhe pacientes carentes em fase de tratamento.

            O esforço abnegado dessas pessoas conseguiu superar muitas dificuldades para ampliar e modernizar as instalações da Liga, que hoje conta com três unidades de atendimento em Natal e uma unidade de oncologia em Caicó.

            Esse exemplo de trabalho serviu para impulsionar, inclusive, a criação da Liga Mossoroense contra o Câncer, que teve inicio quando eu era prefeita daquela cidade e que já presta um grande serviço, levando atendimento de oncologia e quimioterapia - e já está construindo seu hospital num terreno doado pela prefeitura quando eu era sua prefeita. Com a colaboração da sociedade, também está implantando serviço de radiologia na minha cidade para servir aos mossoroenses e aos moradores da região oeste do nosso Estado.

            Quero aqui fazer este registro e também parabenizar o trabalho abnegado, dedicado, do Dr. Cury e de todos que, na minha cidade, por meio da Liga Mossoroense contra o Câncer, do Grupo de Apoio à Criança com Câncer e aos Pacientes com Câncer, estão contribuindo para diminuir o sofrimento daqueles que, infelizmente, passam por essa situação tão difícil.

            Faço esse registro do trabalho da Liga Norte-Rio-Grandense contra o Câncer, homenageando-a nas figuras do Dr. Luiz Antônio, um dos seus fundadores; do Dr. Aluisio Bezerra, o primeiro médico do Rio Grande do Norte com especialização em oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer; da Drª Maristela Passos, uma das pioneiras da Rede Feminina; e do Dr. Ricardo Curioso, seu atual Superintendente, que, juntamente com muitos idealistas, vêm realizando esse trabalho de elevado valor humanitário.

            Mas eu não poderia deixar de aqui fazer uma referência, também especial, à Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, ao Grupo de Apoio à Criança com Câncer, que atua no Hospital Infantil Varela Santiago. Que trabalho maravilhoso, que ação humanitária! Como contribuem para, realmente, diminuir, humanizar, fazer com que aquelas crianças possam ter, nesse momento de tanta dificuldade, um apoio diferenciado, mais carinho e mais atenção, o que contribui para que elas possam superar as dificuldades e, se Deus quiser, obter a cura.

            Estive, Senador Mão Santa, recentemente, na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva. Essa Casa surgiu da ação de um pai que teve um filho com câncer e que tinha condições de tratá-lo fora do Brasil. Conhecendo casas de apoio lá na Filadélfia, trouxe esse modelo e o implantou. Esse modelo vem se mantendo, prestando um grande trabalho, um trabalho valoroso, meritório, que conta com a solidariedade de milhares de norte-rio-grandenses que, de forma anônima, contribuem para servir ao seu próximo, seguindo um dos ensinamentos de Cristo: “Fazer o bem sem olhar a quem”.

            Trago este voto de louvor a esse trabalho tão meritório, de tanta expressão, que contribui para diminuir o sofrimento do povo, principalmente agora, quando estamos, a cada dia, neste plenário, nas comissões, discutindo o tema saúde.

            A sociedade é solidária e está ajudando da maneira que pode, da forma que pode; ela não se nega. Não é justo não haver uma tabela SUS que seja realmente compatível com as necessidades dos serviços; não é justo que a Emenda nº 29, para a saúde, ainda não esteja regulamentada; não é justo que o Governo não analise toda esta contribuição da sociedade. Ele deve fazer a sua parte, colocando mais recursos como prioridade para a saúde dos brasileiros.

            Concedo o aparte ao valoroso Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senadora Rosalba Ciarlini, V. Exª representa a sensibilidade da mulher, médica, extraordinária mulher pública. Atentai bem, isso já foi estudado. Outro dia, lendo Fothergill, eu soube que nos Estados Unidos há muitos voluntários, mais do que na França. Aqui está acabando. Meu pai e minha mãe fizeram isso. Todavia, os de hoje não têm menos sensibilidade, não; é porque o Governo já tirou tudo do povo. O povo está pagando imposto demais. O povo paga ao Governo, em carga tributária, cinco meses de trabalho, e um mês para o banco. Então o povo está explorado, ele não tem como dar. Agora o Governo está criando uma tal de Sealopra com medida provisória, urgência. Acho que urgência era ensinar esse filósofo a falar português; ele foi estudar nos Estados Unidos e desapareceu. Mas são 660 novos empregos DAS. Tornou-se muito agigantada a máquina administrativa, e o pobre, burro de carga, é o povo brasileiro explorado. Não é que está faltando sensibilidade. Nós somos felizes. Está muito bom para nós, Senadores da República! Temos tudo! Já fizeram até a comparação com o céu. Mas eu quero lhe dizer que o povo está explorado, não tem mais condições de fazer filantropia. Não é o povo da minha cidade que não é melhor do que o meu pai e a minha mãe não; é porque o povo brasileiro hoje está explorado pelas altas taxas para manter este Governo irresponsável, de que se locupletam os aloprados. Este Governo que tem aquele criminoso cartão de crédito corporativo. Aquilo é uma imoralidade, é uma indignidade. Gastam sem prestar contas. Realmente, não é o povo, não. O Governo cresceu demais explorando o povo, que não tem mais condições de fazer essa filantropia que observamos em outros países em que a carga tributária é menor. A filantropia que temos que fazer é dar um recado, uma mensagem para o Governo: diminuir os impostos do povo do Brasil.

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - Senador Mão Santa, V. Exª aborda uma questão sobre a qual eu gostaria de fazer uma avaliação. Apesar desta carga tributária penosa, imensa, apesar de o povo brasileiro já contribuir, em todas as suas transações, para o Governo, com a CPMF, mesmo assim, as ações de filantropia, de solidariedade existem. Mesmo sem recursos, o povo chega com a solidariedade, com a palavra amiga. A filantropia chega com ações de que já participei e que V. Exª já deve ter visto, por meio de clubes de serviços, com ações humanitárias, com movimentações para angariar recursos muitas vezes insuficientes, mas é o que o povo está podendo fazer, porque já deu demais com seu esforço, seu suor, sua luta e seu trabalho.

            O que quero aqui é valorizar, louvar a ação meritória de homens e mulheres voluntários não apenas na saúde, mas na educação e em tantos e tantos outros setores. Empresas também fazem o seu voluntariado. O Criança Esperança é um trabalho de voluntariado, que tem à frente o Unicef. Poderia ser mais? Sim.

            E é bom que possamos, um dia, dizer que o País desse povo tão bom, tão solidário, tão amigo, tão fraterno, como é o povo brasileiro, está podendo ajudar mais o seu irmão porque os impostos são menores e com o que ele ganha ele gostaria de poder, com seu suor, sua luta, do bolso, ajudar e ser a mão amiga de muitos outros brasileiros.

            Fica aqui esta palavra de louvor à Liga Norte-Rio-Grandense do Câncer, ao seu trabalho, que é de grande valor, apesar de estar enfrentando uma crise imensa, Senador, com a tabela do SUS, precisando de um novo acelerador linear, mas sem recursos para tal. Mesmo assim, os que ali chegam, da capital ou do interior, seja na Liga Mossoroense, seja na Liga Norte-Rio-Grandense, encontram um aconchego diferenciado, uma ação humanitária, encontram realmente apoio das pessoas que estão fazendo voluntariado e que se somam à luta dos nossos colegas médicos que, enfrentando inúmeras dificuldades, muitas vezes tendo de fazer cirurgias as mais difíceis e delicadas por valores irrisórios, não deixam, de forma alguma, aquele paciente voltar sem o atendimento que merece.

            Para finalizar, registro o reconhecimento do trabalho da Casa de Apoio à Criança com Câncer no Estado do Rio Grande do Norte. Aqueles que contribuem sabem - eu vi - que sua contribuição está realmente chegando àqueles que precisam no momento mais difícil de dor, quando uma criança está acometida de câncer.

            A todos que fazem o grupo de apoio à criança, lá do Varella Santiago, da Cidade de Mossoró e de tantos outros recantos deste País, o nosso aplauso, o nosso reconhecimento, o nosso agradecimento, porque são homens e mulheres que estão iluminados por Deus, que merecem realmente que todos nós tenhamos por eles uma atenção especial.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/09/2007 - Página 30335