Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Círio de Nazaré, denominado "Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira" pelo transcurso dos seus 240 anos.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Círio de Nazaré, denominado "Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira" pelo transcurso dos seus 240 anos.
Publicação
Publicação no DSF de 12/09/2007 - Página 30910
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, FESTA, CERIMONIA RELIGIOSA, IGREJA CATOLICA, MUNICIPIO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA), IMPORTANCIA, REGISTRO, INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL (IPHAN), PATRIMONIO CULTURAL, BRASIL.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Flexa Ribeiro, ilustre paraense que muito honra esta Casa; meu caro amigo, Prefeito de Belém, Duciomar Costa, que também honrou esta Casa como Senador e que, para minha honra, pertence ao nosso Partido, o PTB; Senador Papaléo Paes, membro da Mesa, que, embora Senador pelo Amapá, é um paraense de nascimento e de coração; Sr. Arcebispo de Belém, senhora representante da Governadora, Sr. Reitor do Santuário de Nazaré, meus senhores e minhas senhoras aqui presentes, quero começar me dirigindo a uma pessoa muito especial que está em Belém, com certeza, assistindo a esta sessão: minha mãe.

            Minha mãe foi para Belém junto com meu pai, na década de 60 para que nós, eu e meus irmãos, pudéssemos estudar. Nascemos em Roraima, mas lá, naquela época, arcebispo, não tinha sequer o segundo grau. Nós fomos, como uma leva de outros roraimenses, para Belém, que era a capital da Amazônia, para estudar. Lá eu tive a honra de me formar em Medicina, meu irmão se formou em Odontologia e minhas duas irmãs, que ainda moram lá, fizeram Magistério. Portanto, tenho minha mãe e duas irmãs morando em Belém. Sempre digo, portanto, que eu sou metade paraense. Já que nosso coração se divide, anatomicamente, em quatro partes, tenho duas partes que são paraenses, com certeza.

            Quero me dirigir também à comunidade paraense de Roraima, que é grande, muito grande. A maioria do pessoal que saiu para estudar em Belém, principalmente os homens, terminou se casando com paraenses, porque o povo paraense é acolhedor, um povo generoso, um povo que realmente tem uma característica que é, até certo ponto, contraditória: ferrenho defensor das suas coisas, bairrista por excelência, como diríamos, é, ao mesmo tempo, acolhedor ao extremo, pois recebe e trata muito bem a todos que para lá se destinam. Nós éramos uma leva de estudantes pobres que íamos para lá com a mesada do pai contada para poder estudar.

            Eu, por exemplo, como muitos outros colegas, tive que participar de uma seleção para entrar no Colégio Estadual Paes de Carvalho. Naquela época, o importante mesmo era estudar em colégio público, diferentemente de hoje, quando até os pobres fazem o maior sacrifício do mundo para colocar os filhos em colégio particular.

            Eu, que tenho a honra de ser Senador pela segunda vez pelo meu Estado, tive a honra de estudar no Colégio Paes de Carvalho, como muitos outros colegas, inclusive jovens que lá se formaram e que foram Governador do meu Estado, Vice-Governadores e Deputados Federais.

            Belém, para mim, é uma segunda casa. Sempre digo que há três cidades, todas começando com a letra bê, das quais gosto muito: Boa Vista, a capital do meu Estado, Belém e Brasília, que aprendi a amar porque aqui eduquei meus filhos, principalmente o mais velho.

            Tenho por Belém um amor tão grande que, quando fui me casar, levei minha mulher de Boa Vista para nos casarmos em Belém, na Catedral de Nazaré. Foi uma dureza conseguir a data porque escolhi o dia 23 de dezembro, muito perto do Natal. Foi muito difícil, mas consegui me casar no dia 23 de dezembro, na Igreja de Nazaré, onde também batizei o meu primeiro filho. Ele nasceu em Roraima, mas eu o levei para ser batizado em Belém porque meus pais, que foram os padrinhos, moravam lá.

            Quero dizer, falar do meu coração, do amor que tenho por Belém. A festa, o Círio de Nazaré, no meu entender, é justamente o resumo. É como se todos os ânimos e os sentimentos dos paraenses canalizassem para uma data importantíssima. Aliás, o Senador Flexa Ribeiro disse que a festa é considerada o Natal dos paraenses. É impressionante como os paraenses planejam tudo para o Círio.

            O Senador Papaléo disse que, em Macapá, o Círio é no mesmo dia do Círio de Belém. Não é assim em Roraima. Sabem por quê? Porque todos os paraenses que moram em Roraima vão para Belém. Então, resolveram comemorar numa nova data: o Círio, em Boa Vista, é no último domingo de outubro. E a cada ano que passa ganha mais força a igrejinha de Nazaré em Boa Vista, onde realmente a colônia paraense se encontra e se confraterniza. As comemorações não são no mesmo dia por isto: porque é difícil ver um paraense por este Brasil afora que, podendo e, às vezes, até não podendo, não faça tudo para ir ao Círio de Nazaré no segundo domingo de outubro.

            É lógico que o Senador Flexa Ribeiro e o Senador Papaléo Paes já fizeram um histórico muito bonito desta festa católica, até ecumênica, eu diria, porque, na verdade, vê-se que, embora seja, evidentemente, uma festa católica, todos os paraenses, dos mais diversos credos, nesse dia param para reverenciar a fé, para fazer os seus pedidos e, principalmente, para desejar a todos um bom Círio. O que será um bom Círio? É exatamente desejar a todos que sejam felizes, que encontrem na fé e na solidariedade para com o próximo uma vida melhor.

            Portanto, quero parabenizar todos os paraenses por esta belíssima sessão, que, como dito, está sendo retransmitida pela TV Senado para todo o Brasil, assim como pela Rede Nazaré e pela internet. Tenho certeza de que também se vai dar notícia desta sessão de uma maneira muito merecida na Rede Amazônica de Televisão.

            Entendo que a Festa de Nazaré é, realmente, para a Amazônia e para o Brasil, uma festa que deve ser pensada principalmente nesse viés, nesse importante ângulo da fé, da solidariedade e da irmandade, que são características do povo paraense.

            Muito obrigado. (Palmas.)

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/09/2007 - Página 30910