O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria de solicitar a V. Exª que considerasse como lido um pronunciamento que eu faria nesta tarde, em homenagem ao aniversário de falecimento do extraordinário jornalista piauiense João Emílio Falcão, que conviveu com vários Senadores, com vários políticos que aqui se encontram. Foi grande a lacuna deixada, nesta Casa, por esse extraordinário jornalista, conterrâneo, piauiense, de forma que eu gostaria, para não atrapalhar o desenrolar dos trabalhos, com a compreensão do Senador Osmar Dias, que V. Exª considerasse como lido esse pronunciamento.

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES.

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            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o nosso País vive um momento de crise. Crise de valores, de descrença na seriedade dos nossos governantes, de desconfiança na ação dos políticos e de descrédito nas instituições públicas e privadas. São tantos escândalos, são tantas denúncias de corrupção e tantos casos de impunidade e de desrespeito à coisa pública, tantos maus exemplos aos jovens, aos estudantes, aos trabalhadores e às pessoas mais humildes, que nos fazem refletir com grande preocupação sobre o futuro do nosso Brasil.

            O povo brasileiro sofrido e, ao mesmo tempo, criativo e laborioso, tem visto uma verdadeira tsunami de condutas impróprias e até mesmo deseducadoras. São raros, muito raros mesmo, os exemplos positivos, para este Brasil carente de referências, de governantes com autoridade moral, exemplos de dedicação às boas causas, de maior patriotismo e de cidadãos e autoridades imbuídos de espírito público.

            Digo isso para me associar à homenagem que o Senador Pedro Simon, uma das grandes reservas morais do Senado, presta ao jornalista João Emílio Falcão Costa Filho, falecido em 1995, que hoje completaria 70 anos de idade.

            Falcão era meu amigo, amigo de pessoas importantes e de gente humilde de Brasília, de Teresina e de Timon, no Maranhão. E a todos dedicava uma atenção especial. Tinha um carinho diferenciado, a palavra certa e gestos sob medida para cada amizade. Podia ser íntimo de Senadores, Deputados, Ministros e Presidentes da República, mas era também amigo do peito e exemplo para muitos jornalistas da nova e da velha geração.

            Ele, porém, nunca se valeu dessas amizades importantes em benefício próprio ou para causas espúrias. Foi um grande jornalista, um escritor primoroso e um homem de biografia impecável, pela seriedade e pela dedicação com que sempre atuou na imprensa nacional e na política, como conselheiro de muitos políticos com que conviveu.

            Nascido em Teresina, em 11 de setembro de 1937, era filho de um político, o Dr. João Emílio Falcão Costa, que foi Deputado Federal e Líder da UDN no Piauí. Optou pela tribuna da imprensa, em lugar da tribuna parlamentar. Eleições, só disputou as da Academia de Letras do Piauí e da Academia de Brasília. E venceu as duas.

            Ele foi, de fato, um político, a ponto de ser considerado mais um entre os Senadores. Mas foi sobretudo uma grande criatura humana, o amigo que sabia ser generoso e devotado, pronto a servir a qualquer momento aos seus amigos, às causas em que acreditava e ao seu País.

            No dia de seu falecimento, em 29 de março de 1995, eu era Deputado Federal. Nessa condição, ocupei a tribuna da Câmara para prestar as minhas homenagens a esse bravo piauiense, que partiu deixando aqui uma legião de amigos, uma vasta obra literária como escritor e como jornalista, uma família saudosa e uma floresta, sim, uma floresta de bons exemplos e de idéias para nosso Brasil.

            Tive o privilégio de ser amigo do jornalista João Emílio Falcão. Não tive, porém, a felicidade de tê-lo como assessor, como tiveram S. Exª Senador Pedro Simon e o ex-Senador e ex-Ministro Jarbas Passarinho, que contou com Falcão em sua equipe quando ocupou os Ministérios do Trabalho e da Educação, ainda nas décadas de 60 e 70.

            Outros amigos, como o ex-Presidente Itamar Franco, o ex-Vice-Presidente Aureliano Chaves, o ex-Presidente José Sareny, o ex-Presidente da Câmara Nelson Marchezan, para ficarmos apenas em alguns, também tiveram a ventura de conviver de perto com sua inteligência privilegiada e compartilhar seus conhecimentos sobre as coisas e as pessoas, os homens e seus problemas.

            Portanto, deixo aqui as minhas homenagens, a minha saudade desse bravo jornalista piauiense, João Emílio Falcão, que certamente estaria conosco, nas trincheiras da oposição, nessa quadra difícil da vida brasileira, em que a ética está em falta, mas sobram oportunismo, desfaçatez e desrespeito para com a nossa gente.

            Muito obrigado.