Discurso durante a 157ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao artigo do jornalista Paulo Henrique Amorim, divulgado no blog Conversa Afiada, que deprecia o Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • Críticas ao artigo do jornalista Paulo Henrique Amorim, divulgado no blog Conversa Afiada, que deprecia o Estado do Piauí.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 15/09/2007 - Página 31555
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • CRITICA, JORNALISTA, PUBLICAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, INTERNET, DISCRIMINAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), DESRESPEITO, POPULAÇÃO, COMENTARIO, HISTORIA, IMPORTANCIA, REGIÃO, DESENVOLVIMENTO, BRASIL.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, 14 de setembro, Senadoras e Senadores da Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, Senador Mozarildo Cavalcanti, V. Exª que é médico, eu tinha um professor de cirurgia, Mariano de Andrade. Era interessante, sábio, o Professor Mariano de Andrade. Ele era, Senador Paulo Paim, talvez o maior cirurgião de tireóide do mundo. Tinha uma técnica de tireoidectomia subtotal com anestesia local, um livro. E ele sempre dizia uma frase: “a ignorância é audaciosa”. E quando ele via um cirurgião correndo, apressado para operar, ele dizia: “isso não é corrida de cavalo, não se marca por minuto; marca-se pelo resto da vida”. Com isso, ele queria dizer, em nossa formação de cirurgião, que o cirurgião apressado era ignorante, não sabia dos riscos, das complicações...

            Ô Mozarildo, ontem, um jornalista Paulo Henrique Amorim - eu o vi muito na Globo, mas parece que ele está brigado; não sei. É até uma figura simpática, mas ele não conhece o Brasil, a História do Brasil. Ele viveu muito nos Estados Unidos; fazia cooper no Central Park. E o nosso Renan, Wellington Salgado, tem que acabar com esse azar. Porque esse jornalista fez um artigo em defesa do Renan. Mas, aí, ele, numa frase - infeliz ainda do nosso Senador do Sergipe Almeida Lima, que a leu aí; ele devia ao menos ter saltado esta frase infeliz -, diz: “Imagine se o Senador Renan fosse do Piauí...” Quanta infelicidade! Ô Mozarildo, Padre Antonio Vieira - Sarney, ensina para esses teus meninos! - diz que “um bem nunca vem só”, e, por analogia, um mal também. Está ouvindo, Mozarildo? Um bem!

            Agora, eu estou aqui é para ensinar. Este Senado é um dos melhores da história desta República. Nós estamos aqui. Focai: presidido pelo Paim, que honra o Rio Grande do Sul. Olhar o Paim aí é rever Alberto Pasqualini, Pinheiro Machado, Bento Gonçalves, Pedro Simon, Zambiasi, lanceiros negros. Então, ele está presidindo, sexta-feira, desde cedo, traduzindo a grandeza... Paim iguala-se a Martin Luther King nas suas vitórias. Então, este é o Senado em que nós colocamos a cara. Ninguém tem vergonha de nada, não! E digo: é ignorância de quem atinge este Senado. No Senado romano, que é o mais badalado, o Imperador Calígula elegeu o cavalo Incitatus, Senador. Ele o elegeu e quase o faz cônsul. “Até tu, Brutus!” - mataram Júlio César, no Senado.

            Então, aqui tem confusão? Tem! Cristo, que era Cristo, o senadinho dele, pequeno: 12. Eram só 12, Wellington, no senadinho de Cristo, e rolou traição, rolou dinheiro, rolou forca. Lá na Espanha, eles dizem: “Tem governo? Eu sou contra”. E o Rei Juan Carlos teve que vir, porque estavam trocando bala lá; entraram no Parlamento. O daqui tem isso, mas tem também todos nós... Então, a ignorância é audaciosa.

            Paim, este País, grandão, foi descoberto pelos portugueses. Os D. João - o III, o VI, o IV -, que vieram para cá, mandavam para o Brasil presos nobres que tinham cometido um crime qualquer e tinham dinheiro. Aí, davam terras aqui, sesmaria. Então veio para cá muita gente degredada e degradada; criaram-se as capitanias hereditárias; uns nem chegaram aqui, ainda não tomaram posse - ou se afogaram ou foram para outros Países mais antigos, mais civilizados.

            Tivemos essas capitanias, os governos gerais, e fomos evoluindo numa dependência da estrutura política de Portugal. Essas capitanias, esses governos gerais foram comandadas por Tomé de Sousa, Duarte da Costa e Mem de Sá. Depois, houve a divisão em Estados. No começo, o nosso Norte, Ô Mozarildo, que sabe de tudo, era o Grão-Pará. O Estado do Mozarildo era junto com o da gente: era o Maranhão, era... E foram aumentando, aumentando! Ô Wellington, V. Exª que é de Minas… Então, foram criados os primeiros Estados: Salvador, o homem que chegou lá em Porto Seguro... Foram lá para o Sul, não tinha ouro; foram para Minas, a Dona Beija... Foram criando gradativamente os Estados. Mas o Piauí, ô ignorantão, foi colônia do Pernambuco, Estado criado antes! Pernambuco foi dos franceses, foi dos holandeses; Maranhão teve invasão francesa, daí o nome São Luís. Atentai bem! Então, por duzentos e tantos anos, fomos colônia de Pernambuco. É esse estigma que qualquer imbecil... O Piauí foi colônia... Qualquer imbecilóide... Outro dia, foi um rico, cujo nome é Zottolo; agora, um jornalista, que diz que se Renan fosse do Piauí... Seria a maior felicidade do Renan se ele tivesse nascido no Piauí. Somos a melhor gente deste Brasil. Nós! O Piauí hoje é medalha de ouro. Fomos colônia de Pernambuco por 200 anos. Nós nos livramos e passamos 100 anos, ô Chiquinho Escórcio, como colônia do Maranhão. O Piauí foi colônia por 100 anos - está vendo Paim? E você que está aí, que é um grande filho adotado do Sarney, Chiquinho, atentai bem: o Presidente José Sarney foi grandioso porque o avô dele era do Piauí.

            Agora, Wellington Salgado, V. Exª, que é professor, que educa, atentai bem: este Brasil foi colônia de Portugal. E daí, ó jornalista oligóide? E daí? Foi. Fomos colônia de Portugal. O Brasil, hoje, é mais civilizado do que Portugal.

            Os Estados Unidos da América foram colônia da Inglaterra. O Piauí foi colônia de Pernambuco por 200 anos; e do Maranhão, por 100 anos. Surgimos, mas já surgimos com bravura.

            Agora, por muito tempo esta Casa tinha só 21 Estados; éramos o vigésimo primeiro. Depois, os territórios se transformaram em Estados; e vieram Tocantins e Mato Grosso, dois novos Estados. Talvez o Paim tenha sido um dos legisladores do Tocantins. E estão aí.

            Quando eu era menino, o campeonato carioca tinha um time, era o Canto do Rio - até acabou. O Fluminense, que era o meu, foi campeão de 50. Ô Senador Chiquinho Escórcio: Castilho, Píndaro e Pinheiro; Jair, Edson e Bigode; Telê, Didi, Carlayle, Orlando e Quincas, Veludo. O Veludo era um moreno como o Paim, goleiro reserva de Castilho. Então, o Canto do Rio, que era um time de Niterói, sempre ficava na rabada. E o Piauí foi o 21º Estado. Surgiram os outros, mas isso não nos dá o direito de, nós, piauienses, criticarmos outros. Surgiu então, na grandeza, este Brasil.

            Dom João VI disse que veio para cá trazer o desenvolvimento cultural. Mas o fato é que ele estava com medo de Napoleão Bonaparte. Então, ele veio se segurar aqui, porque Napoleão tinha invadido a Espanha. Então, ele veio para cá e trouxe a máquina administrativa portuguesa. Foi um grande avanço, Wellington Salgado! Isso, em 1808: cultura portuguesa, o rei de Portugal e tal. Mas o rei de Portugal, com sua máquina, viu que isso era grande demais. Então, ele disse: “Filho, antes que algum aventureiro coloque a coroa na cabeça, coloque você”.

            O aventureiro a que ele se referia, ô Paulo Paim, era Simón Bolívar. Simón Bolívar tinha estudado na Espanha, chegou com idéias libertárias e saiu libertando todos os Países dependentes da Espanha. Então, eles queriam derrubar o rei. Tinha-se dado já o grito “liberdade, igualdade, fraternidade” na França e instalou-se o governo do povo: a democracia, que é difícil. Lá rolaram cabeças. Aqui fomos tardiamente democratas, mas não rolaram cabeças. Tivemos grande sensibilidade republicana, essa é a verdade e graças a este Senado. D. Pedro I, quando entrava, tirava a coroa e a bengala, e D. Pedro II, que foi um sábio, ó Luiz Inácio, e governou por 49 anos, dizia que, se não fosse rei, gostaria de dar sua contribuição como Senador. É essa a História.

            Então foi aumentando; o Piauí era o 21º.

            Mas D. João VI combinou com o filho: “Filho, fica com o sul e eu vou ficar com o norte”. Era o País Maranhão. Mandou para lá seu sobrinho e afilhado, João José da Cunha Fidié, para garantir. Ele ficou na capital do Piauí, na época Oeiras, Paulo Paim. E os levantes começaram no Piauí, na minha cidade, Parnaíba, que era tão poderosa, tinha riquezas, e tinha lá um companheiro de Simón Bolívar, Simplício Dias da Silva, que estudou em Porto e depois na Espanha. E o Fidié lá chegando - e era para ficar o norte com Portugal, era o País Maranhão -, mandou, em agosto de 22, mudar o delegado de Parnaíba, a cidade em que nasci. E o rico não deixou essa mudança de delegado. Então, Fidié veio sufocar, apoiado por Maranhão, que era tendente a Portugal. Invadiram, e ele, um homem culto, da geração de Símon Bolívar, vai ao Ceará, em Granja e Viçosa, com dinheiro, e busca 300 cearenses. Paga um que tinha experiência de batalha e espera, de volta, na cidade de Campo Maior, o exército português. Tinha lá uma pessoa que fazia pólvora, mas nós, inferiorizados, piauienses e cearenses, sem instrumentos de guerra, perdemos a batalha.

            Mas, Senador Wellington Salgado, ele tinha deixado Oeiras como capital, e o povo de Oeiras tomou o palácio em 24 de janeiro. Então, o comandante português recolheu-se a Caxias. São Luís. Homem de dignidade ganhou a batalha e nós perdemos a batalha piauiense. Ó ignorante jornalista, nós perdemos a batalha, mas tomaram o palácio do português em Oeiras. Então ele resolveu ficar.

            Depois, Pedro I era português. Quiseram que ele ficasse aqui, mas ele teve dignidade e voltou.

            Esse homem ainda foi diretor do Colégio Militar de Portugal. Na aposentadoria dele, Chiquinho Escórcio, ele exigiu os honorários da batalha vitoriosa de Portugal, mas fomos nós que a garantimos. Quando se vê este País grandão, foram os piauienses com os cearenses que garantiram a unidade deste País. A nossa Pátria. Trinta anos depois, resolve-se transferir a capital para um lugar mesopotâmico, entre dois rios, que é Teresina. Teresina já foi a primeira capital planejada deste País. A primeira capital planejada do País é no Piauí. Atentai bem, o 21º Estado do Brasil é o Piauí. Na sua criação mesopotâmica, o centro comercial era Caxias. Quis Deus estar Chiquinho Escórcio aqui: compare Caxias com Teresina, 158 anos. Ela que inspirou Belo Horizonte a nascer, ela que inspirou Goiânia, ela que inspirou Brasília, ela que inspirou Palmas a nascer. Ela é no coração do Estado. Todas as capitais do Nordeste são no mar. Teresina é diferente. Nós somos diferentes. E essa é a história. Vou citar aqui um fato, Paim.

            Eu vejo em Paim pulsarem as bravuras dos lanceiros negros e do nosso Bento Gonçalves, herói da República e do sonho de libertar os escravos.

            Paim, no Piauí um jornalista: David Caldas. Inspire, ó jornalista! Aprenda. Estamos aqui para ensinar este Brasil. Sempre ensinamos. Um jornalista de vergonha: David Caldas. Dezessete anos, Paim! Dezessete anos tinha o jornal A Ordem, em Teresina. Dezessete anos da República. De Deodoro. Do 15 de novembro de 89. Dezessete anos, Paim! David Caldas, de Barra, coloca o jornal.

            Ô Chiquinho, o Sarney sabe das coisas! Confirme com ele. O nome? Oitenta e Nove. Não é esquisito? Parece nome de cachaça. Jornal Oitenta e Nove. Ele é o profeta da República. Somos nós, piauienses. Dezessete anos antes circulava um jornal, em Teresina, Oitenta e Nove, porque ele queria sensibilizar e acordar o povo do Brasil para o grito do povo, nas ruas, derrubando lei, 1789. E foi justamente esse jornal a chama que nasceu no Piauí.

            Em 1889, cem anos depois, nasceu aqui a República, Paim. O profeta da República. Não deixaram nem ele se enterrar no cemitério, os portugueses. Depois, hoje, ele foi; na entrada da cidade. Então, é isso.

            O Prestes saiu com sua Coluna e a intenção dele, Chiquinho Escórcio, era tomar Teresina e ter uma capital pra fazê-la comunista. Nós? Prendemos foi o colega dele Juarez Távora, Mozarildo. Nós somos é macho, jornalistinha! Hein? Nós prendemos foi o Juarez Távora, que era o companheiro nessa Coluna Prestes.

            Esse Estado do Piauí - está ali Rui Barbosa - ó jornalistinha, estude! Saiu aí fazendo a campanha civilista. Mozarildo, ele venceu as eleições só em Teresina, a última capital. Ô povo bravo! Ô povo pai-d’égua é essa raça do Piauí! E sabe por que é que eu digo pai-d’égua? Inspirado, Mozarildo, no meu valente povo aliado cearense, que foram os primeiros que libertaram os escravos no Brasil.

            Então, eu era estudante, Mozarildo, e acompanhei Juscelino Kubitschek na sua visita a Fortaleza, no apagar, no crepúsculo do seu governo, Senador Mozarildo, e aquela simpatia entrou na Praça Ferreira, tinha um abrigo, o café do Pedrão da Bananada, e os deputados - a Assembléia próxima - tomando um cafezinho, aí eu ouvi um caboclo nordestino querendo se aproximar, mas as autoridades de paletó não possibilitaram e ele não resistiu e gritou: ô Presidente pai-d’égua!

            É isso! É o povo do Piauí, o povo grandioso.

            Mas não iria viver do passado, não. É do presente. Se Renan tivesse nascido no Piauí, ele tinha se inspirado em Petrônio Portella. Petrônio Portella, o melhor Presidente desta Casa por duas vezes, sem truculência, sem bala, sem tiro, fez a anistia, permitiu o renascer. Foi convidado pelos militares a ser o Presidente, primeiro civil. Tancredo Neves seria o seu vice. Ele me confidenciou no meu gabinete - tem um retrato, eu bem novinho, e ele me seduzindo a vir a enfrentar a política... E eu falo aqui com a moral, com a dignidade, com a verdade dos piauienses, que não teve um com a mesma dignidade de Petrônio Portella.

            Eu vi, ô “jornalistinha”, este Congresso ser fechado! Petrônio Portella era Presidente. Ô, Mozarildo Cavalcanti, já está dado. Em uma reforma do Judiciário, que tinham aprovado aqui, Senador Paulo Paim, colocaram os canhões, fecharam o Congresso, eu estava do seu lado. Aí essa imprensa, essa imprensa aí, foram em cima de S. Exª e disse: “Esse é o dia mais triste da minha vida.” A moral do homem do Piauí fez os militares recuarem os canhões e abrirem novamente este Parlamento. Esta é a grandeza do Piauí!

            Agora, esses jornalistas... São outros quinhentos, mas vamos respeitar e saber e deixar.

            Concedo a palavra ao nobre Senador Mozarildo Cavalcanti, que é lá da nossa Região Norte do Grão-Pará.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Mão Santa, é com muito prazer que peço esse aparte, para também me juntar a V. Exª. Eu fiz há pouco protesto quanto às declarações do Dr. Saulo Ramos, em relação ao povo da Amazônia. É interessante ver como esse preconceito vem de vários setores. Um dia desses, o Ministro Jorge Hage, que é da CGU, disse uma frase, em que no Norte e no Nordeste é onde existe o maior número de corruptos, o maior índice de corrupção, e que coincidentemente é o lugar onde há mais analfabetos. Ora, ele é Ministro do Presidente Lula! É nessas Regiões, Norte e Nordeste, onde o Presidente tem o maior índice de aceitação. Então, será que é por que ele está querendo fazer uma ilação de que é porque lá tem muito analfabeto e tem muita corrupção? Como se não existisse em São Paulo, no Rio, em Minas... E eu lamento o que o Ministro Jorge Hage, que é um nordestino, é da Bahia, tenha dito isso dessas regiões. Bom, protestei no momento certo; no caso do Dr. Saulo, fiz hoje. Com relação ao Piauí, acho que Estado está com muito azar, não é, Senador Mão Santa? Porque dia desses foi aquele diretor da Phillips...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O “só tolo.”

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - ...o Zotollo se referir, de maneira depreciativa, ao seu Estado. Agora, o Jornalista Paulo Henrique, que pelo menos deve ser um homem informado, porque já andou por esse mundo todo, diz uma coisa dessa, depreciativa. Eu não consigo nem aceitar desculpas, depois, dessas pessoas, porque, se fossem pessoas que não tivessem informação, fossem pessoas realmente incultas, poderíamos aceitar como uma espécie de preconceito inocente. Mas esse não é inocente, não. Esse é um preconceito proposital e depreciativo para as nossas regiões, o Norte e o Nordeste, de novo. Mas é importante que o Brasil reconheça que, se São Paulo hoje é o que é, se o Rio é o que é, devem-se, principalmente, aos nordestinos.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Olha, conhecemos o Brasil e eu quero-me penitenciar: falta o Mato Grosso do Sul, e sei que é uma beleza, porque, Sófocles disse que muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano. O ser humano e melhor do que a natureza. E já conheço Mato Grosso do Sul, Ramez Tebet, pelo filho que deu, que tirou o Senado Federal do imbróglio maior do que este. Não conheço o Amapá, o Papaléo não está me levando... Ou, pelo menos, mande o Presidente Sarney me convidar. Mas conheci o seu Estado, um Estado novo. Somos médicos. Eu tenho respeito à sua bravura, à sua capital, ao seu povo, à selva, à educação. Recebi uma comenda, com carinho, do Governador, engenheiro competente, Neuto, sua encantadora esposa. Então, porque é um Estado mais novo, oh! Mozarildo, eu tenho o direito de criticar? Em Teresina se faz transplante de coração. Roraima ainda vai fazer. Mas por isso não vamos discriminá-lo. Viemos antes da ditadura de Vargas. Todos os interventores eram militares e lá apareceu um médico, Leônidas Melo, avançou na Medicina, alguns governadores médicos. E hoje, em Teresina se faz transplante cardíaco. Teresina tem quatro faculdades de medicina, Mozarildo: a federal, a estadual, que eu criei, e duas privadas. Quatro faculdades de medicina. Então, é esse centro de cultura. Teresina ganhou, recentemente, a melhor escola secundária, Dom Barreto, nacionalmente. E Teresina é Brasília, Mozarildo. Aqui, Roriz. Aqui teve o pai e a mãe: Roriz e Juscelino, os criadores. Deus fez o mundo, e Juscelino, e Roriz, Brasília. Roriz me disse que aqui há 300 mil piauienses, por isso que Brasília é bela. Nós só perdemos para a colônia de mineiros que Juscelino trouxe, é a segunda. Por isso que Brasília é hoje a melhor cidade em qualidade do Brasil, principalmente pela presença de 300 mil piauienses.

            Ô Mozarildo, Minas Gerais foi governada pelo piauiense Francelino Pereira; Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, governada pelo piauiense Moreira Franco; Santa Catarina, pelo piauiense de Teresina, Paulo Afonso, que hoje tem investimentos produtores no sul do Piauí; Tocantins, Moisés Avelino. Essa é a gente. E aqui não houve nenhum Presidente que, no momento mais difícil, desse tanta dignidade a esta Casa, Petrônio Portella, Flávio Marcílio.

            Paulo Paim, duas vezes Presidente da Câmara Federal, V. Exª tem o privilégio de ser de lá, do verde e do azul. Flávio Marcílio foi jurista de direito internacional e duas vezes Presidente. Como Vice-Presidente, Paulo Paim, V. Exª foi extraordinário. V. Exª possibilitou que o Senado abrisse às segundas-feiras e às sextas-feiras. V. Exª trouxe a igualdade. Todos os preconceitos estão-se acabando e V. Exª foi um grande Vice-Presidente. Quero outro para empatar com V. Exª: Francisco das Chagas Caldas Rodrigues foi Vice-Presidente, era do PMDB, foi cassado pela ditadura e voltou. É o Piauí. Daquela Casa, Heráclito Fortes, nosso companheiro, com tanta dignidade, foi Vice-Presidente.

            O único brasileiro que se iguala a Rui Barbosa é Evandro Lins e Silva. Eu o conheço, Paulo Paim. João Paulo Reis Veloso, com dez anos, abria a fábrica do meu avô. Era filho de carteiro e costureira. Mania de primeiro lugar. Depois, o emprego ficou com o irmão dele, Francisco, que morreu. Em seguida, foi Antônio Augusto Reis Veloso e, depois, Raul Veloso, que é esse economista. São os piauienses. João Paulo Reis Veloso. Vinte anos iluminando o período revolucionário, Paulo Paim! Nenhuma indignidade, imoralidade ou corrupção.

            Essa, ô Mozarildo, é a raça do Piauí. Carlos Castelo Branco.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, vou prorrogar a sessão por mais quinze minutos, porque ela teria que terminar às 13h30min, para que V. Exª possa concluir o seu pronunciamento.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradecemos.

            O Piauí, como sempre, agradecido ao Rio Grande do Sul. Sabe o que dizem lá no Nordeste? Que somos os gaúchos do Nordeste. Exportava-se boi lá, eram os mesmos hábitos. É uma vaidade nossa, é o nosso orgulho. Eles dizem que somos os gaúchos do Nordeste, como o Chile é a Inglaterra da América do Sul, como Santiago é Londres. Nós temos esses princípios de moral e dignidade cristã. Essa é a nossa vaidade, e eu quero levá-lo lá.

            Paim, esse jornalista deveria mirar-se em Carlos Castelo Branco. Fica lá naquele Central Park, boiolando. Atentai bem! Carlos Castelo Branco, reconhecido o maior jornalista deste País, sem medo, na ditadura, era o único que conseguia escrever, na sua imprensa, os clamores. Esta tribuna era cerceada. Carlos Castelo Branco, a coluna de Castelo, do Jornal do Brasil.

            Outro dia, esta Casa homenageava João Emilio Falcão Costa, que completaria 70 anos; morreu novo. Vi unanimidade. Não o conheci pessoalmente, porque ele foi para o Rio e depois veio para cá. Mas eu vi todos os jornalista e até Pedro Simon falando e discursando sobre as qualidades de João Emilio Falcão. Pedro Simon! Aliás, fiz um pronunciamento e me inspirei no discurso que fez Pedro Simon quando ele morreu.

            O governo passado, Paim, tinha um jovem que nós admirávamos, o melhor do Governo Fernando Henrique. Sabe qual foi, Mozarildo? Pedro Parente. Pedro Parente, o melhor. No apagão, botaram para rodar Pedro Parente. Passou aí oito anos. Mostrem-me uma indignidade, uma corrupção, uma malandragem. Ele não é piauiense, é filho de piauiense. O Eduardo Jorge, que foi humilhado, que saiu, a mãe dele é de minha cidade. O Presidente Sarney, o avô dele é piauiense. E este Senado, Paim, vamos olhar a grandeza. Três representantes que o Brasil conhece. O Sibazinho, o Sibá é do Piauí, filho de vaqueiro, honesto, honrado, correto. E hoje é estudioso. Eu até disse que quem mais evoluiu culturalmente foi o Sibá. Ele está citando Voltaire, Descartes. E fisicamente foi Ideli, que está ficando bonita. Daqui a oito anos, ela vai sair até artista de novela. O Sibá é homem do Piauí. E mais outro: Adelmir Santana. Então, é o único. É o único que tem uma bancada aqui que engrandece.

            Agradeço a todos que foram solidários. E nesta sexta-feira cantava orgulhoso: Piauí, terra querida, filha do sol do equador, pertencem-te a nossa vida, nosso sonho, nosso amor! Na luta, teu filho é o primeiro que chega. Viva o Piauí! E vamos enterrar os ignorantes.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/09/2007 - Página 31555