O SR. EDISON LOBÃO (DEM - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, uma vez mais agradeço a V. Exª as palavras tão generosas que dirige a este seu companheiro.

            Em verdade passamos, àquela época, momentos dramáticos no Senado da República, em que alguns companheiros nossos perderam o mandato. Eu presidi esta Casa e, depois de tantas dificuldades e lutas, foi possível recolocá-la nos trilhos da normalidade democrática e institucional.

            Nos últimos cem dias, tivemos momentos convulsivos e tempestuosos e estamos agora na esperança de que esta onda tão deletéria, tão terrível tenha passado e de que possamos voltar a viver os momentos de normalidade.

            Fala V. Exª do voto secreto, que foi instituído por Getúlio Vargas. Sim, o voto não era secreto e as eleições não eram legítimas; as decisões não eram legítimas por conta das pressões e das coações que existiam no voto aberto. Era o chamado voto a bico de pena. A partir do voto secreto - e veja que estou me inspirando na palavra de V. Exª -, as decisões passaram a ser democráticas.

            Eu hoje, Sr. Presidente Mão Santa, estou recebendo um e-mail de um comandante da Varig, o Comandante Inácio José Ferrandis de Araújo, que encaminhou um e-mail a todos os Senadores pedindo que um deles lesse o seu grito de inconformismo com o que está acontecendo naquela companhia.

            No e-mail, o comandante, que é um brasileiro, faz críticas ao Senado e verbera também o voto secreto. Ele não tem a consciência, como V. Exª, de que o voto secreto é um bem, não é um mal, na maioria dos casos, ou em alguns casos pelo menos. O voto secreto é aquele que permite ao que vota votar com a sua consciência e não com a consciência alheia, movida pela coação ou pela pressão de qualquer natureza.

            Retiradas as críticas do comandante, atendo a ele, como brasileiro, naquilo que ele deseja, que diz respeito à situação dele ligada à Varig. Diz ele:

(...) 12 mil famílias estão ao relento porque uma (...) instituição não preservou suas regras. A Varig é outra célula que se perdeu após 80 anos de glória. Ela, que cumpria um papel até maior e representava o nosso país aqui e lá fora com galhardia. Em 35 anos de vôo como comandante de aeronaves - 20 anos da minha vida dedicados à Varig, que era “de todos nós”, fui demitido sem receber nada. Hoje, estamos lutando de forma quixotesca para resgatar a nossa dignidade e o nosso direito de aposentadoria digna, subtraído de forma vil e pelo qual contribuímos fielmente ao longo de nossas carreiras. Quero lembrar que a Varig era uma Fundação (Rubem Berta - Nossa Varig) e que representou o ideal de uma instituição limpa, que pertencia aos próprios funcionários. A Varig era nossa.

         Está feita a leitura, e atendido o pedido do comandante, não por ser comandante, mas por ser um brasileiro, como nós outros. Não posso deixar de concordar com ele de que a Varig era um instrumento de propulsão de nossa imagem no exterior. Ela parece que está sendo retomada. Suas atividades estão sendo retomadas, reiniciadas, reativadas. Oxalá, com a nova direção, que é da própria GOL, possamos tê-la de volta, servindo aos brasileiros no Brasil e no exterior.

            Era esse registro, Sr. Presidente, que, com a generosidade de V. Exª gostaria de ter feito e o fiz.