O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, essa querela toda envolvendo o pedido dos Deputados ao Supremo Tribunal Federal só exibe como o Senado precisa se modernizar em certos procedimentos seus. Nós não temos, no Conselho de Ética, um Regimento Interno; a Câmara tem. Nós fazemos a votação secreta, aquela que decide sobre o mandato, mantido ou não mantido, de um Senador, e isso é mandamento constitucional, aplicável, portanto, à Câmara e ao Senado. A Câmara tem adotado que as discussões e os procedimentos são abertos, sendo secreta apenas a votação. No Senado, de certa forma, nós funcionamos como uma certa sociedade secreta daquelas universidades americanas, com todas as razões para nós entendermos que este não é o processo mais democrático.

     Impõe-se, sobretudo quando essa crise se abate sobre uma instituição mais que sesquicentenária como o Senado Federal, que toda crise haverá de trazer sempre uma luz, e a luz é começarmos, a partir do momento seguinte, do day after, a modernizar essa nossa relação com a sociedade, porque o Senado, que tem muitas virtudes, até por ser mais do que sesquicentenário - eu repito...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

     O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente.

     O Senado tem de acompanhar os tempos. A Câmara avançou mais nesse terreno.

O PSDB, portanto, aqui registra o seu absoluto comprometimento com a idéia de sessões abertas daqui para frente, inclusive com o voto aberto quando se tratar de cassação de mandato, por entender que, em alguns casos, quando se trata de proteger o votante do poder econômico se pode manter o voto secreto. Mas, neste episódio, não há por que alguém não demonstrar claramente o que pensa.

     Encerro, Sr. Presidente, dizendo a V. Exª que não quero acreditar que um Senador vote de um jeito em sessão aberta e vote de outro em sessão fechada. Não quero acreditar que um Senador não tenha a capacidade de enfrentar a opinião pública, se for o caso - e se ele achar que sua convicção lhe manda fazer isso -, e, protegido pelo voto secreto, ele faça algo contrário à própria opinião pública.

     Acredito nos meus colegas. Seria terrível imaginar que essa sessão se processa de um jeito se o voto for aberto e de outro se o voto for fechado.

     Por isso, o PSDB está apresentando um projeto de resolução para propor a sessão aberta e uma PEC propondo a mudança, para Câmara e Senado, para que a votação seja aberta quando se tratar de matéria deste porte.

     No mais, que cada um vote de acordo com a sua consciência.

     Devo dizer que, se, por outro lado, a sessão é fechada, ela propicia que todos nós falemos com o máximo de sinceridade, até porque, de outra forma, não justificaria sequer que ela fosse fechada.

     Muito obrigado, Sr. Presidente.