Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de solidariedade ao Senador Renan Calheiros.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Manifestação de solidariedade ao Senador Renan Calheiros.
Aparteantes
Wellington Salgado.
Publicação
Publicação no DSF de 07/09/2007 - Página 30360
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, RENAN CALHEIROS, PRESIDENTE, SENADO, VITIMA, PERSEGUIÇÃO, NATUREZA POLITICA, IMPRENSA, DIVULGAÇÃO, NOTICIA FALSA, ELOGIO, CONVICÇÃO, SENADOR, COMPROVAÇÃO, INOCENCIA, REGISTRO, POSIÇÃO, ORADOR, VOTO CONTRARIO, CASSAÇÃO.
  • COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, RENAN CALHEIROS, PRESIDENTE, SENADO, SEMELHANÇA, SITUAÇÃO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, JOSE ROBERTO ARRUDA, EX SENADOR, IBSEN PINHEIRO, DEPUTADO FEDERAL, POSTERIORIDADE, CRISE, SITUAÇÃO POLITICA, RETORNO, VIDA PUBLICA.
  • DETALHAMENTO, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, MUNICIPIOS, ESTADO DO AMAPA (AP), INVESTIMENTO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, SANEAMENTO BASICO.

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente, Exmºs Srs. Senadores e Senadoras, há homens que persistem, insistem e trabalham com uma motivação, um ideal, e, diante de situações adversas, percalços, dificuldades políticas, resignam-se a enfrentar tantas dificuldades.

            Eu vi e participei, eu assisti, eu presenciei, Sr. Presidente, nessa última década, Antonio Carlos Magalhães em um grande debate, em um grande confronto com o Senador Jader Barbalho. Eu vi cassações se processarem dentro desta Casa. Eu vi tantas dificuldades e vi idas e vindas. Vi retornos: Arruda, agora Governador do DF que, com um simples pedido de perdão, recebeu os votos que o credenciaram na Câmara dos Deputados depois de um episódio de cassação, de renúncia; eu vi o Presidente desta Casa, Antonio Carlos Magalhães, retornar. Eu vi - e participei, na Câmara dos Deputados - uma injustiça que sacrificou, que aviltou, que quase destruiu por completo uma alma. Vi uma cassação sumária na Câmara dos Deputados. Eu estava lá. Eu vi, eu participei. Senador Presidente, Ibsen Pinheiro, naquele período, recebeu uma avalanche, uma enxurrada de críticas sistemáticas como uma bateria de forças da infantaria nas trincheiras, sem tréguas. O Presidente não teve tempo. Ele não teve tempo! Foi muito rápido. Foi para o exílio, para o Rio Grande do Sul, exilado. Depois de vários anos, foi vereador lá ainda, resistindo, mas ferido; resistindo, mas injustiçado, sangrando. Recentemente retornou à Câmara dos Deputados.

            E aí, Sr. Presidente, houve um grande jornalista que teve a honradez, a dignidade de fazer uma retrospectiva dos fatos da época - e foi manchete de capa de uma revista de circulação nacional -, dizendo que, de um milhão de dólares, que seria o escândalo, na verdade, eram mil reais. Mas já não havia mais tempo. A coisa havia se consumado.

            O Presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, retorna e está do outro lado, na Câmara dos Deputados, na casa vizinha, já que somos um sistema bicameral. Ontem, Sr. Presidente, quarta-feira, estava lá e vi, presenciei e votei, fiz uma retrospectiva, não me manifestei, mas vi ali um complemento de massacre. Por trás me animava porque via o Presidente Renan como réu. Ele estava sentado em cada cadeira daquela, não fisicamente, daquela Comissão de Ética. Ele estava sentado em cada cadeira daquelas que compunham a Mesa da Comissão de Ética.

            Ali eu fiz a retrospectiva desses últimos 10 anos, as agruras, o sofrimento de Renan e principalmente a altivez e a capacidade de enfrentar uma crise. Muitos apostavam que ele não resistiria a um mês de artilharia pesada. Em todos os jornais, televisões, rádios, na tribuna da Câmara, do Senado, em todas as instituições, Renan agigantou-se mesmo sendo erguido na cruz para crucificação. Agigantou-se pelo desejo de provar sua inocência. Agigantou-se com o idealismo e a convicção de que nada devia. Retratou-se a esta Casa, sim. De uma pequena relação extraconjugal, uma relação fora do casamento, surgiram tantos escândalos que acredito que nem Getúlio Vargas - que levou a arma ao peito e se suicidou, naquela fase histórica, não suportando as denúncias e a grande força da Oposição, que não dava trégua, e teve que meter uma bala no peito - poderia, Sr. Presidente, explicar por que Renan, em vez de cometer um desatino, agigantou-se.

            Justamente, Sr. Presidente, porque, com o voto do Senador Wellington Salgado, pudemos sentir naquela sessão de ontem que 95% das denúncias feitas contra o Presidente desta Casa foram denúncias de cunho eminentemente político. Mas, quando as denúncias são políticas, Sr. Presidente, a versão se confunde da verdade com a mentira.

            Isso é antigo e velho. Na política, quem não tem rabo preso se coloca. Mesmo que se esteja totalmente blindado; de pequenas fissuras ou pequenas brechas pode abrir-se uma grande comporta, de uma avalanche que os mais honestos dos honestos não têm como suportar.

            Portanto, Sr. Presidente, na próxima quarta-feira, eu verei novamente, ouvirei e votarei. Votarei conscientemente. E quero aproveitar este momento, este final de tarde, porque ontem, para mim, foi novamente um dia histórico. Na próxima quarta-feira estaremos aqui neste plenário novamente, para podermos fechar esse processo que muito me comoveu. Eu quero, aqui da tribuna, solidarizar-me com o gigante, que esteve com a postura sempre segura de que iria até o final. E chegará, na próxima quarta-feira, a conclusão dessa via-crúcis. Quero solidarizar-me com o Senador Renan Calheiros pela sua grandeza de ter suportado, de forma impressionante, e não fez como Getúlio, não fez como Joana D’Arc, não fez como Ibsen, em certas situações. Muitos daqueles que foram condenados pelo clamor não tiveram, talvez, o tempo para poder ter...

            Então, estou trazendo a minha solidariedade e, só para encerrar, concedo um aperte ao Senador Wellington Salgado.

            Sr. Presidente, eu lhe garanto que já encerro, como último orador inscrito...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu ainda vou falar.

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Eu vou dar um aparte a ele. Aí, ele discute e encerra.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP. Fora do microfone.) - Eu tinha dito que ia me inscrever. Eu tenho esse direito assegurado.

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Senão, eles vão ficar chateados contigo. O pessoal quer ir embora, o pessoal.

            O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. Bloco/PT - MS) - Senador Suplicy, por favor. V. Exª pode aguardar a conclusão do discurso do nosso querido Senador Gilvam Borges.

            Por favor, Senador.

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Ouço o aparte do Senador Wellington.

            Suplicy, vou dar-lhe um aparte.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Gilvam, quando V. Exª assomou à tribuna, eu estava aqui sentado e havia pedido à Assessoria para ver o discurso que o Deputado Alceni Guerra fez na Câmara. Ele viveu um momento muito parecido com este momento que estamos vivendo agora. Eu estava lendo...

            O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. Bloco/PT - MS) - Senador Wellington, a sessão está prorrogada, pelo tempo necessário, para que todos os oradores se pronunciem.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Eu agradeço, Sr. Presidente.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Eu estava lendo, neste momento, uma parte onde ele diz o seguinte: Eu posso lhes dizer, Srªs e Srs. Deputados: dois anos depois, eu contabilizava 104 horas de duros ataques na televisão, duríssimos ataques. Eu não falei 104 minutos, Srªs e Srs. Deputados - o que seria difícil a qualquer um de V. Exªs suportar, porque sei que nada devem -, falei 104 horas de duros ataques. Além disso, dez mil metros quadrados de matérias compiladas, fotocopiadas - do tamanho de um campo de futebol - de duros ataques. Saí do Governo com a consciência de que eu tinha razão, de que nada devia. Um ano depois, a Polícia Federal, o Tribunal de Contas, o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal decidiram que não havia nenhum indício de ilícito para sequer abrir um processo. Aí, ele conta a história de tudo o que aconteceu. Realmente, é bom pegarmos discursos de quem passou por momentos parecidos com esse e vermos o que aconteceu depois para sabermos exatamente o que está havendo. Tenho certeza de que V. Exª sabe exatamente o que está acontecendo neste momento político do País.

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Sem dúvida.

            Sr. Presidente, vou encerrar objetivamente, já que sou um homem bem objetivo. Não sou dado a ações muito filosóficas.

            Quero dizer ao meu querido Município de Mazagão: ordem bancária nº 2007OB909943; Banco do Brasil; R$21.820,91. É pouquinho, Sr. Presidente, mas ajuda a comunidade. Objeto: sistema de abastecimento de água em pequenas comunidades.

            Meu querido Município de Porto Grande: agência 3990; conta 103128; R$40 mil. É pouquinho, mas ajuda.

            As comunidades na Amazônia - o Senador Mozarildo Cavalcanti sabe -, nas vilas que se formam em meio à floresta e às margens do rio, realmente necessitam desse atendimento, e acompanhamos isso passo a passo.

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Só faltam três, serei breve.

            Município de Macapá: R$195 mil; obras de infra-estrutura urbana; Ministério das Cidades; Caixa Econômica Federal; agência 0658, conta 66471304. O dinheiro já está na conta.

            Prefeitura Municipal de Macapá, nossa querida capital: Caixa Econômica Federal, agência 0658, conta 66470740; valor liberado: R$250 mil; construção de complexo esportivo e de lazer - Entorno dos bairros Jardim Felicidade I e II.

            Prefeitura Municipal de Macapá: R$57.522,00; Banco do Brasil; agência 0261; conta 641308; resíduos sólidos.

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Sr. Presidente, agradeço. Hoje fiz duas coisas nesta tribuna: trazer minha solidariedade e o meu reconhecimento por ter podido acompanhar a via-crúcis de um companheiro de partido, de um Presidente do Congresso, que teve a altivez, a dignidade de manter as aberturas necessárias para que esse processo fluísse.

            Ele o fez e está pagando um preço alto. Se fosse outro, talvez esse processo nem teria sido instalado.

            Por esse motivo, na próxima quarta-feira a Nação brasileira terá oportunidade de pôr fim a esse episódio que tanto nos afetou neste Senado Federal.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/09/2007 - Página 30360