Fala da Presidência durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 50 anos da Revolta dos Posseiros.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 50 anos da Revolta dos Posseiros.
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/2007 - Página 33566
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, PRESENÇA, AUTORIDADE, ESTADO DO PARANA (PR), ALVARO DIAS, SENADOR.
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, REVOLTA, POSSEIRO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, CONFLITO, PRESERVAÇÃO, DIREITOS SOCIAIS, POPULAÇÃO, ESTADO DO PARANA (PR).

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Exmº Senador Alvaro Dias, ex-Governador do Estado do Paraná; Exmº Dr. Nivaldo Krüger, Secretário de Estado, representando o Governador do Paraná - cumprimentando V. Sª, eu gostaria de cumprimentar o Governador Roberto Requião -; Deputado Caíto Quintana, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná; Sr. Prefeito Paulo Deola, Vice-Presidente da Associação dos Municípios do Paraná; Sr. Elson Munaretto, Prefeito de Bom Sucesso do Sul, no Estado do Paraná, e também Presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop); Srs. Deputados e Senadores; Srªs Deputadas e Senadoras, cumprimento todos e também este querido amigo Deputado Alceni Guerra.

            Na história das sociedades, todos sabemos, há momentos muito especiais. São situações, Senador Alvaro Dias, em que as pessoas chegam ao limite extremo de sua capacidade de aceitação da injustiça que fere, da brutalidade, da violência física e moral e da opressão que asfixia e que dilacera a própria dignidade humana. É nesses momentos que alguns se agigantam. Revelam a fibra dos que se recusam a ser tangidos pelo ferrão do opressor. Desvelam a força, até então contida, dos que não se sujeitam à exploração e reagem à própria banalização do mal. Tais protagonistas encontram, em si, forças inimagináveis, por se sentirem revestidos da sincera convicção de combater um combate justo, uma luta justa. São homens e mulheres dispostos a tudo pela vitória de um ideal sustentado pelo princípio mais elementar: justiça. Esses homens e mulheres nutrem-se do juramento íntimo de jamais se deixarem apequenar. São homens e mulheres que sabem, de um saber duramente vivido, que não há sentido para a vida quando se perde a honra, a identidade e o sonho.

            Foi um momento assim que o sudoeste do Paraná vivenciou em outubro de 1957. Foram homens e mulheres convictos e resolutos que ousaram enfrentar a prepotência e a arrogância. A luta pela terra que conquistaram permitiu-lhes ganhar honradamente o pão com que alimentariam seus filhos. Exaustos pelo confronto contra os que insistiam em lhes subtrair a terra sagrada para a qual foram atraídos, gritaram o basta definitivo contra os desmandos e os difusos interesses que se opunham aos seus interesses mais sagrados e legítimos. Reagiram à violência com as mesmas armas que contra eles se levantaram. Campo e cidade se irmanaram na luta. Aqueles colonos foram vítimas da cobiça desenfreada de uns poucos empresários, travestidos de colonizadores. Esses empresários fizeram uso de toda sorte de pressão, multiplicaram as ameaças, espalharam o terror e, como se não bastasse tudo isso, levaram a violência ao extremo inaceitável do assassinato e até do estupro. Os colonos reagiram contra a barbárie instalada.

            A epopéia desses desbravadores foi acompanhada por todo o Brasil, graças às coberturas de alguns meios de comunicação. Afinal, os verdadeiros colonos guarnecem as fronteiras nacionais, ampliam a capacidade de produção de alimentos e oferecem alternativas democráticas de acesso à terra.

            Creio Senador Alvaro Dias, ser esse o sentido da Revolta dos Colonos do Sudoeste Paranaense, cujo ápice ocorreu entre os dias 10 e 11 de outubro do ano de 1957. É irrelevante - ontem, eu discutia sobre isso - que haja discrepância na análise do movimento. Visões distintas são coerentes com a democracia em que vivemos. Por mais contrastantes que sejam, as diferentes análises não diminuem a importância de um movimento que, acima de tudo, sacramentou o direito de homens e mulheres de bem, na sua rude simplicidade, de fazer sua própria história e de prover a demanda de suas famílias.

            Sinto orgulho de presidir um Senado Federal que abre espaço em sua carregada agenda de trabalho para celebrar o cinqüentenário de um movimento social da envergadura da Revolta dos Posseiros.

            Meus cumprimentos, pois, ao Senador Alvaro Dias, ex-Governador do Estado, pela feliz iniciativa de propor este espaço especial do Expediente para celebrar a passagem dos cinqüenta anos da Revolta dos Posseiros! Ao congratular-me com S. Exª e ao cumprimentar, mais uma vez, os demais integrantes da representação do Paraná, Deputados, Lideranças políticas, Prefeitos, Vereadores, aproveito a oportunidade para cumprimentar também o Senador Flávio Arns, digno representante do povo do Paraná no Senado Federal, e o querido amigo Senador Osmar Dias.

            Fazendo isso, estendo ao conjunto da população do Paraná os agradecimentos pelo que constituiu aquele movimento, que, antes de mais nada, significa o engrandecimento da própria Pátria.

            Tenho a honra de conceder a palavra ao Senador Flávio Arns.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/2007 - Página 33566