Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre o ataque ao trem que transportava Ministros de Estado, ocorrido ontem no Rio de Janeiro. Cobrança de ações efetivas do Governo para o combate à violência no País.

Autor
Romeu Tuma (DEM - Democratas/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Manifestação sobre o ataque ao trem que transportava Ministros de Estado, ocorrido ontem no Rio de Janeiro. Cobrança de ações efetivas do Governo para o combate à violência no País.
Publicação
Publicação no DSF de 12/09/2007 - Página 30921
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, OCORRENCIA, ATENTADO, AMEAÇA, GRUPO, ACOMPANHAMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS CIDADES, SECRETARIA ESPECIAL, PORTO, VIAGEM, TREM, OBSERVAÇÃO, OBRAS, RECUPERAÇÃO, ACESSO FERROVIARIO, PORTO DO RIO DE JANEIRO, REMOÇÃO, FAVELA, CRITICA, VIOLENCIA, INTERESSE, MORADOR, REGIÃO, IMPEDIMENTO, CONCLUSÃO, FACILITAÇÃO, ROUBO, CARGA.
  • IMPORTANCIA, PARCERIA, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, GOVERNO MUNICIPAL, RECUPERAÇÃO, FERROVIARIO, INDENIZAÇÃO, MORADOR, FAVELA, MELHORIA, ACESSO, PORTO, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PARTICIPAÇÃO, COMERCIO EXTERIOR.
  • COMENTARIO, SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS CIDADES, NECESSIDADE, REFORÇO, SEGURANÇA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CONTENÇÃO, CRIME ORGANIZADO, INCENTIVO, CRIAÇÃO, EMPREGO, MELHORIA, RENDA.
  • EXPECTATIVA, CUMPRIMENTO, TARSO GENRO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), PROJETO, APOIO, ESTADOS, REDUÇÃO, CRIME, SEGURANÇA NACIONAL.

            O SR. ROMEU TUMA (DEM - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço ao Senador Gilvam Borges pela cessão do lugar.

            Sr. Presidente Alvaro Dias, Senador Mozarildo Cavalcanti, Senador Heráclito Fortes, senhoras e senhores, venho à tribuna porque já apelidaram o episódio do trem baleado no Rio de Janeiro de a inauguração do trem-bala no Brasil. Parece chacota, Senador Mão Santa, mas é uma realidade que nos entristece muito, pela forma da agressividade e pela organização criminosa.

            A tiros e pedradas, bandidos infiltrados numa favela do Rio de Janeiro alvejaram, ontem, o trem que conduzia os Srs. Ministros Márcio Fortes, das Cidades, e Pedro Brito, da Secretaria Especial dos Portos. Felizmente, a comitiva e os jornalistas que os acompanhavam escaparam ilesos.

            Se, por um lado, o ato de violência mostrou a periculosidade e a petulância dos criminosos, especialmente os traficantes de drogas, que intentam se apoderar de favelas inteiras onde exista a debilidade da presença do Estado, por outro, foi uma demonstração cabal da importância de se reforçarem as ações estatais nessas comunidades, seja sob a ótica da segurança pública, seja no campo social.

            Os ataques ocorreram durante uma visita às obras de recuperação do acesso ferroviário ao porto do Rio de Janeiro, quando o trem passou, na ida e na volta, pela favela do Jacarezinho, Zona Norte da capital fluminense. Ali, uma parceria entre o Ministério das Cidades, o Governo do Rio de Janeiro e a Prefeitura carioca está possibilitando a remoção de 450 casas irregulares que margeiam a ferrovia e põem em risco tanto os moradores quanto as composições ferroviárias.

            A absurda ocupação vem ocorrendo há duas décadas naquela e noutras favelas cortadas pelas linhas do trem. Dificulta a passagem dos comboios, prejudicando o acesso ao porto do Rio de Janeiro, e favorece o roubo de cargas. Cerca de R$10 milhões estão sendo gastos na construção de muros ao longo da ferrovia e na indenização de moradores deslocados.

            Ontem, o trem com a comitiva governamental trafegava lentamente para que cinegrafistas e fotógrafos pudessem registrar os resultados da parceria. Cerca de setenta pessoas, entre autoridades e jornalistas, lançaram-se ao chão para escapar das balas e pedras. Felizmente, ninguém ficou ferido, mesmo com os seguranças precisando reagir para rechaçar os atacantes.

            Ambos os Ministros ressaltaram a necessidade de se reforçar a presença do Estado nas comunidades faveladas, de maneira a preencher lacunas da segurança e do campo social, inclusive para propiciar, Sr. Presidente, e garantir geração de empregos e renda. Também lembraram que o atentado não pode prejudicar os esforços governamentais para desembaraçar o porto do Rio de Janeiro. A recuperação da ferrovia triplicará a capacidade de acesso e, combinada com outros projetos em andamento, permitirá expandir em 70%, até 2010, a participação do porto carioca no comércio internacional.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é obvio o intolerável atrevimento da bandidagem organizada. Não constitui novidade. Manifesta-se principalmente nas capitais e principais cidades de todos os Estados. Por exemplo, ainda hoje de madrugada, em São Paulo, vinte assaltantes - ou quarenta, como diz a imprensa - armados com fuzis, metralhadoras e granadas dinamitaram a parede de uma das maiores transportadoras de valores para poder entrar. Apoderaram-se das instalações da empresa e do dinheiro nela existente. Entretanto, ao sair, já eram aguardados pela polícia. Resistiram, e dois deles morreram no tiroteio durante a perseguição de um dos veículos que conduzia esses dois marginais.

            A repetição de episódios como o que acabo de relatar tem reforçado a impressão de que a criminalidade violenta se tornou crônica e só poderá ser debelada através de ações efetivas e combinadas de todos os escalões do Poder Público. Basta de análises e desculpas que só explicam, mas não podem justificar a escalada de violência! Basta de planos para investir milhões de reais numa segurança pública imaginária, que nunca sai do papel, enquanto a população perece.

            Acredito que, ontem, durante a posse de dois Secretários do Ministério da Justiça, o Ministro Tarso Genro deu uma rápida explicação sobre o projeto de um plano de ajuda aos Estados para melhorar a situação da segurança e, talvez, trazer um pouco mais de tranqüilidade à população e, principalmente, afastar da sociedade o clima de impunidade que gera no coração de todos os brasileiros.

            O remédio é amargo. Implica agir enérgica, rápida e permanentemente, com inteligência e eficácia. Precisamos ter consciência de que apenas a criminalidade é insuportável, porque continua a apavorar e destruir famílias, a fazer órfãos e incapacitar trabalhadores, como um terrorismo sem terroristas, que ameaça, cada vez mais, o Estado Democrático de Direito.

            Acho que não casa bem chamar de inauguração do trem-bala o episódio do trem baleado pela criminalidade no Rio de Janeiro.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/09/2007 - Página 30921