Discurso durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à memória do Senador Arnon de Mello, cujo aniversário transcorreria em 19 de setembro. (como Líder)

Autor
Euclydes Mello (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/AL)
Nome completo: Euclydes Affonso de Mello Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do Senador Arnon de Mello, cujo aniversário transcorreria em 19 de setembro. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/2007 - Página 33608
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DATA, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ARNON DE MELLO, EX SENADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DE ALAGOAS (AL), JORNALISTA, ESCRITOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. EUCLYDES MELLO (Bloco/PTB - AL. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com muita honra, venho hoje a esta tribuna, em nome de Alagoas, para fazer um registro dos mais justos, solicitando ao final que seja inserido nos Anais deste Senado Federal.

            O último dia 19 do mês de setembro pretérito registrou a data do aniversário do Senador Arnon de Mello, um alagoano honrado que exerceu três mandatos consecutivos nesta Casa, sempre eleito por uma maioria esmagadora dos votos do seu povo das Alagoas.

            Antes do primeiro mandato, que teve início em 1963, já havia exercido, por cinco anos, o Governo do Estado. Hoje, se ainda estivesse entre nós, estaria completando 96 anos de uma profícua existência.

            Arnon de Mello, jornalista por excelência, começou, logo cedo, ainda na juventude, o convívio com a Imprensa.

            Aos quinze anos, era revisor do Jornal de Alagoas, tendo oportunidade de revisar textos de Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e muitos outros mestres das letras.

            Logo em seguida, ainda no referido jornal e com pouco mais de dezesseis anos, era destacado para cumprir pautas, fazendo matérias, inclusive entrevistando autoridades do Estado.

            Aos dezenove anos, após concluir o curso secundário, resolveu ir para o Rio de Janeiro, onde ingressaria na Faculdade Nacional de Direito e, quatro anos mais tarde, seria diplomado Bacharel em Ciências Jurídicas.

            Já integrado na Imprensa carioca, onde trabalhou, entre outros, no Diário de Notícias, no Diário Fluminense, no Diário Carioca, jornal que viria, mais tarde, a ser uma das suas empresas e, ainda, em O Jornal, o primeiro órgão do império de Chateaubriand.

            Em 1931, Arnon lançava no Rio de Janeiro o seu primeiro livro, Os sem trabalho na política, que trata da Revolução de 1930 e foi editado por Irmão Pongetti Editora, com prefácio de Gilberto Amado.

            Em 1933, sairia o seu segundo livro, São Paulo Venceu, que faz a imagem do movimento constitucionalista de 1932.

            Foi escolhido diretor da primeira emissora de rádio dos Diários Associados, a Rádio Tupy, do Rio de Janeiro.

            Em 1939, como membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Imprensa - IBI, foi escolhido como representante dos jornalistas brasileiros para ir a Portugal e integrar a Comitiva do Presidente General Oscar Carmona, e visitar as colônias portuguesas na África do Sul e, em seguida, também a França e a Espanha.

            No ano seguinte, publicou o seu terceiro livro, A África, trabalho que dá as suas impressões sobre os países visitados.

            Empresário bem-sucedido, no Rio de Janeiro, recusou, por várias vezes, convites para integrar chapas destinadas a concorrer a eleições, desde a Assembléia Constituinte.

            Dizia sempre aos que tentavam levá-lo para a política carioca que essa atividade estava reservada para a sua terra das Alagoas, na primeira oportunidade.

            Em 1945, foi escolhido para a Academia Alagoana de Letras.

            Mesmo vivendo todos esses anos no Rio de Janeiro, mantinha vigorosa aproximação com lideranças políticas de Alagoas, a exemplo de Rui Palmeira, Carlos Gomes de Barros e Teotônio Vilela, ajudando-os, e a outros companheiros, a fundar a UDN e a lutar em prol da candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes.

            Em 1950, atendendo aos apelos de seus amigos e do seu povo de Alagoas, resolveu aceitar o convite para concorrer ao Governo do Estado contra o poderio dos Góis Monteiro.

            Registrou, então, a sua candidatura a Deputado Federal e a Governador ao mesmo tempo, tendo sido eleito para os dois cargos, fazendo opção pelo Governo do Estado.

            Saiu do Governo, cinco anos mais tarde, após construir um verdadeiro novo Estado, consagrado pelo seu povo e em seus braços.

            Obras que pareciam impossíveis de construir, Arnon de Mello as realizou em Alagoas, sendo a maior e a mais ansiosamente aguardada pela população a pacificação da família alagoana, um verdadeiro marco, ainda hoje, no Estado.

            As obras físicas por ele realizadas naquela época ainda representam uma grande importância para o desenvolvimento do Estado. Vale citar apenas algumas, a exemplo do maior centro educacional de ensino médio do Brasil, construído em Maceió; a rodovia que abriu o caminho para o engrandecimento do agreste e do sertão de Alagoas, a estrada Maceió -- Palmeira dos Índios, uma via asfaltada, moderna, com cerca de cento e vinte quilômetros; estrada com tráfego intenso, dia e noite, mas que resistiu na sua integridade até os dias atuais, recebendo reparos somente quase cinqüenta anos após a sua construção; a rede de saneamento da Capital das Alagoas, outra obra que ainda hoje é a base do esgotamento sanitário de Maceió; a magnífica Escola de Aprendizes de Marinheiro, infelizmente desativada no começo dos anos 70, que tanto ajudou na formação militar de praças da nossa valorosa Marinha de Guerra.

            São realizações estruturantes, feitas com visão de futuro e ainda hoje de significativa importância para o Estado.

            Ao término do seu operoso governo, quando valorizou a cultura e a educação e deu a partida para o desenvolvimento de Alagoas, decidiu, com a sua esposa, Leda Collor de Mello, filha do ilustre do primeiro Ministro do Trabalho Lindolfo Collor, que ficaria, definitivamente, residindo no seu Estado.

            Desfez-se de todo o seu patrimônio no Rio de Janeiro e começou a edificar, em Alagoas, o grande império de comunicação que conhecemos hoje como Organização Arnon de Mello.

            Essa organização é constituída da Gazeta de Alagoas, o matutino de maior circulação no Estado, mais quatro emissoras de rádio, uma gráfica e a TV Gazeta de Alagoas, de programação afiliada à Rede Globo.

            Em homenagem a esse grande homem público, Arnon de Mello, um jornalista de escol, empresário de extremada competência e um político idealista, verdadeiro defensor do seu Estado e do seu povo, os seus herdeiros, há aproximadamente vinte anos, criaram o Instituto Arnon de Mello, uma entidade sem fins lucrativos, destinada exclusivamente a trabalhos sociais, especialmente nas áreas da cultura, da educação e da preservação de obras históricas, particularmente junto a comunidades mais humildes.

            Anualmente, esse Instituto, que tem como presidente a sua filha, a ilustre jornalista Ana Luísa Collor de Mello e, como vice-presidente executivo, o Procurador de Estado Carlos Mendonça, promove uma semana de cultura dedicada ao seu patrono, oportunidade em que também homenageia personalidades com a comenda Arnon de Mello.

            Este ano, a semana Arnon de Mello foi comemorada dos dias 23 a 29 de setembro último, com sucesso absoluto.

            Assim, ao tempo em que reverencio a memória desse saudoso alagoano, quero parabenizar daqui os seus familiares, os dirigentes, jornalistas, técnicos e funcionários das suas empresas, os dirigentes do Instituto Arnon de Mello, ao tempo em que solicito a V. Exª, Sr. Presidente, sejam expedidas mensagens aos familiares do ilustre homem público, um verdadeiro construtor do Estado de Alagoas e, ainda, determine registrar este pronunciamento nos Anais deste Senado Federal.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/2007 - Página 33608