A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros; Senadora Lúcia Vânia, autora da proposição desta sessão especial; nossa Ministra muito querida, competente e determinada nas ações que vem empreendendo e que muito nos orgulham; nossa companheira - permita-me assim chamá-la assim - Lídice da Mata, lutadora, batalhadora pela causa das mulheres; querida Jeanine, Presidente da Embratur; coincidentemente, como foi dito ontem, este ano em que a ONU diz ser o ano das mulheres no turismo, temos aqui, cuidando dessa área, mulheres: uma Ministra; no Senado, a companheira Lúcia Vânia; na Câmara, a companheira Lídice; e, na Embratur, Jeanine, mulheres, de ponta a ponta, com muita competência, fazendo o turismo do Brasil.

Saúdo os demais componentes da Mesa, as Srªs e Srs. Senadores aqui presentes, todas as senhoras e senhores.

Começo o meu discurso rememorando uma sessão solene, realizada nesta Casa, em novembro do ano passado, quando se celebraram os 70 anos da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - ABIH.

Naquela ocasião, usei da palavra, iniciando meu discurso destacando a quase total ausência feminina naquela sessão. Hoje, quase um ano depois, estamos celebrando o Dia Mundial do Turismo, que tem como tema a participação feminina, motivo de muito orgulho, Sr. Presidente. E se faz muito importante ressaltar que a atual conjuntura do turismo no Brasil traz várias mulheres em cargos importantes, como já citei: a nossa Ministra Marta, a nossa companheira Senadora Lúcia Vânia, a Lídice, a Jeanine. Temos de aproveitar bastante essas importantes companheiras mulheres nesses importantes cargos na área do turismo, para que realmente esse tema faça avançar o nosso País.

As organizações do sistema das Nações Unidas, desde a sua criação, instituem os dias mundiais para conscientizar governos dos Estados associados e suas populações dos principais temas ligados ao objetivo fundador da ONU, da promoção da paz mundial, dos direitos humanos, do desenvolvimento econômico justo e da igualdade entre todas as pessoas. Foi com essa intenção que foram estabelecidas, entre outras comemorações, dias mundiais para a Alfabetização, a Infância, o Meio Ambiente, a Saúde.

Em 27 de setembro, por sua importância como atividade econômica, como lazer e como fator de integração entre os povos, celebra-se o Dia Mundial do Turismo. Instituído pela Assembléia Geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), em 1979, e comemorando desde 1980, o Dia Mundial do Turismo, como outras iniciativas da ONU, entrou para o calendário oficial dos governos de muitos países e dos empresários do setor em todo o mundo.

É muito importante  que nós, aqui no Brasil, País com imenso potencial de atração de visitantes, também passemos a promover este dia para fazer conhecer, a viajantes internos e internacionais, as riquezas naturais e culturais que temos para todos os gostos: praias, serras, estâncias hidrominerais, florestas, banhados, rios, lagos, cidades coloniais e outras, moderníssimas - há de tudo em nosso território. Mato Grosso do Sul tem Bonito. O nosso Mato Grosso, o meu, que não é o do Sul, é o Mato Grosso de Cuiabá, tem muitos Bonitos. Não é um Bonito; tem muitos Bonitos, tem vários Bonitos, só que precisam ser organizados. Ou seja, o nosso potencial é gigantesco. Mato Grosso, quando se abrir para o turismo, ninguém segura. E não são apenas as belezas naturais que são fantásticas. Quem mais tem Pantanal a não ser Mato Grosso e Mato Grosso do Sul? Quem mais tem Chapada dos Guimarães? O turismo em todas as suas formas, lá é possível.

Outro dia, senhoras e senhores, eu andava por um interiorzão, muito longe - muito longe da capital, Srª Ministra, porque, lá no meu Mato Grosso, nós temos Municípios a 1.500 quilômetros da capital; a capital não fica na ponta do mapa, não - por Municípios muito distantes da capital e passamos, intempestivamente, de passagem literalmente, por um dos Municípios onde havia uma cachoeira belíssima. Até pudemos parar na borda dela. Era tão dentro da estrada que jogava água quando passávamos. Logo adiante, havia uma lavoura fantástica de algodão em plena flor. É claro que temos de organizar temporadas, mas quem não quer ver? Que estrangeiro que nunca viu algodão em flor não quer ver?

Os senhores já viram uma lavoura de algodão em flor? Tudo bem, muitos já viram, talvez, o branco, mas, em Mato Grosso, Ministra, temos algodão de cinco cores na lavoura. Não foi tingido, não. Não foi tingido com tintas artificiais, não. Há algodão colorido lá na lavoura! Já é difícil alguém ver lavouras de extensão branca, imaginem coloridas?! Lavouras imensas e coloridas, só para citar um exemplo. Podem-se organizar trilhas turísticas, mas é necessária infra-estrutura.

Resumindo, as potencialidades do meu Mato Grosso e do Brasil são enormes!

As celebrações promovidas pela ONU, como o Dia Mundial do Turismo, a cada ano, têm um tema norteador para as ações promovidas pelos participantes. Este ano um tema especialmente oportuno está em tela, Senadora Rosalba: “O turismo abre portas para as mulheres”.

A idéia da Organização Mundial do Turismo é alinhar as discussões sobre o setor turístico e as premissas dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, mais especificamente o terceiro objetivo, o da promoção da igualdade entre homens e mulheres e da eliminação das diferenças na educação por motivo de gênero, infelizmente ainda presentes em muitas culturas, inclusive a brasileira.

De fato, estatísticas da ONU mostram que 1,3 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza no mundo, das quais 70% são mulheres. Elas já representam 66% da força de trabalho no mundo, mas movimentam apenas 10% da renda mundial e detêm menos de 1% das propriedades. No Brasil, segundo o IBGE, em dados de 2005, mesmo constituindo mais de 51% da população, as mulheres sofrem mais com o desemprego e recebem menor rendimento salarial médio.

Esse quadro se repete nas atividades de turismo. Em 2003, o IBGE revela que o setor emprega quase 2 milhões de mulheres, ou seja, 36,4% dos ocupados na atividade. Porém, entre elas, 11,2% não são remuneradas, para 3,3% de homens na mesma situação. A informalidade as atinge mais que a eles: são 36,5% os homens sem carteira assinada, contra 40,1% das mulheres. A diferença salarial supera a casa dos 35%: o rendimento médio dos homens é de R$662,00 e o das mulheres, R$427,00.

O corredor da Câmara dos Deputados, entre o prédio principal e o Anexo II, a propósito, exibe exposição sobre o tema “A mulher nas atividades do turismo”, que mostra a participação das mulheres no setor e a sua importância para a qualidade dos serviços oferecidos aos visitantes.

E não nos esqueçamos - já estou terminando, Sr. Presidente - da chaga do turismo sexual, assunto já comentado aqui pela Senadora Lúcia Vânia, que atinge adolescentes de várias partes do mundo em desenvolvimento e - lástima! - também do Brasil.

Importa dizer, para finalizar, que conhecer outras gentes, quer ao visitarmos seus países, quer quando eles vêm visitar o nosso, é sempre instrutivo, pois percebemos as diferenças entre culturas. Como muito daquilo que nos pode parecer natural, não passa de costume! Entendemos como algumas nações já avançaram mais que a nossa no sentido da igualdade entre gêneros, enquanto outras têm problemas que já conseguimos superar, como a discriminação contida nas leis.

Celebremos, pois, este Dia Mundial do Turismo com a mente voltada para as trabalhadoras do setor, às quais a própria Organização Mundial do Turismo dedicou o evento este ano, às jovens exploradas e a todas as mulheres do mundo, vítimas das desigualdades.

Com esse time de mulheres no turismo, com certeza, o Brasil vai dar o grande salto de desenvolvimento com sustentabilidade, oferecendo, com certeza, programas como os que V. Exª, Srª Ministra, vem trazendo, ainda tão recentemente empossada no Ministério, programas de inclusão daquela maioria que nunca teria a possibilidade de fazer turismo. V. Exª está realmente levando essa maioria de despossuídos a também fazer turismo no nosso País.

Parabéns! E que esse time seja vitorioso!

Muito obrigada.(Palmas.)