Discurso durante a 156ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o sucateamento das forças armadas. Registro dos 50 anos de atividade do Conselho Federal de Medicina.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. FORÇAS ARMADAS.:
  • Preocupação com o sucateamento das forças armadas. Registro dos 50 anos de atividade do Conselho Federal de Medicina.
Publicação
Publicação no DSF de 14/09/2007 - Página 31329
Assunto
Outros > SENADO. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • ANALISE, ERRO, PROCESSO, JULGAMENTO, SENADO, QUEBRA, DECORO PARLAMENTAR, RENAN CALHEIROS, SENADOR, INTERFERENCIA, PRESIDENTE.
  • COMENTARIO, REUNIÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, MARINHA, EXERCITO, AERONAUTICA, PRECARIEDADE, CONDIÇÕES DE TRABALHO, INFERIORIDADE, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, REGISTRO, DADOS, CRITICA, ORADOR, GESTÃO, NELSON JOBIM, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA.
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, CONSELHO FEDERAL, MEDICINA, REITERAÇÃO, PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), SOLIDARIEDADE, MEDICO, DIFICULDADE, EXERCICIO PROFISSIONAL.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação, lá no Nordeste, aprendemos uma sabedoria popular: “Pau que nasce torto morre torto”. Eu disse, desde o começo, que estava errado.

            Senador Delcídio Amaral, cumprimento-o pela Presidência da CPMI dos Correios, que, desde o começo, procedeu direito. Isso aí deu errado desde o nascedouro. Havia um réu e escolheram-se, pinçaram-se as pessoas para julgar aquele réu. Isso não existe.

            No dia 6 de setembro, falei por meia hora e não vou repetir, mas quis Deus estar aqui o Paulo Paim, essa figura de crença neste Senado.

            Ô Cristovam, sou otimista. Tenho aprendido muito com V. Exª, mas aprendi com Juscelino, que saiu humilhado e cassado daqui, bem aí dessa cadeira. É melhor ser otimista. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua assim. Sou otimista por quê? Por que houve isso? Eu previ. Sou médico cirurgião e sei fazer diagnóstico. Em 6 de setembro, fiz um pronunciamento por meia hora, aqui. Paim, que simboliza o que há de melhor nesta Casa, sucedeu-me, como estou sucedendo o Líder José Agripino, e disse: “O Senador Mão Santa teve muita coragem, foi muito firme, comportou-se como um estadista”. Em 06 de setembro, eu disse que aquilo não daria certo e que, fundamentado na História, desde Moisés havia júris e punição. Paim é testemunha disso. Eu disse que aquilo não estava certo, que todos nós estávamos errados. Todos nós erramos. “Pau que nasce torto morre torto”. Fiz um pronunciamento de meia hora e falei dessas insatisfações.

            "A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar".

            Estamos aqui desde cedo. Este Senado é grandioso, é um dos melhores Senados da história do mundo. Não tenho vergonha de estar aqui, não. No romano, que é símbolo, Calígula colocou seu cavalo, Incitatus, para ser Senador. E ele o foi, quase sendo cônsul. "Até tu, Brutus?" Foi no Senado que mataram Júlio César. E por aí vai. Passamos por tudo, ontem, mas todos nós, hoje cedo, estávamos na Comissão de Relações Exteriores. Aeronáutica, aí é que está. Ruim não está aqui, não, está o Brasil.

            Quero dizer, brasileiros e brasileiras, ô Luiz Inácio, que aí é que está pior do que o Senado. Se tivermos uma guerra, hoje, perderemos feio para o Peru. Estou dizendo. Estive em reunião secreta com a Marinha, com a Aeronáutica e com o Exército. Se houver uma guerra - ninguém sabe -, nós a perderíamos para o Peru, para o Chile, seríamos derrotados pela Argentina, pela Venezuela. Só ganharíamos do Paraguai, do Uruguai e da Bolívia. Por isso que o Morales não invadiu. Mas todos os outros ganhariam. Este é o nosso País.

            Então, tudo está complicado!

            O Comandante da Marinha disse que, em 2025, acaba a Marinha brasileira. Não se comprou uma canoa sequer! Delcídio Amaral, temos 726 aeronaves na Aeronáutica; um terço está no prego, Paim. Não vamos adiante. O Exército recebe menos dinheiro do que o MST - porque é aquela Margarida. Está todo o País complicado!

            Mas nós estamos trabalhando. Fiz um esforço. Ninguém aqui almoçou - eu ainda não almocei. Mas tem um jantar garantido lá no Aldemir Santana, ele nos convidou, às 20h30. Então, olha aí! Ninguém! Cheguei aqui às 14h. Saí daquela reunião secreta com a Aeronáutica - secreta porque é de segurança nacional -, cheguei aqui e já estava o Paim sentado na mesa da Presidência, num momento difícil, mostrando a sua cara, a sua coragem e a sua grandeza, como a de um lanceiro negro, grupo que teve mais dificuldade em se reunir. Aqui estava o Paim, a moral do lanceiro negro, a moral gaúcha. Eu cheguei... Estamos aqui. S. Exª, o Presidente veio, eu também dirigi um bocado a sessão e o Paim voltou a assumir a Presidência. Estamos aqui, Delcídio!

            Na Itália, havia cinco Senadores que excelências, e Norberto Bobbio foi um desses. Ele disse, ô José Agripino, que o mais importante de um Parlamento são as denúncias! Quem diz é Norberto Bobbio! Aqui, não falta, não! Amanhã, estaremos aqui, não é, Paim? Denunciando o que o povo sofre, o que o povo precisa. Este Senado está aqui. Nós acreditamos. As coisas acontecem, mas tem de haver o fato para depois vir a lei. Esse negócio está tudo certo. Foi Getúlio Vargas que inventou esse voto secreto na melhor das intenções. O maior dos estadistas! Como trabalhou no tempo em que ele governou! Eu li o Diário de Getúlio. Leiam o Diário de Getúlio! Você já o leu, Delcídio? São dois volumes. Madrugada, sábado, domingo, Natal, carnaval, e Getúlio trabalhando, dando-nos essa beleza de estrutura. Isso está tão organizado que o Luiz Inácio desaparece mais do que está presente e o País anda, porque Getúlio deixou uma estrutura administrativa neste País. É isso, Paim. Aí está. Nós estamos aqui. Então, o voto secreto foi iniciativa de Getúlio, que sonhou com a democracia. Ele que criou o TSE, e foi um avanço. Mas as circunstâncias hoje são outras; mudaram.

            Julgo os outros por mim. Eu voto pela consciência. Defendi uma tese no dia 6 de setembro - está gravada. Não pensei que o bolo “sirilouro” ia ser tão grande! Mas eu disse que não é. Você vai julgar um crime...O próprio Conselho de Ética estava errado na sua origem desde as escolhas. Aí o Relator renuncia. Recebe telefonema da mulher. Vem não sei o quê. Foi só confusão. Três Relatores! Eu disse que não dava certo haver três. Três deu certo na Igreja: Pai, Filho e Espírito Santo. Houve divergências. Foi todo o tempo tumultuado, confiado nisso, foi comandado todo o tempo da Presidência o Conselho de Ética, deu no que deu. “Pau que nasce torto morre torto”.

            Napoleão Bonaparte disse que o francês é tímido; mas, com um comandante, ele vale por cem. V. Exª comandou bem a sua CPI , que deu frutos, Senador Delcídio.

            Antes de encerrar o pronunciamento, faço alusão ao Conselho Regional de Medicina, que completa hoje 50 anos.

            No Piauí, “Médicos reclamam dos baixos salários e da alta sobrecarga”. Refiro-me ao jornal piauiense Diário do Povo. Felipe Eulálio é o Presidente da Associação Piauiense de Medicina. É uma vergonha a situação dos médicos hoje. Vou fazer referência ao que ele disse aqui. Primeiro, que, em um plantão médico, são atendidos 200 pacientes, quando a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que o médico tem capacidade de atender 36 pacientes por dia. Entretanto, são atendidos 200 num pronto-socorro do Piauí, do Nordeste.

            Senador Delcídio Amaral, veja o que diz o nosso Felipe Eulálio, Presidente da Associação Piauiense de Medicina: ”O salário de um médico que atende à rede municipal é R$1.050,00, e o do Estado do Piauí - Governo do PT -, R$800,00”.

            Hoje, lê-se num jornal do Rio que os médicos não cumprem a carga horária.

            Este é o retrato do Brasil. Este é o Brasil. Vejam a segurança!

            Brasileiras e brasileiros, isto é para ser denunciado; é Norberto Bobbio!

            O pai do Governador de Alagoas, Teotônio Vilela, dizia que aqui se deve falar resistindo e resistir falando. Esta é a importância e uma das nossas grandezas: fazer leis boas e justas, fiscalizar o Governo. E este Senado está aqui, representado pela nossa pessoa, protestando. E hoje há jornais acusando os médicos de não cumprirem a carga horária! E o nosso Felipe Eulálio diz que o médico tem de trabalhar no hospital do Município, no hospital do Estado, no privado e dar plantão para sobreviver.

            Então, nesses 50 anos, nós queremos isto: dar ao Brasil todo a segurança. A Justiça melhorou, por que saiu de lá o Jobim. Não sei o que ele vai fazer, mas já começou a desestruturar e a desrespeitar a hierarquia das Forças Armada.

            Então, é o País todo que está complicado!

            Neste instante, nós queríamos dar a nossa solidariedade aos que fazem Medicina, aos médicos, que reclamam dos baixos salários e da alta sobrecarga e prestar uma homenagem a eles que construíram o Conselho Regional de Medicina.

            Paim, a classe médica - que V. Exª sabe que suporta isto - tem o que está faltando aqui: ética. O médico faz o juramento de Hipócrates, que é um código de ética. Então, eles se constituem um exemplo para o Brasil. A eles a nossa saudação pelos 50 anos de aniversário do Conselho Regional de Medicina.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/09/2007 - Página 31329