Discurso durante a 166ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao Dia Mundial do Turismo.

Autor
Rosalba Ciarlini (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: Rosalba Ciarlini Rosado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TURISMO.:
  • Comemoração ao Dia Mundial do Turismo.
Publicação
Publicação no DSF de 28/09/2007 - Página 33239
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TURISMO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, SEMANA, TURISMO, CONGRESSO NACIONAL, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, INTEGRAÇÃO, CULTURA, DEBATE, CRESCIMENTO, PARTICIPAÇÃO, MULHER.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, TURISMO, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), AMPLIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, DEFESA, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, VALORIZAÇÃO, CULTURA, HISTORIA, COMBATE, EXPLORAÇÃO SEXUAL, ESPECIFICAÇÃO, AVALIAÇÃO, AEROPORTO, CAPITAL DE ESTADO, INSUFICIENCIA, ATENDIMENTO, FLUXO, TURISTA.
  • DEFESA, INCENTIVO, BRASILEIROS, TURISMO, BRASIL, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
  • ELOGIO, UNIVERSIDADE ESTADUAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), SUPERIORIDADE, QUALIDADE, CURSO SUPERIOR, TURISMO, AVALIAÇÃO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC).

A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Exmº Sr. Presidente; Srª Ministra de Estado Marta Suplicy; Srª Senadora, minha Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, que tão bem vem conduzindo a Comissão, Lúcia Vânia; Deputada Lídice da Mata, Presidente da Comissão de Turismo da Câmara; Srª Jeanine, Presidente da Embratur; minha amiga Iacy, Presidente do Sindicato dos Guias no Rio Grande do Norte, norte-rio-grandense a quem eu gostaria aqui de fazer referência; demais autoridades aqui presentes, senhores representantes dos mais diversos segmentos ligados ao turismo, aos órgãos que desenvolvem essa atividade tão importante, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, Srªs Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, o Dia Mundial do Turismo, que hoje se comemora e que de forma muito feliz e oportuna as duas Casas do Parlamento celebram com a realização da Semana do Turismo no Congresso Nacional, constitui, antes de tudo, um momento propício para a reafirmação da importância dessa atividade, seja em termos do aprimoramento das relações sócio-culturais, seja em termos da sua contribuição para o desenvolvimento econômico deste mundo globalizado e, em particular, da nossa Nação.

Sobre o tema “O Turismo abre as portas para as mulheres”, na realidade, eu faria uma reflexão. Acho que as mulheres, com sua sensibilidade, com sua garra, com sua raça, já foram abrindo essas portas. Elas já estão no turismo. E agora, mais do que nunca, no Brasil, em que temos uma mulher à frente do Ministério do Turismo, das Comissões de Desenvolvimento Regional e Turismo, do Governo do meu Estado, de maneira particular, essa presença feminina chegou de forma muito simples, por meio da artesã, da rendeira, das baianas.

Acho que, agora, o turismo escancara as portas para as mulheres. Escancara no sentido também de que possamos valorizar essa participação e, cada vez mais, em nossa luta por igualdade, mostrar a importância da competência, da luta, da raça, da sensibilidade da mulher nas mais diversas atividades. E não poderia ser diferente no turismo.

O meu Estado, Rio Grande do Norte, é pequeno mas tem uma característica muito importante: ele se encontra, Srª Ministra, como a senhora bem conhece, na esquina do continente, próximo aos mercados europeus e africanos, e tem uma capital maravilhosa, a cidade de Natal. O seu nome já marca, é renascimento, é confraternização, é solidariedade, é receber bem.

O meu Estado tem despertado e feito a sua parte com relação a desenvolver, a impulsionar essa atividade que chamamos de “indústria sem chaminés”, porque não é agressiva ao meio ambiente, além de trazer uma capacidade, um potencial para gerar emprego e renda inimaginável e incalculável. Se hoje podemos dizer que temos, de forma direta, mais de cinco milhões de empregos no turismo, quanto temos de forma indireta? Sabemos onde começa, mas não conseguimos dimensionar onde termina, porque, até naquela casinha que se transforma numa pousada no momento em que há um evento em uma cidade, estamos vendo a geração de renda. No taxista, que ganha um pouco mais porque a sua cidade se movimenta, está aí a geração de renda.

Em nosso País, essa é uma atividade na qual, a despeito das iniciativas e do apoio, precisamos caminhar com mais velocidade, porque o mundo globalizado está muito rápido e a nossa infra-estrutura não vem acompanhando, apesar do muito já feito - que aqui reconheço - da preocupação do que mais precisa ser feito. Tenho o exemplo do Aeroporto de Natal. Recentemente, há poucos anos, no Governo anterior, de Garibaldi Alves, foi feito um aeroporto com condições de bem receber. E agora ele já se encontra pequeno para o fluxo de turismo que chega ao nosso Estado.

Sei que a Ministra está preocupada e tentando avançar com passos rápidos e largos. É disso que nós precisamos.

Este Brasil é de uma diversidade imensa. Este Brasil é de uma beleza em todas as regiões. E no nosso Nordeste, além das belezas naturais, das nossas praias quentes, ensolaradas, nós temos também que valorizar a força da cultura da nossa gente.

Aqui, eu gostaria de fazer um parêntese. Infelizmente, o nosso turismo ainda tem a mancha do turismo sexual. Mas essa mancha, que nós estamos com trabalho tentando apagar, passa pela valorização da cultura, pelo incentivo aos eventos culturais, que envolve toda a comunidade e faze com que a história, a tradição e a arte, que é o dom natural da nossa gente, se associem para promover sustentabilidade.

A beleza atrai: são as praias lindas, são as cachoeiras - como aqui falou a nossa Senadora do Pantanal -, é a Amazônia. Mas nós precisamos associar a isso toda essa característica cultural, essa força. É necessário valorizarmos os eventos culturais que fazem com que o nosso folclore, a nossa história, a nossa cultura sejam mostrados, sejam divulgados. Que recebam mais apoio, mais incentivo, mesmo no Brasil, porque, até mesmo dentro do País, nós, muitas vezes, não conhecemos a riqueza nem os eventos que mostram essa história, essa cultura dos nossos irmãos em outra região.

É necessário divulgar mais amplamente, para que o turismo entre as regiões, entre as cidades, o turismo interno seja cada vez mais motivado. Isso leva à sustentabilidade. Digo isso, senhoras e senhores, porque tive uma experiência que me mostrou ser possível, sim. E, graças a Deus, vemos isso em várias regiões. Eu não inventei a roda, apenas copiei o que é bom de outros recantos do nosso País.

Sou de uma cidade no semi-árido, que não tem praias ou a beleza como Natal. Temos praias próximas, mas a cidade fica no semi-árido. E eu entendia que era preciso algo novo para motivar e atrair, porque, se lá chegavam visitantes para negócios, para turismo educacional, para turismo da fruticultura, do petróleo, precisava existir algo que atraísse ainda mais. E foi pela motivação da história da Abolição da Escravatura na cidade; da resistência ao bando de Lampião - fato único no Nordeste, porque foi a única cidade que não deixou que o bando de Lampião a dominasse -; do primeiro voto feminino, fato reverenciado e cultuado na Cidade; do motim das mulheres da época do Paraguai; todos esses fatos se transformaram em grandes espetáculos, valorizando o artista da terra. Aprendendo com os grandes diretores teatrais deste País, conseguimos levar para fazer esse intercâmbio, para nos ensinar um pouco mais. Porque isso já existe, é natural no nordestino.

V. Exª sabe, Deputada Lídice - está aí o exemplo da sua Bahia -, como existe já aflorando de forma natural essa característica para a arte, para a música, para a dança do nosso povo e da nossa gente. Foi essa miscigenação de tantos povos que aqui chegaram que fez com que o brasileiro tivesse essa característica de ser criativo, de ter o dom da arte e de, mais do que nunca, ser receptivo, estar sempre de braços abertos para receber.

Então, é o evento cultural que quero aqui, de certa forma, lembrar.

A sustentabilidade do turismo passa, claro, por vários aspectos, mas nós não podemos esquecer que temos no País, em cada região, em cada Estado, em cada cidade, algo para ser contado da nossa História, algo para ser contado dos nossos valores, algo para ser mostrado das nossas raízes. E isso precisa ser divulgado, precisa estar de forma ampla em um calendário permanente dos eventos culturais em todo o Brasil, e acrescido em cada momento, porque será como uma bola de neve: cada cidade, cada Estado vai aprimorá-lo cada vez mais para atrair mais e para fazer com que o turista chegue, conheça as nossas belezas, mas leve também um pouquinho do conhecimento da nossa cultura, da nossa gente e da força do nosso povo.

Com essas palavras, gostaria de finalizar, ressaltando a importância deste momento. Ao tratarmos de uma atividade tão importante no mundo e tão promissora no nosso País, com tantas condições para geração de emprego e renda, ao falarmos da cultura, nós sabemos que é importante criar essa consciência na educação.

Os cursos profissionalizantes já estão acontecendo. Eu tenho um exemplo em Natal, ocorrido na época em que era Governador o Senador José Agripino, que fez grandes investimentos de infra-estrutura para o turismo - assim como o fizeram o Governador Garibaldi e a atual Governadora Vilma de Faria. O que seria o Palácio do Governo em construção ele transformou em uma escola de turismo e uma escola de hotelaria. Então, esses são exemplos.

Hoje o nosso Estado comemora - e eu queria aqui dizer que fiquei muito feliz com o resultado do Provão do MEC - que o melhor curso de turismo é o da nossa Universidade Estadual. Essa Universidade, é claro, tem inúmeras dificuldades, mas mostra o interesse, o potencial, a capacidade da nossa gente. Ela obteve o primeiro lugar no Brasil.

Então, se nós temos todas essas características, se nós temos todo esse potencial, se nós temos essa gente tão boa, as belezas, vamos, minha gente, nos unir nesse sentido de que homens e mulheres caminhem lado a lado, sem discriminação! Nós mulheres não podemos aceitar que o nosso trabalho não seja reconhecido, seja aquele que não é regulamentado. Não queremos nada além do que homens têm, nós queremos a igualdade, nós queremos, realmente, esse caminhar de mãos dadas. Esse caminhar vai promover, se Deus quiser, por intermédio do turismo, mais emprego e mais renda. E a educação voltada para isso - que hoje já está presente em cursos, sejam profissionalizantes de segundo grau ou de terceiro grau - precisa fazer parte dessa conscientização, orientando desde os pequenininhos, para nos preparar para esse grande futuro, essa grande alavanca para o desenvolvimento do Brasil e de nossas regiões.

Eu acredito no turismo e confio que este dia não será esquecido. Este dia será sempre lembrado como um marco que nos unirá nesta consciência, de norte a sul, em todas as regiões, de que este Brasil não pode desperdiçar a indústria que gera, sem chaminés, a oportunidade de que o nosso País brilhe, ainda mais, no cenário internacional.

Muito obrigada, meus senhores e minhas senhoras. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/09/2007 - Página 33239