Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo pela elevada carga tributária, pelo irrisório valor dos procedimentos médicos pagos pelo SUS e pela criação de inúmeros cargos de DAS na administração pública.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao Governo pela elevada carga tributária, pelo irrisório valor dos procedimentos médicos pagos pelo SUS e pela criação de inúmeros cargos de DAS na administração pública.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2007 - Página 32709
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, SUPERIORIDADE, NUMERO, IMPOSTOS, PRECARIEDADE, ATENDIMENTO, SAUDE PUBLICA, INFERIORIDADE, PAGAMENTO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), PROTESTO, TENTATIVA, GOVERNO, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, SENADO, DENUNCIA, SITUAÇÃO.
  • PROTESTO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), CONTRATAÇÃO, CARGO DE CONFIANÇA, DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO SUPERIORES (DAS), AUSENCIA, CONCURSO PUBLICO, CRESCIMENTO, BUROCRACIA, BRASIL.
  • REITERAÇÃO, DENUNCIA, MANIPULAÇÃO, IDOSO, OFERTA, EMPRESTIMO EM CONSIGNAÇÃO, INADIMPLENCIA, DIVIDA, PROTESTO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREJUIZO, TRABALHADOR, FAVORECIMENTO, BANCOS.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Tião Viana, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros, aqueles que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, é uma honra ter V. Exª presidindo a sessão, Senador Tião Viana.

Senador Jefferson Péres, a nossa geração cantava, de Olavo Bilac:

Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!

A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,

É um seio de mãe a transbordar carinhos.

Vê que vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos,

Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!

Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!

(...)

Boa terra! jamais negou a quem trabalha

O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

(...)

Criança! não verás país nenhum como este:

Imita na grandeza a terra em que nasceste!

Senador Paulo Duque, V. Exª, intelectual que é, embalado deve ter sido por esses versos de Bilac - “Criança! não verás país nenhum como este” -, mas eu desafio os poetas de hoje a descreverem este País. Rui Barbosa, que vem depois e está aí, mostra a grandeza desta Terra, desta Casa. Paulo Duque, vai chegar o dia em que vamos ter vergonha de sermos honestos, de rirmos das honras, de tanto vermos os maus assumirem o poder e campear a corrupção. Esse dia, Mário Couto, chegou. Acabou o cântico de Bilac.

Hoje, os poetas iam se inspirar nas balas perdidas, na violência, nas filas dos hospitais neste Governo que ganhou o nome de trabalhador. Rui já dizia: ao trabalho e ao trabalhador os nossos aplausos, o nosso respeito. Eles vieram antes e fizeram a riqueza. Pegou-se esse nome, que Vargas já tinha pego, e chegou-se ao Poder com o nome de Partido do Trabalhador. Bilac: “Boa terra! jamais negou a quem trabalha”... Quem trabalha está lascado, Jefferson! Por isso que esta Casa é grandiosa. Quem trabalha paga 76 impostos, ó Lúcia Vânia! E uns desgraçados... Criou-se um imposto provisório, e querem acabar agora com a nossa origem lingüística. Provisório é provisório. O País se mobilizou, na crença de um homem de vergonha do Acre. Ô, Tião, V. Exª tem uma missão muito importante, não precisa buscar na História, é aquele homem de vergonha do Acre, que mobilizou este País e fez todos acreditarem que melhoraria a saúde. Criou-se o imposto provisório, mas mentiu-se, enganou-se, roubou-se. Foi só o que se fez neste País. A saúde está aí!

Eu digo que esta Casa tem valia, Senadora Lúcia Vânia, porque Norberto Bobbio disse que o valor disso é a denúncia. Eu posso! O Boris Casoy não pôde! Isso é uma vergonha! E a vergonha maior foi sacarem ele! Eu posso! Luiz Inácio, foi longa e sinuosa a nossa chegada aqui, com a força do povo livre do Piauí!

Então, a denúncia é tão importante que nós denunciamos, nestes dias todos, que a consulta era R$ 2,50, que a anestesia era R$ 7,00, que a cirurgia de coração era R$ 70,00. Denunciamos as filas e que um médico do PT de Fortaleza ganhava R$ 720,00, no pronto-socorro em que eu trabalhei. Na ditadura, eu era acadêmico e ganhava dois salários mínimos. É, Murilo Borges...

Nós lutamos. Teve um rapaz, bom, carioca, parece até um artista da Rede Globo, eu o encorajei. Eu falei do nosso ex-Ministro do Acre, Jatene, que criou isso. Ele disse que era seu seguidor. Ele conquistou e me agradeceu por essas denúncias. O Governo entregou a ele R$2 bilhões. Com R$1,2, Lúcia Vânia, ele já promete melhorar o salário de 30%.

Então, essa denúncia...a esta Casa eu digo. Eu não conheço a história deste Senado. Está aqui a Lúcia Vânia, extraordinária mulher, que, além da beleza física, tem inteligência. Empata! Ela simbolizou o amor e a solidariedade no Governo passado. Ela foi a mãe do Peti. Eu vi, ia aos pequenos Estados. Foi várias vezes ao meu Piauí ajudar a mim e a Adalgisa a minimizar o sofrimento dos mais necessitados. É esta Casa que faz tudo isso, essas denúncias.

Um general mexicano, cujo nome não me recordo, Luiz Inácio, dizia que preferia o adversário que lhe leve a verdade do que aquele aliado, amigo puxa-saco, que lhe leva a mentira, que o engana e o ilude.

Nós trouxemos os quadros verdadeiros. Houve seguidores. Nosso Paulo Duque trouxe as dificuldades da Santa Casa do Rio de Janeiro. Como disse Teotonio Vilela, “resistir falando e falar resistindo”. Esta é uma das funções do Senado.

Mário Couto, para aqueles que são como São Tomé, está aqui o quadro. Mário Couto parecia um seminarista outro dia. Chegou outro dia. Aqui, está o Senador Pedro Simon, meu amigo, que já conquistou 32 anos até o fim do seu mandato, o mesmo tempo que Rui Barbosa passou nesta Casa.

Mário Couto, atentai bem. Mande calar esse seu aparteante. Mande ele se sentar aí do lado e olhe para cá. Mário Couto, V. Exª é um vitorioso. Quem obstruiu aqui foi V. Exª. Foi ele que teve coragem de defender suas teses.

Nesta Casa não há baixo clero nem cardeal, tem a consciência. Eu voto igualmente em voto aberto ou fechado, porque represento a coragem e a consciência do melhor povo do Brasil, que é o do Piauí, que foi à luta. O nosso vermelho é o sangue que jorrou das batalhas para garantir a unidade. Isso é o que nos dá força.

Quero parabenizar a nossa bela Senadora tucana do Mato Grosso, a professora. Esse é o vermelho nosso. Este é um grandioso Senado. Senador Tião Viana, vamos ver se acrescentamos qualquer coisa nessa bandeira. Ordem e progresso. Vamos colocar austeridade nisso. Este País está precisando de austeridade - o Senado, o Poder Judiciário e o Executivo mais ainda.

O Executivo foi o pai das medidas provisórias, foi o pai da negociação fácil, foi o pai dessa imoralidade que tem 25 mil cargos de confiança. Nenhum país tem isso. Na França, Sarkozy não tem seiscentos. Um ministro do Sarkozy tem dois DAS e uma secretária.

Vem para cá uma tal, ô Mário Couto, uma tal de Secretaria de Aloprados - Sealopra, para planejamento a longo prazo. Vêm seiscentos DAS. Já passou na Câmara. Seiscentos! Um aloprado que chamava o Presidente da República de ladrão, de corrupto, para calar sua boca, é conquistado à custa de um Ministério e seiscentas nomeações? É por isso que o povo brasileiro paga 76 impostos.

Eu pergunto a cada brasileira e a cada brasileiro que trabalha... Quem não trabalha mesmo são os aloprados, que têm nomeação fácil, na porta larga da corrupção e da bandalha... Àqueles que trabalham eu faço a seguinte pergunta...

Ô Jonson! Está aí um homem que trabalha! Nós trabalhamos muito, ô Tião. Tião, eu estou sem almoçar. Aliás, eu estou muito bem, porque esta é uma Casa boa, porque o Zezinho já foi ali e já me deu queijo, biscoito. Estão ali.

Mas eu vim aqui para debater com o Meirelles. E nós somos autênticos. Eu me lembro do ex-Ministro da Fazenda, o Palocci...Vejo entrar agora o Presidente da nossa Comissão de Assuntos Econômicos, o economista intelectual Aloizio Mercadante. Lembro-me de que no debate do Meirelles eu só disse uma frase: “Ministro, quem merece homenagem é a senhora sua mãe, porque V. Exª é um homem educado.” Foi só no que deu. A mãe dele fez dele um homem educado, mas deu no que deu.

Eu disse a ele que fiz contundentes pronunciamentos contra sua nomeação, mas que ele atende à sabedoria popular que diz “cada macaco em seu galho”. Ele realmente representa os banqueiros, mas só um Ministro de Fazenda e homem de finanças foi mais forte que ele: o Ministro de Luis XIV, o rei Sol. Era tão poderoso que retirou o “L´Etat c´est moi”.

Mas eu disse que há uma ignomínia, uma vergonha que eu quero denunciar: esses...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...esses empréstimos consignados. Eu disse: “Sei que V. Exª é capaz, Meirelles, mas fico com Abraham Lincoln que ensinou ao povo americano: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”.

Esse Governo irresponsável pegou os velhinhos e os iludiu com propaganda, com demagogia. E abriram, numa burla, não sei como, Senador Mário Couto, casas financeiras. Há mais casas financeiras do que motel. É bom motel, é o amor. Mas, de corrupção, esse povo gosta demais.

Fui à minha cidade, na Padroeira Nossa Senhora da Graça, com Adalgisinha, atrás da Santa. Ó Duque, financeira. Parecia nome de bordel. Eles burlaram, enganando os velhinhos, emprestando, com propaganda. Os velhinhos que ganham salário mínimo estão pagando R$120,00. Os velhinhos não podem mais comprar remédio, tem velhinho se suicidando, porque são honrados, são honestos.

Então, um Governo desses, que pegou o nome sagrado de trabalhador, que Rui Barbosa disse: há o trabalho e o trabalhador, a proeminência; eles vieram antes. Pegou e transformou em PB, Partido dos Banqueiros. É uma máfia. Olha, casa financeira tem mais do que no meu tempo de jovem tinha cabaré. É uma prostituição do dinheiro, enganando os velhinhos. E os velhinhos vão receber, não sabem os contratos, iludem, dizem que é barato, que é bom. E é o juro mais alto que existe. E, dos velhinhos que ganham salário mínimo, estão descontando R$120,00. É velhinho sem dinheiro para remédio, sem atender os compromissos. Isso contraria...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Concedo um minuto improrrogável a V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Seu irmão devia estar lá no lugar daqueles aloprados. É um homem de visão, de tal maneira que não é aceito no meio deles. E o mundo de desenvolvimento o convida para ser Presidente da Helibras, uma fábrica internacional de helicópteros. Pois é isso. Mercadante, o Adam Smith nosso, devia estar lá para dizer que isso foi uma burla, que enganaram os velhinhos, mentiram; e os velhinhos estão sofrendo. E pior: aquele partido em que todos nós acreditamos - até eu votei, em 1995 -, o PT, foi transformado em PB, Partido dos Banqueiros.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2007 - Página 32709